terça-feira, 31 de outubro de 2023

 

Ao Mestre Carlito.

Recebo agradecido, não sem emoção, as palavras, ditas em versos pela colega médica veterinária Gláucia Ricci Lopes Mendes na carinhosa recepção de despedida que me foi concedida hoje na Secretaria Municipal de Saúde. Publico-as em homenagem a todos os servidores da Prefeitura de Brasilândia com quem trabalhei (também na Educação e Assistência Social) e convivi por três décadas nesta cidade que aprendi a amar. 


Dá licença um minuto / Quero agora lhe falar / De um homem de muito apreço / Que está para nos deixar.

Chegou o tão sonhado dia / Esperado descanso / Que por anos dedicou a profissão / Não medindo esforços ao avanço.

Quando rapaz novo fez a diferença / Pelejou pelos povos indígenas, pela natureza / Mesmo antes de tanta modernidade / Já trazia consigo a responsabilidade / De abraçar uma luta que ninguém lutava / Em busca de direitos acreditava.

Formado em medicina veterinária / Desejo que adquiriu quando piáTraz na bagagem outras graduações / Sempre motivando suas reflexões / Quando Mestre em história se formou / Esse rio-grandense se destacou.

É filósofo, sociólogo, teólogo e advogado / Conhecimentos que almejou em suas caminhadas / Mas “Bah”, a paixão desse gaúcho / Nasceu das histórias entrelaçadas / Com seus livros, poemas e canções comoveu / Nos deixando com um pedacinho da história que escreveu.

Homem de fé, religioso / Das escrituras, deixou ensinamentos / Celebrando missas e casamentos / Sempre com amor e aprendizado / Não esquecendo os batizados.

Barbaridade esse gaúcho não tem preguiça / Deixou o Rio-grande pra fazer a vida / No Mato Grosso do Sul encontrou acolhida / Terra de Brasilândia há quem diga / Que quem bebe dessa água não faz partida.

Hoje seu Carlito vive nova fase / Apreciar a vida, lagartear o mate / Junto da prenda Dona Vilma / Filhas e neta, novo recomeço / Herança melhor que essa, desconheço.

Tchê, essa é uma singela homenagem, / Para quem tanto fez sem esperar retribuição / Deu o que podia na causa dos necessitados / Seu pagamento foi a gratidão.

Avante mestre Carlito / Continue a buscar alegria / Lar, família, coisas simples da vida / Deixando para os colegas as labutas do progresso / E para eles o desejo de sucesso / Tendo consigo a certeza de missão cumprida / Dessa vida exaurida.

Grande amigo deixo aqui meu muito obrigado / Por tantos ensinamentos / Deixou seu legado / Dos dizeres que carrega / Traz consigo um lema / Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.

Brasilândia/MS, 31 de outubro de 2023.

De Glaucia Ricci Lopes Mendes.

Obrigado amiga.






Dr. Carlito Dutra, enfim, aposentado.



Amigos me dão licença
Que no más vou me chegando
E a todos vou saudando
Neste dia especial
Mas não é que este bagual
Se aposentou, afinal?
Depois de dois anos peleando
Todos os dias esperando
A recompensa sonhada
Pondo fim a longa estrada.

Só aqui na Prefeitura
São 30 anos, fartura
Trabalhando na Saúde
Tudo graças a atitude
Neuza Maia, a prefeita
Que me chamou certa feita
O primeiro concursado
Veterinário empossado
Dando vigor ao trabalho
Realizado sem atalho
Pelas mãos do Zé Quietinho
Que desempenhou sozinho
O cargo de Vigilante
Sanitário, confiante
Passou o bastão ao Carlito
Que também seguiu solito
Trabalhando, poucos sabem
Levou o armário prá Cohab
E de lá ele despachava.

Com uma sala nova sonhava
A instalação era escassa
Trabalhar: quase de graça
Naqueles tempos primeiros
Paulo Veron, pioneiro
Médico profissional
Cantadori, o casal
Entre tantos secretários
Deu espaço ao Sanitário
Editou até Cartilha
Saúde seguiu a trilha
Uma VISA prestigiada
Saúde municipalizada
Kobayashi em seguida
E a valorização da vida
Com Valdir sanitarista
Pedro Alonso idealista
Fabiana, Vania Cano
A Marlene, salvo engano
Tantos nomes que passaram
E sua marca deixaram
Dr. Antônio no Porto
Levando saúde e conforto
Cristiane, a dentista
Rosana, anestesista
Rita de Cássia enfermeira
Assumindo a dianteira
A fonoaudióloga Gislaine
Selma Regina e os reclames
Dr. Vanderley e Delano
Transformando o cotidiano
Sempre ao alcance da mão.

