quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Todos contra a Dengue.






Com este mosquito não se brinca
Carlos Alberto dos Santos Dutra

Uma febrezinha aqui, uma dorzinha no corpo ali... E vamos levando. Preparamos um chazinho aqui, um analgésico ali, e achamos que tudo não passa de um resfriado. 

Passam-se mais alguns dias, e achamos que está tudo superado. Até o dia que a fraqueza toma conta da gente e, não mais aguentando, corremos para o Posto de Saúde.

Lá o médico suspeita de Dengue e, após a prescrição do medicamento e recomendar repouso, notifica o caso à Vigilância Epidemiológica. 


No dia seguinte a enfermeira do órgão de saúde preventiva, acompanhada de um agente de combate a endemias, visita a residência do paciente e observa que os sintomas evoluíram e confirma a suspeita de Dengue, recomendando a realização de exame de sangue ao paciente.

Na maioria das vezes o paciente encontra sempre uma desculpa para não ir ao laboratório, para colher material e obter o diagnóstico e comprovação da doença. Só para ter uma ideia, somente 20% dos casos notificados procuram o laboratório para coletar sangue para envio ao Laboratório Central-LACEN, de Campo Grande/MS, e assim obter a confirmação da doença.

O número de casos notificados para a Dengue na vizinha Três Lagoas/MS, cuja marca atingiu na última semana mais de duas mil pessoas, também chegou ao nosso município. 


A doença é grave e não está presente somente na cidade das águas. Também está aqui, na cidade esperança. E o impertinente Aedes aegypti, transmissor da Dengue, da Chikungunya e da Zika vem com força total.

A Dengue vem para ceifar vidas e semear a morte entre nós. E quando não alcança o seu intento, deixa sequelas irreparáveis na saúde de suas vítimas.

Terrenos baldios sujos e abandonados por seus donos, descuido na limpeza dos quintais, galerias pluviais entupidas, lançamento de esgoto clandestino, impacto do desmatamento, e tantas agressões cometidas pelo cidadão no dia a dia, tudo se transforma no banquete para o vetor da Dengue, animais peçonhentos e demais transmissores de doenças.

Mesmo assim, sob risco constante, a população, a grande maioria preocupada com a incolumidade pública, tem de conviver com a má-educação e o desrespeito de alguns para com a coletividade.

Pelo descuido de alguns, a doença pune a todos. E causa dor, sofrimento e morte a quem amamos.

Uma lição de educação tão simples... 
Mas como é difícil colocá-la em prática...

Mesmo assim, lá estão eles, resolutos, os agentes comunitários de saúde, agentes de combate a endemias, equipe dos serviços urbanos, secretaria de obras, voluntários de igrejas e associações, comunidade consciente, todos labutando contra o lixo e o entulho, contra os quintais sujos e lotes abandonados. Todos fazendo a sua parte neste mutirão que a cidade promove. 

Mutirão que precisa avançar, na prática e no imaginário de todos nós: Com a pá carregadeira e patrola, caçamba e enxada, cavando fundo na consciência de todos nós...

Tudo para erradicar de vez do nosso comportamento o hábito do desleixo, do descuido e o desrespeito com o meio ambiente da cidade onde vivemos.

Combater o mosquito é um dever de todos! E procurar o médico ao menor sintoma também! 

Sentiu febre alta, dor abdominal, náuseas, vômito, diarreia, dor nos olhos, tontura, fraqueza, sagramento... Procure imediatamente um Posto de Saúde.


Brasilândia-MS, 19 de dezembro de 2018.

domingo, 2 de dezembro de 2018

A Educação sobre rodas: Motorista Professor.


Carlos Alberto dos Santos Dutra


Corria o ano de 1996 e a Educação garantida aos filhos de Brasilândia neste tempo que hoje é só lembrança, acontecia pelos desvãos das empoeiradas estradas que ligavam o campo à cidade e nele o progresso que aos poucos a todos foi alcançando.

No distrito Debrasa, sacolejando lá vai um ônibus mercedes-benz de cor bege arrebanhando alunos, entre porteiras e cercas, gado e seriemas, adentrando o coração das fazendas que vão surgindo entre ipês, pequis e carandás.

Fátima, Jesuíta, Córrego Azul, Modelo, Miracema e arredores da Debrasa uma a uma vão acolhendo o frescor da juventude e inocência pelas mãos dos motoristas até chegar à Escola para beber do saber e o desafio do amanhã.

Heráclito Luiz da Silva era o professor da estrada. Assim como outros, na pessoa de Alessandro Gonçalves da Cruz e seu mercedes-benz de cor verde, ou os proprietários das famosas peruas Kombi encarregadas de transportar docente e discente por caminhos nativos, do conhecimento de muitos, em especial dos alunos que por lá trilharam essa educação sobre rodas.

E lá estão, muito cedo, aquelas meninas brancas, de rodas, céleres, cortando o município rumo ao Porto João André, fazendas Modelo, Córrego Azul, Antares, Boa Esperança e Vista Alegre, pelas mãos prestativas do Sr. Auri Vieira dos Santos recolhendo o bem mais precioso -- os filhos --, de pais que fitam de longe, vê-los transformados em cidadãos de bem.

Enquanto isso, esses pupilos aguardam, pacientes, junto à porteira ou sob uma árvore, protegendo-se do frio ou do sol, que nasce muito cedo para os que precisam vencer distâncias no tempo da discórdia e na história das injustiças.

Nos trajetos mais longínquos, o dia parece noite e a linha da Fazenda Pontal, feito pela Kombi do Sr. Jesumiro Olimpio de Lima, ou a linha da Barra Bonita, realizada pela Kombi de propriedade da Srª Silvana Alves, é trajeto seguro para o aluno aplicado mesmo que retorne sonolento e cansado para os braços da família.

Alunos e pais permanecem olhando para o amanhã, entre o cerrado e a estrada, enquanto o veículo se esconde no bambusal do caminho. Sentem conforto e confiança em saber que há um futuro para seus pequenos e frágeis tesouros.

Quanto aos professores, que também viajam no itinerário deste aprendizado, por dever e cotidiano de luta, sonham em ver aqueles rebentos, que também são seus, formados, colocados no mundo das realizações e das oportunidades que todos desejam.

O amanhã logo chegará. Mais uma parada, mais uma porteira a ser aberta, mais um viagem cumprida, rompendo o silêncio, mesmo que o gado estoure e o vento balance com força o junco da cana que a cada ano parece mais viçosa. E lá vai ficando para trás as fazendas Jatiúca, Pioneira, Gameleira, Santana e tantas outras...

Um pouco mais adiante, e o pipilar estudantil chega à escola da Fazenda Araponga. Ah, que saudade. O veículo-escola do Sr. Alcides Raimundo abre a porta e os sonhos, a passos largos, saem todos correndo, enquanto uma brisa de esperança e futuro dá sinal de querer entrar.

É fim de aula, é fim de um ciclo. Um novo amanhã que chega. Os motoristas do transporte escolar, que foram e muitos deles ainda permanecem, eles continuam sua missão. Vinte e dois anos se passaram. Mas a lembrança dos mestres da estrada permanecem. Obrigado motorista-professor... Parece que foi ontem. 



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Indulto de Natal e crime de lesa-pátria


Carlos Alberto dos Santos Dutra.

Leio que o Presidente do Brasil irá conceder indulto natalino a criminosos do colarinho branco presos na Lava Jato numa atribuição que lhe é autorizada pelo artigo 84, inciso XII da Constituição Federal, e que é sempre aguardado todos os anos com muito interesse por aqueles que fazem jus ao benefício.

É sempre muito bom perdoar. E neste caso, conceder indulto a quem se encontra preso, perdoar ou comutar a sua pena é verdadeiro ato de libertação. É como se ofensa ou o crime cometido contra alguém fosse redimido. Por isso o perdão deve ser proporcional a dimensão da falta cometida e a remissão conquistada.

Nesta linha de raciocínio, entendo que o perdão institucional que está sendo proposto devesse alcançar não a politicastra empedernida que desviou recursos da pobre sociedade brasileira – a criança, o jovem, a educação, o idoso --, mas sim dirigida àquele que desafortunadamente cometeu um crime em circunstância extrema, geralmente famélica e passional de sua existência.

Não indulto àqueles senhores bem nascidos e criados, cuja educação nunca lhes faltou, brancos e afeiçoados, homens de paletó e gravata, ocupando altos cargos em empresas privadas e estatais, palácios e parlamentos, secretarias e instituições bancárias, sindicais e filantrópicas de toda a ordem.

Indulto, sim, entendo, devesse ser dirigido àqueles presos primários bem comportados, que estão estudando e trabalhando durante o cumprimento da pena, e, uma vez avaliados psicologicamente, deram sinais de que estão arrependidos e redimidos, mesmo que suas condenações tenham o agravo da violência ou ameaça à pessoa humana.

Entendo ser esse o espírito da lei. Perdão como medida de justiça e promoção humana. Um prêmio ao esforço e empenho de cada um dos milhares de presos, muito deles encarcerados injustamente em situação desumana e que cumprem suas penas em silêncio, esquecidos, amordaçados, e sob constante vigilância de seus pares, assassinos e tiranos, colegas de cela.

Não a liberdade para aqueles que, de sã consciência, surrupiaram os cofres públicos, das entidades e órgãos que lhes foram confiados. Não o indulto àqueles que privaram pais de famílias de alimentar seus filhos, subtraindo-lhes cada vintém de seu salário, do transporte, da saúde, e a oportunidade de crescer.

Não o indulto àqueles que praticaram crime de lesa-pátria e impediram o Brasil de ser a potência e fartura de felicidade que despontava ser. Não o indulto àqueles que nem acreditam no Natal e seu significado religioso mais profundo, pois há muito viraram as costas para o amor ao próximo e a prática da justiça.

Entendo que o indulto de Natal deveria atingir sobretudo àqueles que depositam suas esperanças na democracia e num Presidente capaz de lhes estender a mão num gesto de confiança e soerguimento patriótico; não àqueles que sequer o admiram e respeitam, e tampouco manifestam qualquer sinal de respeito ao erário, a res publica, e ao cidadão.

Brasilândia-MS, 28 de novembro de 2018

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A intelligentsia do futuro e a Educação





Carlos Alberto dos Santos Dutra



Todos sabem que pelo nível da Educação se pode avaliar o grau de desenvolvimento de uma cidade ou de um país. As mães geralmente sabem muito bem disso. 


É o caso daquela dona de casa que todas as manhãs, muito cedo, preparava o leite quente dos filhos, cuidava do remendo na roupa do caçula e da lancheira de sua princesinha de olhos escuros que sonhava ser veterinária. No rigor daquele inverno, lá ia o casal de filhos para a Escola do bairro, todos confiantes de que o amanhã estava logo ali, muito seguro, na sua frente.
 
A mãe põe a mão espalmada sobre os olhos e acompanha ao longe os filhos que aos poucos vão sumindo no declínio da rua formada de pedriscos que brilhavam ao encontro com o sol. Entra em casa, pensa no marido que saiu cedo para o trabalho e logo se põe na limpeza dos quartos e da cozinha. Pensa no cardápio que irá preparar para o almoço, pois a família, ao meio dia, estará toda reunida ao redor da mesa, faminta, como de costume.

Aquela senhora tinha orgulho de seu pequeno mundo, de seu pequeno tesouro. Maior orgulho ainda sentia do casal de filhos que Deus lhe dera, pois eram obedientes, estudiosos e amorosos. Sempre agradecia aos céus por isso, porque eles gostavam de estudar, chegando a passar a maior a parte do tempo às voltas com suas tarefas escolares. O que resultava em muito pouco tempo para fazerem alguma tarefa ajudando a mãe e o pai na lida doméstica.

O casal achava que aquilo era o mais importante: ver os filhos estudando, estudando, estudando, até se formarem. Obterem um diploma, uma profissão na vida, e poderem, assim, conquistar um emprego. Depois, casar e construir uma família, dando continuidade ao ciclo da vida, como seus pais e seus avós, assim por diante. Depois viriam os netos, os bisnetos, e a felicidade estaria completa.

A Educação era o único bem que aquela família modesta possuía e que pretendia deixar para os filhos. Era a maior herança que os filhos desfrutariam para sempre. A Educação, neste universo, começava em casa e se aperfeiçoava na Escola. Escola maravilhosa que fazia seus filhos crescerem cada vez mais, em estatura e em conhecimento, em valores e em sabedoria. Mesmo que a tigela da merenda fosse uma simples sopa de legumes, a harmonia que ali reinava, entre professores e alunos, tudo contribuía para o desenvolvimento integral daquelas pequenas criaturas, sementes para o amanhã.


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Esse modelo de família que ainda vive no imaginário de tantos pais e mães, avôs e avós, infelizmente, não existe mais. O tempo que se chama hoje pauta suas metas em horizontes bem mais pragmáticos. Vive-se o aqui e agora, sob o império da economia e do consumo. E esse tempo corre por demais célere, exigente, sobrando raros espaços para o diálogo e a convivência. Famílias, onde os filhos, mesmo que voltassem mais cedo para casa, não encontrariam os pais a sua disposição, pois ambos ainda se encontram no trabalho, na dupla ou tripla jornada, que exige esforço redobrado para manter uma família de pé.

Da mesma sorte a Educação padece do mesmo desafio. Acompanhar o progresso tecnológico e a pluralidade dos reclamos sociais e morais que são trazidos para as salas de aulas desde o centro de educação infantil, ensino fundamental e médio, até à universidade. Avanço que exige, sem dúvida, revisão nas pedagogias escolares no rumo de uma educação integral e libertadora. Mesmo que isso tenha sobrecarregado ainda mais a árdua tarefa desses verdadeiros heróis anônimos: os professores.

Pensando no futuro, mas com os pés muito firmes no presente, lá estão esses mestres ministrando os elementos básicos para a vida de tantos aluninhos, no desafio de uma sala de aula superlotada, entre celulares e ipod, puxões de cabelo e disputas entre colegas. Lá estão esses professores, de volta às suas casas, não preparando o leite quente de seus filhos ou dando-lhes maior tempo e atenção às suas tarefas escolares. Lá está aquela professora que também é mãe, preparando suas aulas, suas provas e diários cheios de detalhes chatos e exigências tolas. Tudo por amor à profissão que abraçaram. Isso para não falar dos baixos salários e pisos de uma categoria que deveria ser mais bem respeitada por governos e parlamentares.

Pode interessar a alguns políticos que haja sempre um número significativo de analfabetos, pois afinal, não é de hoje que a Educação vem sendo usada como cabo eleitoral em campanhas políticas. Mas o futuro da Educação, deve-se reconhecer, aponta para um outro rumo, o do progresso. Rumo distante daqueles que desejam ver a Educação amordaçada e refém dos problemas sociais – muitos deles criados pela própria ineficiência do Estado. O rumo da Educação agora segue os passos do desenvolvimento integral e sustentável. Palavrinhas novas, mas que têm o poder de revolucionar o mundo. O rumo da pluralidade e da diversidade, do relativismo cultural e o da não violência.

O futuro da Educação já está traçado nestes tempos de pós-modernidade. Quem não se atualizar está fora do círculo das grandes realizações. Com o apoio das novas tecnologias a Educação deu um salto de qualidade, instrumentalizando o saber que agora está ao alcance da tela de LED de qualquer tablet. O que separava, em horas a distância entre dois mundos, hoje o google e o GPS trazem de graça, em poucos segundos, para dentro da sala de aula. O saber universalizou-se e a Escola não é mais a detentora de todo o saber. Ela apenas lida com esse saber em constante mudança sob o prisma de novos olhares e interpretações, provocando a intelligentsia nos alunos.

