Um olhar, uma fotografia, uma lembrança
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Escrever sobre o passado a partir da memória impõe ao
escritor um duplo desafio. O de se manter fiel à história e ao mesmo tempo abrir
espaço para a sua interpretação, no mais das vezes realizada pelos próprios
personagens e protagonistas que a construíram.
E lá estão as lembranças plasmadas em contos, causos e histórias eivadas de significados às vezes incompreensíveis ao visitante e
pesquisador desavisado dos costumes e signos locais.
Entre o apanhado de recortes de jornais, entrevistas e
depoimentos espontâneos dos cidadãos -- muitas vezes sem consciência do alcance desta
sua contribuição para a posteridade --, estão também as fotografias antigas.
Ah, as fotografias...
E elas falam. Às vezes em silêncio,
estanques, plasmando no tempo e no espaço aquele flash de vida e movimento do passado que
aconteceu e perenizou na memória. Outras vezes, quando provocadas, dialogam e respondem às perguntas certas que fazemos.
A fotografia em apreço é dos anos 1970 e originalmente está
em preto e branco. Graças ao recurso da tecnologia, damos-lhe cores e eis que a
vida experimentada naquele momento salta do papel e invade o coração do
observador.
Pedindo licença poética aos personagens, alguns deles já
saudosos, o contexto vai tomando forma e invadindo o ambiente ruidoso de um evento estudantil festivo que envolve a todos, revelando sua beleza.
A cerimônia acontece na Escola Municipal Arthur Höffig e reúne professores, alunos, pais, mães, avós e comunidade. Também lá estão as autoridades
municipais da época, do Executivo e do Legislativo local.
O município que vive seu primeiro lustro de emancipação
político administrativa faz daquele evento o momento mais importante de sua
vida contagiando o ambiente e o coração dos presentes.
E não era para menos, naquele dia a escola vive, salvo
engano, sua primeira formatura de 4ª série, onde o rosto daqueles jovens e seus primeiros madrigais sorri para o futuro que desponta a sua frente transformando o evento num verdadeiro
salão de festas para o povoado que emergia.
Entre os formandos agraciados com os louros da merecida vitória,
dois olhinhos brilhantes de uma jovem, de apenas 13 anos de idade, naquele dia pestaneja de alegria e contentamento.
Diante de si estava, entre outros, aquele a quem a menina mais amava: seu pai. Joaquim Cândido da Silva era o seu nome.
Figura pública de destaque na condição de vice-prefeito (de Julião de Lima Maia) também deixou sua marca na história como vereador na segunda legislatura da Câmara Municipal de Brasilândia.
No plano pessoal, sempre acompanhou a caminhada da filha, desde seus primeiros passos até a educação escolar. E esse era o maior motivo de sua felicidade: estar ao seu lado. Tinha tudo para sentir orgulho naquele momento.
Diante de si estava, entre outros, aquele a quem a menina mais amava: seu pai. Joaquim Cândido da Silva era o seu nome.
Figura pública de destaque na condição de vice-prefeito (de Julião de Lima Maia) também deixou sua marca na história como vereador na segunda legislatura da Câmara Municipal de Brasilândia.
No plano pessoal, sempre acompanhou a caminhada da filha, desde seus primeiros passos até a educação escolar. E esse era o maior motivo de sua felicidade: estar ao seu lado. Tinha tudo para sentir orgulho naquele momento.
A objetiva atenta do fotógrafo Abel Oliveira, o primeiro desta profissão em Brasilândia, eterniza aquele momento
de beleza e sensibilidade raras fazendo o registro da cena ontológica. E amplia seu olhar para outras duas personagens
históricas da municipalidade.
Ao lado do pai da formanda Áurea Cândido da Silva, lá está o 4º prefeito de Brasilândia, Julião de Lima Maia e o jovem vereador Adilson Alves da
Silva que viria ser prefeito sete anos depois.
O quadro está completo e a fotografia, depois de 44 anos,
repousa sobre a mesa da aluna professora que recorda. É como se novamente entrasse
naquela escola e revisitasse uma a uma as carteiras de madeira simples que
alimentaram o saber de cada um dos colegas de turma que por ali passou.
As recordações rodopiam ao sabor da nostalgia do vento. Cheias de gratidão às prestimosas Glorinha Leal e Profª. Maria José, pelo esmero e cuidado com o cabelo e a leve maquiagem que adornou a aluna.
E o cartaz ainda resiste, cheio de saudade, em homenagem ao Dia dos Pais rabiscado em 10 de agosto de 2014 pela mesma menina que num dia especial de sua vida recebeu da primeira escola de sua cidade a chave do conhecimento para conquistar o sucesso e a felicidade.
E o cartaz ainda resiste, cheio de saudade, em homenagem ao Dia dos Pais rabiscado em 10 de agosto de 2014 pela mesma menina que num dia especial de sua vida recebeu da primeira escola de sua cidade a chave do conhecimento para conquistar o sucesso e a felicidade.
Parabéns aluna Áurea Cândido da Silva. Obrigada professora Áurea Cândido da Silva por contribuir para o resgate da história e memória da Cidade Esperança.
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