segunda-feira, 17 de novembro de 2025

 

A Prefeita, a Funai e o sonho do povo Ofaié

Carlos Alberto dos Santos Dutra






Existem sonhos que sonhamos sós; eles são apenas sonhos que sonhamos sós. Não obstante, existem sonhos que, quando sonhamos juntos, se tornam realidade. A frase cunhada, salvo engano, pelo saudoso Raul Seixas, pode ser aplicada ipsis litteris àquela viagem que realizamos ao Planalto Central, no coração do Brasil.  

Entre as diversas audiências que a Prefeita de Brasilândia, Márcia Regina do Amaral Schio, participou, entre os dias 4, 5 e 6 de novembro de 2025 em Brasília/DF, uma delas foi por demais significativa para este escrevinhador que a acompanhou.

Foi quando deu-se a oportunidade de estabelecer um diálogo producente e respeitoso com o Diretor de Demarcação de Terras Indígenas, doutor em direito e mestre em história, Manoel Batista do Prado Júnior, que nos recebeu em seu gabinete em nome da Presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, a advogada e ex-deputada Joênia Batista de Carvalho, indígena Wapichana, que não pode nos receber pois havia viajado naquele dia para Belém/PA para participar da Conferência do Clima COP30. 

E lá estavam reunidos a Prefeita de Brasilândia, que se fazia acompanhada do Secretário Municipal de Meio Ambiente e Turismo de Brasilândia, Carlos Alberto dos Santos Dutra, Carlito; o assessor do gabinete do Deputado Federal Geraldo Rezende, Daniel das Neves Gomes, que na ocasião externou a total boa vontade e compromisso do parlamentar pelo Mato Grosso do Sul Geraldo Rezende em intermediar no que for necessário em favor desta demanda do povo indígena Ofaié.

Também participaram da mesa, o assessor técnico do Departamento de Demarcação de Terras Indígenas, indigenista e mestre em direito Luís Filipe Trois Bueno e Silva e o assessor de Comunicação da Prefeita de Brasilândia, Alessandro Zioti. 

A audiência foi proveitosa e culminou com a entrega de um documento onde a Administração Municipal de Brasilândia formalizou sua solicitação para que houvesse o prosseguimento do processo de demarcação e posterior homologação da Terra Indígena Ofaié, cuja área de 1.937 hectares declarada como de posse permanente indígena pela portaria nº 264 do Ministério da Justiça ainda em 1992, fosse retomada a sua tramitação. 

Segundo o Secretário de Meio Ambiente de Brasilândia, Carlito Dutra, que é advogado, mestre em história e indigenista, e tem acompanhado a trajetória de luta do povo Ofaié há mais de 30 anos, o processo administrativo retomado pela Funai no ano de 2018 não obteve êxito em nível local, situação que foi agravada pela pandemia que inviabilizou muitos projetos no Brasil, entre eles o da demarcação deste povo. 

Com este gesto da nova Administração municipal de Brasilândia, numa clara demonstração de seu interesse em apoiar a regularização fundiária e demarcação administrativa da Aldeia Anodhi Ofaié, eis que agora renasce nova esperança para esta comunidade.

O compromisso assumido entre a Prefeita Márcia Regina do Amaral Schio, pelo município, e o Diretor Manoel Batista do Prado Júnior, pela Funai, foi de mútua cooperação. Sendo que o Município colocou-se a disposição do órgão federal oferecendo apoio logístico e técnico para o prosseguimento do processo de demarcação do território Ofaié.

Manifestando solidariedade à Cacica Ramona Coimbra Pereira, que tem o nome indígena Fokoi-Fuara Ofaié, e foi recentemente confirmada e eleita para o cargo de liderança máxima daquela comunidade indígena, o Município reconhece o protagonismo e a importância da expressão cultural e cidadã desta etnia primi ocupandi de Brasilândia e o muito que ela representa para a etnohistória local. 

