domingo, 26 de novembro de 2023

 

Parabéns Professores Inovadores e Inclusivos de Brasilândia

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Naquela tarde a chuva caía mansa sobre a aura daqueles mestres. Uma espécie de bruma os envolvia presos ao liame de seus corações e mentes. Impossível não ser tomado pela emoção ao ver reunidos ali uma pequena amostra do talento e criatividade do corpo docente e discente de um setor da sociedade tão duramente exigido e que carrega nos ombros a responsabilidade e esperança de gerações no campo do saber idealizado de forma igual e integral para todos.

A intenção foi  de reunir por meio de um prêmio – Professor Inovador e Inclusivo --, a iniciativa de professores e comunidade sobre o que pensam os alunos e espera a Educação para o tempo que se chama hoje, apontando rumos e semeando luzes para o amanhã. Professores  inovadores capazes de transformar o imaginável em projetos palpáveis, sonhos possíveis, incluindo todas as dimensões do ser humano.

Em rápidas palavras, tomo a liberdade de reunir a ideia principal dos 12 projetos desenvolvidos pelo Ensino Fundamental e que foram apresentados no concurso cujos prêmios foram entregues em solenidade que ocorreu no anfiteatro do Centro Cultural Ramez Tebet. Sem dúvida, por revelarem a força e a criatividade com que abraçaram seus objetivos, merecem nossas homenagens.

E lá  estavam eles, aqueles rostos de jovens e adolescentes orientados pelos seus professores que, com ousadia e audácia, rompem com o obscurantismo de outrora, mostrando ao mundo o quanto é possível realizar e o quanto ainda temos que progredir e avançar:

A professora MARLEM VICIOLI DOS SANTOS RIBEIRO, da Escola Municipal Antônio Henrique Filho, reuniu 53 alunos em torno de um projeto com o objetivo de  Explorar Números Decimais com Tecnologia. Tendo como ponto de partida a experiência prática do Mercadinho Virtual e outras atividades, os alunos exercitaram operações com números racionais buscando, na prática, elaborar e resolver problemas, fazer estimativas, realizar arredondamentos e controle de gastos, numa atividade por demais atual e necessária. A proposta desta professora classificou-se em 6º lugar no Prêmio Professor Inovador e Inclusivo de Brasilândia 2023

A professora ANA LÚCIA BARBOSA ALVES ALENCAR, da Escola Municipal Arthur Höffig, e seus 40 alunos desenvolveu o projeto também nesta mesma linha: Economize para Sustentar, com olhar para a Educação Financeira e Ambiental. Com o objetivo de impactar a vida e o comportamento financeiro da comunidade escolar o projeto buscou promover mudanças no cotidiano dos alunos com reflexo em suas famílias, discutindo temas como o ato de poupar, o consumismo, a influência da mídia e a importância da reciclagem para a economia do planeta. Projeto que lhe garantiu o 2º lugar no Prêmio Professor Inovador Inclusivo de Brasilândia 2023.

No campo dos avanços tecnológicos e da era digital, o professor ELIAS AZEVEDO DA SILVA, da Escola Municipal Antônio Henrique Filho envolveu 110 alunos com o projeto Geografia em Rede, trazendo para a sala de aula a Sócio Biodiversidade do Brasil, ao vivo e a cores, como ele mesmo observa, reunindo professores e estudantes de diferentes região do país numa metodologia interativa onde os resultados foram perceptíveis a olhos vistos pelos alunos e professores de Norte a Sul do país que participaram. Um projeto inovador de troca de experiências, realidades e jeito de ser, entender e fazer. Projeto que lhe garantiu o 4º lugar no Prêmio Professor Inovador Inclusivo de Brasilândia 2023. 

A professora GISELE DE LIMA ALVES LEITE, reuniu 65 alunos da Escola Municipal Arthur Höffig e apresentou uma experiência de aprendizagem igualmente inovadora: mais envolvente e significativa que as usuais nas disciplinas de História e Geografia: Conhecer para Pertencer. O contato com obras literárias, patrimônios locais e visita a pontos de referência cultural e ambiental do município, projeção de filmes e a capsula do tempo foram momentos que os alunos ativamente vivenciaram. A iniciativa mereceu a 3ª colocação do Prêmio Professor Inovador Inclusivo de Brasilândia 2023.

A professora ALINE DE CARVALHO SILVA, da Escola Municipal Antônio Henrique Filho, mobilizou os alunos do 4º ao 9º ano por meio de uma retumbante Gincana que mobilizou a comunidade escolar com o tema Práticas Ambientais Sustentáveis envolvendo nada menos do que 590 estudantes que foram instigados através das disciplinas do currículo a arrecadar  tampinhas plástica, esponjas de louça e óleo usado, sensibilizando a comunidade escolar e a sociedade em geral para a importância da coleta seletiva dos resíduos sólidos, tema de extrema atualidade e urgência ambiental para a sobrevivência do planeta. Uma maravilha de projeto que, não obstante obteve o 5º lugar no Prêmio Professor Inovador Inclusivo de Brasilândia 2023.

A professora MARCIANA SANTIAGO DE OLIVEIRA, pela Escola Municipal Antônio Henrique filho, apresentou o projeto Africanize, propondo a construção de uma educação antirracista, anticapacitista e horizontal. Envolveu 180 alunos entre protagonistas e diretamente envolvidos, impactando um total de 650 alunos, abrindo um leque de participação, inclusão e parceria de autores, artistas, instituições dos diversos segmentos da comunidade. Rico em expressões culturais que afloraram da própria comunidade o projeto promoveu metodologias ativas de valorização da identidade racial oportunizando aos alunos maior conhecimento e contato com a cor dos antepassados, espaço de diálogo entre a comunidade escolar e a sociedade conclamando-a a livremente manifestar-se. Sem dúvida o projeto que fez jus ao 1º lugar do Prêmio Professor Inovador e Inclusivo de Brasilândia 2023.

A professora ANA FLÁVIA MIRANDA MARTINS, através da disciplina em que é mestre -- a Geografia --, abordou o tema do uso das Ferramentas Digitais na construção da Aprendizagem. Para tanto reuniu 98 alunos do 5º ano D e E, e 6º ano C e D, habilitando-os e incentivando-os a adentrar o mundo das plataformas digitais, organizando imagens e sons, fazendo-os viajar agradavelmente, pelo Google, de forma coletiva com a comunidade escolar da Escola Antônio Henrique Filho que recebeu medalha de Participação.

A professora ANA IVA CORRÊA BRUM BARROS, pedagoga da Escola Municipal Arthur Höffig, apresentou o projeto Estação da Aprendizagem, reunindo 68 alunos em busca de recuperar aprendizagens, recompor déficits apresentados, sempre valendo-se de metodologias atrativa e lúdica, buscando oferecer recursos que despertassem o interesse dos alunos. O resultado inovador foi o avanço nos níveis da escrita e influência da leitura em cada estudante, o que lhe garantiu igualmente medalha de Participação. 

A professora EDNA CUSTÓDIO BERALDO DE SOUZA, da Escola Municipal Paulo Simões Braga e seus 21 alunos do 4º ano realizaram o projeto Álbum de Leitores buscando despertar nos alunos o gosto e prazer pelo mundo da leitura. Para tanto a pedagoga trabalhou com os gêneros literários e estabeleceu um roteiro de atividades que foi desenvolvido pelos alunos: a hora da leitura, a escolha da leitura e o álbum de leitura, projeto recebeu medalha de Participação.

A professora ANA PAULA MONTEIRO DA SILVA LEONEL reuniu 15 de seus alunos do 2º ano do Ensino Fundamental em torno de uma ideia que buscou resgatar Memórias através de fotografias no horizonte da Geografia e da História. Incentivou, assim os alunos a explorar o conceito de memória por meio de fotografias identificando, por exemplo, objetos, tipos de moradia comuns a cada época, também de nossa cidade, questionando o descarte das coisas do passado em oposição a importância da preservação cultural desses bens. Este projeto recebeu medalha de Participação. 

A professora ROSÂNGELA  MARA DE SOUZA, desenvolveu junto a sua turminha do 1º ano da Escola Paulo Simões Braga o tema Brincando também aprendo voltado para os aluninhos com TEA – Transtorno do Espectro Autista, trabalhando as dificuldades de aprendizagem  não descuidando do enfrentamento à discriminação e propondo metodologias que estabeleçam as mesmas oportunidades e possibilidades que os demais, valendo-se de atividades apresentadas de forma lúdica e simples. De igual sorte, um projeto inclusivo que recebeu medalha de Participação.

No mundo das novas tecnologias, a professora MAURA MOREIRA DE SANTIAGO envolveu em torno de 150 alunos da Escola Antônio Henrique Filho na seara do mundo da IA-Inteligência Artificial e da comunicação visual na busca de solução de conflitos e autogestão emocional dos alunos, num mundo cada vez mais digital que impactam a vida e o sentimento dos estudantes e suas comunidades. Este projeto foi agraciado com medalha de Participação. 

Por fim, cabe dizer que os projetos apresentados neste Prêmio Professor Inovador e Inclusivo encerram todos uma imensa variedade e riqueza de abordagens e resultados obtidos. O que só reafirma a qualidade da Educação empreendida em nossa cidade e a confiança que a comunidade escolar deposita na gestão que não se cansa de mirar o amanhã. Parabéns, professores, alunos e comunidade. 

Brasilândia/MS, 23 de novembro de 2023.

Confira as fotografias do evento em: (3) Facebook

Aos Professores do Ensino Infantil confira a homenagem:

https://carlitodutra.blogspot.com/2023/10/aos-professores-mestres-dos-sonhos.html


quinta-feira, 16 de novembro de 2023

 

O Selê e seu dia de alegria no Céu.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Roda serelepe o tempo e lá estão eles com suas violas, pandeiros, chocalhos e percussão lembrando os valores da terra que muitos deixaram para trás: o Nordeste, as Minas Gerais, os paulistas e o Sul deste imenso país, que aos poucos foi transformando a cidade numa imensa salada multicultural de raças, costumes, gostos e sons; manifestações artísticas que espontaneamente brotavam ao som do berrante, em meio ao mugido do gado das fazendas, sítios e chácaras; aldeias indígenas, distritos rurais e povoados. 

E foi neste caldo de cultura que lá se encontrava, entre tantos talentos da terra, uma dessas vozes e um som, livremente entrando e saindo das rodas de samba e de amigos, festas de aniversários, bailinhos e eventos esportivos promovidos pelos administradores locais cada um ao seu tempo e estilo (...). 

Um talento que há anos firmou-se na história musical de Brasilândia e embalou os sonhos da juventude nos bailes do Salão Municipal, Associação Atlética Brasilandense - AAB e Associação Recreativa Máster - ARM, Rotary Clube, sítios e fazendas, estabelecimentos comerciais e casas de amigos a partir dos anos 70. 

Sim, estamos falando do artista Selê, o Oliveira Soares Gonçalves e seu lendário Musical Sombras, que inspirou o Grupo Nascer do Sol, os Coringas, e, por fim, o autoral, Selê e seu Grupo. 

Nascido no dia 1º de setembro de 1954, no distrito de Jaciporã, em Dracena/SP, era uma figura rara de nossa cidade.  Ele veio para Brasilândia com os pais em 1970, trabalhando inicialmente na serraria Xavantes. Desde menino produzia seus instrumentos musicais com objetos que encontrava: uma simples lata era transformada em bateria, e os vizinhos reclamavam da barulheira. 

Nesta cidade esperança, logo fez amizades com todos, em especial os aficionados pela música: Josias Caetano, Ismael Caetano, Elifas Veles, Paulo Borges e muitos outros jovens da então pacata cidade. 

Reuniam-se nos finais de tarde para tocar e cantar; era a única diversão da época. De tanto cantar Malaguenha, foi logo sendo chamado de Salerossa, depois, Selerossa e por fim, Selê.  

No final da década de 70 o baixista e técnico de som começou a tocar em bailes organizados pelo senhor Ostelino Cardoso (in memoriam); depois veio o primeiro grupo musical criado pelo senhor Ditinho do Táxi, onde atuavam Sele, Paulo Borges e Wilton da Sanfona, (de Santa Rita do Pardo). 

Depois veio o Grupo Coringas, com Paulo Borges, Aparecido dos Santos (Cido), Wilson Santos e João Soares (Salsicha). No dia 5 de maio de 1990, Os Coringas animaram o baile de formatura do 3º Magistério do Ginásio Escolar Adilson Alves da Silva, evento realizado no Clube (Salão) Municipal. 

Na década de 1990 surge nova formação musical: O conjunto Sombras formado pelas palavras Som + Brás (o Som de Brasilândia), com Wanderlei Bueno (Wando), Selê, Betão (in memoriam) Jamelão, Henrique, Bugão, Ricardinho Pereira, Danielzinho e outros com passagem mais rápida.

É. Mas o tempo não para. A partir de 2000, o grupo tornou-se Selê Som, com Selê e Denis, a partir de som mecânico, que permaneceu por vários anos, com parceria de seu filho Kelcio Souza. A esposa, Profª Joana Nogueira Gonçalves, lembra que ele sempre tocou de ouvido, como ele mesmo dizia: não entendo partitura (...). 

No palco florido de amigos para onde o instrumentista dedicado -- o Selê da alegria -- foi conduzido pelas mãos de anjos celestes no dia de ontem, certamente não faltarão instrumentos para ele continuar fazendo o que mais lhe dava satisfação na vida e tornava os outros felizes: através da música desvendar os segredos da vida e da felicidade. 

Descanse em Paz amigo Oliveira Soares Gonçalves, nosso estimado artista musical Selê.

 

Brasilândia/MS, 16 de novembro de 2023.

Fonte: História e Memória de Brasilândia/MS, volume 2-Patrimônio, Cantores e Vozes da Terra, pág. 13s.




 

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 

Seu Alcides e as imagens do coração

Carlos Alberto dos Santos Dutra



Lidar com o gado é uma arte. É necessário ter nascido com o dom e saber aproveitar a oportunidade que a vida nos dá. Foi assim com Alcides Gonçalves Diniz, com quem tive a satisfação de conversar num dia desses que já vai longe. Era o dia 22 de julho de 2016.

A ideia de colocar este relato num livro prende-se ao desejo puro e simples de homenageá-lo e junto dele a todos aqueles que dedicaram sua vida à lide do campo.

A casa simples por fora, pátio asseado, e por dentro escondia um tesouro que o tempo não destrói. São imagens que se encontram plasmadas na memória e se materializam nas paredes daquela pequena casa por onde circula um aroma de fazenda.

Paredes bordadas de troféus e imagens estampadas em fotografias de todos os tamanhos revivem um tempo distante, que já se foi, mas que todas as manhãs insistem em saudá-lo e desejar-lhe bom dia.

Olhar aguçado sob a sombra da aba do chapéu, corpo esbelto e mantendo a indumentária campeira sempre à vista, faixa sobre o cinto de couro, bota cano curto e o inseparável canivete completam a vestimenta do homem da cidade, mas que um dia se vestiu muito mais a caráter para enfrentar o rigor da lida no manejo dos animais e da tropa.

Gentil e obsequioso seu olhar repousa sobre as fotografias cuidadosamente molduradas em quadros que os faz recordar o tempo de infância, desde quando nasceu, lá nos idos 5 de maio de 1938.

Sim, foi na sede da velha matriz da firma inglesa apelidada de marca argola, Fazenda Boa Esperança, que a criança deu o seu primeiro choro, à semelhança de um bezerro desmamado com saudade da mãe. Depois de moço veio aprender com o capataz Antenor Fonseca, o ofício de vaqueiro e tocador de tropa.

E lá se encontra ele na bela planície da Fazenda Fátima, onde muito trabalhou e cavalgou. As imagens e o som característico do ranger das rodas do carro de boi, tocado por dez bois, aponta ele com o dedo orgulhoso.

Noutra imagem o burro de broaca. Mas o que é broaca? Pergunto. Ao que me responde com um sábio sorriso: --é um caixote de couro e pau para colocar alimentos nos dois lados do burro para acompanhar a comitiva, brinca.

A emoção destes tempos primeiros lhe invade a alma e ele volta no tempo percorrendo o Retiro Sapé, hoje Fazenda Sertaneja, dizem; o seu tio que foi capataz; o Olegário que lhe ensinou a lide; e o matador de onça contratado pela fazenda para garantir a segurança do gado, José Joaquim de Carvalho.

