terça-feira, 25 de março de 2025

 

O sonhador

e sua carta para a Prefeita.

Carlos Alberto dos Santos Dutra



 


A ideia de enviar cartas soa hoje como algo antigo e fora de moda. A tecnologia digital e a tela dos celulares sepultaram de vez o recurso do papel e até o uso comum do Personal Computer, o PC de mesa e o e-mail.

Mas a carta resiste, mesmo valendo-se desta forma de transmissão viajando em fibra ótica no tempo de maneira célere e com a vantagem de não extraviar e o remetente poder ficar sabendo se sua mensagem chegou no destino, se foi lida ou não.

A carta que me refiro aqui, assim sonhou o sonhador, não tem a forma de ofício, pois não é oficial; não tem número de protocolo e sequer regularidade na entrega. Apenas é uma carta, a primeira, quiçá, prenúncio de outras que poderão vir. Carta destinada a uma autoridade, sim, mas que parte de um olhar de uma pessoa comum, o cidadão.

O autor da missiva é o cidadão, o jovem, o estudante, a criança. Cidadão que passa pela rua e vê. Vê e comenta. Indaga e pergunta. Ousa refletir sobre o que vê e ouve. E decide conferir a possibilidade de ser ouvido e sugerir.

Parece um sonho, mas estamos desacostumados a acompanhar os atos das administrações públicas ao longo do tempo. Quando nos levamos pelo sabor das paixões político-partidárias, por vezes, nos perdemos acolhendo e acatando tudo o que nossas preferências e simpatias políticas nos propõem e que, depois de eleitos, pouco a pouco vão perdendo o vigor e sendo esquecidas.

Assim tem sido durante anos e achamos que assim deva continuar sendo. Só que o tempo não para e a realidade muda a cada instante. Aliás, a realidade, como a cultura, ela está sempre em movimento. Também o pensamento e a percepção das pessoas sobre o entorno onde vivem, sua comunidade, seus empregos, seu meio ambiente, enfim a percepção da vida.

Por isso, ao caminhar pela rua, o cidadão e a cidadã sentem que ali é o seu chão; se sentem seguros na sua terra querida e por isso se interessam por ela; percebem que dela brota-lhes a vida e todos querem vê-la cada vez melhor; para si e para os moradores que ali vivem. 

Por isso ao contemplar a realidade cotidiana, os acontecimentos, os rumos e as opções que, às vezes, a administração faz, se lhe interessam ou não, alimentam-lhe a vontade de manifestar-se. Na verdade, tudo lhe interessa saber e sente-se no dever-poder de externar o seu pensamento, a sua opinião.

Há quem possa dizer que isso é utopia, coisas de um cidadão sonhador e que essa avaliação e fiscalização dos atos da administração é tarefa do Legislativo eleito para isso, o que nós todos concordamos, porém, o cidadão também tem o seu papel social de fiscalizador e propositor de políticas públicas porque ele está na ponta do processo onde se encontra a atividade fim de toda a ação pública, impactando sua vida positiva ou negativamente.

Ainda que o cidadão e a cidadã tenha a sua disposição outros instrumentos para colaborar, contribuir e fiscalizar a atuação do Executivo e do Legislativo -- conselhos de direitos municipais, sindicatos de classe, associações de bairro, ouvidorias públicas, ministério público, tribuna livre e o direito constitucional de peticionar --, eles sentem o dever cívico de também contribuir subsidiariamente com o múnus público.

As redes sociais, hoje, todos sabemos, ela são as vitrines do mundo, o grande canal de exposição da vida privada e também tela para as mazelas pessoais, sociais e ideológicas que envolvem os escaninhos da política local, regional e nacional.

Nem todos porém são afeitos a ver seus nomes expostos manifestando uma crítica aberta ao público à administração de sua cidade, de seu estado ou país. Nem todos alimentam o desejo de, pela crítica pura e simples, denegrir ou ofender o agente político que administra o município onde vive.

Por outro lado, há cidadãos e cidadã que se sentem comprometidos com sua cidade a ponto de querer desinteressadamente lutar por ela, buscando o melhor para ela. Manifestam-se, assim, somente com a intenção de contribuir com ideias para o incremento de seu progresso e seu bem estar social. 

Neste gesto, de natureza, privada, através de uma carta, sentir-se-iam, portanto, amparados, respeitados, e considerados. Assim espera.

As cartas, por fim, guardam uma singela pretensão: a de contribuir com a formação e a cidadania dos moradores do lugar, independente de idade, estabelecendo um canal de participação, de fidelidade e de diálogo sincero entre o coração do município e o coração da Prefeita.

As cartas, consideradas de natureza pessoal, espera o sonhador, só seriam lidas pela Prefeita. Portanto, seus nomes não seriam divulgados; somente o conteúdo de suas reivindicações e sugestões viriam à público. E isso a administração municipal buscaria apreciar, atender e agradecer. 

Que tal colocar em prática essa ideia e despertar este sonho juvenil?

 

Brasilândia/MS, 25 de março de 2025


Dia Nacional da Carta Constitucional (25 de março de 1824, promulgação da 1ª Constituição Brasileira).

