segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Amazônia: tempo de refletir sobre os erros que cometemos.


Marcelo Barros de Souza/Carlos Alberto dos Santos Dutra


Conheço o monge Marcelo Barros desde o tempo em que fiz teologia na PUC em Porto Alegre/RS. Não, não conheço este  beneditino pessoalmente, mas desde o tempo de estudante sempre admirei este escritor e teólogo pernambucano, sobretudo pelo que escrevia. Hoje, passado um bom par de anos, ele, dez anos mais experiente do que eu, é de admirar, o quanto suas palavras continuam lúcidas, incisivas e proféticas.

O texto que recebi é a ele atribuído. E acredito piamente que seja em razão do estilo e força que carrega nas palavras, que fluem atingindo em cheio o coração de quem deseja estar atento aos sinais dos tempos a sua volta.

E ele parte de um tema por demais atual: o meio ambiente. Seu artigo inicia com uma pergunta desafiadora: 

Por que não proponho rezarmos pela proteção da natureza?  E, bem ao seu estilo, inicia a exegese contando sua experiência pessoal ocorrida dias atrás ao ser convidado por um grupo cristão que pregava a defesa da terra e da natureza, através de mudança no nosso estilo de vida. Ele mesmo conta:

Pediram-me para falar da Amazônia e falei. À tarde, me levaram de barco a uma ilha belíssima da lagoa de Veneza: São Francisco do Deserto. Conforme a tradição, ali há exatos 800 anos (1319), São Francisco de Assis voltava do Egito e do encontro com o sultão e, cansado, desembarcou em Veneza.

Ali viu aquela ilha deserta, mas cheia de pássaros. Esses faziam uma imensa orquestra de sons. São Francisco disse aos irmãos que os pássaros louvavam a Deus e quis participar do louvor deles. Falou aos pássaros e estes fizeram silêncio para escutá-lo.

Hoje nessa ilha há um convento e é um lugar de natureza belíssima. Nos jardins do convento embaixo a uma árvore imensa, se colocaram cadeiras e fui convidado para participar de  uma oração ecumênica pela Criação.

Coordenavam essa oração o arcebispo (patriarca de Veneza) e um pastor adventista. Eu não queria falar (confessa) mas os organizadores insistiram e eu disse o seguinte:

O que significa orar pela terra e pela natureza?  
Que sentido tem viver em uma sociedade organizada de forma que sistematicamente a natureza é explorada e destruída e depois rezar a Deus para refazer aquilo que a gente destrói?
Deus poderia pensar que o fazemos de bobo. Pedimos para que ele proteja a natureza de nós próprios?

Para a tradição judaico-cristã, a oração começa por escutar a Deus. Mas, será que queremos verdadeiramente escutá-lo?

O que adianta rezar por uma coisa diante da qual Deus parece impotente e incapaz de ajudar?

Na parábola do evangelho que se leu no último domingo nas Igrejas católicas, anglicanas e luteranas, um homem rico pede ao pai Abraão, que ele trata como sendo Deus, que mande o pobre aliviar a sua sede (na parábola de Lázaro).

Com palavras de hoje, Deus nos responde: Meu filho (minha filha), nem eu posso ajuda-lo/a. Entre nós e vocês aí, nesse inferno do lucro e do aquecimento global que faz da terra um inferno, existe um abismo (Não fui eu que criei abismo ou inferno. Foram vocês mesmos) e nem eu posso anulá-lo.

Vocês acham que eu posso convencer à Vale do Rio Doce a ganhar menos lucro e não destruir a Amazônia e as regiões de Minas que seus proprietários já destruíram? Os rios que eles já mataram?

Acham que eu consigo que eu vou conseguir convencer Bolsonaro e os empresários brasileiros a respeitar a vida dos povos indígenas e o direitos dos pobres?

Acham que algum dia vou conseguir convencer as comunidades de Igreja e seus pastores que eu quero justiça e não culto?

Eles continuam achando que sou extremamente narcisista e que gosto mesmo de ser adorado e bajulado. Eles criaram um deus à imagem e semelhança de sua ambição de poder e de vaidade e dizem que sou Eu.

De tudo isso sou tanto vítima como vocês e a terra. Se vocês quiserem libertar a Terra e aos pobres, pode ser que ajude também a proposta de vocês pensarem em libertar a mim mesmo Deus da religião narcisista e hipócrita que adora o poder travestido de Deus e os que a exploram para a sua vaidade e o seu lucro.

Desculpem vocês que estão aqui para orar pela criação. Não quero que pensem que estou dizendo que é inútil. Estou apenas sublinhando as premissas e condições de uma oração bíblica hoje. Vocês têm razão: podemos sim orar pela criação. Deus está triste e está meio deprimido.

Que nossa oração tenha duas dimensões:

1 – a de consolar Deus do fato de ter fracassado em seu intento de nos empolgar pelo seu reino, projeto de um mundo feito de amor, justiça e comunhão cósmica.

2 – a de lhe prometer que vamos libertá-lo da prisão em que as religiões e mesmo a nossa Igreja o mantêm prisioneiro e vamos com ele reiniciar o caminho da redenção de nós mesmos e do mundo. Amém.

Brasilândia/MS, 7 de outubro de 2019.

Foto: Romaria da Terra. Arroio Caiboaté (São Gabriel/RS)
local onde tombou o índio Sepé Tiaraju, 7 de fevereiro de 1978.

sábado, 5 de outubro de 2019

Homenagem aos Agentes de Endemias Gerson Paulo da Silva e João Francisco dos Santos.



Amigos me dão licença
Um minuto vou falar
Quero aqui homenagear
Uma pessoa querida
Que pelas canhadas da vida
Fez historia na saúde
Peço que Deus o ajude
Nesta sua caminhada
Estrada longa trilhada
Com muita dedicação
Fez das tripas coração
Como agente de endemias
No tempo, naqueles dias
Tão difíceis de outrora
Falo agora sem demora
De Gerson Paulo, irmão
Com aperto no coração
Agora aposentado
Por nós todos estimado
Desde que aqui chegou
De Andradina de onde veio
10 irmãos, sem aperreio
Nascido em 53
20 de outubro era o mês
Chegando no Mato Grosso
Devagar, sem alvorosso
No ano 63
O filho de camponês
Se achegou na Brasilândia
Conhecida Arturlândia
Pertencia a Xavantina
Sem prefeito, na campina
E, olha lá o moleque
Colocando o pé no breque
Diante do cavaleiro
Não, não era um pistoleiro
Era o Joaquim, candidato
Pedindo voto, mandato
Prá prefeito, eleição.
Depois o Zé Marques, de então
Assumiu o patronato.

Seu Gerson todo é memória
Um homem que conta história
Daquilo que já viveu
Soube lutar e venceu
Desde o tempo do Nicola
Colega que fez escola
Chamado de cuiabano
Da SUCAM um veterano
E o Cido da malária
Percorrendo a braquiária
Gerson Paulo de mochila
Brasilândia era vila
Mas a região era enorme
Muito rigor no uniforme
A barba bem aparada
Toda ação fiscalizada
Pelo tal supervisor
Que não via com amor
O peso daquela bomba
Aspersora, uma tromba
Pesada de inseticida
Que era oferecida
X-Pert da Hudson era a marca
Mas quando a chuva encharca
O corpo e alma do agente
Lá vai seu Gerson valente
Vencer outro desafio
Cruzar a distância e o rio
Com a sua bicicleta
E lá vai o nosso atleta
Sem medo pelas encostas
Com a vida sempre exposta
Ao veneno e a intempérie
E nesta vida paupérie
Foi superando a morte
Com a ajuda de Deus teve sorte
Quando veio a condução
Veículo a disposição
Coisa rara uma carona
A comida, amigona
Era o empacotado
Farofa, assim ensacado
Que levava no bornal
Com carinho maternal
Pela patroa preparado.

E lá vai o nosso Gerson
Dormindo em uma rede
Pendurada na parede
Do galpão ou galinheiro
Tendo o céu por companheiro
Ou no galho de um arbusto
Às vezes levava um susto
Com medo de algum bicho
Onça, formiga, capincho
Mas logo adormecia
Ver logo chegar o dia
Longa noite de ousadia
Deste herói da Endemias
DENERU assim chamada
Que estava programada
Para cuidar da malária
Febre amarela fundiária
A peste e o mal de chagas
Enfermeiro destas plagas
Lá no fundão das fazendas
O povo de baixa renda
Sem acesso a prevenção
Aplicava injeção
Técnico em laboratório
Verdadeiro ambulatório
Coletava sangue, fazia
Lâminas, mais de cem, produzia.
E lá vai o nosso irmão
Educação em Saúde
Com palavras simples, amiúde
Gerson dá os seus conselhos
Sua vida é um espelho
Um livro que está aberto
Mostra prá longe e pra perto
O gosto pelo trabalho
Desculpe se me atrapalho
Na rima, do pajador
Foste nosso professor
De história e procedimentos
Prevenção, acompanhamento
Aos trabalhos realizados
Traz lembranças do passado
Que ilustram dias atuais
Alimenta os ideais
Dos agentes de endemias
Que também não veem o dia
Bicicleta, deixar de lado
A mochila e o legado
Que fica cá na Saúde
Pedido a Deus que ajude
Ao Gerson e sua família
Pois estamos em vigília
Por sua felicidade
E já sentindo saudade
De vê-lo assim, e gozar
O descanso acalentar
Enquanto aqui esperamos
Velhos e crianças sonhamos
Um dia se aposentar...


Com o agradecimento e as homenagens dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde ao servidor Guarda de Endemias, Gerson Paulo da Silva, e ao Agente de Saúde João Francisco dos Santos, pelos serviços prestados ao Núcleo de Combate a Endemias de Brasilândia/MS.
Brasilândia/MS, 4 de outubro de 2019.

Carlos Alberto dos Santos Dutra (Carlito).

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Homenagem às Personalidades de Brasilândia.













