sexta-feira, 14 de julho de 2023

 

Enrico Caruso - Sorrento

Escrita por Lucio Dalla no verão de 1986 e publicada em outubro desse mesmo ano no álbum "DallAmeriCaruso".



Lúcio Dalla teve seu barco quebrado em Sorrento, (Itália) e para poder hospedar-se havia disponível somente um luxuoso apartamento no Grand Hotel Excelsior Vittoria, onde o famoso tenor italiano Enrico Caruso havia vivido os dois últimos meses de sua vida e no qual foram conservados intactos seus livros, suas fotografias e seu piano.

Ângelo, que tinha um bar no porto, contou a Lúcio esta história... e ele a presenteou ao mundo como música. 

Caruso estava doente de câncer na garganta e sabia que tinha os dias contados, mas isso não o impedia de dar lições de canto a uma jovem de quem estava enamorado.

Uma noite de muito calor não quis renunciar em cantar para ela que o olhava com admiração, então mesmo estando mal, fez levarem o piano ao terraço que dava para o porto e começou a cantar uma apaixonada declaração de amor e sofrimento.

Sua voz era potente e os pescadores, ouvindo-o, regressaram ao porto e ficaram ancorados sob o terraço. As luzes das barcas eram tantas que pareciam estrelas ou talvez as luzes dos arranha céus de Nova York... 

Caruso não perdeu as forças e continuou cantando mergulhado nos olhos da moça apoiada ao piano. Essa noite seu estado piorou. Dois dias mais tarde, 2 de agosto de 1921, morria aos 48 anos em Nápoles, cidade em que havia nascido em 25 de fevereiro de 1873. 

Esta canção narra o drama dessa noite... com luzes e sombras do passado... com morte e vida... Um homem enfermo que busca nos olhos da mulher um futuro que já não existe... Um testamento de amor... Esse foi seu último concerto... a esse seu excepcional público... o mar, as estrelas, os pescadores, as luzes das barcas e sua amada...


CarusoTradução.

“Aqui onde o mar brilha e sopra forte o vento, sobre um velho terraço, em frente ao golfo de Sorrento. Um homem abraça uma garota, depois de ter chorado. Depois se limpa a voz e recomeça o seu canto.
Gosto tanto de você, mas tanto, sabe? É uma corrente que dissolve o sangue dentro das veias, sabe.

Viu as luzes no meio do mar, pensou nas noites lá na América, mas eram só as lâmpadas e a branca faixa de uma hélice

Sentiu a dor na música, se levantou do piano, mas quando viu a lua sair de uma nuvem, e a morte lhe pareceu  mais doce. Olhou nos olhos da garota, aqueles olhos verdes como o mar, depois, de improviso saiu uma lágrima e ele acredita se afogar.

Gosto tanto de você, mas tanto, sabe? É uma corrente que dissolve o sangue dentro das veias, sabe.

A potência da música, onde cada drama é uma mentira e que com um pouco de truque e com a mímica pode tornar-se uma outra coisa. Mas os dois olhos que lhe olham, assim de perto e verdadeiros, lhe fazem esquecer as palavras, confundindo os pensamentos.

Assim, tudo se torna pequena, até mesmo as noites lá na América. Se vira e vê a sua vida como a faixa branca na agua feita por uma hélice.  Mas, sim é a vida que termina, mas ele não pensou tanto nisto, pelo contrário se sentia já feliz e recomeçou o seu canto

Gosto tanto de você, mas tanto, sabe? É uma corrente que dissolve o sangue dentro das veias, sabe.”

 Fonte:

http://marcionicolacebueno.blogspot.com/2012/04/homenagem-enrico-caruso-por-dalla.html acesso em 14/07/2023.

https://www.sandrasantosporai.com/caruso-em-sorrento-um-terraco-dedicado-a-lucio-dalla/




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