Douglas e o Antônio João
Respeitado urologista
O Cholfe, cardiologista
Ivan, Valter, Marcos Manteiga
Trouxe luz à mente leiga
Do povo brasilandense
Flávio Ercio, competência
Dr. José Carlos e o Issan
Tantos médicos e manhãs
E equipes prestimosas
Dedicadas, preciosas
Aldeneide, Leonilda
Todas em favor da vida
Dr. Katsume e a Roberta
Em busca da coisa certa
Também tinha a Sucam
Da saúde guardiã
Nicola, Cido e seu Gerson
Todos não cabem nos versos
São tantos a homenagear
Agradecer, abraçar
Antigos da Vigilância
O amor encurta distância.

Cleber, Cláudia e o Orico
Nestes anos fiquei rico
Conversando com esta gente
Saio daqui mui contente
Lembro do André, Juvenal
Pedro, Gil, saudoso, afinal
E os outros que foram chegando
O coração apertando
Despedir de cada um
Cida, Gláucia, Regiane
Pode ser que um dia clame
A saudade que ficou
Missão cumprida, acabou
Tempo de aposentadoria
Quem diria? Chegaria
Todos nos encontraremos lá.

Por isso aqui me despeço
Já com saudade, amigos
Dos novos e dos antigos
São coisas que vão ficar
Lembranças prá gente guardar
No álbum de fotografias
Para relembrar um dia
Vacinação e campanhas
Castração e a façanha
Eutanásia num caminhão
Jéssica de bisturi na mão
E o caso do crematório
Lixo hospital, falatório
E a fiscalização na zona
Asseadas mamãezonas.

Foram Conselhos, vitórias
São muitas e muitas historias
De quem lida com a Saúde
Que o bom Deus me ajude
A ter sempre gratidão
Àqueles que me deram a mão
E deixar este trabalho
Sem ter mágoa, magoado
Ou ferido um coração
Ao contrário: satisfação
É o que levo no peito
A experiência e o respeito
É o que espero deixar
Àquele - poder olhar
E dizer até aqui está feito!

A todos com nostalgia
Saúde é a Secretaria
Mais importante que existe
Garante a vida, resiste
E está sempre renovando
Novos rostos vão chegando
Médicos, enfermeiros, auxiliares:
Profissionais e olhares
Que garantem juventude
Trabalha em silêncio a Saúde
Zelo cuidado, atenção
Remédio que cura na mão
Faz o melhor de você
Coisas que o povo não vê
Mas guardamos no coração.

Obrigado. Obrigado. Obrigado.

 Brasilândia/MS, 31 de outubro de 2023.

domingo, 29 de outubro de 2023

 

Aos professores, mestres dos sonhos possíveis.

Prof. Me. Carlos Alberto dos Santos Dutra 



Quatro projetos estão nas minhas mãos cuja tarefa é avalia-los sob o aspecto da Inovação e Inclusão, tudo com o fim de premiar o professor responsável por ter colocado em prática junto a seus aluninhos e comunidade dos Centros Educacionais Infantis - Carmelita Barbosa Caetano, Henrique Mendonça Quintino e Gisely Ribeiro Hippler -, um cadinho de sonhos.

Os olhos pousam sobre os critérios propostos pela SEMEC e vejo o quão detalhistas são as regras de seleção. Afinal, será o cumprimento ou não destes itens que irão traçar o divisor das águas que separam ou unem as propostas pelo pedestal da originalidade e criatividade, da diversidade e participação, da eficácia e das evidências, dos resultados e do convencimento, que norteiam este certame municipal.

E lá estão os projetos na tela do computador de onde o avaliador aqui, com o dedo no roller do mouse, desliza o texto e as imagens em pdf de alunos e professores presentes nas diversas atividades que se propuseram a desenvolver.

São aluninhos transformados em borboletas saltitantes e abelhinhas em favos de mel, alguns encantados ao ver uma plantinha nascer; outros pintando o arco íris em rodas de leituras que os levam a lugares distantes, confiantes em quem os conduz pela mão e vai no mesmo rumo.

Ah, como avaliar o esforço de cada dedicado professor, mestre da criatividade e paciência, de olho na ciência e técnica que revoluciona, sem perder o lúdico da vida, a esperança e a responsabilidade pelo amanhã?

Como não aplaudir a iniciativa e criatividade destes heróis capazes de promover o sonho de “Plantar amor” ou de arriscar: “Sexta-feira é dia de leitura” na escola e na vida? Ou adentrar sorrateiro o universo dos “Animais polinizadores” cheios de coragem ativista?

Como não sorrir e estender a mão àquela professora que num instante se transforma em aluna: um moranguinho silvestre, um palhacinho engraçado na alegria do circo, para ganhar a confiança e o coração daquelas mentes brilhantes?

Não. A letra fria das palavras não têm lugar neste espaço criado por artesãos que inspiram beleza e arte a partir de uma cartolina e eva coloridos colados ao rosto, imitando girassóis, para dizer ao mundo que a natureza e a terra podem ser um imenso jardim.

Que todos saibam: professores inovadores, há muito criam e recriam o inimaginável para educar, abrindo portas para o conhecimento que liberta através de canções e cores buscando incluir a todos num mundo justo e ideal.

O prêmio ora ofertado é a recompensa justa e merecida, ainda que módica e simbólica, para estes operários-anjos do saber, educadores, que são raios de luz em sala de aula. 

Ainda que, muitas vezes despercebidos, lá perseveram aqueles que se especializaram em construir e reconstruir histórias de vida e rumos aos novos cidadãos que virão.

Parabéns professores do Ensino Infantil que apresentaram projetos ao Prêmio Professor Inovador e Inclusivo de Brasilândia. Mestres dos sonhos possíveis, vocês todos são incríveis e merecem nota 10.

Brasilândia, 28 de outubro de 2023.

Prof. Me. Carlos Alberto dos Santos Dutra (Carlito)

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

 

Carta da 16a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus.




Queridas irmãs e irmãos. 

1-Ao chegar ao fim dos trabalhos da primeira sessão da XVIa  Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em profunda comunhão com todos vós. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas expectativas, os vossos questionamentos, e também os vossos receios. Já passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco, iniciámos um longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de Deus, sem excluir ninguém, para "caminhar juntos", sob a guia do Espírito Santo, discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo. 

2-A sessão que nos reuniu em Roma desde 30 de setembro foi um passo importante neste processo. Em muitos aspectos, foi uma experiência sem precedentes. Pela primeira vez, a convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates, mas também nas votações desta Assembleia do Sínodo dos Bispos. Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutámos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método do diálogo no Espírito, partilhámos humildemente as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir aquilo que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje. Assim, experimentámos também a importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as tradições do Oriente cristão. A participação de delegados fraternos de outras Igrejas e Comunidades eclesiais enriqueceu profundamente os nossos debates. 

3-A nossa assembleia decorreu no contexto de um mundo em crise, cujas feridas e escandalosas desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós provinham de países onde a guerra deflagra. Rezámos pelas vítimas da violência assassina, sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os perigosos caminhos da migração. Comprometemo-nos a ser solidários e empenhados ao lado das mulheres e dos homens que operam em todo lugar do mundo como artesãos da justiça e da paz. 

4-A convite do Santo Padre, demos um importante espaço ao silêncio para favorecer entre nós a escuta respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. Durante a vigília ecuménica de abertura, experimentámos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação silenciosa de Cristo crucificado. "A cruz é, de facto, a única cátedra d'Aquele que, dando a sua vida pela salvação do mundo, confiou os seus discípulos ao Pai, para que 'todos sejam um' (Jo 17,21)". Firmemente unidos na esperança que a Sua ressurreição nos dá, confiámos-lhe a nossa Casa comum, onde o clamor da terra e o clamor dos pobres ressoam cada vez com mais urgência: "Laudate Deum! ", recordou o Papa Francisco logo no início dos nossos trabalhos. 

5-Dia após dia, sentimos um apelo premente à conversão pastoral e missionária. Com efeito, a vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo (cf. Jo 3,16). Quando lhes perguntaram o que esperam da Igreja por ocasião deste Sínodo, alguns sem-abrigo que vivem perto da Praça de S. Pedro responderam: "Amor! ". Este amor deve permanecer sempre o coração ardente da Igreja, o amor trinitário e eucarístico, como recordou o Papa evocando a mensagem de Santa Teresa do Menino Jesus a 15 de outubro, a meio da nossa assembleia. É a "confiança" que nos dá a audácia e a liberdade interior que experimentámos, não hesitando em exprimir livre e humildemente as nossas convergências e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações, livre e humildemente.

6-E agora? Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra "sínodo". Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa reiterou no início deste processo, "Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos algo abstractos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (...), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um" (9 de outubro de 2021). Os desafios são muitos, as questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos. 

7-Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos, a começar pelos mais pobres. Isto exige, de sua parte, um caminho de conversão, que é também um caminho de louvor: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos" (Lc 10,21)! Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente, nalgumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas. Acima de tudo, a Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer. A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória.

