sábado, 1 de julho de 2023

Espiritualidade e Religião sob o olhar de Teilhard de Chardin

Carlos Alberto dos Santos Dutra


As palavras iniciais são de Rafael Gomide e nos fala de um livro que na sua juventude lhe chamou atenção: O Fenômeno Humano, de autoria do padre Pierre Teilhard de Chardin, filósofo, teólogo e escritor francês (1881-1955)

Ele conta que um dia, quando já estava na faculdade resolveu abrir o tal livro. Ele acabara de discutir com um padre da PUC sobre um determinado conceito religioso e a disciplina se chamava O Homem e o Fenômeno Religioso.

Sua história se assemelha em parte com a trajetória deste articulista que, também, no seu tempo de teologia, começava a questionar, por vários motivos, as diversas religiões, não só a que herdara por tradição de meus pais.

Foi o primeiro contato então com o pensamento deste filósofo, e logo com sua obra-prima. E descobriu que Teilhard também era paleontólogo! Um padre jesuíta que tentava unir suas crenças à ciência. Não havia seminarista que não se identificasse de cara com aquele pensamento.

Em síntese, das ideias deste autor, desnecessário lembrar, quando ele era vivo, que as autoridades da Igreja Católica romana não autorizaram a publicação de muitos de seus escritos no campo da filosofia e da religião. A ideia da evolução da matéria originária até o homem como um impulso de Deus, que põe em movimento o vir a ser do mundo, nunca foi bem digerida pela Igreja.

Sabe-se que esse padre entendia que a religião (ou as religiões) deviam colaborar com a ciência, pois só assim a humanidade encontraria sua verdadeira unidade. Para ele, em essência, o ato de Deus é como um imã que faz sair as coisas do nada, atraindo-as para Ele, sendo isso que faz o mundo evoluir.

É, entretanto, o capítulo da espiritualidade que encontramos relevo para o que ele escreve. E onde Rafael Gomide compartilha, no seu Canal de Espiritualidade, algumas diferenças entre Religião e Espiritualidade, que reproduzimos abaixo:

“A religião não é apenas uma, são centenas; a espiritualidade é apenas uma. A religião é para os que dormem; a espiritualidade é para os que estão despertos. A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer; a espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior. A religião amedronta; a espiritualidade dá Paz Interior.

A religião não é Deus; a espiritualidade é Tudo e, portanto, é Deus. A religião é humana; a espiritualidade é Divina. A religião é causa de divisões; a espiritualidade é causa de União. A religião lhe busca para que acredite; a espiritualidade você tem que buscá-la. A religião se alimenta do medo; a espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé. A religião faz viver no pensamento; a espiritualidade faz Viver na Consciência.

A religião se ocupa com fazer; a espiritualidade se ocupa com Ser. A religião nos faz renunciar ao mundo; a espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele. A religião é adoração; a espiritualidade é Meditação.

A religião vive no passado e no futuro; a espiritualidade vive no presente. A religião enclausura nossa memória; a espiritualidade liberta nosso coração e mente. A religião promete para depois da morte; a espiritualidade é encontrar Deus durante a vida.

Segundo Teilhard de Chardin, não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual; somos seres espirituais passando por uma experiência humana…”.


 Brasilândia/MS, 1º de julho de 2023.

 



Foto: https://makia.com.br/a-diferenca-entre-espiritualidade-e-religiao/ Fonte: Rafael Gomide. Arte & Espiritualidade, 13 de julho de 2018. https://artecult.com/a-spiritualidade-de-teilhard-de-chardin/ DUTRA, C.A.S. Razão e utopia, textos rebeldes. 2. Ed. Brasilândia, Edição do Autor, 2016, p. 213s.

Ler também: Missa sobre o mundo. Missa sobre o mundo... (Pe. Teilhard de Chardin sj) | - TERRA BOA -

 

 


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