sexta-feira, 26 de junho de 2020


Feliz Aniversário Domingos Cristovão Ribeiro.
Carlos Alberto dos Santos Dutra.

Prestar uma homenagem em vida sempre configura desafio, e fazê-la a um homem cuja biografia transcende o entendimento comum, transforma-se em verdadeiro ato de heroísmo. Mas comecemos, não pelo começo, mas pela parte mais visível da história daquele que pretendemos prestar tributo.

Corria o último ano da década de 1980 e no plenário da Câmara Municipal de Brasilândia, sempre muito concorrida, pelo fato das sessões ocorreram a noite e a sede do Legislativo estar situado no coração da comarca, lá estava um novato cidadão chegado à cidade e que frequentava quase que assiduamente as sessões legislativas.

E não por acaso, havia um motivo muito simples para isso: a satisfação de ouvir o Domingão falar. Tratava-se do vereador Domingos Cristovão Ribeiro que, ao som de seu sotaque português, acalorava os debates ao fazer uso da tribuna e fazer seus pronunciamentos. 

Causava inquietação na plateia e arrepios nos colegas parlamentares. Homem culto e falante, não tinha trava na língua e sempre defendia suas ideias e ideais com convicção em alto e bom tom.

Embora nada tivesse de ideológico que o aproximasse do novato, causava admiração e imprimia respeito ao forasteiro, fazendo-o lembrar da frase de Evelyn Beatrice Hall atribuída a Voltaire: Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.

Foi um dos pioneiros fundadores do PMDB local, antigo comerciante e membro de diversas entidades. Seu primeiro passo importante na política foi quando se candidatou a prefeito de Brasilândia depois de romper com lideranças internas do partido o que culminou numa situação inédita, nunca vista: um partido concorrer com dois candidatos ao mesmo cargo no Executivo!

As eleições municipais de 1982 aconteceram no mesmo dia que as eleições gerais para Governador e Congresso Nacional: 15 de novembro daquele ano. Foi a última eleição realizada sob a égide do Regime Militar de 1964. 

Nesta insólita eleição, lá estavam concorrendo para o cargo de prefeito três candidatos: Neuza Paulino Maia, que foi eleita, pelo PDS, com 1.740 votos; Domingos Cristovão Ribeiro, pelo PMDB, que obteve 1.025 votos; e João de Abreu Lima Filho, também pelo PMDB, que obteve 602 votos.

Não disponho da cronologia política oficial do homenageado, mas consta que seis anos depois, em 1988, ele elegeu-se vereador com 164 votos, pelo PMDB, disputando uma acirrada eleição onde participaram não menos do que 70 candidatos a uma vaga no Legislativo municipal, no mandato do prefeito eleito José Cândido da Silva.

Neste mandato atuou e participou decisivamente na instalação da Constituinte Municipal que foi responsável pela elaboração da Lei Orgânica Municipal aprovada em 1991. E o vereador português estava lá, ao lado dos demais que, sob a presidência do vereador Marcílio Borges Pedroso, instruiu e ajudou a firmar o ordenamento jurídico que norteia o município até os dias atuais.

O nosso homenageado também teve reveses. Nas eleições de 1992 ao que parece concorreu pelo PTB buscando uma reeleição, porém não conseguiu repetir a façanha anterior: obteve 79 votos e ficou em 27º lugar entre os 46 candidatos ao Legislativo que disputaram as eleições naquele ano.

A lista de suas indicações e projeto certamente se encontra nos arquivos da Casa de Leis da cidade das quais este cronista não teve acesso. Sem condições e tempo de ali pesquisar, atenho-me apenas às amareladas páginas do jurássico Jornal de Brasilândia, de mais de 30 anos atrás, para lembrar uma delas.

Foi a grande homenagem que este vereador prestou em 1991 ao segundo prefeito de Brasilândia, Patrocínio de Souza Marinho, indicando o seu nome para o Terminal Rodoviário de Brasilândia que foi inaugurado no ano seguinte.

Neste seu aniversário, comemorado e festejado no dia 25 de junho, quando completou 82 anos de vida, nosso desejo era poder contar toda a sua historia, mas a memória nos falta. 

Ao relembrar esses fatos -- alguns deles podem até estar incorretos --, queremos dizer que a caminhada de ontem é o motor que deve impulsioná-lo para o amanhã.

Mais que isso, nosso desejo é que os anos lhe sejam leves e a caminhada suave pela estrada que soube tão bem construir ao lado de dona Ignez Llorent Ribeiro, sua saudosa esposa, os filhos que Deus lhe deu, e a comunidade que o acolheu.

E dê de ombros, desculpando os tropeços e os percalços da estrada que às vezes, pedregosa, nos toma de assalto: eles servem para manter o nosso espírito em alerta. 

Assim como diz o poeta para nos acalmar: para manter a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranquilo

Feliz Aniversário Domingos Cristovão Ribeiro
Saúde e Felicidades.