8-A Igreja precisa de colocar-se à escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho cristão que oferecem no mundo de hoje. Precisa de acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e de tomada de decisões. Para progredir no discernimento sinodal, a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a experiência dos ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao serviço dos mais vulneráveis. Deve também deixar-se interpelar pela voz profética da vida consagrada, sentinela vigilante dos apelos do Espírito. Precisa ainda de estar atenta a todos aqueles que não partilham a sua fé, mas que procuram a verdade e nos quais o Espírito, que "a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido" (Gaudium et spes 22), também está presente e atua. 

9-"O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio" (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de responder a esse apelo. A Virgem Maria, a primeira no caminho, nos acompanha em nossa peregrinação. Nas alegrias e nas fadigas, ela mostra-nos o seu Filho que nos convida à confiança. É Ele, Jesus, a nossa única esperança! 


Cidade do Vaticano, 25 de outubro de 2023

(Foto: Vatican Media. PO - Lettera al Popolo di Dio - Enviada pelo Pe. Alex Kloppenburg) Disponível em Carta da 16a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus - Agência ECCLESIA


terça-feira, 24 de outubro de 2023

 

Joaquim Bueno: o barco, as águas e as lembranças.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Pessoas são sempre seres desconhecidos. Quando pensamos que sabemos tudo sobre elas, eis que um segundo é o suficiente para nos surpreender a todos. 

Há seres humanos que durante anos passam ao nosso lado e pouco colocamos reparo. Afinal, eles estão sempre ali, no seu cotidiano. E achamos isso tão normal que nem percebemos quando eles esmaecem...

A semelhança de um barco que lentamente desprende a espia da proa, desfazendo o cabo da amarração, eles se vão. E lá vai o barco, sendo tocado pelas águas. Enquanto uma estranha sensação nos envolve. 

Para os que observam da margem, é um gesto rotineiro e normal; afinal, nos acostumamos a vê-los partir, sob a brisa das águas e a bulha dos cascos quando tocados pelos remos...

Joaquim Bueno, desde o rio de sua infância, sempre a tudo presenciou, desde o dia 14 de janeiro de 1949, quando nasceu, para a alegria de seu Elpídio e dona Dolores, sua mãe, senhora forte e pilastra na lembrança dos mais antigos moradores do saudoso Porto João André.

Foi naquele lugar que o jovem Joaquim por ali chegou e engrossou a voz ouvindo o canto dos pássaros e o murmurar das águas ao cair da tarde. Recolhendo a rede, vendo no horizonte o sol, a silhueta da antiga balsa e sua travessia cujo vapor e pás tocavam fundo e forte o espelho das águas, garantindo o pioneiro transporte entre o estado paulista e o antigo Mato Grosso.

Mas não se pode viver a vida inteira de sonhos, de encantos e carinhos da mãe zelosa, sempre presente, conforto e segurança da família. Logo tornou-se homem: foi policial, mecânico e técnico em eletrônica. 

Casou-se com Izabel Pinheiro Berenguer com quem teve três filhos: Arley, Alexandro e Lara. Ao partir para sempre, no dia de ontem, aos 74 anos de idade, deixa um sorriso no rosto de seus sete netos.

As águas sorrateiras, em remanso, lentamente avançam. Levam para longe o barco da vida, para as terras de além mar.  Nas suas margens, os pés de mangas e as jaçanãs sonoras, parece despedirem-se... 

Ficam as lembranças. 

Vai-se o homem. Vai-se o pai, esposo, avô. Vai-se o esteio da família. Fica o vazio e a saudade daquele barco, agora transformado em miniatura artesanal de madeira envernizada, cuidadosamente colocado sobre a estante da casa: o seu porto seguro, cuja vida ancorou.

Descanse em paz pescador e artesão Joaquim Bueno. Que as águas do rio Paraná o levem para longe de enrosco e galhadas presas no seu leito. Continues remando, sempre em busca e ao encontro das águas celestes do eterno mar da Vida... 

Brasilândia/MS, 24 de outubro de 2023.

 

Foto e Informações fornecidas pelo sobrinho Dr. Marcos Borges.

sábado, 14 de outubro de 2023

 

Salve o Dia do Professor. Obrigado professor!

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Quem é este guerreiro, que desafia o tempo?
Que se dá em causa nobre?
E nos ensina a escrever as primeiras palavras?
 
Quem é este sonhador, que dedica sua vida?
Levando o conhecimento?
Cultivando sonhos e abrindo caminhos?
 
Quem é esta pessoa, que frágil se faz forte?
Leva a sério a profissão
E orienta a todos pelas estradas da vida?
 
