Encontro memorável
entre dois Cacequienses
Carlos Alberto dos
Santos Dutra
Não sei se acontece com todo mundo, mas com a gente que vem lá do Cacequi/RS é assim: Falou neste nome e a orelha do xirú
velho já está em pé. Bastou minha mulher dizer que o palestrante que ela ouvia, era um gaúcho, lá de Cacequi, para este gaudério aqui se refestelar todo.
Parece que estava falando com um irmão, aquele que passa anos sem nos visitar e, de repente, aparece: É só alegria e satisfação. Chega a parar o tempo. Neste caso, a alegria foi tanta que fiz questão de lançar no Facebook, o texto que reproduzo abaixo:
Duas horas da tarde e minha mulher me liga dizendo que o palestrante do
curso que ela está participando é um gaúcho de Cacequi. Custo acreditar e dou
um pulo até o anfiteatro do Centro Cultural Ramez Tebet, local do evento
patrocinado pela Petrobrás aos professores do município. E lá está o gaudério:
Laureci Veiga dos Santos, popular Gaúcho, mas lá no Cacequi, era conhecido por
Sardinha.
Passamos a tarde relinchando e recordando os bons tempos da terra natal. Nossos pais, ferroviários; nós com a mesma idade, e desgarrados por este Brasil afora. O conterrâneo veio de Manaus e é gente importante, e está ‘engenhando’ a implantação da uma fábrica de fertilizantes entre Brasilândia e Três Lagoas, aqui nas nossas barbas. Foi uma alegria reencontrá-lo. Falamos desde o Kid ao Budigá; do Apolo ao Entroncamento... Só estou esperando a foto que tiramos, todos bobos, em frente o local do evento.
E foi assim. Passamos a tarde proseando e recordando os bons tempos. Sinceramente
não lembrava do Laureci, vulgo Sardinha. Mas o índio velho tem a minha idade (embora pareça mais moço do que este cuéra
aqui), e seu pai também foi ferroviário, como o meu (e quem não era ferroviário
em Cacequi nos anos 70?). Assim, impossível não descobrir logo os laços do
passado que nos uniam.
Aos poucos os nomes foram aflorando na ideia. Falamos dos personagens, dos monumentos, dos sonhos e da saudade desta terra querida, o Cacequi dos meus recuerdos...
O nosso Sardinha aqui é conhecido como Gaúcho (AQUI no Mato Grosso DO SUL, vai berrar o matuto pantaneiro). Ele trabalha na não menos grandiosa Petrobrás, o que é uma alegria para o berço Cacequi, ver o menino bem aprumado na vida. Igual a mim, ele tem família e, enquanto o cabelo branco não chega (o dele) ele fica mirando entre uma viagem e outra, os piás, que vão espichando a cada dia e logo se lançam porteira afora, criado que estão, uma quase meia-dúzia.
É sempre muito bom encontrar os amigos de infância. Esses encontros têm algo assim como cheiro da terra, das barrancas do Ibicuí e do açude da Quinta. A gente se fala como se irmão fosse, uma grande família, tamanha a intimidade dos pares. É como se ainda estivéssemos presos nos tentos de um laço umbilical imaginário. Não importa a cor: vermelho ou azul (desde que seja mais azul), preto ou branco, é algo maior que nós mesmos que une os gaudérios desta terra Charrua e Minuana, quando batem os cascos e se encontram.
Mesmo que olvidem do chimarrão, por causa do calor do Centro-Oeste, e da charla galponeira, no entrevero da lida, sempre haverá espaço para esses encontros de cacequienses espalhados por esse Brasil afora, de meu Deus. O Volta ao pago, do amigo Kid, é o maior exemplo disso.
Esse é o caso do Laureci, gaudério desgarrado que chegou de Manaus por
essa bandas E, para sua sorte e minha, não haverá de ficar solito durante
os dois ou três anos que se aquerenciará por Três Lagoas-MS. Seja bem-vindo e
sinta-se em casa. Por aqui a porta do rancho não tem taramela. Obrigado pela amizade.
Um cinchado do Carlito, filho do seu Vilson (que trabalhou no Depósito) e
dona Laura, lá do Povo Novo, neto do seu Santos (Agente no
Entroncamento e que também trabalhou na Rádio Cultura), sobrinho da tia
Laureci, esposa do Peixe... e assim vai.... É, não tem jeito. Chora
sanfona do meu Chão... Cacequi continua a ser uma grande família na memória dos
que lá nasceram... e partiram. Mas que ainda se sentem em casa, como se lá vivessem.
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