A máquina de arroz e a última corrida do Valdir do Táxi.
Carlos Alberto dos
Santos Dutra
O vento impetuoso do
decesso quando aponta na colina sempre avança para os baixios. Em campo plano,
na ausência de cerros, ele espraia pelos cerrados e nos alcança sem piedade. O
som da despedida sempre nos embarga a alma que transborda em agonia e aos
poucos o transformamos em palavras, abraços e afetos para manifestar a saudade
que já estamos sentindo.
Despedir-se sempre
é e será doloroso, por mais confiança em Deus que tenhamos. Pois é justamente
esse amparo celeste que nos permite olhar nos olhos de quem parte e dizer:
obrigado, me perdoa, te amamos.
A despedida do
amigo Valdir Pantaleão nos faz recordar o quão importante ele foi para
sua família, para seus filhos e para seus amigos. O vento que nos envolve
agora, não entristece o nosso rosto somente, ele também nos anima a contemplar
aquele que deixou em nós marcas profundas de amor, respeito e lembranças...
E olha lá o menino
Valdir, ao lado dos irmãos Valter, Vanderlei, Valdecir, Valentim e
Valdomiro dando trabalho ao casal, seus pais, seu Sebastião e dona Mirta,
que viviam às voltas com sua máquina de arroz nos tempos primeiros desta
cidade.
Ah, como o tempo
voa e os meninos crescem, tornam-se homens enquanto seus pais aos poucos também
se despedem de nós. A máquina no seu ritmo cadenciado permanece trilhando o
arroz do sustento da família e da cidade. Um pioneiro no ramo da indústria
alimentícia de Brasilândia, seu Sebastião Pantaleão e esposa, hoje, recebem
um visitante perene na nova morada.
Se encontram com o
filho, quiçá o caçula, lá no céu. Sempre risonho e comunicativo, jovem amante
da pesca, e que também teve sonhos políticos por sua cidade, abraçou por anos a
profissão de taxista em nossa comunidade: o Valdir do Táxi. Muitos moradores
o conheceram e de seus serviços se valeram.
Antes que o vento
lhe alcançasse e desse conta de atender o último chamado para a derradeira
corrida celeste que haveria de percorrer, acenou para todos já entre aquelas
paredes brancas do adeus, nunca só, sempre tendo alguém ao seu lado... para lhe dizer obrigado.
Descanse em paz,
amigo Valdir Pantaleão. Parada final de sua corrida no tempo.
Brasilândia/MS, 1º
de junho de 2025.
Foto: Facebook, /Jornal de Brasilândia, 2007.
Sábias palavras Carlito...
ResponderExcluirDescanse em paz
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