Foto: Instagran; https://m.media-amazon.com/images/I/61RTI4Djo-L.jpg; e Profª. Leonice e alunos do 3° ano da Escola Estadual Adilson Alves da Silva em 1999, Foto: Jornal de Brasilândia, 2000. In História e Memória da Brasilândia, Vol. 3-Cidadania, pág. 345.


Título inspirado no livro Carta à Prefeita (Campanha da Fraternidade Infantil), de autoria de Fernando Carraro, Editoras FTD, 2018. 

O livro conta a história de Juninho. Ele tem 10 anos e vive com sua família numa cidade pequena. Num dia chuvoso, a caminho da escola, ele se dá conta de que um dos semáforos na rua não funciona. Ao chegar à escola, Juninho conta a todos sobre esse problema. A professora Zelina, então, percebe que é hora de falar sobre os problemas da cidade e, portanto, decide dar aos alunos aulas sobre políticas públicas. Depois da primeira aula, os alunos têm uma ideia para tornar a cidade um lugar melhor para todos. Assim, nasce a carta com uma série de ações sociais endereçada à prefeita Mariana, que se envolve no projeto de uma maneira especial. (Carta à Prefeita (Campanha da Fraternidade Infantil) : Carraro, Fernando: Amazon.com.br: Livros).


 



sábado, 22 de março de 2025

 

A figueira, o vinhateiro e os frutos agradáveis a Deus

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 




O 3º Domingo da Quaresma nos apresenta a passagem de Lucas 13,1-9 que nos fala da figueira estéril. Em síntese, Jesus nos diz que, assim como a figueira criada por Deus, nós também devemos produzir frutos; somos convidados em nossa vida a produzir bons frutos e obras. Não quaisquer frutos ou obras, mas frutos e obras especiais, personalizadas, com nome e sobrenome de Jesus Cristo. Ou seja, frutos de santidade, de amor e de salvação.

Sim, frutos de amor ao próximo, amor à vida, amor à família, à comunidade, ao meio ambiente, enfim, frutos traduzidos em obras que revelem o amor grandioso de Deus e que sentimos por tudo aquilo que Ele criou, revelador de seu infinito amor pela humanidade e por nós mesmos.

Mas por que produzir tais frutos de amor e santidade? Por que não somente gozar a vida, aproveitá-la ao máximo, explorar os seus limites, seus recursos naturais e desfrutar da felicidade e vantagens que está ao alcance na medida certa para cada um?

Devemos produzir frutos de amor e santidade porque assim deseja o Senhor, autor da vida. O mesmo Senhor que nos dirige as palavras: “Já faz três anos que venho procurando figos e não encontro”, e que nos fala hoje ao coração.

Já faz três anos, dez anos, cinquenta anos, uma vida inteira que Ele vem procurando encontrar frutos na nossa vida e não encontra. Que tristeza se Jesus pensasse assim de todos nós.

Porque o desejo de Jesus é encontrar fartura de frutos e bênçãos em nós. Seu desejo é que produzamos frutos saborosos, cheios de graça e que alimentem a vida que segue o seu curso. Não frutos somente para o mundo, mas também para Deus, frutos que nos levem ao Reino de Deus.

Mas, a que frutos Jesus se refere? A julgar pela parábola, Jesus fala de frutos doces, saborosos, à semelhança da uva, que mostre que aquela planta, que também é sua obra, a figueira, não é estéril. Jesus quer nos mostrar que a obra do Pai é perfeita e maravilhosa, que é fértil e capaz de produzir as melhores bênçãos em nossa vida.

Só que o nosso Deus não é imediatista e tampouco rancoroso. Ele é paciente. Neste tempo propício onde experimentamos a via crucis da Quaresma, o Senhor Jesus acata o sugestão do vinhateiro que deseja adubar a figueira, acreditando que pode recuperá-la, acredita que ela vai ser capaz de superar e vencer o desafio da morte.

Ainda que seja uma figueira plantada no meio de uma vinha, ela não foi excluída e banida do lugar. Seu lugar foi preservado. O vinhateiro deu-lhe uma oportunidade. 

Assim Deus. Mesmo que estejamos em meio a uma realidade adversa e sombria, sempre há uma chance e uma esperança para todos que acreditam nos frutos da santidade e do amor que é capaz de produzir. 

Deus está sempre atento àqueles que acreditam no milagre da Salvação que passa irremediavelmente pelo perdão e a conversão. “Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”, disse Jesus.

Que Jesus nunca nos diga, como disse para à figueira: “Por que está ela inutilizando a terra?” Ó que palavras duras. Não frutificar, não fazer o bem é um mal insuportável para Deus. 

Mas sempre há a providência de Deus na nossa vida: “Vou cavar em volta dela e colocar adubo”. Deus sempre dá um jeito de colocar pessoas-anjos junto de nós que nos ajudam a cavar em volta, fazer a coroa ao redor da planta, removendo as ervas daninhas, os maus pensamentos, más influências e amizades que não promovem o bem, a justiça e a paz que Jesus nos pede.

Deus coloca adubo, ideias novas, luz, esperança e fé em nossos corações, que brotam do Verbo de Deus, de seu Filho e de seu Santo Espírito para que a vida em nós renasça. Sim, a nossa salvação passa pelo perdão, pelos frutos e a conversão. 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja Louvado.

Brasilândia/MS, 23 de março de 2025.

Fonte: Deus Conosco, Dia a Dia, Ano Litúrgico C, março de 2025, Dia 23, 3º Domingo da Quaresma; Liturgia Diária, 23 de março, 3º Domingo da Quaresma, Homilia, Pe. Edison Oliveira.

Foto: https://i.pinimg.com/736x/a7/27/00/a727004bfda07c99f0f0ffcf49f3ba2b.jpg

 

 

 

O Dia Mundial da Água e a nova Secretaria de Meio Ambiente e Turismo

Carlos Alberto dos Santos Dutra







22 de março. Dia Mundial da Água. Melhor data não haveria para comemorar a criação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo em Brasilândia. A iniciativa pioneira da nova administração municipal, com a criação desta Secretaria revela de antemão, o quanto de carinho, respeito e cuidado haveremos de ter com a paisagem que circunda nossa casa, nossos campos e a cidade. 

Vivemos hoje um grande desafio que deverá ser enfrentado com coragem e determinação por esta governança que inicia: as exigências climáticas que estão na ordem do dia e reclamam ações urgentes de mitigação e nos impelem a desenvolver ações e projetos sempre novos de proteção ambiental. 

Sobretudo em relação aos recursos hídricos que são lembrados nesta data criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para refletirmos sobre a sua importância, uma vez que a água é essencial para a sobrevivência de todos os seres vivos. Momento para lembrar da urgente necessidade de conservação dos ambientes aquáticos, evitando poluição e contaminação. 

A Prefeitura Municipal de Brasilândia, através de sua mais nova Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo-SEMATUR, reafirma seu compromisso na defesa do meio ambiente, envidando todos os seus esforços em ações que contribuam para a preservação da água orientando a comunidade a preservar os recursos hídricos, garantindo que eles não faltem no futuro. 

São ações já delineadas no Plano de Governo da Prefeita Márcia Regina do Amaral Schio, seu vice Fábio Toledo Leite da Silva, e seu Secretariado, que vão desde a qualidade e preservação do curso d’água dos nossos rios e córregos, até o monitoramento e fiscalização do uso do solo, da vida das florestas, e das áreas de preservação ambiental. 

Em matéria do Meio Ambiente, bem sabemos, somos todos dedicados aprendizes cujas melhores iniciativas e práticas deverão passar pela educação ambiental, o que só será conseguido se caminharmos de mãos dadas com quem vai no mesmo rumo, no rumo do bem estar econômico, social e ambiental desta comunidade. 

A escolha de um dia dedicado a esse patrimônio natural do mundo, deixa clara a sua importância na vida das pessoas e no equilíbrio dos ecossistemas. Apesar de nosso planeta possuir grande quantidade de água, nem toda ela está disponível para consumo humano. Somente 2,4% da água é doce e apenas 0,02% está disponível em lagos e rios que abastecem as cidades e pode ser consumida. 

O município de Brasilândia deverá contar a partir de agora com uma equipe técnica, capacitada e, sobretudo, apaixonada pelo Meio Ambiente. E fará de tudo para desenvolver o potencial transformador deste lugar, o que será conseguido com o apoio de cada um dos moradores e de todos os segmentos desta comunidade que amamos. 

Que tal começarmos a pensar em ações que contribuam para a preservação da água diariamente, como reutilizar esse recurso natural quando possível, não tomar banhos demorados, não jogar lixo nos rios e encostas e utilizar produtos de limpeza biodegradáveis. Assim, será possível preservar a água, garantindo que ela não venha a faltar. 

Ao instituir o Dia Mundial da Água, a ONU também divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, um documento apresentando pontos importantes sobre esse recurso hídrico. Conheça os 10 principais artigos desta declaração: 

Art. 1º – A água faz parte do patrimônio do planeta.
Art. 2º – A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
Art. 3º – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados.
Art. 4º – O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos.
Art. 5º – A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores.
Art. 6º – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
Art. 7º – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada.
Art. 8º – A utilização da água implica respeito à lei.
Art. 9º – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
Art. 10º – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Que tal começarmos a construir juntos o futuro demonstrando o nosso cuidado e zelo com a água?

 

Brasilândia/MS, 22 de março de 2025.

Dia Mundial da Água.

Fonte: https://www.sema.ma.gov.br/p9740/

 

quarta-feira, 19 de março de 2025

 

Balbina artesã: palhas, tintas e resiliência.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 



   

Dia 19 de março foi o Dia do Artesão. Entre tantas profissões esta, sem dúvida, é a primeira que revela a espiritualidade dos habitantes e os frutos da terra. Ela nasceu, pois, num tempo pretérito, quando a humanidade ainda engatinhava e, num dado momento, ergueu a cabeça e percebeu as cores do arco íris, o tom aveludado das frutas, a firmeza dos juncos e das palhas do campo, a policromia das penas e o canto dos pássaros. 

E lá encontramos as mulheres, enquanto seus homens embrenhavam-se nas distâncias em busca do alimento desafiando a caça ao desconhecido durante dias, lá estavam elas nas suas tendas, na beira dos riachos, acariciando a água e contemplando as plumas esvoaçantes que lhe nutriam a alma e seu espírito inquieto e guerreiro. 

Assim, neste ambiente repleto de vida e onde a natureza se oferecia inteira com seus segredos e magias, mãos de fada começavam a domar os fios, as palhas e as tintas, entremeando as cores e as formas, fazendo brotar a arte que cada uma delas guardava nos seus corações e nos recônditos da alma. 

Ah, mas o tempo não para. Roda o moinho dos ventos e cá estamos nós em Brasilândia. O ano é 1979, há 46 anos, portanto, e o artesanato com palha de milho dava seus primeiros passos a partir de um curso de artesanato realizado pela prefeitura local. O curso reuniu na época 30 alunos que se habilitaram no artesanato com palha de milho e outros materiais. 

Entre os alunos, também lá estava o sonho de uma artesã que, hoje prestamos nossas homenagens: Dona Balbina Ribeiro de Novaes, conhecida simplesmente por Bina, que hoje revela o seu talento por meio do artesanato e já é referência dessa arte no nosso município. 

Trata-se de trabalho artesanal realizado em palha de milho e outras fibras trabalhadas com carinho e maestria por mãos que as transformam em produto de utilidade e fino acabamento, tais como bolsas, cestas, porta jornais, que identificam essa lutadora, dona Balbina. 

Depois de muito trabalhar como servidora pública na condição de gari, onde acabou aposentada por invalidez, há 20 anos, deu a volta por cima revelando-se uma artista ímpar e de renome de nossa cidade. 

Mas quem é essa mulher criativa e maravilhosa? De onde ela veio e onde descobriu sua vocação para a beleza da arte, parindo formas, rompendo barreiras, desenhando cores? 

Pois bem, é ela mesmo que conta a sua história, aqui cuidadosamente manuseada pelas palavras deste modesto escrevinhador que pede licença poética para revelar aos presentes um cadinho da história dessa mulher, experiência que perpassa também a história de vida de cada uma das artesãs de nosso cidade, pois ela fala com o coração feminino que nos envolve a todos. 

Balbina Ribeiro de Novaes, recebeu o apelido de Bina quando jovem, mas sua mãe, Izabel Maria de Novaes, sempre a chamava, carinhosamente de Nega. –Nega vai lá, --Nega vem cá... Mas o nome que pegou mesmo foi Bina. Pois essa pérola negra veio ao mundo no dia 4 de dezembro de 1946, lá no sudoeste Baiano, no município de Caraíbas. 

Pertencente a uma extensa família, para a preocupação do pai, seu Domingos José dos Santos, a jovem Bina era apenas mais um dos 22 irmãos que lhe ensinaram a dar os primeiros  passos naquela família. 

Hoje, com 78 anos, ela lembra muito bem daquele tempo. --Infância, eu nunca tive, diz sorrindo. --Coloquei os pés em Brasilândia com 7 anos de idade. Naquele tempo nós morava no km 17, nas margens do rio Paraná, no Porto João André, ela recorda. 

As águas mansas daquele rio a fazem voltar no tempo e recordar o tempo que ali viveu: a escola em que estudou e o quanto o mundo rodou. Não avançou muito no estudo, pois a escola era precária e a distância impedia as crianças e os jovens que ali viviam, de estudar. 

Mas ela lembra da professora Abadia dos Santos, sua professora que, sempre muito dedicada, também ensinava na casa dos alunos que viviam no Porto. Balbina confessa que deve a esta professora, todo o pouco que estudou. 

Quando seus braços já suportavam o peso da enxada, lá se encontrava a jovem Bina ajudando a família no trabalho da roça, colhendo e plantando ao lado dos irmãos. O tempo passou por ela e ela nem percebeu que a infância foi ficando para trás, a juventude foi chegando, e quando abriu os olhos já era uma moça feita. Porém, seus pés permaneceram sempre na roça, firmes na terra, o seu chão. 

Foi no trabalho no campo que ela conheceu aquele que viria a ser o seu esposo. Era um jovem que trabalhava com o seu pai, seu Domingos, e que já há algum tempo seus olhares já haviam se entrecruzado. 

Sobre o seu casamento, encabulada, conta que simplesmente foi embora com o esposo desprendendo-se da família de seus pais. Tinha apenas 12 anos de coragem e maturidade, e seu olhos miravam longe. A lado deste marido, teve de contentar-se com a missão de educar os filhos, os 9 que teve com ele e mais 7 filhos que adotou. Hoje, com satisfação é avó e contabiliza 12 netos. 

