Feliz Dia das Mães, salve as mamães-natureza.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Hoje é um dos dias mais gratificantes para as mamães. O Dia das Mães, todinho dedicado a elas.
Ah.
Como é bom receber de volta a gratidão do filho que um dia embalei nos braços
e no meu regaço zelei e agasalhei...
Ah. Como é bom saber que meus galhos frágeis, ainda menina, me encheram de coragem para proteger os brotos-filhos que do meu corpo-caule, aos poucos, foram nascendo, como que num milagre desabrochando, embelezando a copa que me conferiu beleza e grandiosidade.
Veio o vento, veio o frio; veio a chuva, veio o escaldante sol. E resististe firme oh! Mamãe de todas as mãe e vidas que existem na natureza vegetal. Desde a mais tenra e efêmera espécime até a mais frondosa das sequoias em longevidade, fostes capaz de frutificar e espalhar sementes de felicidade e paz sob teus ramos para além de si mesma.
É. Mas nem tudo são flores. Além dos rigores da intempérie, existem também o fogo amigo que brota de onde menos esperamos, para nos entristecer e tirar o brilho do nosso olhar.
E o que vemos são mamães-natureza todos os dias sendo mortalmente ferida pelos campos e cidades, pelas praças e calçadas.
São mamães-pequis e ipês ceifados e jogados inteiros, ainda vivos, em valas profundas no desvão da noite, que tudo assiste, silente, impotente diante do avanço das motosserras neste tempo chamado progresso que se chama hoje.
São mamães-oitis e castanheiras, entre outras, pelos passeios públicos, impiedosamente decepadas em podas drásticas e radicais que lhes roubam os ramos impedindo-as de dar continuidade a vida e conviver com seus filhos-galhos que já não mais irão parir folhas e oferecer sombra para os homens e guarida para os pássaros.
Ah. Mamãe-natureza... que dor. Mas neste dia, em honra de ti, ergo uma prece, um grito de alerta e esperança:
Que essa data dedicada às mamães de carne e osso e que desperta em nós o sentimento e virtude do amor materno, os seus filhos de coração e braços, sejamos capazes de também abraçar o verde e respeitá-las, não ferindo seus troncos e ramos sem o menor cuidado, a todo o custo; nem eliminando-as, por qualquer motivo, mas tratando-as como se suas mães de sangue fossem.
Pois assim como o filho que um dia -- e quiçá sempre na lembrança --, irá depender de sua mãe, também nós haveremos de depender dessa mãe maior, mãe de nossa Casa Comum, para sobreviver e ser o que somos ou que pretendemos ser.
Feliz Dia das Mães, mamãe-natureza. Feliz Dia das
Mães, mães e cidadãos brasilandenses.
Brasilândia/MS, 11 de maio de 2025. Dia das Mães.
Para Dona Laura, minha mãe, minha mamãe-natureza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário