A Prefeita, a
Funai e o sonho do povo Ofaié
Carlos Alberto dos
Santos Dutra
Existem sonhos que sonhamos sós; eles são apenas sonhos que sonhamos sós. Não obstante, existem sonhos que, quando sonhamos juntos, se tornam realidade. A frase cunhada, salvo engano, pelo saudoso Raul Seixas, pode ser aplicada ipsis litteris àquela viagem que realizamos ao Planalto Central, no coração do Brasil.
Entre as diversas audiências que a Prefeita de Brasilândia, Márcia Regina do Amaral Schio, participou, entre os dias 4, 5 e 6 de novembro de 2025 em Brasília/DF, uma delas foi por demais significativa para este escrevinhador que a acompanhou.
Foi quando deu-se a oportunidade de estabelecer um diálogo producente e respeitoso com o Diretor de Demarcação de Terras Indígenas, doutor em direito e mestre em história, Manoel Batista do Prado Júnior, que nos recebeu em seu gabinete em nome da Presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a advogada e ex-deputada Joênia Batista de Carvalho, indígena Wapichana, que não pode nos receber pois havia viajado naquele dia para Belém/PA para participar da Conferência do Clima COP30.
E lá estavam reunidos a Prefeita de Brasilândia, que se fazia acompanhada do Secretário Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Brasilândia, Carlos Alberto dos Santos Dutra, Carlito; o assessor do gabinete do Deputado Federal Geraldo Rezende, Daniel das Neves Gomes, que na ocasião externou a total boa vontade e compromisso do parlamentar pelo Mato Grosso do Sul Geraldo Rezende em intermediar no que for necessário em favor desta demanda do povo indígena Ofaié.
Também participaram da mesa, o assessor técnico do Departamento de Demarcação de Terras Indígenas, indigenista e mestre em direito Luís Filipe Trois Bueno e Silva e o assessor de Comunicação da Prefeita de Brasilândia, Alessandro Zioti.
A audiência foi proveitosa e culminou com a entrega de um documento onde a Administração Municipal de Brasilândia formalizou sua solicitação para que houvesse o prosseguimento do processo de demarcação e posterior homologação da Terra Indígena Ofaié, cuja área de 1.937 hectares declarada como de posse permanente indígena pela portaria nº 264 do Ministério da Justiça ainda em 1992, fosse retomada a sua tramitação.
Segundo o Secretário de Meio Ambiente de Brasilândia, Carlito Dutra, que é advogado, mestre em história e indigenista, e tem acompanhado a trajetória de luta do povo Ofaié há mais de 30 anos, o processo administrativo retomado pela Funai no ano de 2018 não obteve êxito em nível local, situação que foi agravada pela pandemia que inviabilizou muitos projetos no Brasil, entre eles o da demarcação deste povo.
Com este gesto da nova Administração municipal de Brasilândia, numa clara demonstração de seu interesse em apoiar a regularização fundiária e demarcação administrativa da Aldeia Anodhi Ofaié, eis que agora renasce nova esperança para esta comunidade.
O compromisso
assumido entre a Prefeita Márcia Regina do Amaral Schio, pelo município, e o Diretor Manoel
Batista do Prado Júnior, pela Funai, foi de mútua cooperação. Sendo que o Município colocou-se a disposição do órgão federal oferecendo apoio logístico e técnico para o prosseguimento do processo
de demarcação do território Ofaié.
Manifestando solidariedade à Cacica Ramona Coimbra Pereira, que tem o nome indígena Fokoi-Fuara Ofaié, e foi recentemente confirmada e eleita para o cargo de liderança máxima daquela comunidade indígena, o Município reconhece o protagonismo e a importância da expressão cultural e cidadã desta etnia primi ocupandi de Brasilândia e o muito que ela representa para a etnohistória local.
Ao final da
audiência a Prefeita e o Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Brasilândia entregaram o livro "Ofaié, pelos caminhos da história" ao representante da Funai que comprometeu-se
inteirar-se da questão retomando o processo de
demarcação da terra Ofaié, garantindo a realização definitiva deste seu sonho.
Brasilândia/MS, 17 de novembro de 2025.
Foto: Alessandro Zioti, Brasília/DF, 05/nov.2025









.png)