Nesse período os sonhos foram ficando para trás. Lembra com saudade que costumava sentar na barranca do rio e deixar a água acariciar levemente a planta dos pés como que convidando a caminhar sobre as águas e avançar em direção a outros mares com seu barquinho de papel. 

Quando não estava trabalhando, algumas vezes divertia-se jogando bola com o esposo. Outras vezes, num momento só seu, contemplava o colorido do brejo e varjões de Cisalpina, seus juncos e flores, atrativos cênicos que mais tarde lhe inspirariam a desenvolver a sua arte e seu ofício de artesã. 

A condição de mulher, esposa, mãe e servidora na atividade mais exigente e humilde que exerceu, nunca foram empecilhos que lhe impediam de mostrar o mundo sua capacidade e criatividade empreendedora. Mesmo quando não encontrava o apoio que merecia, nunca desanimou fazendo seu artesanato e participando nos eventos em que era convidada. 

Dona Balbina na atualidade é um exemplo de resiliência para todas as artesãs que consolidam a ARTEBRÁS. E olha que ela já acumula diversos troféus e homenagens que a enchem de alegria e contentamento. Mulher simples, mas também prática, recorda que um dos primeiros troféus que recebeu foi um relógio de feira e ver seu nome dado à Feira do Artesanato de Brasilândia. 

De obstinada persistência e vigor humano, dona Balbina soube ao logo do tempo vencer os desafios que a vida impõe valendo-se de sua criatividade e a força de seus ancestrais. 

Quando lhe faltavam recursos e matéria prima para seus trançados em palha de milho, não se sentia encabulada de ir à imprensa e reivindicar junto à sociedade local, o seu espaço de artesã, solicitando àqueles que pudessem ajudá-la, não por caridade, mas como produtor de arte. Sua arte a fazia feliz e também a todos que viam aquele material transformado em lindas cestas, balaios, leques de abano, entre outros. 

Um momento de glória lembrado por dona Balbina aconteceu no ano de 2008, quando Brasilândia participou da 23ª Festa do Folclore de Três Lagoas, e entre as peças produzidas por artistas brasilandenses, entre eles estavam também os trabalhos produzidos pela artesã senhora Balbina. 

Esta senhora é exemplo para as demais artesãs e artesãos de nossa cidade. E pedem licença e seguem em frente em busca de sua Casa do Artesão, levantam a voz em busca de apoio para obtenção da matéria prima que necessitam para sua arte. Saem pelas praças do mundo com seu colorido que brota da terra, provocando admiração e encantamento a quem se permita deitar os olhos sobre o belo de peças, produzidas com tanta graça, perícia e beleza. 

Essa senhora com sua arte, ganham o coração da humanidade transformando a matéria, do seu estado natural em um produto artesanal pela força e esmero de suas mãos, expressão da identidade cultural que cada um desses artistas carrega dentro de si: sua habilidade, originalidade e potencial econômico que urge ser promovido e cuja beleza encanta a todos. 

Parabéns dona Balbina Ribeiro de Novaes, parabéns artesãs e artesãos de Brasilândia. Feliz dia do artesão. Feliz a administração pública que reconhece e valoriza o fruto de vossas mãos! Feliz Dia do Artesão. 

Brasilândia/MS, 19 de março de 2025.


Fonte: Balbina Ribeiro de Novaes, entrevista concedida à Cristiane Carvalho em março de 2025; História e Memória de Brasilândia, Vol. 2-Patrimônio, pág. 83-85.

Foto: Arquivo Profª Maria Rita Santini e Patrícia Acunha, 2014. Pedro Henrique Coutinho, 2025.






quinta-feira, 13 de março de 2025

 

Nosso representante e as propostas apresentadas na Conferencia Estadual de Meio Ambiente.

Carlos Alberto dos Santos Dutra




 




Participar de um evento em Campo Grande, capital do Estado, quando o tema é meio ambiente é sempre um desafio. Sobretudo quando se trata de uma Conferência onde todos os municípios do Estado se fazem uníssonos presentes de alguma forma, presencial ou remotamente pelas redes sociais. 

Mas Brasilândia estava lá, coroando uma caminhada iniciada com a Conferência Municipal de Meio Ambiente que teve o inédito formato Intermunicipal, e reuniu no dia 13 de dezembro de 2024 as análises e sugestões de Brasilândia e Santa Rita do Pardo onde, juntas, aprovaram propostas e elegeram os delegados para representá-los na Conferência Estadual que ocorreu no dia 12 e 13 de março de 2025. 

E lá estava ele, o delegado Thiago Fernandes Pires, representando presencialmente o município de Brasilândia. Estava lá, fazendo valer as propostas eleitas aqui, no torrão Ofaié, para, uma vez aprovadas na Estadual, serem encaminhadas à Conferência Nacional do Meio Ambiente em Brasília/DF. 

Ah, Thiago Fernandes Pires, que bom seria se todos os delegados eleitos de Brasilândia e Santa Rita do Pardo tivessem lá comparecido presencialmente para que as nossas propostas revelassem a força do povo desta terra, merecendo vê-las selecionadas e aprovadas nesta 5ª Conferência Estadual de Meio Ambiente. 

Propostas aqui pensadas com tanto carinho e responsabilidade, como a aquisição e implantação de um Sistema de Monitoramento Meteorológico para cada município, ou ainda a proposta de criar instrumentos para fiscalizar a obrigatoriedade de estar em conformidade com as legislações ambientais para empresas e pessoas físicas para torná-las aptas a receber empréstimo institucionais. 

Propostas que em muito garantiriam aos municípios de Brasilândia e Santa Rita do Pardo, dando-lhes a oportunidade, por exemplo, de implantar a prática de logística reversa e geração de energia solar como exigências para autorização de indústrias nos municípios, e fomentar parcerias públicas-privadas para estudos de viabilidade técnica e econômica para implantação de sistemas agroflorestais. 

Também a possibilidade de fazer acontecer por aqui a promoção de políticas públicas para o fortalecimento das associações e cooperativas de reciclagem. E implantar aqui em Brasilândia o viveiro municipal de mudas nativas e ornamentais a fim de favorecer o plantio de espécimes arbóreos pela população, de forma a cumprir os planos de arborização urbana e aumentar a captação de CO2 atmosférico. 

Propostas aprovadas em nível local de importância que poderão, ainda que não de repercussão nacional, serem pensadas com carinho pelas administrações públicas municipais, na elaboração de projetos para a implementação e manutenção de um Programa Contínuo de Recuperação das APPS Urbanas e Rurais, APPs de Córregos e das margens de rios, por meio de reflorestamento, promovendo a preservação dos recursos hídricos, a sócio biodiversidade, e a proteção ambiental das comunidades. 

Ah, que bom seria ver, no campo da Educação Ambiental as propostas apresentadas revertendo recursos financeiros para a implantação de medidas preventivas e de combate a incêndios e queimadas, tais como: instalação de brigadas de incêndios junto a propriedades e empresas e poder público, além da adoção de medidas necessárias para a instalação de Unidade do Corpo de Bombeiros em Brasilândia (MS) e fiscalização da efetiva funcionalidade das brigadas já existentes com vista a proteção ambiental das comunidades. 

No campo mais amplo, merecem atenção as propostas de transformação ecológica, com a implantação de um Programa de Incentivo de Pecuária de Carbono Zero (Integração Pecuária Floresta, SAF para pecuária). Além da valorização das Associações de Coleta Seletiva: maior recurso financeiro e trabalho de conscientização da população e educação ambiental permanente, incluindo o tema nas grades curriculares das escolas públicas e privadas, de forma que haja a interação campo e cidade nos moldes de outros projetos já realizados, como o “Recicla Verdinho”. 

Por fim, dar visibilidade as leis ambientais existentes, de forma que a população possa ter conhecimento dos programas e projetos ambientais já instituídos, fazendo com que as leis possam ser cumpridas por todos os cidadãos de forma participativa. 

Ah, nosso delegado Thiago Fernandes Pires. São tantas propostas de alcance municipal mas cuja execução demandam recursos estaduais e federais, razão pela qual a importância de constarem no Relatório Final da Conferência, pois elas são o fiel retrato do desejo e reclamo desta comunidade.

Por isso, diante da impossibilidade de analisá-las uma a uma, bem como defendê-las em plenário, com certeza, os olhos do nosso delegado ali presente, tiveram de ver muitas de nossas propostas serem deixadas em segundo plano, integrando-as e regionalizando-as para beneficiar um número maior de municípios. Com certeza foi isso que ocorreu, sobretudo na hora de votar. 

E lá estavam os delegados municipais eleitos, agora, sendo indicados como delegados estaduais para representar o Estado de Mato Grosso do Sul na Conferência Nacional em Brasília/DF. Entre os inscritos lá estava o nosso engenheiro sanitarista Thiago Fernandes Pires disputando uma vaga para nos representar numa acirrada disputa entre os muitos delegados ali presentes e inscritos. 

A Conferência ocorrida na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande/MS, oportunizou a eleição dos Eixos Temáticos e os Delegados no formato Híbrido (presencial e online) com transmissão pelo Google Meet: https://meet.google.com/grz-rgqm-vyu, onde os demais delegados e integrantes das Comissões Organizadoras das Conferência Municipais e Intermunicipais também puderam votar. 

E lá estavam também eles, via online, experimentando a tecnologia, por vezes sendo interrompida pela queda de energia ou o sinal da internet, mas confiantes com a possibilidade de poder depositar o seu voto naquele jovem credenciado para levar ao Planalto Central as aspirações e propostas da nossa cidade e região. 

Obrigado Thiago Fernandes Pires pela participação. Obrigado também aos demais representantes dos segmentos que também manifestaram-se através do voto online marcando a presença de Brasilândia com brilhantismo na 5ª Conferência Estadual de Meio Ambiente.

 

Brasilândia/MS, 13 de março de 2025.

 

Fonte: Municípios escolhem representantes e definem propostas para Conferência Estadual de Meio Ambiente – SEMADESC; Cf. também https://carlitodutra.blogspot.com/2024/12/meio-ambiente-quando-36-representam-489.html Fotos: captadas no Youtube por Jorge Henrique Olivi de Paula.



