As lições de afeto do Professor Lauro.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Para quem não sabe, Lauro dos Santos era professor
catedrático em matemática e vivia em Porto Alegre/RS.
Ensinava com gosto e conquistou ao longo de seus 87
anos de idade uma legião de amigos, alunos e admiradores.
Calmo e profundo desde a sua juventude semeava lições que serviam para a vida e as coisas práticas do dia
a dia, vencendo o temor que acomete a todos quando se trata de contas e números.
Tive o privilégio de ser seu aluno particular por alguns
dias em preparação a uma prova de admissão ao Colégio Agrícola (do ensino médio pela UFSM, no
Alegrete/RS), lá nos idos anos 1970.
Lições de aritmética e geometria que guardo até hoje na memória, e que me foram dadas com lucidez e brandura.
Homem de um brilhantismo singular viveu para a Educação, lecionando
no Centro de Formação de Professores do Estado do Rio Grande do Sul.
Viajou pelo interior gaúcho e Brasil afora, sacrificando muitas vezes o convívio da
família para ver brilhar nos olhos dos alunos e professores as maravilhas do
conhecimento e do saber tão necessário à vida de todos.
Nos anos 1990, já aposentado, um dia desses esteve em
Brasilândia/MS visitando seu sobrinho, este escrevinhador.
Acolhido pela nossa cidade, teve a oportunidade de se reunir com professores da Escola Adilson Alves da Silva
num gostoso bate-papo conversando sobre técnicas de ensino, trocando
experiência, no ofício que o mestre nunca se apartou.
Alguns professores locais daquela
época ainda se lembram deste feito.
Ao lado dos livros, de gosto apurado, também era um amante da
música, em especial a latina e o ritmo portenho com o qual familiarizou-se desde o tempo de estudante na fronteiriça Uruguaiana/RS.
Em uma de suas
últimas fotografias, ainda cheio de charme, tive a graça de encontrá-lo deliciando-se ao som de Carlos Gardel nos braços de sua imã Laura, minha mãe, música tocada numa antiga vitrola
da família: momento arrebatadoramente imorredouro.
É a imagem eterna e brilhante que fica,
substituindo outras, quando ele já se encontrava numa casa de repouso e
tratamento hospitalar.
Esse era o meu tio Lauro sorridente, amado pelos filhos e festejado pelos netos e bisnetos. Esse era o professor Lauro dos Santos.
Porto Alegre, com certeza saberá prestar honrosa e póstuma homenagem a esse operário
do saber que se doou em grau máximo, como bem lembrou meu irmão João reportando-se
a frase lapidar dita por um de seus amigos.
Porque o sol -- dizia ele --, se dá por inteiro. Não se
esconde, a exemplo da lua, em nuances. Assim como o amor e o afeto, esses
sentimentos não podem ser vividos aos pedaços, parcimoniosamente.
Tio Lauro
parte, mas sua memória permanece em nós. Continua a ser aquele farol sobre o céu de brigadeiro que
nos protege, iluminando o comboio do tempo que segue, inexoravelmente, o seu curso.
Um beijo no coração tio querido.
Linda homenagem mano. Nosso querido tio Lauro será sempre lembrado pois semeou a semente do conhecimento e esta germina e floresce a cada estação para sempre!
ResponderExcluir❤❤❤❤❤❤❤❤
ResponderExcluirQuerido mano Carlitos, somente estas qualidades de historiador do humano e poeta da vida, que exerces de forma tão brilhante , para retratar este mestre no sentido amplo da palavra . Expressastes em tua homenagem o que desejariam todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Gratidão por esta confissão de carinho que prestas ao nosso querido "tio Lauro" . Com certeza ele foi para mim muito mais que um tio, pois teve por mim o zelo que um pai tem pelo seu filho.Bjs
ResponderExcluirO amor nao morre na proporção da saudade e do reconhecimento. Prof. Lauro Vive!
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