Salve a Escola
Ofaié E-Iniecheki!
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Era uma vez uma pequenina escola, cheia de mentes
brilhantes, movidas por professores de corações generosos que nunca perderam a
capacidade de sonhar. E com habilidade de mestres lutavam pelo conhecimento e
reconhecimento dos direitos e saberes daquela gente.
Não. Essa escola não era uma escola de contos de fadas. Ela existia e era concreta, erigida no coração de uma aldeia, numa cidade do Brasil. Paredes de tijolos à vista, mobiliário modesto e muitos motivos telúricos estampados nas suas paredes.
E dentro dela, sorrisos.
Sim, naquele lugar percebia-se logo ao entrar, alegria
e contentamento, tanto dos professores como dos alunos. E lá estava o dedicado professor
Silvano de Moraes, que um dia também
foi criança e ainda podemos vê-lo correndo para os braços da avó, a arê Francisca, que lhe conduziu os passos, ensinou-lhe o segredo da
vida e aos poucos foi-lhe revelando o quão importantes seus conselhos eram.
Ao lado de uma jovem Ofaié, Elizângela Eliandes, cujas raízes foram nutridas pelos sábios conselhos
da mestra de doutores e pesquisadores, Marilda
Xartã, sua mãe, o casal levou em frente o sonho de uma família e de uma escola bilíngue que,
com o tempo se tornou multilíngue.
E tudo isso construído pela paciência e sabedoria de outro jovem Ofaié, o ex-cacique da aldeia Anodhi, José de Souza Kói. E lá o encontramos em meio às crianças sentado no chão – tal qual fazia a matriarca vó Ozena, no centro da aldeia na Bodoquena, como pioneira mestra e professora.
Com ancestral paciência declinava o ouvido
para auscultar o pulsar de corações e ensinar a língua que identificava aqueles
pupilos como povo originário, conferindo-lhes o orgulho de serem os primeiros filhos desta
terra.
Corpo docente engajado na promoção dos alunos indígenas tal educandário, em meio ao cerrado e a mata, configura na atualidade a esperança desta comunidade que a
cada dia que passa mostra o seu rosto e modo de ser Ofaié, Kaiowá, Ñandeva, e não indígenas, que vivem na aldeia Anodhi.
Juntos e
misturados somos mais fortes é o lema
escolhido pela comunidade escolar para celebrar a caminhada de integração que eles vêm realizando.
Ao lado do programa Saberes Indígenas,
da UFMS, Governo do Estado, Prefeitura
Municipal e empresas parceiras, como Suzano
e outras, a comunidade e sua liderança se sente cada vez mais fortalecida.
Por tudo isso, os professores Silvano, Elizângela e José, e cada um dos alunos e
colaboradores desta escola estão de parabéns. São merecedores, portanto, das
bênçãos de Agachô, Ñanderu, Ñandejára, Yahweh e entidades do bem, que lhes desejam sucesso nesta caminhada e missão de abrir
horizontes à infância e também em muitos de nós, cara pálidas.
Brasilândia/MS, festa do Juntos e misturados somos
mais fortes, do povo Ofaié, 12 e 13 de agosto de 2022.
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