Ao final da audiência a Prefeita e o Secretário de Meio Ambiente e Turismo de Brasilândia entregaram o livro "Ofaié, pelos caminhos da história" ao representante da Funai que comprometeu-se inteirar-se da questão retomando o processo de demarcação da terra Ofaié, garantindo a realização definitiva deste seu sonho.


Brasilândia/MS, 17 de novembro de 2025. 

Foto: Alessandro Zioti, Brasília/DF, 05/nov.2025



terça-feira, 7 de outubro de 2025

 

Os animais e sua proteção aos olhos da juventude.

Dia Mundial dos Animais é comemorado com palestra.





 

No dia 4 de outubro foi comemorado o Dia Mundial dos Animais, instituído em 1931 durante um congresso internacional de proteção animal que ocorreu em Florença, Itália. 

A data que foi escolhida coincide com a festa em homenagem a São Francisco de Assis, padroeiro dos animais e da ecologia. 

Aqui em Brasilândia, o Dia Mundial dos Animais foi lembrado pelos alunos da Escola Municipal Paulo Simões Braga no dia 6 de outubro e aconteceu de uma forma diferente. 

Neste dia, 37 alunos dos 4º e 5º anos, acompanhados das professoras, Marislei Aparecida Ferreira Ramos e Rozilene Aparecida de Lima e duas auxiliares, saíram cedo da escola localizada no Bairro João Paulo da Silva, de onde foram transportados pelo ônibus escolar até a Biblioteca da Indústria do Conhecimento do SESI, no centro da cidade. 

Foi um dia muito especial, pois ali participaram de palestras sobre os cuidados e proteção dos animais. Ali ouviram os palestrantes Carlito Dutra, que é Secretário de Meio Ambiente e Turismo; o senhor Nilson de Oliveira, diretor presidente da Associação Brasilandense de Fiscalização Ambiental-ABAFA, e a senhora Helen de Souza de Oliveira, Coordenadora do Núcleo de Vigilância Sanitária, da Secretaria Municipal de Saúde. 

E lá se encontram eles. Com olhinhos atentos ouviam os palestrantes falar que os animais sentem dor, sentem medo, sentem fome, sentem frio, e por isso precisam de cuidados básicos, o que é chamado de Guarda Responsável. 

Foi inspirador ver as mãozinhas dos alunos, de pouco mais de 10 anos de idade, pedindo para falar e narrar suas experiências no contato com os animais: --eu tenho um gato; --eu tenho um cachorro; --eu não deixo ele preso na corrente; --eu gosto de passear com meu cachorro... e assim por diante, todos interagindo com o tema. 

Um problema técnico no aparelho de projeção impediu que as imagens preparadas pelo Secretário fossem mostradas, o que exigiu maior empenho do palestrante, mas a participação dos alunos era tão intensa que a palestra em nada foi prejudicada. Cada um continuou falando e fazendo a sua pergunta, o que permitiu a condução tranquila das palestras até o final. 

Depois do Secretário ter falado, o representante da ABAFA falou aos alunos sobre o assunto dos maus tratos aos animais e o que pode ser feito nestes casos. Orientou os alunos a terem cuidado com cães soltos na rua, pois podem transmitir doenças ou serem violentos. No caso de maus tratos, sobretudo de violência física e abandono, foi-lhes dito que tal conduta é crime. 

As palestras prosseguiram com a exposição da representante do Núcleo de Vigilância Sanitária que distribuiu um folder aos alunos e abordou o tema relacionado aos cuidados que devemos ter com os animais, sobretudo em relação à saúde, mantendo-os vacinados e castrados, e levando-os regularmente ao veterinário para evitar doenças, como as zoonoses, que são doenças transmitidas dos animais para os seres humanos. 

Finalizadas as palestras, os alunos, ao voltar para a sua escola, não portavam cadernos e livros em suas mochilas, mas suas mentes encontravam-se repletas de ideias e informações. Entre elas, uma que lhes fazia coçar a cabeça de tanta curiosidade:

A sugestão que o representante da ABAFA havia semeado no coraçãozinho de cada um deles: a possibilidade de formar um grupo juvenil de defesa animal, a Abafinha, como ele chamou. Ideia que foi acolhida pelos alunos com um sorriso de expectativa e esperança em cada um deles. 

Brasilândia/MS, 07 de outubro de 2025.

 Fonte: Com informações fornecidas pela Profª. Leila Datore Schio, Biblioteca da Indústria do Conhecimento do SESI.

 





sábado, 4 de outubro de 2025

 

Feliz natureza Fernando Brandão!

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 




Às vezes, situações adversas nos aproximam de pessoas que se tornam, depois, parceiras; quando não, amigas. Com o mestre geógrafo Fernando Brandão assim se sucedeu. 

Hoje passados mais de 35 anos, no dia do seu aniversário, surge a ocasião ideal para parabeniza-lo e repisar o caminho trilhado, cujo destino nos aproximou. 

E cá estávamos nós, às voltas com a Companhia Energética de São Paulo-CESP, cujo padrão e expertise no ramo da concessão de energia elétrica era referência e ideal a ser seguido. Porém, encontrávamo-nos em polos opostos. 

De um lado, Fernando Brandão, funcionário da estatal intermediando as relações da empresa com a população ribeirinha da margem sul mato-grossense do rio Paraná, notadamente a jusante e a montante do Porto João André, em Brasilândia/MS. 

Do outro lado, Carlito Dutra, agente de pastoral do Conselho Indigenista Missionário-CIMI, vinculado à Diocese de Três Lagoas, obstinado na defesa dos direitos do povo indígena Ofaié que nesta época habitava a barranca, nas cercanias da Fazenda Cisalpina. 

O rumor das águas, prenúncio do enchimento do reservatório da hidrelétrica de Porto Primavera e a inquietude e temor da população atingida foram aproximando as forças do lugar no sentido de construir caminhos em busca do diálogo e o entendimento. 

Afinal, vidas e propriedades, sobrevivência e sonhos estavam em jogo. E algo precisava ser feito. Todo o esclarecimento e mediação no decorrer do conflito era bem-vindo. 

Sindicatos, associações, pastorais e lideranças políticas locais e regionais neste tempo dedicaram atenção àquela realidade desafiadora resultando em dezenas de reuniões, audiências e posturas reivindicatórias em busca de um acordo nas negociações que se estenderam por anos. 

Em meio a tanta divergência nas concepções e interesses propalados nos discursos oficiais e pela mídia, sempre pautados em planilhas de custos, indenizações e remanejamentos em massa, lá se encontravam os ribeirinhos firmes na esperança de poder serem ouvidos. 

Eram oleiros, pescadores, indígenas, agricultores, pecuaristas, rancheiros, comerciantes, piloteiros, minhoqueiros, agentes de turismo, estudantes e cidadãos que na barranca viviam. Esquecidos, a espera de alguma palavra de ânimo na esperança de que aquilo tudo não passava de um sonho. 

Foi essa motivação velada que aproximou os ideais destes dois personagens, tendo como pauta o rumo de um horizonte maior. Enquanto o processo de cadastramento e remanejamento da população ribeirinha acontecia, orientado pelos técnicos da CESP, eis que uma preocupação holística se tornou linguagem comum. 

Postulado uníssono -- a preocupação com a preservação do meio ambiente --, este tema passou a integrar peremptoriamente a pauta das reivindicações. Abriu-se, assim, uma réstia de luz nas colunas de concreto da barragem dando espaço para a natureza que passou a integrar o discurso e propósitos da CESP. 

Estudos realizados pelo historiador Carlito Dutra deram visibilidade aos indígenas Ofaié, que receberam atenção especial da concessionária elétrica paulista que lhes garantiu uma área de 484 hectares de mata nativa, que foi adquirida em área contígua ao território imemorial desta etnia nativa do lugar. 

Igualmente, estudos realizados pelo mestre geógrafo Fernando Brandão garantiram ao meio ambiente, através da criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural-RPPN Cisalpina, com 3.857 hectares, inserido num um santuário ecológico de 17.395 hectares de mata atlântica, preservado desde 1950 por Luigi Cantone e ribeirinhos da margem do rio Paraná e Verde que ali viviam. 

O meio ambiente e o município de Brasilândia têm muito a agradecer pelo que foi realizado pelos pioneiros da ecologia. Em especial, pelos feitos realizados na educação ambiental nos tempos áureos do Instituto Cisalpina, este nosso aniversariante que recebe nesta data nossas homenagens e esta singela lembrança. Feliz natureza Fernando Brandão de Andrade! 

Brasilândia/MS, 04 de outubro de 2025.

 

 

 





 

 

 








sexta-feira, 3 de outubro de 2025

 Edson de Oliveira Ribeiro e sua luz.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


Houve um Edison que era o segundo nome de Tomás, aquele que tornou a luz artificial ao alcance todos. O nosso ÉDSON é o nome primeiro de um respeitado cidadão de nossa cidade. Com o diferencial maior de ter trilhado este caminho de forma imanente... com sua própria luz.

Luz de uma vida cheia de encantos, rebentos e flores, envolto sempre numa aura de acalanto, temperança e simpatia conquistada desde o dia que aqui chegou. Essa era a imagem que ele transmitiu ao longo dos anos, e no dia-a-dia por onde andava.

As poucas vezes que contemplei seu rosto, a distância, sentado em frente à sua casa, ao lado da esposa e amigos, a impressão que ele deixou foram suficientes para concluir que ali se encontrava um ser humano alegre e feliz que suportou também lágrimas com firmeza e esperança.

Rosto de artista de cinema, era um homem afeiçoado de onde imanava uma fisionomia de tenacidade e segurança e, ao mesmo tempo, fragilidade e bondade. Filhos e netos que o rodeavam nestas horas, devem ter sentido o maior orgulho em poder ter estado ao seu lado naquelas tardes nostálgicas de alegria que empurravam as horas para o declínio do dia.

E lá estava ele como que entoando uma canção em silêncio, vendo a vida passar no rodado dos carros a sua frente e que contornavam a praça, e dentro deles, rostos conhecidos de quem, aos poucos, ele via esmaecer com o tempo.

Agora não são mais os carros e aqueles amigos que passam por ele, como outrora, que acenam. Agora é ele que contempla mãos espalmadas de filhos, esposa e netos que acenam gestos que lembram a palavra adeus.

O carro iluminado que o conduz agora se encontra cercado de flores e um luzeiro à frente lhe aponta o caminho do Céu, plasmando o caminho com pétalas de beleza e esperança.

Adeus papai, esposo e vovô Edson de Oliveira Ribeiro que hoje celebra sua Páscoa definitiva e se reencontra com os braços de sua família celeste.

 

Brasilândia/MS, 03 de outubro de 2025.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Donival: de mãos dadas com a fé.

Carlos Alberto dos Santos Dutra



Busquei a etimologia nos dicionários. Não encontrei. Nome singular, sem dúvida. Assim como a pessoa a quem o nome foi dado, tornando-a única, especial, singular. E com rosto de mulher de fé. 

Não, não vou contar a biografia desta senhora que nos deixou hoje. Até mesmo porque tenho pouco conhecimento de sua história e de sua vida. A não ser o fato de que era mãe de três jovens, hoje adultos profissionalmente realizados, aos quais modestamente oferto essas linhas de condolências e agradecimento. 

Ao vê-la na igreja hoje, rosto sereno, parecia dizer: --fique tranquilo, eu estou bem. Não contive no peito o aperto. 

E a lembrança de uma experiência de fé vivenciada com essa senhora há alguns anos. Também o seu sorriso me veio à mente. 

Sim, Donival Assis de Alencar não viveu somente uma vida de fé para si. Semeou um rastro de esperança por toda uma comunidade. Na vida de minha família, em particular, em duas ocasiões ela se fez presente. E agradeço a Deus por isso. 

Graças ao ministério conferido por Deus a essa mulher, Mãe, missionária, amiga, irmã e evangelizadora... Posso não ter as palavras certas..., mas ela era capaz de adentrar os lares levando alívio aos corações atormentados. 

Sim, foi isso que ela fez ao adentrar minha casa, num momento em que somente o amor e a compaixão seriam capazes de nos abrandar a alma. Minha mãe estava ao lado e minha esposa também. Foram minutos de oração, meditação e a clara certeza de que estávamos ali com uma enviada de Deus, pregando a paz, através da Palavra e o testemunho de irmãos. 

E lá encontramos Donival, silenciosa e confiante, percorrendo casas e os meandros da alma humana buscando levar o amor de Deus aos necessitados. Foi isso que percebi, foi isso que senti, foi isso que ela manifestava, levando a todos o Espírito Santo de Deus. Sempre respeitosa e com um sorriso nos lábios, era capaz de acalentar os corações dos aflitos e semear esperança onde havia desespero. 

Sem dúvida, uma mulher de fé. Uma mulher que era mais que um nome singular. Depois de cumprir o dever materno, dedicou-se a Deus e aos irmãos, sem esforço. Isso porque Deus há muito já lhe seguia os passos. Mesmo quando sombras lhe cruzavam o caminho, lá estava ela, confiante na força do Alto, tocando a vida, tornando novo o desgastado cotidiano, sem jamais desanimar. 

O mundo evangélico, em especial, perde uma grande missionária da Palavra e do exemplo. Para além de todas as denominações confessionais que nos rodeia, ela conquistou o respeito e admiração de todos os cristãos. Por isso descansa em paz. E o encontro da comunidade na sua partida, apesar da dor, confortou a todos. No fundo, todos confiam que ela foi ao encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem dedicou a vida. 

No dia do seu passamento, os anjos do céu tiveram pouco trabalho para acompanhar seu cortejo pois seu espírito de luz, decerto, fluía em direção ao Pai celestial: E o seu perfume, com o brilho da Graça que havia semeado ao longo da vida, plasmou de inspiração ambas as margens do seu caminho. Caminho que ela mesma foi trilhando, com sorriso, paciência e seu jeito, sempre de mãos dadas com a fé, a esperança e a caridade. E com os olhos fixos no Senhor... 

Para Roberta, Katiuska e João Luiz. Parentes e amigos.

 

Fonte: Publicado originalmente em 02.Fev.2017, https://institutocisalpina.org/donival_de_maos_dadas_com_a_fe.html; e em https://www.carlitodutra/donival_de_maos_dadas_com_a_fe.html, publicado em Dutra, C.A.S. Quando eu me chamar saudade, Vol.1, 2021, pág. 48. Disponível em Quando eu me chamar saudade, por Carlos Alberto dos Santos Dutra - Clube de Autores

 

  

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

 

Feliz Aniversário, Helena Evole

Carlos Alberto dos Santos Dutra

Hoje é o aniversário de Helena, minha primeira afilhada. Tempo de rever guardados e fortalecer laços do presente e do passado. 

Convidado pelo mano João e a doce  e gentil Vera, lá estava eu, desajeitado, em ato sublime, com aquele tesouro nas mãos. Para a alegria dos pais, avós e tios, era a chegada celeste de um anjo que rufou suas asas sobre nós. 

E cresceu leve, suave e forte como que deslizando entre brumas com olhinhos muito negros a espreita dos segredos de uma vida que recém começava.

E eis que a vejo aqui olhando, mirando para o alto. Festa de aniversário de minha filha Laura. Todos reunidos, crianças da mesma idade.  

Com seu olhar e atenção contemplava tudo e a todos buscando alcançar mais alto. Pode parecer impressão, mas ali selaste o destino: não serias uma igual. Eras um ser especial, divino. E que os deuses a queriam para o orgulho dos pais, da família e do padrinho.

Tive a certeza então --uma desculpa para a ausência, e aqui me penitencio por tanto tempo distante, não a vendo crescer, uma palavra sequer --, sabia que estavas em boa companhia. 

Muito bem cuidada, numa aura de paz. E uma espiritualidade que conforta saber que crescias sábia em valores e fé. Isso muito deve alegrar a jovem que hoje adulta está vendo o mundo como ele é, destituído do glacê e figuras infantis na parede de uma festa de aniversário que ficou para trás. 

Os olhos marejando dos mais velhos, e ainda assim, teimando em dizer que aquele foi, senão o melhor, tempo bom que vivemos quando estavas perto sob o calor do abraço com seu sorriso infantil. 

Feliz aniversário sobrinha e afilhada lutadora. Combata e continues lutando por teus ideais. O mundo é um grãozinho de areia aos olhos do Pai e não menos importante é o que esse minúsculo ser que somos representa no meio de um deserto e da multidão. 

É o brilho deste e de muitos outros grãozinhos que se somam sob a luz do Sol que tornam o chão espelhado. Não importa de qual ponto da galáxia. São luzes que iluminam os viajantes e os desconhecidos pela escuridão da vida no rumo dos sonhos. 

Brilhe, moça! Brilhe senhora. Ofusque o opressor com a espada, se preciso, em favor da Justiça. Proclame a Verdade e a Paz contra toda a tirania, mas nunca percas a ternura daquela que um dia também soube brincar e sorrir. 

Continues alegrando a todos que a amam: pais, amigos, parentes e a natureza, como também a esse tio orgulhoso de vê-la galgando o degrau de causas maiores sem perdê-la do alcance de sua mão. Que Deus a abençoe pela vida que vives e faz viver. Feliz Aniversário! 

Brasilândia/MS, 29 de setembro de 2025. Publicado originalmente em 29 de Setembro de 2012.



sexta-feira, 26 de setembro de 2025

 

Arara canindé, a ave símbolo de Brasilândia.

Carlos Alberto dos Santos Dutra






Surpreendente. Estou maravilhado. A repercussão de um simples artigo num blog de poucos leitores e postado no desprezado Facebook, com o impulso de algumas mensagens enviadas à amigos pelo whatsapp, e eis que em cinco dias, chegamos a casa 321 internautas locais que acessaram o blog https://carlitodutra.blogspot.com/2025/09/vamos-escolher-uma-ave-simbolo-para.html demonstrando que leram o artigo “Vamos escolher uma ave-símbolo para Brasilândia?”, e se posicionaram.

E mais. Destes, 101 responderam a pergunta sugerindo qual ave seria a ave-símbolo para o nosso município. O gráfico gerado pelo link Ave-símbolo para Brasilândia - Formulários Google apontou como resultado 65% da preferência para a Arara canindé; em segundo lugar ficou a ave Seriema, com 9%, e em terceiro, o Mutum, com 6% da preferência brasilandense. Muito votaram no próprio blog apontando a sua ave predileta. Nesta modalidade também elegeram a Arara canindé como a ave-símbolo de Brasilândia.



Os entrevistados tiveram também a oportunidade de dar sugestões culturais para o poder público. Foram 25 respostas: 

Um pediu Festival Cultural com apresentações de música sertaneja de raiz, catira, danças típicas, artesanato, comidas regionais como arroz carreteiro, ossada e tereré

Outro escreveu: Secretário, pensei na criação da Semana do Patrimônio e da Memória Viva, um evento que resgate a história de Brasilândia com exposições, relatos e oficinas culturais. O senhor, como verdadeira memória viva do município, teria papel central nesse movimento de valorizar nossas raízes e fortalecer a identidade da comunidade.