 

 
















quarta-feira, 12 de março de 2025

 

E lá vai padre Antônio Tasquetto, despassito, em sua nova missão.

Diác. Carlos Alberto dos Santos Dutra


 




A aurora ainda nem despontou e o amigo, padre Antônio Tasquetto, já se encontra sorvendo o mate dos madrugadores. Há pouco, encilhava o pingo para mais uma jornada que o levaria em busca de novas paisagens. Na verdade, desafios, pois tu és um homem de coragem e que aqui, por estas terras, muito plantaste, de modo que vai ser difícil remover as raízes do muito que semeou. 

Sabes gaudério, tu me faz lembrar de um outro Antônio que por essas terras -- Cacequi/RS --, também aqui chegou e se aquerenciou: padre Antônio Botton era o nome deste pastoralista igual a ti; despassito, com as palavras e as mãos, com os pés e o coração, e que foi alargando estradas de luz em meio a escuridão. 

Tua voz, padre Antônio Tasquetto, impregnou a alma de muita gente, daqui e para além das margens dos rios Ibicuí e Cacequi. Suas prédicas, mesmo à distância, pelas redes sociais, eram acompanhadas por centenas de conterrâneos desgarrados do torrão natal. Por todo o Brasil, tuas homilias soavam serenas, profundas e cheias de vida alcançando léguas. E se tornavam perenes no peito de cada cacequiense distante deixando marcas que o tempo não apaga. 

Sim, vais deixar saudade, índio velho. Saudade do seu jeito simples, direto e ao mesmo tempo cauteloso e pedagógico, deitando um verbo de sabedoria e óculos de alcance, bem ao estilo galponeiro, edificante como o sopro que alivia a dor, a dúvida e a insegurança do paisano, sempre animando o crente, cantando e acreditando na missão como um autêntico pastor.  

Sem descuidar da cultura do povo, enraizado na tradição pampeana, sempre se mostrou um taura a desfraldar a bandeira da liberdade com responsabilidade, do respeito com altivez e a honra com humildade entre os cristãos cacequienses durante todo o tempo que por aqui pastoreou. Sim, tu deixas uma marca que irá acompanhar os teus passos e teu rastro que reluz onde quer que vá. 

Ao ser transferido por ordem de Dom Leomar Antônio Brustolin, para sua nova missão, na comunidade da Paróquia Santo Antônio, na cidade da Mata, o padre Antônio Tasquetto se junta ao padroeiro daquele lugar na tarefa sublime do Evangelizar. E com certeza, levará consigo suas bombachas, suas botas e o lenço que sempre ostentou honrando essa terra de Caciques, como Sepé Tiarajú e Nicolau Languirú. 

Na garupa de seu pingo, igualmente, haverás de levar quilos de lembranças da paisagem do campo e da cidade que ficou para trás e onde fostes disciplinado e brilhante catequista. Os olhos e mãos que lhe acenam, mesmo à distância, em sua despedida da Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, de Cacequi/RS, desejam a ti todas as bênçãos do Céu. 

Lúcido intelectual e engajado sacerdote das tradições e lutas do povo sofredor, não faltará ocasião para, quando a saudade apertar, de quando em vez, seus antigos fiéis tudo farão para ir visitá-lo na vizinha comunidade da Mata, participando de uma Missa por ti celebrada, amigo padre Antônio Tasquetto, reacendendo, assim, a chama da amizade que não morre por este cacequiense de coração. Boa sorte irmão, padre Antônio Tasquetto.

 

De Brasilândia/MS para o Cacequi/RS dos meus recuerdos, 12 de março de 2025.



terça-feira, 11 de março de 2025

 

A política dos 7 R(s), o mundo reciclável e suas cores.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 




Quase todos nós já ouvimos falar em materiais recicláveis. Aqui em Brasilândia/MS, somos privilegiados pois desde o dia 20 de setembro de 2003, quando foi criada a ASSOBRAA, o assunto vem sendo veiculado junto aos nossos ouvidos, corações e mentes nos familiarizando com o tema e nos motivando a fazer a nossa parte em favor da sobrevivência do meio ambiente e a nossa própria sobrevivência também.

Aos nos aprofundarmos no tema, passamos também a descobrir que o lixo, e aqueles antigamente chamados de catadores de lixo, não se tratam mais de desvalidos da sociedade que sobrevivem dos restos da sociedade. Se em outros tempos era assim, hoje podemos dizer com certeza, trata-se de uma das fontes de renda para milhares de trabalhadores, empresários e industriais que fazem mover a máquina da reciclagem e do progresso numa infinita gama de variáveis na economia.

A coleta seletiva e a reciclagem, portanto, descobrimos que se trata de uma atividade altamente complexa e que deve ser feita de forma inteligente. Uma forma de universalizar essa preocupação e atividade comum ao mundo inteiro  foi impregnar essa diversidade de elementos no universo das cores. Convencionou-se, assim, dividir aquilo que o mundo descarta, por cores: Verde, para o vidro; Vermelho, para o plástico; Azul, para o papel, papelão; Amarelo, para o metal. 

Estes quatro elementos - vidro, plástico, papel, papelão e metal, são os mais comuns e se encontram entre os mais presentes na cestinha do lixo, fazendo parte da rotina do dia a dia de qualquer pessoa, independente da classe social. Indistintamente, hoje, em qualquer residência domiciliar ou estabelecimento comercial encontramos embalagens de alimentos, cadernos, faturas impressas, latinhas de refrigerantes ou sucos, brinquedos infantis, enfim, uma infinidade de matérias entre os quais se encontram os chamados resíduos. 

Também aqui as cores servem para que saibamos distingui-los, observando que o seu fim, com exceção dos orgânicos e da madeira, resume-se a rejeitos pois, não podem ser aproveitados. São eles: o Preto, para a madeira; o Laranja, para resíduos perigosos; o Branco, para resíduos hospitalar; o Roxo, para resíduos radiativos; o Marrom, para resíduos orgânicos; o Cinza, para os não recicláveis, contaminados, ou misturados.

Observamos acima que uma grande quantidade de materiais não será aproveitada. A pergunta que se faz, então, é: --Por que selecioná-los se não serão aproveitados? A resposta está no cuidado adequado que devemos ter com este material evitando que o mesmo venha a contaminar as pessoas, o solo e o meio ambiente. Nem todos sabem, por exemplo, que os resíduos orgânicos, quando eliminados de forma correta, podem se tornar adubos. Ainda que estes elementos devam ser descartados, se feito de forma consciente, respeitando a natureza e o meio ambiente este ato pode ser realizado de maneira sustentável.

Com sabedoria já foi dito que “nada se rejeita, tudo se aproveita”, fundada na célebre frase de Antoine-Laurent de Lavoisier “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, cunhada há mais de 200 anos e que continua mais atual do que nunca.

Corroborando com o mundo das cores neste mundo que urge ser cada vez mais reciclável, novas políticas passaram a ser implementadas em diversos países. Uma lição e proposta que rapidamente se expandiu no mundo capitalista foi o empenho militante com a adoção de medidas urgentes de mitigação, mudanças de comportamento e de contenção materializada  pela letra “R”. A chamada Política dos 3 R(s): Reduzir, Reutilizar e Reciclar. 

Dada a urgência da tomada de medidas de enfrentamento às mudanças climáticas que assombram o mundo e colocam em risco a condição humana, a Política dos 3 R(s) passou a ser a Política dos 4 R(s), acrescentando-se a palavra Recuperar, chegando-se ao quadro atual já em prática nos países altamente industrializados e, portanto, os mais poluidores, a Política dos 5 R(s) onde adicionou-se Renovar. Nos dias que nos esperam já se impõe da Política dos 7 R(s): Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar e Renovar, Repensar e Recusar. 

Estes são os novos aspectos que emergem daqueles primeiros gestos ingênuos e altruístas de jovens idealistas que deram os primeiros passos na coleta seletiva e reciclagem de materiais, sendo embalado pela musiquinha da ASSOBRAA que se tornou hino em Brasilândia anunciando a coleta seletiva[1]. 

O ânimo dos pioneiros da coleta seletiva em Brasilândia consolida-se ao encontrar o apoio da comunidade, do poder público -- a Prefeitura Municipal de Brasilândia --, e das empresas parceiras, como a SUZANO, AH Agropecuária, entre outras, todos empenhados em assumir a gestão dos resíduos que devem ser entendidos não apenas como matérias resultantes da utilização de produtos, nomeadamente sólidos, mas resíduos com um sentido mais lato, considerando as águas residuais e até, os efluentes gasosos.

Os modelos econômicos associados à geração de produtos e valor têm evoluído no sentido de incorporar os objetivos da sustentabilidade, levando a uma concepção circular da economia, em alternativa à tradicional economia linear. Sim, a sociedade evoluiu necessária e felizmente, criando com o conhecimento e a capacidade inovadora e criativa produtos que transformam os recursos naturais em produtos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações[2]. Que saibamos acompanhá-la!

 

Brasilândia-MS, 11 de março de 2025.

38º aniversário (11/03/1987) de instalação da Comarca de Brasilândia. Gestão da Prefeita Neuza Paulino Maia.

 

Fonte: Quais são os tipos de materiais recicláveis - Natural Limp; “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, Antoine-Laurent de Lavoisier

Foto: Membros da ASSOBRAAS recebem representantes do IMASUL e CODEVALE, 28/02/2025, SEMATUR/Brasilândia-MS.

 

 

[1] - "The River Kwai March" (O Rio Kwai March, em tradução livre) é uma marcha composta por Malcolm Arnold em 1957.[1] Foi escrita como uma contramarcha orquestral à "Colonel Bogey March", tema que aparece, assobiado, no filme A Ponte do Rio Kwai.

[2] - Ver todos os Artigos de Leonor Amaral » Leonor Amaral, Diretora da Indústria e Ambiente / Professora na FCT-UNL