Um endereço chamado Avenida Dona Felicidade
Felicidade
Antunes da Silva
nasceu na localidade de Villa Espinosa, em Minas Gerais, no dia 20 de abril de
1916.
Filha de Januário José de Oliveira e Maria Conceição de Jesus, veio com a
família para o estado de São Paulo, onde conheceu o baiano Otílio Rodrigues da Silva, com quem se casou
na cidade de Iacri, no estado paulista, ali fixando residência e constituindo família.
O casal chegou a
Brasilândia nos anos 1950, dedicando-se com afinco no ramo da agricultura e da
pecuária, na barranca do rio Verde e Paraná, onde criaram 10 filhos: Pedro Ivo, Joel, Lair, José, Diva, Vilma,
Alice, Ernestina, Alvina e Devanir.
Foi nas margens
destes rios que os olhos de dona Felicidade viram o progresso pouco a pouco ir
chegando naquele lugar, desde a antiga Fazenda
Cisalpina até o Iate Clube Rio Verde,
quando o esposo, seu Otílio, desceu daquela embarcação e por trilhas e picadas
continuou sua viagem a cavalo e se instalou numa posse de vinte
alqueires, dos quais dez alqueires era reserva de argila com mais de cinco
metros de profundidade.
Foi ali, ao longo dos anos, que
ela pode ver, um a um, de seus filhos crescer, moldando o barro, zelando a roça,
ordenhando o gado, pescando no rio. Sim é verdade, Felicidade e Otilio escolheram
aquele paraíso para viver. Desde que
lá plantaram os pés, viveram no sitio denominado Sítio Nossa Senhora da Proteção, próximo ao chamado esgotão, ponto de parada de todo o viajante
que por aquela estrada passava.
E lá estava ela, dona Felicidade,
verdadeira matriarca, sempre humilde, mas de uma simpatia irradiante que contagiava a todos. Mulher de
fé e sempre acolhedora. Recebia a todos de braços abertos como uma verdadeira mãe.
Até missas e batizados foram realizados em sua casa na barranca do rio.
Mulher negra e líder de um povo
lutador foi exemplo para os filhos e sua comunidade. Quando a barranca começou
a agitar-se com a movimentação para retirar a força dos oleiros e ribeirinhos de seu
paraíso, talvez para evitar todo aquele sofrimento de ver sua propriedade e
pertences serem removidos pelas máquinas a contragosto de todos que lhe eram vizinhos e amigos, os olhos de seu esposo se fecharam. Foi no dia 7 de junho de 1994 que seu esposo Otilio, de 80 anos, partiu.
Cinco anos mais tarde, foi a vez da
viúva, dona Felicidade, deixar a
Chácara Paraíso, onde viveu os últimos dias de sua vida, e também partir para o
encontro de seu companheiro de luta. Foi no dia 6 de janeiro de 1999, aos 83 anos, que Felicidade
Antunes da Silva despediu-se dos filhos, netos, bisnetos e amigos, para sempre.
Homenagear dona Felicidade conferindo o seu nome a uma via pública
no Reassentamento Novo Porto João André, é reconhecer a grandeza desta mulher, é manifestar nossa admiração e respeito, e dar oportunidade às gerações futuras de conhecer
o nome e o endereço de um lugar, merecidamente chamado Avenida Dona Felicidade.
@Carlos Alberto dos Santos Dutra,
27/11/2019.
Motivados por este artigo, os vereadores Maria Jovelina da Silva Aurinéia de Almeida Halsback, Luiz Tomaz Real Oziel Soares, Alexandre Rodrigues Carlos, Antônio José da Silva Domingos Moreira da Silva, Edson Pereira Costa e Joaquim Martos de Moraes apresentaram Projeto de Lei 08/2020, denominando o nome da avenida principal de acesso ao núcleo urbano no Reassentamento Novo Porto João André, de Avenida Dona Felicidade, em homenagem a senhora Felicidade Antunes da Silva. O Projeto de Lei foi transformado na Lei 2856/20, de 24 de junho de 2020, que foi sancionada pelo prefeito de Brasilândia/MS, Dr. Antônio de Pádua Thiago, o que o autor e a comunidade agradecem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário