O Selê e seu dia de alegria no
Céu.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Roda serelepe o tempo e lá estão eles com suas violas, pandeiros, chocalhos e percussão lembrando os valores da terra que muitos deixaram para trás: o Nordeste, as Minas Gerais, os paulistas e o Sul deste imenso país, que aos poucos foi transformando a cidade numa imensa salada multicultural de raças, costumes, gostos e sons; manifestações artísticas que espontaneamente brotavam ao som do berrante, em meio ao mugido do gado das fazendas, sítios e chácaras; aldeias indígenas, distritos rurais e povoados.
E foi neste caldo de cultura que lá se encontrava, entre tantos talentos da terra, uma dessas vozes e um som, livremente entrando e saindo das rodas de samba e de amigos, festas de aniversários, bailinhos e eventos esportivos promovidos pelos administradores locais cada um ao seu tempo e estilo (...).
Um talento que há anos firmou-se na história musical de Brasilândia e embalou os sonhos da juventude nos bailes do Salão Municipal, Associação Atlética Brasilandense - AAB e Associação Recreativa Máster - ARM, Rotary Clube, sítios e fazendas, estabelecimentos comerciais e casas de amigos a partir dos anos 70.
Sim, estamos falando do artista Selê, o Oliveira Soares Gonçalves e seu lendário Musical Sombras, que inspirou o Grupo Nascer do Sol, os Coringas, e, por fim, o autoral, Selê e seu Grupo.
Nascido no dia 1º de setembro de 1954, no distrito de Jaciporã, em
Dracena/SP, era uma figura rara de nossa cidade. Ele veio para Brasilândia com os pais em
1970, trabalhando inicialmente na serraria
Xavantes. Desde menino produzia seus instrumentos musicais com objetos que
encontrava: uma simples lata era
transformada em bateria, e os vizinhos reclamavam da barulheira.
Nesta cidade esperança, logo fez amizades com todos, em especial os aficionados pela música: Josias Caetano, Ismael Caetano, Elifas Veles, Paulo Borges e muitos outros jovens da então pacata cidade.
Reuniam-se nos finais de tarde para tocar e cantar; era a única diversão da época. De tanto cantar Malaguenha, foi logo sendo chamado de Salerossa, depois, Selerossa e por fim, Selê.
No final da década de 70 o baixista e técnico de som começou a tocar em bailes organizados pelo senhor Ostelino Cardoso (in memoriam); depois veio o primeiro grupo musical criado pelo senhor Ditinho do Táxi, onde atuavam Sele, Paulo Borges e Wilton da Sanfona, (de Santa Rita do Pardo).
Depois veio o Grupo Coringas, com Paulo Borges, Aparecido dos Santos (Cido), Wilson Santos e João Soares (Salsicha). No dia 5 de maio de 1990, Os Coringas animaram o baile de formatura do 3º Magistério do Ginásio Escolar Adilson Alves da Silva, evento realizado no Clube (Salão) Municipal.
Na década de 1990 surge nova formação musical: O conjunto Sombras formado pelas palavras Som + Brás (o Som de Brasilândia), com
Wanderlei Bueno (Wando), Selê, Betão
(in memoriam) Jamelão, Henrique, Bugão, Ricardinho Pereira,
Danielzinho e outros com passagem mais rápida.
É. Mas o tempo não para. A partir de 2000, o grupo tornou-se Selê Som, com Selê e Denis, a partir de som mecânico, que permaneceu por vários anos, com parceria de seu filho Kelcio Souza. A esposa, Profª Joana Nogueira Gonçalves, lembra que ele sempre tocou de ouvido, como ele mesmo dizia: não entendo partitura (...).
No palco florido de amigos para onde o instrumentista dedicado -- o Selê da alegria -- foi conduzido pelas mãos de anjos celestes no dia de ontem, certamente não faltarão instrumentos para ele continuar fazendo o que mais lhe dava satisfação na vida e tornava os outros felizes: através da música desvendar os segredos da vida e da felicidade.
Descanse em Paz amigo Oliveira Soares Gonçalves, nosso
estimado artista musical Selê.
Brasilândia/MS, 16 de
novembro de 2023.
Fonte: História e Memória
de Brasilândia/MS, volume 2-Patrimônio, Cantores e Vozes da Terra, pág. 13s.
E cada um faz a sua história..deixou marcas de amor...e saudades.
ResponderExcluirFoi com Deus
ResponderExcluirGrande personagem na história de Brasilândia. Deus o recebeu de braços abertos!
ResponderExcluirPAULO BRASIL - CAMPO GRANDE MS
ResponderExcluirO Celê foi um grande homem, grande esposo, pai, filho e na vida musical foi um apaixonado pela música e alegria!! Descanse em paz!!!!
ResponderExcluirUm pequeno na estatura mas um grande homem na sociedade amigo artista musical humilde seria tantas palavras do meio que nao terias espacos mas deicha um vacuo de sua presenca e com certeza de tantos adjuntos foi com seu dever cumprido aqui nesta terra Deus o receba de bracos aberto meu amigo
ResponderExcluirGrande amigo e companheiro de música!!! Sempre com humor e alegria constante, cumpriu sua missão neste plano e dará continuidade em nova morada cristã, Deus ilumine e proteja esse espírito iluminado!!!
ResponderExcluirMeus sentimentos a todos os seus familiares por este momento triste 😢, veio agora na recordação, quando ele fez um violão improvisado , época em que morávamos em Jaci Porã .
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