Maravilha ver a participação do povo querendo ver o nosso município brilhar com suas próprias cores. E prosseguiram: Como a Cultura de Brasilândia é rural, engloba os patrimônios materiais e imateriais, como práticas e costumes, decorrentes das atividades produtivas e da vida no campo, que incluem a agricultura, pecuária e extrativismo. Entendo que seria interessante o desenvolvimento da cultura de rancharia. E seus derivados

Outro propôs Criar um roteiro cultural, com passeios pelos pontos turísticos feita para os alunos da escola públicas de Brasilândia. E mais árvores precisamos de mais verde. Poderia ter a opção também para os animais silvestres como: tamanduá, capivara, onça pintada ou até mesmo um peixe.

O sonho de ver este lugar como o mais lindo do mundo contagiou muito os cidadãos internautas. Pode-se pensar cada praça da cidade, colocar símbolos dos animais da nossa região. Monumentos históricos do povo Ofaié. Colocar o Tatú Canastra e o Cervo Macho e a Fêmea que vive aqui na nossa Reserva Cisalpina para serem vistos por TODOS através de um tipo de posicionamento tal como um Totem com um Tutorial norteador para nossa nova Linguagem de Cultura municipal de Preservação da Natureza iniciada pela nossa nova Gestão junto a Criação da Secretaria do Meio Ambiente local.

Ah. São tantas sugestões que surgiram que é impossível guarda-las no esquecimento de uma gaveta governamental. Urge ganhar o espaço legislativo ganhando projetos, leis, eventos, paixão...

Tornar a cidade dos ipês, plantando diversos pés desta árvore pelo município. Organizar exposições culturais com maior visibilidade. Incentiva de eventos que distribuem mudas de Ipês para plantar pela cidade com objetivo de atrair mais turistas na época de floreio. Sugestão pessoal: começar o plantio pela avenida principal da cidade, deixando mais rica e colorida.

Ao final do formulário foi oportunizado aos entrevistados, facultativamente, identificarem-se. Foram 50 respostas. Elencamos seus nomes como uma forma de agradecimento e louvor ao empenho e carinho a todos aqueles que desejam uma Brasilândia mais bonita e que cause orgulho a todos de nela viver.

Parabéns e obrigado Alessandra Ribeiro; Serginho Duoro; Roberta; Léo; Felipe Augusto Souto; Marcela de Almeida Silva; Marcos Augusto Freire; Izaura de Souza Vicente; Marga Ramos; Claudia Regina Ferreira; Jane; Luís; Paulo Ladeia; Maizza; Adriano; Zélia da Silva Santos; Maristela Castilho Leoncio da Silva; Geralda Aparecida de Lira Pedroso; Tainá Santos de Oliveira; Claudenice dos Santos Batista; Jorge Luís da Silva; Prof. Elias; Aparecida Vicente Gomes; Daiane Cristina; BrasArara; Brasadé; Silvano de Moraes de Souza; Valeria; Léia Diogo; Carlos Rodrigues; Helen Oliveira; Denise; Artur Mendes da Silva; Vânia Maria; João Cleber de Lima Souza; Jhenifer Ragnaroni; Ana Flávia; Rísia Castro; Andrea Marques; Maria Angélica; Professora Cristian; Pedro Henrique Coutinho do Vale; Vilma Galli Dutra; Daniele; Silvana Silvestre; Gabriely Costa; Elza Ferreira dos Santos; Jair Bezerra Xavier; Odete Noronha; Cris; Thais. Salve a Arara canindé, a ave-símbolo de Brasilândia!


Brasilândia/MS, 25 de setembro de 2025.

Foto: Carlito Dutra/1996