segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Joel Laurindo de Jesus e um sonho realizado

 

Joel Laurindo de Jesus e um sonho realizado.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 






O clarim ecoa longe no pátio do quartel. E o sonho de uma criança voa alto: um dia vestir aquela roupa brilhante cor de anil e sair por aí. Ele nem sabe bem o porquê, mas aquilo lhe enche o coração de emoção.

Esse sentimento, ao que parece, acalentou aquele jovem, filho de dona Amância Laurinda de Jesus por muitos anos. E lá estava o seu menino Joel, todo sorriso de olhos fixos na farda e no coração de sua mãe, mulher corajosa e destemida que soube muito bem criar seus quatro filhos educando-os todos na fé, com amor, respeito e dedicação.

Desde o dia que nascera, lá na distante Sergipe/AL, naquela manhã de 16 de outubro de 1941, o aluno  cresceu dedicado e obediente, tendo, porém, de trabalhar muito cedo, na cidade onde passou a infância, estudando até a 3ª série do ensino fundamental: uma vitória para aqueles tempos difíceis.

Seu sonho, entretanto, se realizou mesmo quando chegou aos 18 anos e foi servir no quartel onde trilhou a disciplina e alargou os horizontes de amor à pátria e a defesa do cidadão comum.

Mas a alegria e contentamento pleno só alcançou quando ingressou na Polícia Militar, seu sonho maior. Foi no ano de 1960 quando aqui chegou e, integrou a força pública preventiva, sua maior realização. Regozijo só comparado a quatro anos depois, quando se uniu em matrimônio com a jovem que conhecera quando seus pés tocaram nesta cidade de Brasilândia.

Foi para esta moça que seus olhos se voltaram e que o ajudaram a entender melhor o mundo, sob o olhar e habilidade feminina, vencendo a dureza do trabalho e os riscos candentes de vida e morte, numa atividade que o fazia viver constantemente sob alerta. 

Esposa, graça que Deus colocou no seu caminho, Clarice Caetano de Jesus, mulher virtuosa que lhe deu carinho e de presente, dois filhos: Joelma, hoje com 49 anos de idade e Gilberto Laurindo de Jesus, falecido em 2020, com 49 anos de idade.

Seu casamento faz parte da história de Brasilândia por ter sido realizado na época da emancipação político administrativa do município, tendo sido registrado pelo 1º fotógrafo de Brasilândia, Abel de Oliveira

Outro fato marcante daquela cerimônia de casamento foi ela ter contado com a participação do 1º prefeito de Brasilândia, José Francisco Marques Neto que foi padrinho de casamento do casal Joel e Clarice, evento social que marcou a vida da pacata cidade que emergia.

Homem de temperamento simples e de tez negra, nunca revelou a discriminação que por ventura sofrera na comunidade ou entre os colegas na atividade que sempre buscou desempenhar com lisura e prontidão. Querido por todos, nas horas de folga assistia televisão e também era possível algumas vezes vê-lo lendo um jornal, coisa incomum para um tempo ainda distante das mídias digitais.

Durante a vida fez o que sempre sonhou: ser policial. E conquistou aquilo que sempre quis. Isso o tornou um homem realizado e feliz; felicidade comparada à alegria de ter concluído a construção de sua casa própria e adquirido seus veículos.

Também se sentia feliz em dividir com os amigos, ainda que poucos, o time do Santos, do coração, e descontrair com o baralho num bom jogo de cartas  - cacheta -, em longos papos nas rodas de amigos que cultivou.

Sem desprezar suas raízes, era um bom apreciador da culinária do Nordeste, não resistindo aos encantos e o sabor de uma doce paçoca e a pamonha que tanto apreciava. Amante da música sertaneja, em especial os cantores Amado Batista, Sérgio Reis entre outros, foi o policial que, dada sua natureza reservada,  Brasilândia pouco conheceu na intimidade.

Quando o PM Sargento Joel Laurindo de Jesus faleceu, no dia 16 de março de 2011, portanto, há onze anos, aquele cidadão que permaneceu policial lotado no Batalhão da Polícia Militar de Brasilândia até o ano de 1990, quando se aposentou, seus familiares e amigos puderam celebrar e recordar suas melhores lembranças, que podem ser traduzidas nas palavras do seu neto, hoje, Selton Guto, que lhe presta essa singela homenagem: Foi um grande cidadão batalhador que conquistou o que queria e deixou o seu legado.

Brasilândia, 14 de fevereiro de 2022.


Um comentário:

  1. Eu sou Edson Ap. Bonfim Pagani tive a honra de ombrear no trabalho como SD PM com este honrado homem, profissional marido e
    pai, sempre dedicado e sempre preservando a ética profissional acima de tudo. Parabéns pela linda homenagem.

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