Senhoras e Senhores. Familiares, Autoridades. Cidadãos e Cidadãs de Brasilândia.
Em razão do meu ofício e formação, peço vênia para dedicar aqui algumas singelas palavras e convidá-los a fazer uma pequena viagem no tempo e as circunstâncias que nos trazem aqui hoje.
“Placas de honra ao mérito em homenagens”, está escrito no Decreto Legislativo publicado por esta Casa Legislativa, e que confere “Títulos de Honra ao Mérito” a cidadãos desta cidade.
Com efeito, é uma das atribuições do Legislativo conferir tais comendas a cidadãos que se destacaram no âmbito de suas funções e atribuições em prol do município.
É por isso que estamos aqui hoje. Para receber tal condecoração, uma distinção honorífica conquistada pelo trabalho e influência social que cada um dos homenageados vem desenvolvendo ao longo dos anos nesta cidade.
Permita-me aqui mencionar, inicialmente, o nome do Delegado de Polícia Civil de Brasilândia, Dr. Thiago José Passos da Silva e a difícil tarefa de comandar a labuta pela segurança pública de nossa cidade.
Num tempo de liberdades estremadas e de afrouxamento das condutas morais, cada vez mais se torna difícil o enfrentamento ao ilícito penal, a contravenção rotineira, a violência doméstica, o tráfico de drogas, o latrocínio, a corrupção, o homicídio, e por aí vai.
Não fosse o apoio e dedicação do aparato e corporação que integra a instituição mais antiga do Brasil em prol da segurança dos cidadãos, a Polícia Civil, este trabalho seria impossível de ser realizado.
E aqui peço permitam-me nominar os Investigadores de Polícia Judiciária, Francisco Félix de Souza Filho, Sérgio Mauro Estevão de Almeida, Douglas Tavares Baptista de Souza, Alexandre de Souza Martins e Emely Stefanello Peruzo Oliveira, de ambas as classes, aqui justamente homenageados.
Por essa e outras razões é que a homenagem aqui prestada a essas pessoas têm alcance e importância: Por conferir e manifestar a esses cidadãos e cidadã que agem na defesa da sociedade e preservação da ordem pública, o merecido apreço e respeito, a justa admiração e solidariedade.
Mais que isso, registra nos anais desta Casa de Leis o reconhecimento pelo trabalho realizado de proteção à sociedade e ao indivíduo, no mais das vezes, de forma silenciosas e anônima, exercendo com excelência as atribuições que lhe são devidas.
Trabalho árduo, sim.
Conduta tantas vezes discriminada e mal entendida, porque zelosos do seu dever, sentem na pele a urgência e ultimam resultados, resultados esperados pela sociedade.
E lá vão eles na trilha da investigação buscando descobrir os crimes que não puderam ser evitados; colhendo e transmitindo às autoridades competentes, os indícios e provas, diligentemente colhidos por eles, os Investigadores de Polícia Judiciária.
Tantas vezes com parcos recursos, instrumentais e efetivos tíbios, fazendo das tripas coração para responder as demandas a contento aos reclames da sociedade.
Ao serem homenageados pelo Legislativo Municipal de Brasilândia, que traduz em última instância, a voz da comunidade local, o Delegado de Polícia e seus Investigadores, obtém, igualmente, a confirmação de estarem agindo certo e no rumo dos ideais e objetivos que norteiam a missão da Polícia Civil no Estado de Mato Grosso do Sul.
E com certeza, cada um deles aqui, firma convicção, cada policial, cada chefe de família, cada cidadão que igualmente merece a proteção do Estado, que os esforços devam avançar para além das palavras.
E que este mesmo Estado e seu Governo envide todos os esforços institucionais e públicos para que a Justiça não os desampare e sempre os valorizem.
Que o Estado os acolha em seus pleitos e reivindicações, bem como os referende e os defenda, quando bandidos - autores e cúmplices capturados - forem apresentados e levados aos tribunais, não os absolvendo.
Em meio ao trabalho destes servidores Policiais Civis, que nunca lhes falte também o apoio do Município e instituições locais para este serviço que é exercido de uma forma distinta dos demais servidores públicos;
Em meio a complexidade e especificidade de suas ações que exige estremada  discrição, que nunca lhes falte a perspicácia, para com esta atividade de risco que exige sempre pronta decisão;
Em meio à pressão social e emocional que diuturnamente estão submetidos, que os faz estar sempre alerta e em prontidão, tudo faz desta atividade policial, sim, merecedora de todo cuidado e atenção. Motivo suficiente para tais homenagens e congratulações.
Homenagem que esta Casa de Leis, numa feliz iniciativa da Presidente Maria Jovelina da Silva, sua mesa diretoria e demais pares, servidores e municipalidade, conferem aos senhores e senhora.
Parabéns Delegado da Polícia Civil, Dr. Thiago. Parabéns Investigadores de Policia Judiciária de Brasilândia: Francisco Felix,  Sérgio Mauro,  Douglas Tavares,  Alexandre de Souza e  Emely Stefanello.
Mas, entre os homenageados desta noite, também se encontram outros dois nomes que, num rápido olhar, pode-se pensar que destoam dos demais.
Diante de uma atividade tão séria e necessária desenvolvida por quem garante a segurança pública de uma cidade, exercida pelos policiais civis, pode parecer que falar de literatura, filosofia, arte e música, seja um despropósito, algo secundário e desnecessário.
Mas isso não é verdade.
Isso porque na base de uma sociedade e na conduta dos homens, todos são norteados por ideias, ideais, ideologias que sedimentam a nossa cultura.
