A conversão e
os sinais de Deus na nossa vida.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
A nossa vida é sempre rodeada de sinais. Frutos de nossas escolhas, eles estão a nossa volta nos apontando rumos, explicando trajetos percorridos, nos animando e dando um sentido para nossa existência e de toda a humanidade.
Isso acontece com todos: os pintores, ao deitar os olhos sobre as cores da parede, observando a textura e a tonalidade que foi usada; as cozinheiras, ao adentar um ambiente logo percebem o aroma do tempero que está sendo usado no preparo do alimento; o mecânico, ao caminhar pela rua, logo o ouvido acusa uma determinada falha no motor do veículo que passa ao seu lado.
E assim por diante. Todas as pessoas, de diferentes forma, sempre se veem rodeadas de sinais e conhecimentos a elas inerentes e que as faz interagir com o mundo. É como se aquilo lhes mostrasse que estão vivas, são capazes e têm um lugar na comunidade onde vivem; tornam-se pessoas, cidadãs, se sentindo parte de um todo maior que lhes garante conforto e autoestima. Mais do que um emprego ou uma fonte de renda, sentem-se realizadas e úteis ao meio social onde construíram suas histórias.
A pergunta
que fazemos agora é: E os sinais de Deus nas suas vidas? Quando é que percebemos
Deus a nossa volta?
Há quem possa dizer que, tal qual ao poeta, toda vez que elevamos nosso olhar para um pássaro voando ou um imenso jardim de flores silvestres, estamos vendo os sinais de Deus aqui na terra.
Sim. Ele se manifesta, desde a criação, de forma maravilhosa, esplendorosa, grandiosa, para os olhos e enlevo de nossas almas. Porém, nem sempre nos deixamos tocar por esse cenário bucólico e ambiente de paz, luz e generosidade divina que ele deita sobre nós.
Isso porque insistimos em dissociar a Vida daquilo que seria o essencial para todos que buscam vivê-la em plenitude. Sim, pode-se dizer que Ele, o Filho de Deus, veio justamente para propor reconectar, através da Conversão, esta humanidade perdida. Da mesma forma que também pode-se dizer que Ele, o Servo Sofredor, morreu na Cruz para Redimir esta mesma humanidade de todo o pecado. De onde se pode concluir que a Redenção está intimamente ligada a Conversão. Ou seja, se guardarmos a Lei de Deus, nos convertendo e nos arrependendo de nossos pecados, seremos redimidos e salvos pela Expiação e Ressurreição de seu Filho, Jesus Cristo.
A conversão e o arrependimento, portanto, são as chaves do Paraíso. Desde o jardim chamado Getsêmani, onde Jesus fez sua derradeira Oração, Ele começou a pagar pelos nossos pecados, dispondo-se a sofrer por nós, para que vivêssemos... desde que nos arrependêssemos. O arrependimento, portanto, é o caminho para a vida eterna.
Iniciamos este texto falando em sinais e agora falamos em arrependimento. E foi por um motivo: mostrar que precisamos aguçar nossos sentidos para perceber os sinais de Deus na nossa vida e a Ele devotar a nossa confiança, testemunho e fé, nos arrependendo de nossas faltas e culpas, fraquezas e egoísmos, ódios e vinganças, descuido e desrespeito com a vida. Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3,15).
Por isso os sinais
a nossa volta são tão importantes para a saúde e o futuro de nossas almas. Almas
que suspiram a grandeza e o refrigério do infinito, do poder e da graça de
Deus. Plenitude que nos transporta além das necessidades e vaidades terrenas e
nos arrebata aos braços de um Pai e Mãe celestes e generosos que lá do céu
acompanham nossos passos.
Por isso a percepção dos sinais é importante para o nosso bem estar espiritual e nossa missão aqui na terra. Os bens materiais, necessários à sobrevivência, somos capazes de alcançar, com nosso esforço e trabalho. Capazes somos até mesmo de alcançar a fartura dos bens de consumo, saúde, educação e lazer.
Mas e os bens espirituais? Aqueles que nos motivam e inspiram o nosso viver? Na ordem do dia, onde se encontra o rosto de Deus? Será um Deus que nos mostra o caminho e enche nossa vida de alegria e esperança? Onde vejo este rosto de Deus misericordioso que me ama e zela pelos meu passos, quando caminho pela rua? Quais são os sinais de sua presença que percebemos pulsando dentro do peito e pensamentos sempre ocupados?
Perceber os sinais de Deus no cotidiano, configura um dos maiores desafios do cristão hoje. Isso porque nossa atenção cada vez mais se torna difusa, caminha em todas as direções, tal qual uma rosa dos ventos, que aponta para uma realidade tão diversificada de ritmos e valores tão divergentes que nos perdemos no labirinto da técnica e da desinformação.
E não percebemos mais os sinais de Deus que aos poucos vão se esmaecendo. Quando muito sentimos uma leve sensação de sua presença quando dobramos o joelho diante do tabernáculo, no templo, aos domingos, celebrando a Eucaristia, renovando e relembrando o Sacrifício que Ele fez por todos nós. E achamos que isso é tudo. Ao sairmos dali, quase que tropeçando no mendigo estirado na porta da igreja, seguimos em frente nossa vida, cegos e moucos aos sinais de Deus que nos acompanha desde há muito, desde o nosso batismo.
Redescobrir
os sinais de Deus na nossa vida e no ambiente onde vivemos é o desafio do tempo
que se chama hoje. Quando vemos tantos sinais de destruição e grito de dor de
irmãos, tocados pela força da natureza que se rebela dos maus tratos que têm
sofrido pelas mãos do chamado progresso, percebemos que os sinais de Deus
precisam ser urgentemente restaurados em nossas vidas. Antes que o som da
trombeta anuncie a chegada do fim dos tempos, é necessário que retomemos as
lições antigas do Catecismo e da Fé: do amor ao próximo e o zelo pela vida. Que eles
sejam as prioridades para a barca que nos levará todos para o Céu. E que Deus
tenha misericórdia de todos nós.
Brasilândia/MS,
14 de maio de 2024. Dia de São Matias, aquele que foi escolhido para substituir
o apóstolo Judas Iscariotes, o traidor (Atos 1, 15-26).
Foto: Conversão
Diária - Parte 1 | Diocese de Valadares (diocesevaladares.com.br)
Mano
ResponderExcluiré verdade, enquanto lia a mensagem, refletia e associava as imagens da tragédia atual aqui no nosso estado do Rio Grande do Sul, quanta gente ajudando tanta gente... seria uma oportunidade ou um sinal para que possamos exercer os princípios e mandamentos ensinados por Deus? ''...percebemos que os sinais de Deus precisam ser urgentemente restaurados em nossas vidas. Antes que o som da trombeta anuncie a chegada do fim dos tempos, é necessário que retomemos as lições antigas do Catecismo e da Fé: do amor ao próximo e o zelo pela vida. Que eles sejam as prioridades para a barca que nos levará todos para o Céu.''
Bela reflexão nessa mensagem...
Obrigado mano.
Bela e necessária reflexão.👏👏👍
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