Em outras fotos contemplamos a porteira e duas cabeças de boi na entrada da Fazenda São Cristóvão, do Diogo, lembra ele. Noutra foto ele, seu Alcides, perfilado ao lado de um touro, próximo às casas da colônia, animal que só ele podia tocar, me informa com um sorriso nos lábios.

E lá segue ele, mostrando-me uma coisa ou outra, falando em voz alta o nome dos irmãos e parentes de seus quase dez irmãos: Benício, Assis, Eunice, Edite, Enilda, Hermínia, entre outros. Agora está dentro de um galpãozinho no fundo da casa e me mostra suas tralhas e arreios utilizados nos cavalos que montou. Coisas que não esquece.

Pega na mão dois ou três arreios e perfila-se para tirar uma fotografia. Lembra então que está sem chapéu e rápido vai buscá-lo para logo se aprumar para a fotografia. Entre os seus pertences, ainda nos mostra uma espécie de pelego que chamou de coxonilho, que ao encilhar o animal ia por cima da badana, informa.

Ao despedir-me e agradecer a oportunidade de conhecer um pouco de sua história, ele me abraça e também me agradece por ter lhe dado aquele momento mágico de reviver no tempo o passado que ainda lhe alimenta a esperança de viver e seguir em frente com a consciência de ter realizado o que mais lhe dava satisfação na vida: camperear em comitivas.

E assim com ele, seguimos nós, nesta trilha... aprendendo sempre um pouco mais com a vida.


Brasilândia/MS, 13 de novembro de 2023. Publicado originalmente em http://carlitodutra.com/seu_alcides_e_as_imagens_do_coracao.html, em 02.Abril.2017. E no vol. 3-Cidadania, da coleção História e Memória de Brasilândia, pág. 427.





sexta-feira, 10 de novembro de 2023

 

Ivan Miguel do Nascimento, adeus

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

A hora da partida não sabemos. Mas de quando em vez algo inesperado acontece, o coração estremece e abreviamos este momento. 

Não pelas nossas forças, mas pelas circunstâncias que nos empurram a esticar o olhar sobre uma luz no horizonte e deixar a alma contemplar o rosto do amanhã celeste. 

No dia de ontem, seu Miguel Cursino do Nascimento, carinhosamente chamado pela população de Brasilândia de outrora, pelo apelido de Miguel-Cego, recebeu na sua morada eterna mais um de seus filhos diletos. 

De braços aberto, com certeza, o seu querido filho Ivan Miguel do Nascimento, correu ao seu encontro e da mãe, Maria Moreira de Jesus, para matar a saudade pois não os via desde quando Deus os havia levado. 

Ah, seu Miguel, que só os mais antigos conheceram, quando este cearense recém-chegado a Brasilândia, em 1966, já trazia no corpo a marca do sofrimento provocado pelo sarampo que, aos 19 anos, lhe causou a perda de uma vista, além dos causos que contava e as diversas picadas de cobra das quais sobreviveu... 

Esse era o pai de seu Ivan que, ao lado de dona Maria, mãe amorosa que viveu 89 anos criando exemplarmente Francisca, Josa, Maria, Aparecido, Ivan, Luci e Antônio, além do filho adotivo José. 

Foi com certeza, na lida pelas fazendas que seu Ivan se tornou homem nos rastos do pai. Primeiro entre a Ipê Roxo e a Bocaina, e por fim, vendo seu pai dono de uma frequentada pensão na avenida São José. 

Seu Ivan que no dia de ontem partiu para a vida eterna vai deixar saudade na comunidade de Brasilândia. Em especial ao irmão Aparecido, com quem dividia a criatividade de transformar a madeira e peças de arte, como a majestosa porta da Igreja Matriz de nossa cidade.

Além de exímio marceneiro e hábil no trato com a madeira, foi também um pai, tio, avô zeloso e dedicado, suportando, as agruras  da vida para garantir segurança e felicidade a quem se encontrava sob sua responsabilidade à sua volta. 

Para os familiares e amigos é hora de agradecer a Deus pela vida e o dom que o Céu proporcionou a seu Ivan, permitindo-lhe experimentar o caminho que leva à luz, mesmo quando tudo lhe parecia escuridão. 

Que a Luz que Cristo o ilumine e o conduza ao descanso eterno, amigo Ivan Miguel do Nascimento. 

Brasilândia/MS, 10 de novembro de 2023.


Fonte: História e Memória de Brasilândia/MS, Vol 1-Pioneiros, pág. 225s.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 

Homenagem ao Jubileu da
Escola Estadual Adilson Alves da Silva

Prof. Me. Carlos Alberto dos Santos Dutra (Carlito).

 



 1-Amigos me dão licença
Peço um momento atenção
Vai falar um coração
Que hoje aniversaria
É seu jubileu, quem diria
Esta Escola comemora
E nestes versos agora
Vou buscar lá na memória
50 anos de história
Desde o tempo do prefeito
Julião Maia, por direito
Coube a ele a criação
Foi na sua administração
Anos setenta um Decreto
Fez realidade um projeto
No tempo do Mato Grosso
Centro Educacional, um colosso
De 1º grau era o nome
Ginásio por sobrenome
Como se tornou conhecido
Ginásio Estadual aguerrido
Do saber matou a fome.
 
2-Depois em setenta e oito
Com a morte do prefeito
Adilson Alves da Silva, em respeito
Ela foi denominada
Passando, assim, ser chamada
Até os dias atuais
Memória de imortais
É o que hoje celebramos
São legendas que arriscamos
Nestes versos mencionar
A todos quero saudar
Aqueles primeiros nomes
Que são verbos e pronomes
Que juntos edificaram
Primeiras turmas formaram
Os cidadãos desta terra
Orgulho que em si encerra
Foi um ciclo da história
Para guardar na memória
Alunos e professores
Funcionários, diretores
Vitoriosa trajetória.
 
3-Corre o relógio do tempo
Elza Aguiar, diretora
Pioneira professora
Colegiado Escolar
Em eleição popular
Alunos e professores
Francisco nos bastidores
Ilda, Zenaide, Irinéia
O mundo cheio de ideias
Todos buscando respostas
Magistério, proposta
Que formava sem mistério
Para a alma refrigério
Ferrari, Salustiano, Juraci,
Heleno, Samuel, Jucli,
Tertuliano, Aparecida,
Marlene de bem com a vida
Vicentina e Madalena,
A rima ficou pequena
LucíliaRute Mara,
Célia, professora clara
Olhar de fada, serena.
 
4-Co’a Marilda se formaram
Aparecida, Claudice,
Darci e a Eunice
Francismeire e Luciana
Foi tanta gente bacana
O coração quer abrir
Maria Inês, Margarete, Nair
Tantas Maria Aparecida
Deram sentido à vida
Paulo Cézar e a Solange
Gente que não se constrange
Pois são tantos pra lembrar
Saudade que vai ficar
Flávio do laticínio
Paraninfo dos meninos,
Diretora Donival
Adjunta, serviçal
E a professora Sandra
Sempre animando a banda
Com a Zenaide madrinha
No esporte, a rainha
Estando a frente, comanda.
 
5-Novas turma de formandos
Adilson, Antônio Batista
Também integram a lista
Cláudio, Hederson, Ednalva
Brilhava a estrela dalva
Joana Ávila, Joana Nogueira
Jorge, orador na dianteira
Lucilene, Márcia, Luzia
Tudo era alegria
Cristina Damião e o Rodrigo
Maria de Lourdes, amigos
Rosemeire, Valentina
Verdadeiras heroínas
Professoras e as gincanas
Lúcia, Célia, 1ª dama
Cada ano um manifesto
Ana Andréia, Ana Modesto
Andréia, Célia, Claudinéia
Cristiane, Elis Andréia,
Elza Ferreira, Graciana,
Ilda Franco, Iria, Ana
Verdadeira epopeia.
 
6-E a lista continua
Janaina e Juscelina
Todas olhar de menina
Leonice e Maria Aparecida
Dando ao saber guarida
Maria Rosa, Martistela
Da educação sentinela
Oziel, Renata, Rosa
RosimarValmir e prosa
São tantos sobreviventes
A mestre Leila Vicente
Dona Judith e as madrinhas
Todas com ar de mocinha
Luciana e a Kátia
Mendonça e a matemática
Com a locução da Eurides
Professores, diretores
Adjuntos, Coordenadores
Leila Mara, Leila Oliveira
Alexandrina além fronteira
Carlito, Celi, Cintia Beatriz
Tanto professor feliz
De segunda a sexta-feira.
 