O progresso de uma cidade ou de uma nação, portanto depende da Educação. Ela é a base de sua cultura e de suas potencialidades. Somente com uma educação de qualidade é que a população de uma cidade como Brasilândia poderá ter esperança no futuro pautada no presente. Por isso precisamos estudar, estudar, estudar. E valorizar a nossa Escola. Para poder entender e enfrentar as transformações radicais que acontecem a nossa volta. Precisamos opinar sobre isso, dizendo o que pensamos, educadamente.

Aquele espaço chamado Escola continuará existindo como o lugar que receberá nossos pequenos e grandes tesouros, nossos filhos queridos e que esperamos sejam o orgulho de seus pais e de seu País. Espaço cada vez mais equipado e qualificado, onde o profissionalismo de seu corpo docente saberá como enfrentar eficazmente a complexidade dos temas vividos por seus educando. Por conseguinte a Educação, como política pública, haverá de ampliar seus horizontes e repensar que tipo de homens e mulheres ela está ajudando a construir. Educação com mais responsabilidade e menos preconceito, para um mundo com menos violência e mais sabedoria.


Publicado originalmente em http://dutracarlito.com em 21 de abril de 2013.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Criativos na Escola de Brasilândia-MS





Criativos na Escola 
Onde estão? 
Quem são?
Eles estão aqui e acolá.
Às vezes ocultos na esperança de brilhar
Este foi o desafio:
Mostrar o rosto, a alma, a cor
Eu sou capaz de brilhar
Eu sou capaz de criar
Sou capaz de transformar.
Sou capaz de sustentar, 
Uma ideia, uma ação
E soltá-la, engendrá-la para além do pensamento
Não leve, livre e solto no ar, 
Pelas ruas da cidade
Pelas aldeias e matas...
Mas na prática, conseqüente, 
Com força e potência máxima.

Isso mesmo: sou capaz.
Apesar da pouca idade.
Mas é isso que nos dá a vantagem
Destemidos é o que somos.
Protagonistas agora: com o olho no amanhã
Futuro que começa hoje, 
Sem demora.
Estamos aqui para vencer!

Mãos à obra e lá se foram: 
Milhões de crianças no mundo
Jovens da Índia e do Globo inteiro
Fazendo da criatividade 
A arma da paz e vitória
Para conquistar o direito, 
Do seu jeito, com efeito
De ser e estar... 
Ser aceito e mostrar
Que existe o melhor lugar: ele é aqui
Brasilândia é o lugar
Eu sou capaz de cantar, de contar e de lutar
Sorrindo e fazendo história
Coragem que vem de dentro
Que passa pelas mãos, arte e pensamento
E explode nos corredores
Das escolas, ruas e praças, 
Livros, palácios e parlamento
Novas idéias, realizações e propostas
Tudo fazendo por merecer
Para os alunos, a surpresa: a viagem. 
O sorriso do professor
E a alegria da escola.

Parabéns Alunos, 
Parabéns Professores, 
Parabéns Escolas 
E todos os que apoiaram essa iniciativa Inovadora. 

Ao vencedor em nível nacional do Criativos na Escola
A nossa alegria 
Porque é tempo de abrir as portas da invisibilidade Indígena
E este Dicionário Ilustrativo Ofaié e Guarani, parido pelos protagonistas destes povos tradicionais, marca um novo tempo para Brasilândia e Mato Grosso do Sul.

Prof. Carlito Dutra (Brasilândia-MS, 22/11/2018)


quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Ao Professor Lauro dos Santos



As lições de afeto do Professor Lauro.
Carlos Alberto dos Santos Dutra


Para quem não sabe, Lauro dos Santos era professor catedrático em matemática e vivia em Porto Alegre/RS. 

Ensinava com gosto e conquistou ao longo de seus 87 anos de idade uma legião de amigos, alunos e admiradores. 

Calmo e profundo desde a sua juventude semeava lições que serviam para a vida e as coisas práticas do dia a dia, vencendo o temor que acomete a todos quando se trata de contas e números.

Tive o privilégio de ser seu aluno particular por alguns dias em preparação a uma prova de admissão ao Colégio Agrícola (do ensino médio pela UFSM, no Alegrete/RS), lá nos idos anos 1970.

Lições de aritmética e geometria que guardo até hoje na memória, e que me foram dadas com lucidez e brandura.

Homem de um brilhantismo singular viveu para a Educação, lecionando no Centro de Formação de Professores do Estado do Rio Grande do Sul.

Viajou pelo interior gaúcho e Brasil afora, sacrificando muitas vezes o convívio da família para ver brilhar nos olhos dos alunos e professores as maravilhas do conhecimento e do saber tão necessário à vida de todos.

Nos anos 1990, já aposentado, um dia desses esteve em Brasilândia/MS visitando seu sobrinho, este escrevinhador.

Acolhido pela nossa cidade, teve a oportunidade de se reunir com professores da Escola Adilson Alves da Silva num gostoso bate-papo conversando sobre técnicas de ensino, trocando experiência, no ofício que o mestre nunca se apartou. 

Alguns professores locais daquela época ainda se lembram deste feito.

Ao lado dos livros, de gosto apurado, também era um amante da música, em especial a latina e o ritmo portenho com o qual familiarizou-se desde o tempo de estudante na fronteiriça Uruguaiana/RS. 

Em uma de suas últimas fotografias, ainda cheio de charme, tive a graça de encontrá-lo deliciando-se ao som de Carlos Gardel nos braços de sua imã Laura, minha mãe, música tocada numa antiga vitrola da família: momento arrebatadoramente imorredouro. 

É a imagem eterna e brilhante que fica, substituindo outras, quando ele já se encontrava numa casa de repouso e tratamento hospitalar.

Esse era o meu tio Lauro sorridente, amado pelos filhos e festejado pelos netos e bisnetos. Esse era o professor Lauro dos Santos. 

Porto Alegre, com certeza saberá prestar honrosa e póstuma homenagem a esse operário do saber que se doou em grau máximo, como bem lembrou meu irmão João reportando-se a frase lapidar dita por um de seus amigos. 

Porque o sol -- dizia ele --, se dá por inteiro. Não se esconde, a exemplo da lua, em nuances. Assim como o amor e o afeto, esses sentimentos não podem ser vividos aos pedaços, parcimoniosamente. 

Tio Lauro parte, mas sua memória permanece em nós. Continua a ser aquele farol sobre o céu de brigadeiro que nos protege, iluminando o comboio do tempo que segue, inexoravelmente, o seu curso.

Um beijo no coração tio querido.




terça-feira, 2 de outubro de 2018

Os mansos possuirão a terra


Homenagem ao Sr. Aparecido Gomes de Castro.
(☼06/04/1951 - †27/09/2018)


Corria o ano de 1998 e a matriz da Paróquia Cristo Bom Pastor, ainda em forma de chalé, estava repleta. Era missa de Pentecostes e os fiéis agitavam bandeirinhas na procissão de entrada. E lá, bem ao centro da nave central da igreja, um jovem senhor de cabelos grisalhos também empunhava a sua flâmula, feliz, sorridente.

É a imagem que ficou na memória do tempo, do Sr. Manoel Gomes de Castro, pai do amigo Aparecido Gomes de Castro, fiel cristão que no dia 27 de setembro último nos deixou. Foi agitar bandeiras de fé e amor no céu, ao lado do Pai, para nos cobrir, pela Mãe esperança, com seu manto azul de paz.

Nascido em 6 de abril de 1951 na cidade de Presidente Wenceslau, o jovem Aparecido, muito cedo já andava de mãos dadas com sua mãe Maria Rosa, por estas terras de cerrado brasilandenses na lida do dia a dia do campo que lhe viu crescer e aos poucos foi domando a dureza dos tempos.

Depois de casado com Maria de Lourdes Silva Castro e ter ajudado a criar os filhos que Deus deu ao casal – Márcia, Aparecido Júnior, Elaine Cristina e Edna --, eis que cumpriu sua missão e foi arrebatado para os braços do Senhor da vida que lhe curou as feridas e aliviou as dores.

Foi ter com o Pai Maior de todos nós e contar-Lhe o caminho que percorreu e o seu amor pela vida e pelos filhos que sempre zelou. Oriundo de uma família humilde, beirando a miséria, lá estava os irmãos – Maria, Lázaro, Benedito, Eunice e Santina --, ao lado de Aparecido, homem do campo, olhando para o horizonte, onde a sua maior alegria era tirar o leite, aquilo era sagrado, e lidar com a criação.

Nos seus 67 anos de vida, trilhou em silêncio e humildade sua estrada. Dotado de uma rara pureza se dedicou ao cultivo da terra, sob a poeira, a chuva e o sol, e ação nociva da aplicação de venenos, que aos poucos lhe foi comprometendo a saúde, e agravando seu estado nos últimos anos.

Desde o barraco de lona onde iniciou sua trajetória de vida ao lado da esposa; desde o dia em que o Padre Lauri, pároco da época, uniu pelos laços do matrimônio o casal, que sempre viveu com dificuldades no sítio Nossa Senhora Aparecida, na bacia do córrego Bom Jardim, um raio de luz e otimismo selou sua sorte para nunca  desanimar este manso de coração.

Mesmo quando Deus confiou ao casal o dom precioso de gerar, nutrir e criar a filha Edna, excepcional com seu sorriso e gritinhos de felicidade, seu maior tesouro e graça, ele nunca esmoreceu, tocando em frente o seu sonho de agricultor, tratorista, e conselhos que foi semeando, carregando sua menina nos braços do amor e exemplar dedicação.

Aparecido Gomes de Castro partiu, e a dor maior é da família. Mas deixou filhos, netos e amigos que podem sentir orgulho daquele que foi pai e avô sem medida. Aguentou o quanto pode vivendo com os pés plantados no solo onde construiu com dignidade e mansidão sua vida e sua história.

Terra que hoje cobre o seu rosto, mas não a sua bandeira de fé que continua tremulando no céu, na mão do Pai e de todos nós. Descanse em paz, amigo Aparecido.

















Brasilândia/MS, 2 de outubro de 2018
Diác. Carlito.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Adeus Fotógrafo Oscar Martins Filho



Oscar Martins Filho: a lente mirou alto.
Carlos Alberto dos Santos Dutra.



Oscar Martins Filho era o seu nome. Mestre da fotografia era o mais antigo dos fotógrafos em exercício na cidade das águas. Ainda ontem, há 11 anos, numa entrevista concedida no dia do fotógrafo ao portal Perfil News, o veterano três-lagoense falava do seu amor à profissão iniciada em 1943, “depois de um longo período de desencanto, motivado, entre outros fatores, pelo falecimento da primeira esposa”. Amor à arte “que lhe foi devolvido” anos depois pela nova esposa e os filhos que Deus lhe brindou: “Ela abraçou a profissão e, inclusive, fotografa melhor que eu”, admitiu sorridente na época.

Otimista com os novos ventos que sopravam sobre a fotografia com o advento da era digital, manteve por muitos anos o seu negócio -- a loja e estúdio “Condor Foto”, localizado na Rua Paranaíba, 730, no centro de Três Lagoas-MS, ao estilo tradicional. Discípulo do saudoso Otacílio Martins, seu irmão, foi este que lhe ensinou o ofício que aprendera com o pioneiro Feres Zaguir, e o tornou “mais fotógrafo do que empresário do ramo da fotografia”, confessou.

Na entrevista Oscar Martins Filho contou que “o tempo áureo de sua carreira foi no ano de 1977, por ocasião da construção da barragem de Jupiá. Foi nessa época que conseguiu (...) formar advogados o casal de filhos que teve com a primeira esposa”. Nos anos que se seguiram, depois de um longo período afastado da lente da objetiva, eis que seus olhos deitaram sobre uma nova inspiração que lhe trouxe à vida. “Uma injeção de ânimo” o fez voltar para trás das câmaras, incentivado pela nova esposa e seu desejo de “aprender a fotografar”, que o fez novamente investir e modernizar seu estabelecimento fotográfico.

Recordou ainda “com muita saudade, da infância pobre e do início da carreira”. Porém, dizia que “se sentir orgulhoso pelo fato de ter sido engraxate e hoje possuir uma fazenda praticamente dentro da cidade (...). Por tudo isso, sou grato ao povo de Três Lagoas: tudo o que sou e tenho devo a esta comunidade”, reconheceu.

Depois de sucumbir aos encantos da era digital, inicialmente acolhida com reservas, voltou a ter prazer em fotografar: “Passei a entender a velocidade com que o mundo anda”, dizendo que há mais de dez anos havia desativado o laboratório preto e branco, aposentando de vez os filmes de película e as câmeras reflex que aos poucos foram sendo substituídas pelas digitais.

Há pouco, aos 73 anos de idade, o veterano fotógrafo despediu-se da família, dos amigos e de Três Lagoas. Dia 22 de setembro de 2018, a lente da câmera de Oscar Martins Filho paralisou, instantânea, no tempo. O flash que iluminou tantos rostos radiantes, e acontecimentos de luz, de súbito, apagou... 

Mas não para sempre.

Pois logo ele está ali a brilhar, mais adiante, mais acima, mais no alto, sempre no melhor ângulo e enquadramento, com o fito de mirar e revelar, pela concessão divina, o que de melhor restou em cada um de nós: a saudade, o carinho e o respeito que lhe devotamos. Descanse em paz amigo Oscar Martins Filho.

sábado, 8 de setembro de 2018

Padre Lauri: Adeus Profeta do Sorriso.



Adeus Padre Lauri Vital Bósio.
Diác. Carlito Dutra

Existem coisas que a gente não sabe explicar. Elas mexem com o coração da gente. É quando nos despedimos para sempre de uma pessoa que significou alguma coisa para nós.

É sentimento de remorso por não ter feito ou dedicado mais tempo a ela; é sentimento de saudade, pelos momentos de alegria que passamos juntos; é sentimento de agradecimento pela generosidade e gestos de graça recebidos; ou sentimento de perda e dor, pois nunca mais veremos essa pessoa e que acaba levando um pedaço da gente também.

A partida do Padre Lauri planta em nossos corações um desses sentimentos. Um homem alegre e realizado que dedicou a Deus sua vida, e completamente ao Espírito Santo nos últimos anos.

Pois é olhando para sua trajetória de vida entre nós que podemos melhor entendê-lo, agradecê-lo e homenageá-lo in memoriam, este que também era um cidadão brasilandense, título recebido da Câmara Municipal da cidade em 1999.

Nascido em Campo Mourão, no Paraná, o Padre Lauri Vital Bósio veio ao mundo no dia 21 de fevereiro de 1955 e era filho do casal Artemiro e Nair, casal que Brasilândia conheceu, amou e respeitou. Tinha sete irmãos: Laurice, Artenor, Luiz, Narte José, Marco Antônio, Márcia Aparecida e o jovem e querido Clistenes Natal, que também é Padre vicentino, pároco por muitos anos da Paróquia Santa Rita, de Três Lagoas.

Seus estudos tiveram início no Grupo Escolar Marechal Cândido Rondon e Colégio Santa Cruz, em Campo Mourão/PR. Ingressou no Seminário Menor São Vicente de Paulo em Araucária/PR em agosto de 1968, onde estudou até o ano de 1976, concluindo o 2º grau e a Filosofia.

Em 1977 entrou para a Congregação da Missão dos Padres Vicentinos de São Vicente de Paulo, cursando a Teologia no Studium Theologicum, em Curitiba, até o ano de 1980. Enquanto estudante, ao fazer exames médicos, foi constatado que era portador de uma doença rara na época: distrofia muscular, tendo dificuldade no andar, subir escadas, etc.

Para ser ordenado sacerdote, precisou de uma licença especial do Santo Padre, o Papa João Paulo II, e que foi concedida. Foi ordenado pelas mãos de Dom Domingos Gabriel Wisniewski, tornando-se Pároco na Paróquia de Sant’ana de Abranches em 1981, e na Paróquia Nossa Senhora das Graças, da Barreirinha nos anos 1982 e 1983, ambas em Curitiba/PR.

Depois, atendendo ao convite do Bispo Diocesano de Três Lagoas, Dom Izidoro Kosinski, veio para Brasilândia chegando aqui no dia 5 de fevereiro de 1984, quando tomou posse como Pároco da Paróquia Cristo Bom Pastor, e no mesmo ano foi nomeado pelo Bispo como Vigário Geral da Diocese, para substituí-los nas suas ausências, cargo que ocupou enquanto permaneceu na diocese. Foi Pároco de Brasilândia de fevereiro de 1984 até abril de 2010, quando se afastou por motivo de saúde.

Ao assumir a Paróquia Cristo Bom Pastor, de Brasilândia, chegou acompanhado do então seminarista Atílio Benka, quando passou a atender além da comunidade da Igreja Matriz, o Distrito de Xavantina que se chamou depois Santa Rita do Pardo. Nos idos de 1986, começou um atendimento especial ao Distrito Debrasa, e houve um grande avanço com a construção da Igreja São José Operário, que se tornou uma comunidade bem atuante com a organização de Conselho Administrativo e Pastoral.

A partir de 1984 dedicou apoio à comunidade da Barranca do Rio Paraná com o apoio aos ribeirinhos e a Associação ARABAP- (Atingidos pela Barragem da Usina Primavera) que iniciava suas atividades. No Porto João André em 1985, com a ajuda da comunidade dos oleiros e o grande apoio do médico Dr. Elsias Nascentes Coelho Neto (Dr. Cici) foi construído o primeiro Posto de Saúde da barranca.

No plano social, também deu apoio para a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e fortalecimento da comunidade do distrito DEBRASA. Em 1986 quando surgiu no Porto João André o Acampamento dos Sem Terra América Rodrigues, Padre Lauri deu total apoio à Comissão Pastoral da Terra-CPT. Com a chegada do missionário do CIMI Carlito, juntamente com Dom Isidoro Kosinski, Padre Lauri também deu apoio incondicional à comunidade indígena Ofaié Xavante.

No plano espiritual, ao longo da barranca do rio Verde e Paraná, Padre Lauri atendia a Capela Nossa Senhora das Graças, do Porto João André, a Capela Nossa Senhora Aparecida, do Iate Clube, depois com o surgimento da Capela Senhor Bom Jesus, nas imediações da Balsa para Pauliceia, também lá prestava assistência religiosa.

Incansável, inicialmente com uma camioneta, do tempo do Padre Tadeu, primeiro Pároco de Brasilândia, depois com um fusquinha, e depois com um jipe niva vermelho, adquirido com o auxílio dos católicos alemães, percorria as estradas empoeiradas no tempo seco e enlameadas no tempo das chuvas, celebrando pelas comunidades das Fazendas: Boa Esperança, Jatobá, Café Compadre, Jesuítas, Santa Virginia e Santa Encarnação, onde foram realizadas Missões Populares pregadas pelos Missionários Vicentinos desde agosto de 1984.

Mais tarde passou também a atender pastoralmente às Fazendas: Santa Sofia, São Judas Tadeu, Pinheiro, Horto Rio Verde, Califórnia, Vista Alegre, Modelo e Fazenda Matter, em Santa Rita do Pardo. Na Fazenda Almeida do saudoso Dr. Anísio de Almeida e Dona Áurea Marques em alguns anos foram realizados diversos Retiros da RCC, comunidades que passaram a ser atendidas mensalmente, sendo que na Fazenda Almeida a capela obteve a introdução do Santíssimo Sacramento.

Enquanto Pároco coordenou a construção de duas Igrejas Matriz, a primeira iniciada no ano de 1989, liderada pelo casal Maria de Fátima Sevilha Barbosa e seu esposo o saudoso Sr. Isaac Honorato Barbosa que foram responsáveis pela realização de diversos eventos entre eles a Festa dos Motoristas com o objetivo de angariar fundos para construir a nova Igreja Matriz.

A inauguração da nova Igreja Matriz aconteceu no dia 27 de agosto de 1995 e contou com a presença de dom Izidoro Kosinski,  Padre Lauri Bósio, Padre João Altino Barbosa, de Cassilândia; Padre Natal Bósio, de Três Lagoas, ministros e comunidade.

A majestosa obra, em forma de chalé, que teve início em 12 de setembro de 1990, infelizmente, depois de pronta, no dia 24 de setembro do ano de 2001 aconteceu um desastre da natureza, um vendaval colocou a Igreja nova no chão. A tragédia só não foi maior porque tudo aconteceu quando a Igreja estava vazia.

E a segunda Igreja Matriz, iniciada em novembro de 2001, sob a coordenação do Sr. Valdeires Bento dos Santos, e o servidor público Paulo Galiani, entre outros, construída com muito sacrifício e dedicação de muitas pessoas da comunidade. E finalmente, depois, sob a liderança do Dr. Anísio Gomes de Almeida eis que finalmente acabou pronta aquela, que hoje é a atual Igreja Matriz, na belíssima Praça que recebeu o nome de Praça Anísio Gomes de Almeida.