Brasilândia/MS, 26 de junho de 2020.


quarta-feira, 24 de junho de 2020





A fotografia, o coração e o milagre.
Carlos Alberto dos Santos Dutra



A fotografia parece uma pintura. A cor verde simbolizando a esperança é como se navegasse em meio ao azul do mar que dá sustentação e envolve o quadro. Tudo para dar destaque ao centro que brilha: um verde claro que parece luz.

Ali mora o coração que pulsa daquelas profissionais que fazem a vida pulsar e acontecer. Cheios de fé e boa vontade, mesmo tropeçando no desconhecido que a cada dia se apresenta sempre novo colocando todos em risco, elas erguem a cabeça e ousam olhar para o amanhã.

E lá está ela em meio a tudo, confiante em Deus, do trabalho que realiza, do esforço que põe em prática todos os dias para fazer pequenos milagres acontecerem, à semelhança do rio que sempre corre em direção ao mar.

Os que estavam a sua volta, talvez, nem soubessem, nem ouvissem o rugido de um leão contido dentro do peito, querendo gritar, dizendo ao vento que pare, dissipando o medo que a todos assombra!

O dia está claro e dispensa o flash. Aqueles rostos, por detrás de máscaras parecem luz que emana daquele verde-claro; contrasta com o verde-escuro e o azul que adorna o quadro, numa combinação perfeita, divina até.

O coração da fotografia está repleto de vida. E em pensamento, abraça, sorri, deseja sorte, sucesso e esperança. São braços erguidos, olhares para o alto, gestos pedindo aos Céus para que a tempestade passe...

E que o brilho daquela imagem – tendo a Saúde ao centro – seja eterno, e cumule a todos de alegria, confiança e tudo o mais.

Brasilândia/MS, 24 de junho de 2020.

sexta-feira, 19 de junho de 2020



O Auxílio Emergencial e a Mumunha
Carlos Alberto dos Santos Dutra


Vivemos num país cujo emprego de meios ilegais para benefício próprio campeia. Vira e mexe e nos deparamos com algum negócio ilícito, uma artimanha, uma mutreta. Desde aquelas que circulam pelos escaninhos palacianos do planalto central, até o lugar mais ermo e recôndito. A corrupção não faz distinção: ela se faz sentir entre homens e mulheres, velhos e moços, ricos e pobres.

A divulgação pela Imprensa nos últimos dias, da lista das pessoas beneficiadas com o auxílio emergencial, do governo federal, destinado àqueles informais e/ou desempregados, que faziam jus à ajuda financeira, oportunizou conhecer melhor também o perfil moral das pessoas.

Para alguns, isso só serviu para confirmar o que muitos já sabiam desde os tempos bíblicos: Em meio ao trigo há também o joio, a erva daninha. E como é difícil extirpá-la sem o recurso da educação e da leitura.

Já foi dito: "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê". E, por assim dizer, pratica barbaridades. Não que a instrução lhe isente da maldade, mas porque ela lhe fornece critérios para não errar. E, se errar (como se aproveitar da miséria humana para tirar proveito próprio), possa ser julgado sem piedade, com o rigor da lei.

Por aqui, isso também não poderia ser diferente. É o que se depreende ao deitar os olhos pela longa lista de 2.748 pessoas que foram beneficiadas com a ajuda emergencial em Brasilândia, lista essa publicada pelo Jornal Midia Max que pode ser acessado AQUI

É possível encontrar ali nomes conhecidos de nossa cidade, nomes que nem de longe careceriam receber tal ajuda. Há de fazer a ressalva, entretanto, sobre alguns nomes e CPFs que poderão ter sido inseridos por terceiros ou equivocadamente, sem o conhecimento dos titulares, portanto inocentes. Desde que, convenhamos, não tenham ido até o banco retirar a quantia injustamente depositada na sua conta. 

A maior parte dos beneficiados, todos sabemos, são pessoas que notadamente são carecedoras desta ajuda emergencial, auxílio que lhe representa a própria subsistência nestes tempos de isolamento social e pandemia. Porém, ver ao lado desses mais necessitados, cidadãos, assim chamados "de bem", partilhando desses valores, usufruindo dessas migalhas é muito triste. É tirar o pão da boca do pobre; é desprezar a humanidade; é tiranizar a justiça, é debochar da imagem de Deus (Eclesiástico 34,25).

O Site do Jornal Midia Max, mencionando que as informações publicadas são todas oficiais, disponibilizadas pelo Portal da Transparência do Governo Federal, mantido pela Controladoria-Geral da União-CGU, incentiva e sugere que o ‘controle social’ seja exercido com a participação ativa da população no combate à corrupção com a devida denúncia sobre suspeitas e fraudes no pagamento do Auxílio Emergencial.

Brasilândia/MS, 19 de junho de 2020