7-Ah! O coração é tão grande
Cabe o nome, tanta gente
Alunos e mestres contentes
Eliana, Luciana, Wanderli
José Basan e o Valdir
Diretor, professor Ide.
E aquele que preside
Alunos do Colegiado,
Que era desafiado
Vilson, Rosimeyre, Helena
Representante acena
Durval, Jacina, Zé Roberto
Bem firme no rumo certo
Professora Fátima Gaiotte
Com zelo de sacerdote
Ensinava com leveza
Funcionária Wilma, Tereza
E a história continua
Para trás ela não recua
Segue em frente diretora Mirian
Que sem se valer de uma gíria
Com LucianaEder Franzin
Silvia Neura, assim-assim
Gente que a Escola admira.
 
8-Foram tanta iniciativas
A foto nos faz lembrar
Nos faz rir, nos faz chorar
Com a Débora candidata
Como professora nata
Abylene, Alex, André
Alunos de luta e fé
Natasha, Cristian, Camila
O estudo e a apostila
EdvandoEmerson, Gisele
Todos sentiram na pele
O quanto a vida é bela
Helena, Jéssica, Isabela
Jones, Mariely, Mauricio
Fazendo todo o exercício
Rodrigo e o Hudson Juquinha
E os atletas fraldinha
As rodas de tereré
E lá estava você
Maria Angélica e o Luan
Já vivendo o amanhã
Lucas, Jessica, Beatriz
Não tem quem não foi feliz
Madrigais de Dom Juan.
 
9-Ainda cabe lembrar
Elizabete Castelani
Vida, papel celofane
Célia Ambrósio e o Deja
Felicidade onde esteja
No esporte glorioso
Que foi sempre vitorioso
Desde a Copa Juventude
TV Morena, atitude
Impulso do Fogoió
Mestre na bola e xodó
Morceguinho e Nattan
Fez a equipe campeã
Vinícius, Juninho, Vicente
Leonardo e William de repente
Bodinho, Crepaldi e Gabriel,
Na bola eram bacharel
Professora Patrícia e a libras
Mostraram a sua fibra
A bióloga Benedita
Aquecimento global contradita
Zé CândidoNilcemar
Todos podem festejar
Com a música mais bonita.
 
10-Também tem o Zé Quintino
Que é o autor do hino
da Escola Adilson Alves
Eliza Camargo salve-salve
Diretora irreverente
Num concurso abrangente
Confirmou a poesia
Com o crivo da Lunalva
Neuza Maia, sem ressalva.
No esporte o destaque
Professor Jeferson, um craque
Foi precursor do basquete
Feminino foi vedete
Empenho MarinaLiliane.
Pro arremate um reclame
Professor Omar, o herói
Passeio ciclístico, constrói
E o voleibol do futuro
Abriu portas, derrubou muros
Elevou equipes a glória
São tantas e tantas histórias
APM e as quermesses
Ó meu Deus, lanço uma prece
Em meio a música e a viola
Abençoe essa Escola
Obrigado pela messe.

 

Brasilândia/MS, 9 de novembro de 2023.

sábado, 4 de novembro de 2023

 

MEU BOM JOSÉ

Composição: Georges Moustaki / Nara Leão (adaptação)

Voz: Rita Lee, 1970

 

Olha o que foi, meu Bom José
Se apaixonar pela donzela
Dentre todas, a mais bela
De toda a sua Galileia
 

Casar com Débora ou com Sara
Meu Bom José, você podia
E nada disso acontecia
Mas você foi amar Maria
 

Você podia simplesmente
Ser carpinteiro e trabalhar
Sem nunca ter que se exilar
Nem se esconder com Maria
 

Meu bom José, você podia
Ter muitos filhos com Maria
E teu ofício ensinar
Como teu pai sempre fazia
 

Por que será, meu bom José
Que esse teu pobre filho, um dia
Andou com estranhas ideias
Que fizeram chorar Maria?
 

Me lembro, às vezes, de você
Meu bom José, meu pobre amigo
Que desta vida só queria
Ser feliz com sua Maria.


Para dona Maria Lúcia e seu esposo José.