Um dos grandes legados que Pe. Lauri deixa a todos é ter sido guia espiritual de um povoado que, durante praticamente três décadas, elevou-se a condição de cidade. Promovendo e destacando lideranças, fomentando a solidariedade e fraternidade entre seus primeiros munícipes.

É pai espiritual de milhares aos quais batizou, deu a primeira comunhão, confessou e casou, orou pelos seus enfermos a aconselhou. Brincou e sorriu, irou-se e contrariou interesses também. Foi um ministro de Deus na condição humana que está sempre se aperfeiçoando, para no final da vida encontrar-se com o Pai.

E ele assim o fez. Nunca entretanto descuidando dos jovens, dos idosos, da comunidade solidária, pastoral da criança, apostolado da oração, entre tantas pastorais e movimentos que criou e incentivou.

Ele também esteve ao lado dos menos favorecidos, como os sem terra e povos indígenas, através da CPT e do CIMI. Com um carisma pessoal e de fácil comunicação, dedicou-se por inteiro à causa do Evangelho na integralidade levando-o a todos os rincões da Diocese de Três Lagoas, de Brasilândia à Xavantina (hoje Santa Rita do Pardo).

Homem de estudo e engajamento, de oração e práxis comprometida com o próximo, ousou adentrar os sertões e os cerrados revertendo a incerteza e o desamor. Homem franco e sem rodeios, amigo e generoso, de peito aberto, incontinente, sempre criou espaço para o diálogo, na sociedade e na Igreja. Por vezes enfrentou embates, sendo rejeitados por alguns. Teve mais acertos do que erros. Mas soube renovar-se a cada experiência e isso  prolongou-lhe a vida.

Sempre sorridente, e contando piadas, lá estava ele mostrando a todos, ao mesmo tempo, o rosto sofrido de Deus, na condição de pobre e excluído das rodas sociais. Como um verdadeiro discípulo. Mesmo entre os fazendeiros e empresários abastados, nunca deixou de profetizar com o chamamento à conversão, à prática da justiça e ao perdão.

A Diocese deve ter orgulho de tê-lo acolhido no seio de sua pastoral, da qual foi coordenador diocesano por vários anos e membro de seu tribunal eclesiástico. Sempre disposto a estender a mão de forma acolhedora, transformou a casa paroquial, que estava sempre de portas abertas, num ambiente alegre e acolhedor. Verdadeiro peregrino da fé e das necessidades últimas, para além de suas limitações físicas.

Junto aos acampados do Rio Verde e Paraná, ribeirinhos, sem-terra ou indígenas, lá estava ele, com limitações de movimentos, por causa da distrofia muscular degenerativa que lhe perseguiu durante toda a vida, sempre animando a todos na caminhada em busca de terra, paz, pão e liberdade.

Hoje, quando dele nos despedimos, resta a lembrança de suas realizações e o sentimento que nos enche de tristeza e ao mesmo tempo de felicidade por tê-lo conhecido. Missão comprida Padre Lauri. Foste um baluarte do altar e das pastorais sociais. Podemos, sim, com sinceridade, encomendá-lo à Deus com toda nossa fé e emoção despertada pela vida vicentina que tiveste enquanto esteve entre nós por 26 anos, dos teus 63 anos de vida.

O cálice e a poeira da estrada vivida por ti, amigo, é exemplo para a Igreja e todo o povo de Deus. Fiel à tradição, tua cuia de chimarrão permanecerás unindo a pastoral que salta dos altares para os caminhos da evangelização encarnada de uma Igreja que sai de si para lançar-se no rumo da libertação.

Suas mensagens diárias,de fé e otimismo, pela internet, venciam distâncias, e alojavam-se no coração de milhares de pessoas. Muitas delas, às vezes, esquecidas que elas partiam de quem vivia numa cadeira de rodas, mostrando o vigor e a força do Evangelho que os impulsionava para a vida.

Depois de vencer a morte em 2010, quando permaneceu por quase um mês, em estado de coma induzido, devido a um derrame cerebral que sofreu, saltou para a vida. Um presente de Deus para nos brindar, por 8 anos, com sua alegria, dedicando diariamente palavras de sabedoria e esperança para todos nós. E que alegravam e confortavam o coração de muitos. Agora essas mensagens haverão de continuar vindas do Céu.

Tudo para a honra e glória d’Aquele que abraçamos como Salvador: Jesus Cristo. Descanse em Paz, querido amigo e irmão Padre Lauri. Profeta do sorriso e da alegria.
Capela São José dos Jesuítas

Posto de Saúde Porto João André













Com os Indígenas Ofaié na Barranca do Rio Paraná

Ordenação Sacerdotal do Padre Lauri

Procissão de Ramos Igreja Matriz, 1984

Padre Lauri homenageia o pai em Noite de Autógrafo

Padre Lauri recebe Bispos D. Izidoro e D. Moreira

Missa na Chácara Santo Antônio

Padre Lauri apoia acampados dos Sem Terras no Rio Paraná


Padre Lauri intercede com Luigi Cantone pelos Ofaié 

Batismo na Igreja Matriz de Brasilândia

Capela Nossa Senhora das Graças do Porto João André