sábado, 11 de maio de 2024

 

O grito de dor e lágrimas... da mãe natureza

Carlos Alberto dos Santos Dutra

 



As recente inundações às cidades do Rio Grande do Sul provocadas pelas chuvas torrenciais que causaram o transbordamento dos rios do Estado – Rio Uruguai, Taquari, Jacuí, Guaíba, Ibicuí, dos Sinos, Caí e  tantos outros –, que devastaram cidades inteiras, levando tudo por diante, arrombando barragens, diques e comportas de contenção, deixam, não somente um mar de prejuízos pelas perdas materiais e lágrimas pelas vidas que as águas levaram, mas também deixa uma lição que relutamos em aprender, porém, que jamais deveríamos esquecer.

É certo que outras catástrofes como essas, de tempo em tempo acontecem em alguma parte do país e também em diversos continentes; notícias que nos chegam todos os dias fazendo com que, aos poucos, vamos nos acostumando com elas – sobretudo quando atingem os outros e não a nós mesmos. Poucos se dão o trabalho de se perguntar: Por que isso acontece cada vez com mais frequência?

Esses reclames da natureza, para os desavisados -- é bom que saibam --, o que acontece hoje no Rio Grande do Sul, e que já aconteceu em outros estados do Brasil, é uma clara sinalização de que os recursos naturais estão exaustos. A natureza precisa de fôlego, precisa de oxigênio, precisa de descanso, para se recompor. Desde a atmosfera, as águas e a terra precisam respirar e seguir o seu curso natural, sem interferência do homem, numa tarefa solitária que só ela pode e deve empreender.

De uma vez por todas temos de tomar consciência – pela dor, sobretudo, já que pela ciência e o conhecimento, não o fazemos --, de que nós somos  hóspedes, transitórios, portanto, deste imenso e, ao mesmo tempo, finito planeta. Tempo para os senhores donos do mundo, do capital e da terra, olharem menos para o alto de seus arranha-céus, estratégias de guerra e vida extraterrestre, e deitar suas preocupações e esforços técnicos para preservar a vida neste planeta abençoado.

Que a mestre natureza ensine, sobretudo aos governantes que as lições do passado não mais servem para os dias atuais e o tempo urge, tamanha foram as agressões e feridas causadas no rosto da mãe natureza. Mãe que nunca negou o fruto a quem lhe confiou a semente; mãe que nunca deixou faltar o alimento a quem quer que seja, plantas, homens e bichos.

Quando a sirene tocar e os alunos crescidos da escola da vida saírem à campo, no final de mais um ciclo de história natural, que eles tenham  aprendido a maior lição da ecologia, sobre a importância das matas ciliares para a proteção da vazão dos rios e contenção do assoreamento de suas águas; sobre a precaução de não se construir cidades e bairros nas encostas dos morros, nas margens dos rios e áreas insalubres, entre tantas lições menores.

Todos sabemos que não é mais nenhum segredo que as mudanças climáticas e agressão ao meio ambiente estão entre as ameaças mais graves à humanidade e, se nada for feito, em poucos séculos a Terra como conhecemos pode deixar de existir. Há muito os ambientalistas – sempre desacreditados --, recomendam atitudes simples que, no dia a dia, podem ajudar a minimizar os danos causados no meio ambiente: economizar energia; economizar papel; consumir mais vegetais; economizar água potável; reduzir o consumo de plástico, praticar a reciclagem, entre outros.

A responsabilidade maior, entretanto, deve recair sobre os planos e políticas públicas dos governantes. O puxão de orelha no dia 5 de junho próximo, Dia Mundial do Meio Ambiente, vai, em particular, para os candidatos à Prefeito e Vereadores que daqui a 4 meses serão eleitos os novos administradores das 5,5 mil cidades brasileiras. 

Aqui em Brasilândia/MS, neste ano, muitas propostas sobre o meio ambiente deverão estar presentes nos planos de governo dos dois candidatos que irão disputar a governança a partir do Paço Municipal Neuza Paulino Maia. Oxalá devam estar, inevitavelmente, também: 

1º) controle do desmatamento e queimadas; 2º) retomar o debate sobre o Comitê de Bacias e mini-hidrelétricas; 3º) preservar as APAs do município; 4º) criar um Parque Municipal (desapropriando a Chácara São João, criando ali uma Escola de Meio Ambiente ou viveiro municipal); 5º) criar ciclovia ao longo da Rodovia Luigi Cantone (BR-158, Reserva Cisalpina) e ao longo da MS-395 (BR-158) em direção ao Novo Porto João André; 6º) rever o trajeto do esgoto sanitário previsto para o seu despejo no rio Verde (Jabuticabeira); 7º) que o município volte a ter um biólogo para o Departamento de Meio Ambiente, descolando-o da Secretaria do Desenvolvimento; 8º) construir bichoduto subterrâneo para a passagem de animais da Reserva Cisalpina e construção de cercas ao longo da Rodovia Luigi Cantone (BR-158), entre outras demandas que a natureza e municipalidade pedem e agradecem.


Brasilândia/MS, 11 de maio de 2024.


Foto: Córrego da Viação transbordou. Jornal da Cidade, 2006; Fonte: Conheça 5 atitudes simples para preservar o meio ambiente — UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

7 comentários:

  1. Muito abalada com o rumo que nosso planeta tá reagindo ante ao descaso às previsões que os ambientalistas já a muito tempo lutam pra que o seja respeitada a natureza para evitar que chegássemos a esta terrível momento. Acho que a mãe natureza tá cansada de esperar que seus filhos cresçam e entendam que a a vida no planeta já está ameaçada e acho que o fim se aproxima.
    Mas como Mae que sou anatureza

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    1. A mãe natureza nos dará esse puxão de orelha esperando que nóhumanos os

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  2. Nós humanos tenhamos
    Consciência na hora de escolher novos líderes

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  3. Muito boa e necessária reflexão. Vou repassá-la. 👏👏 Abr. João Dutra

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  4. Excelente e lúcida reflexão, necessitamos urgentemente conscientizarmos a todos.
    Abraço. Ricardo Dornelles

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  5. Acho que estamos vivendo o momento da clivagem... e, pior: não seremos, individualmente, quem mudará a realidade... então, o que fazer?

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  6. Mano,
    Recado dado aos Governantes do mundo. Quem tiver ouvidos que ouçam!!!
    valeu mano!

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