Ou seja, todos somos produtos de uma ou outra forma de pensar e agir. E nisso manifestamos e revelamos quem somos, o que pensamos e o que queremos, através do pensamento, da linguagem, da escrita e da música.
Ah, a música...
E quando falamos de música, o universo aqui é imenso. Assim como a literatura, a música encerra tons, gêneros, instrumentos, vozes, corações e sentimento que embalam e são motor da vida.
Sentimento que nos torna semelhantes diante da alegria e da dor, que nos faz reagir diante da violência e do medo; sentimento que acomete a todos, desde o policial especializado até o cidadão comum.
É por isso, talvez, que nos eventos, por mais sérios que sejam, eles são precedidos por um momento cultural: uma apresentação artística, uma roda de viola, uma encenação teatral, um canto, uma poesia.
Isso nos eleva o espírito e nos diferencia das coisas inanimadas.
Nos diz e nos mostra que somos pessoas, seres humanos, capazes de dar o salto qualitativo sobre a natureza e sobre nós mesmos.
E nos torna capaz de aprimorar nossa conduta, tornando-a mais sociável e condizente com a convivência e a urbanidade, uma exigência do mundo civilizado.
Por isso, o maior violeiro na atualidade de Brasilândia, a prata da casa que mais brilha, é um dos homenageados aqui.
Isso para nos elevar a alma e o espírito. Para nos falar de um novo alvorecer, de coisas que o tempo nos faz esquecer. Para nos lembrar que também somos coração e sentimento, e precisamos do lúdico, de quando em vez para nos humanizar
A musica apresentada nos palcos, seja para protestar, seja para saudar e cantar o mundo que queremos, tem o poder de nos motivar a estender a mão e caminhar de mão dada com quem vai no mesmo rumo, mesmo que distante ainda esteja de aprender a conjugar o verbo amar, como escreveu o poeta amazonense Thiago de Mello.
Esse é o Tony Carrero, o Sr. Alcides da Silva, conhecido como Cidão da Viola. Que nos encanta o coração com suas canções. Canções que falam de vida e saudade, tristeza e esperança.
Porque a canção, se por um lado denuncia a dor do corpo, a dor das matas e da natureza, e a conduta hostil dos homens, por outro lado, embala os corações, realinha os destinos, semeia paz na alma e ilumina a escuridão.
Por isso seu Alcides e sua viola e violão estão aqui. Para cantar a vida que brota das cinzas e dos corações. Narrando coisas que um dia nos alegraram e são eternas em nossas recordações. Em especial, a lembrança os mais antigos que por aqui aportaram e construíram a história deste lugar.
Parabéns Cidão da Viola. Brasilândia deve muito a você. Te amamos Cidão.
E ao concluir minha fala, observo, ainda, que meu nome consta lista dos homenageados. O que sinceramente agradeço.
Não, não vou dizer que não sou merecedor. Pois todos nós temos de assumir nossas ações e as consequências de nossos atos. Bons ou ruins.
Aqui, felizmente, estamos exaltando o que de melhor cada um de nós está deixando como legado. E com muita honra posso dizer, sem falsa modéstia: agradeço pela homenagem.
Sinto-me ainda mais gratificado pelo fato desta Casa de Leis, um dia, também já ter a mim prestado a maior homenagem.
Foi quando, entre os anos 2005 a 2008, estive Vereador e primeiro secretário da mesa diretora ao lado dos presidentes desta Câmara, na época, José Cândido da Silva e Jorge Daniel Silva de Oliveira, o nosso Jorge Madeira.
Legislatura que construiu a primeira e atual sede própria deste Legislativo Municipal graças ao empenho e esforço financeiro dos dirigentes desta casa na época.
Brasilândia me homenageou com um mandato de Vereador, o primeiro eleito pelo PT, partido que me desfilei para ingressar no PSOL  e concorrer com outros cinco candidatos a Governador do Estado em 2006 tendo ficado em 3º lugar com expressiva votação no Estado e Brasilândia.
Importante recordar, hoje, quando retorno a esta Tribuna como simples cidadão, como me senti honrado naquela legislatura por ter apresentado mais de 280 proposições legislativas, vendo 16 projetos de leis de minha lavra ser aprovados e sancionados pelo prefeito da época, o atual Dr Antônio de Pádua Thiago contribuindo para o arcabouço jurídico sobre importantes temas para o município.
A comenda hoje a mim ofertada, mais do que o reconhecimento aos serviços prestados a esta cidade, reforça a responsabilidade de quem chegou em Brasilândia a mais de 30 anos e buscou trabalhar pelo engrandecimento desta cidade:
Compôs um hino para ela; cuidou de seus índios esquecidos, apoiou suas associações, celebrando em suas capelas, servindo a municipalidade como funcionário concursado,
Enfim, conclamando e protegendo esse cerrado que serviu de pauta para seus livros e as histórias que escreveu e também viveu.
Hoje tenho mais tempo de Brasilândia do que o tempo que vivi no meu estado natal, o Rio Grande do Sul. E isso me torna um brasilandense de coração, mais que sangue, é sentimento e responsabilidade.
Obrigado Brasilândia pela acolhida. Obrigado a minha família que sempre me apoiou nas minhas lutas, entendidas como quixotescas, para uns e altruístas, para outros.
Obrigado aos amigos que souberam tolerar e ajudar a moldar o perfil deste gaudério pelo-duro parido lá na pampa gaúcha, que um dia chegou de longe, por essas plagas e por aqui se aquerenciou.
Obrigado a todos. Parabéns a todos nós. Obrigado.

Carlos Alberto dos Santos Dutra, 30 de setembro de 2019.
Sessão Solene da Câmara Municipal de Brasilândia  de Entrega de Títulos de Honra ao Mérito.