Este é o Mestre, este é o Professor:
Homens e mulheres que se dedicam a ensinar,
Homens e mulheres que se propõem a lutar,

Por um povo mais culto,
Por uma sociedade melhor,
Por uma Brasilândia melhor.
 
Professor que nos abre os horizontes:
Da profissão e da sorte,
Da consciência e da vida.
 
Maldito seja aquele que não valoriza o Professor,
E os faz viver de esmolas,
E desconhece sua importância,
No limiar de um novo tempo.
Em cujas mãos está a esperança de muita gente...

Abençoado seja o dedicado Professor
Que segue os caminhos do Sábio
Mestre dos mestres e seus valores
Cristãos que em essência vive
Dando-lhe força e ânimo para aprender e ensinar...

Foto: Grupo Escolar Artur Höffig. Corpo Docente: Jesus, Aparecida Lima, Maria Demundina, Nininha, Rita Nogueira (in memoriam), Marlene Alcântara, Rosimônica, Daide, Analina, Leonilda Cangussu, Cida Oliveira, seu Tobias Molgora (in memoriam), Carmelita Barbosa (in memoriam), Rosa Barbosa, Nilse Valentim, Naíra, Aparecida, Cleonice, Francisquinha, Marta Fonseca, Helena Servilha, Irai Vieira Lima Martinez (in memoriam). (Foto: PMB, 1996). Identificação com o apoio da Profª Joana.


Poema redigido inicialmente em 2001, e publicadas depois, no livro “Homenagens”, pág. 6, em 2011. A última estrofe foi acrescentada na data de hoje, véspera do Dia do Professor, 15.Out.2023.


A temática do “professor” (sobre diversas óticas) poderá ser encontrada ainda nos artigos: “Homenagem ao Professores” (Lembranças, pág. 192 e Diálogos Impertinentes, pág. 220); “Mirem-se no exemplo dos Professores” (Homenagens, pág. 225); “O Bom Professor” (Retalhos do Dia a Dia, pág. 166); “Professores” (Homenagens e Recordações, pág. 14); “Professores de Democracia” (Uma flecha no coração de Hans Kelsen, pág. 99), entre outros do autor, TODOS disponíveis na Biblioteca Municipal Professora Abadia dos Santos, de Brasilândia, para livre consulta.





sexta-feira, 13 de outubro de 2023


Procissão e Celebração da Palavra em Honra a Padroeira da Comunidade Eclesial do Reassentamento Pedra Bonita, Santana e Santa Emília realizada no

Dia de Nossa Senhora Aparecida

 


12 de outubro de 2023
Celebração presidida pelo Diác. Carlito Dutra
Paróquia Cristo Bom Pastor
Brasilândia/MS


domingo, 8 de outubro de 2023

 

Salve Comunidade Nossa Senhora Aparecida!

Carlos Alberto dos Santos Dutra



Senhores me dão licença

Que no más vou me chegando

A Virgem Santa saudando

Padroeira Aparecida

A quem dedicamos a vida

Desta comunidade, a história

Suas lutas e vitórias

Desde o tempo do Iate

Clube Rio Verde, rebate

Rede, barco, pescadores

Mulheres, crianças, senhores

Viviam da terra e do rio

Mães das águas os uniu

6 de dezembro de 80

Inauguração que ostenta

Motivos prá festejar

E ao bom Deus louvar

A garra dos ribeirinhos

Que nunca peleou sozinho

Na barranca sentinela

Reunidos na Capela

No tempo do seu Luiz

Bolognesi, fundador feliz

Padre Lauri, um gigante

E lá vai o povo confiante

Devoto daquela imagem

Sempre lhes dando coragem

Desafios que enfrentaram

Águas da barragem chegaram

Devastando o paraíso

Destruição, prejuízo

E promessas não cumpridas

Mas eles seguiram a vida

Em um novo recomeço

Igreja num novo endereço

Todos na Pedra Bonita

Começando uma nova escrita

No trabalho e na oração

De mãos dados com os irmãos

Padre Maurício, padre Luiz

Padre José, Dom Luiz

E a Igreja foi crescendo

E o passado revivendo

Dona Petelinkar, Maria

Pioneira, que alegria

Tantos que ainda permanecem

Vendo o dia que amanhece

E nos enche de esperança

Nos embala, qual criança

Neste dia abençoado

A nossa mãe dedicado

Virgem Santa Aparecida

Obrigado pela vida

Te rogamos, damos graça

Que o amor hoje renasça

No coração desta gente

Que, em procissão, contente

Confiante Lhe abraça.


Salve, Salve Nossa Senhora Aparecida!

Brasilândia/MS, 12 de outubro de 2023.