sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

 

O teatro amador de Brasilândia e a fé.

Carlos Alberto dos Santos Dutra



A arte da representação sempre acompanhou os passos da humanidade desde o velho continente até o chamado Novo Mundo. Isso também não seria diferente por aqui, entre os cerrados da margem direita do Rio Paraná até as bordas do Verde, Taquaruçu e Pardo.

Um exemplo vivido pela Cidade Esperança foi a realização do Concurso Literário que brindou a população de Brasilândia num período de dez anos, com lindas apresentações artísticas, sobretudo das artes cênicas, por alunos cheios de talento e criatividade.

No seio das Igrejas também foi um tempo em que floresceram grupos de teatros e de representações que, associados aos valores da fé, manifestaram com vigor o quanto de beleza e arte por ali, igualmente, afloravam pelos campos do Senhor.

Consta ter existido em Brasilândia um grupo de teatro amador ligado à Igreja Católica que no ano de 1990 e seguintes passou a fazer apresentações, sobretudo de cunho religioso nas Semanas Santas encenando passagens bíblicas desde o Natal à Paixão e Morte de Jesus Cristo, Domingo de Ramos, Celebração de Lava-Pés, Vigília Pascal e Páscoa, entre outras. Participavam do elenco conforme o tema apresentado especialmente os jovens da Paróquia Cristo Bom Pastor e convidados.

Vinte anos, antes, entretanto, o germe da inovação e criatividade já havia sido lançado. Uma fotografia de rara beleza, gentilmente fornecida pela Profª. Áurea Cândido que, com dedicada atenção e cuidado, nos dá uma demonstração do talento, que vem de berço, que Brasilândia sempre possuiu.

Tratava-se de uma celebração ocorrida na igreja matriz, da Paróquia Cristo Bom Pastor, por volta dos anos 1970 ou 1972, onde jovens da comunidade local, em procissão, participam de uma cerimônia representando os doze apóstolos, paramentados em vestes litúrgicas próprias do tempo quaresmal, todos postados durante a encenação.

E lá estavam eles, alguns ainda muito jovens, porém todos atentos e compenetrados naquele gesto simples e ao mesmo tempo de significado sacro, de fé e de valor histórico.

De pé estavam: José Luiz Rodrigues da Silva, que mais tarde iria se transformar num dos maiores ícones do esporte brasilandense. Ao seu lado, Valdivino dos Santos, artista, pintor e professor; e o Prof. José Arnaldo da Silva, que viria a fundar a primeira Associação de Professores de Brasilândia, germe primeiro do SIMTED local.

Também o Chicão Preto, que a memória nos foge de seu nome verdadeiro; o Prof. Manuel Barbosa, e o Ariobaldo Carlos de Oliveira, popular Badim, instrumentista e maestro da primeira banda musical depois fanfarra, antes de vir a brilhar no futebol glorioso do BAC e outros times.

Sentados, encontramos ainda o mais novo de todos, José Dantas da Silva, popular Zé do Lila; ao seu lado, Odair CrepaldiFlorisvaldo Mendes, popular NegoAntônio de Oliveira Silva, popular TicoCarlos Roberto de Oliveira Silva, popular Berto, e Aderbal Marques, que era sobrinho do primeiro prefeito de Brasilândia, José Francisco Marques Neto.

Tanta saudade. No álbum de fotografias dos dias, encontramos, tempo depois, novamente a participação da juventude na vivência da fé e demonstração de desprendimento em momentos cruciais do calendário litúrgico cristão.

No ano de 1985, no primeiro ano de presença pastoral na Paróquia Cristo Bom Pastor, do padre Lauri Vital Bósio, durante a celebração de Domingo de Ramos ocorrida no dia 31 de março, eis que percorria pelas ruas da cidade, no lombo de um jumento, simbolizando a entrada triunfal, e ao mesmo tempo humilde de Jesus Nazareno, o ainda jovem Irineu de Souza Brito, participante do Grupo de Jovem da Paróquia, acompanhado de uma procissão de fiéis.

Correm os anos e, novamente, encontramos outra manifestação do povo na Sexta-Feira Santa, ocorrida no dia 24 de março de 1989, quando os fiéis católicos fizeram sua via-sacra pelas ruas da cidade finalizando a trajetória com a encenação da crucificação de Jesus Cristo, representado na ocasião pelo jovem Ti Carlo, outro talento entre tantos que a cidade viu surgir e que um dia brilharam marcando os feitos de sua história...

 

Sobre este e demais temas ligados ao Patrimônio Cultural de Brasilândia confira a coleção História e Memória de Brasilândia/MS - Volume II – Patrimônio que se encontra disponível na Biblioteca Municipal Profª Abadia dos Santos, de Brasilândia.

 

P.S. Em breve este Volume II-Patrimônio, da coleção História e Memória de Brasilândia/MS, estará sendo distribuído pela Câmara Municipal às escolas, bibliotecas, instituições e entidades de nossa cidade.

  

Fonte: História e Memória de Brasilândia/MS. Volume II – Patrimônio, página 248-249; 

Fotos: Cortesia Profª. Áurea Cândido, 1972 / Color My Heritage; Lauri Vital Bósio (in memoriam), 1982; 1987; 1989.









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