sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Simples e Maravilhosamente Ana

Carlos Alberto dos Santos Dutra




Sempre tive facilidade para escrever sobre a vida de pessoas estranhas. Geralmente a pedido de alguém. Umas poucas linhas rabiscadas oferecidas com a biografia da pessoa indicada, e ei-la: a homenagem estava pronta, sensibilizando sempre os entes queridos e ouvintes, por ocasião de aniversários, casamentos, formaturas e despedidas.


A dificuldade maior, confesso, reside no discorrer sobre quem está próximo ou alguém que muito representa para o escrevinhador. É o caso de uma senhora que conheci há 30 anos e desde então, pelos laços de parentesco, tornou-se cunhada e madrinha de uma de minhas filhas.

Um encanto de pessoa.

Mulher simples e sensível, os seus gestos transbordam generosidade. De traços finos e delicados, impossível passar por ela sem perceber a aura de graça que a envolve. Olhos atentos à realidade célere que a cerca, pelas ruas da metrópole onde reside, seus passos firmes e ao mesmo tempo suaves, dignificam o chão em que pisa deixando um rastro de flores.

De coração terno e generoso, desde quando deixou o interior, lá pelas bandas de Erechim, na serra gaúcha, vindo para a Capital, nunca desprendeu-se do amor, da elegância, e o cuidado com o semelhante. Prestativa e solícita, há anos dedica-se como dama de companhia, cuidadora de idosos e mestra das artes, das letras e das cerimônias.

Conheceu o mundo através dos livros, tornou-se mestre de aprendizes do bordado, da culinária, do toque artístico e do bom gosto de ambientes. Interlocutora à altura da profissão, a nutre de afeto, dignidade e encantamento, o que lhe garantiu o respeito e o reconhecimento pelo trabalho e a dedicação desmedida que conquistou.

De quando em vez, frequentando as rodas sociais, na condição de coadjuvante entre os serviçais, lá está ela, estendendo a mão aos mais abastados, prestando-lhes o apoio, a informação e a prestimosa companhia. Tudo isso a torna peça essencial na engrenagem social e familiar daqueles a quem presta seus dotes e dons que os Céus lhe brindou.

No dia de seu aniversário, 7 de janeiro, há razões de sobra para estarmos felizes por termos conhecido essa sábia e silenciosa senhora, mas que também é alegre e jovial. Obrigado por nos ter acolhido e dividido conosco sem medida, o seu sorriso e seu olhar.

Por isso o dia de hoje deve ser festejado.

Obrigado Ana por abrir as portas do teu coração nos brindando com o teu carinho, a tua amizade e a tua generosidade. Seremos eternamente gratos pelas vezes que caminhaste conosco pela Praça da Redenção, passeio no shopping, visita à catedral e a acolhida em sua residência durante nossas passadas por Porto Alegre.

Papai do Céu deve sorrir de alegria ao saber que um anjo, ou melhor, uma anja caminha pelas cercanias da Borges de Medeiros, no centro de Porto Alegre, semeando paz e esperança. E não somente aos que cruzam no seu caminho, mas também por outras plagas bem mais distantes.

A vontade é estar aí contigo, festejando essa data, cumulando-te de beijos: a mana e as sobrinhas que a tem como encantada madrinha. 

Obrigado por ter estado conosco tantas vezes aqui no Mato Grosso do Sul, realimentando em nós o gosto e o afeto distante da pampa gaúcha.


Feliz Aniversário, Ana. Que os passarinhos daquela sacada, cercada de flores, no alto do prédio de gratas lembranças, a encha de luz, saúde, bênçãos e realizações. É o que desejamos.

Parabéns. Te amamos.