domingo, 23 de junho de 2024

 

Silson Ferreira Peixoto, a solidariedade e o adeus a Brasilândia.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Lá pelos anos 2006 aconteceu nas antigas dependências da Câmara Municipal, um evento chamado 1º Fórum de Cultura de Brasilândia. Entre os que prestigiaram o evento, se encontrava um jovem senhor de 63 anos de idade, participando ao lado de artistas locais, e que se inteirava da preocupação institucional com a Cultura, na época, fruto do avanço promovido pelas leis 2085/05 e 2084/05, sancionadas pelos prefeito de então, Dr. Antônio de Pádua Thiago, e que criaram o Conselho Municipal de Cultura e o Fundo de Investimentos Culturais-FIC. 

E lá estava aquele senhor há pouco chegado na cidade, participando e dando opinião sobre o tema, ao lado das tímidas 25 pessoas que lá se dispuseram a comparecer. Escolhido foi, inclusive, como um dos primeiros membros do Conselho Municipal de Cultura ali eleito. 

Tratava-se, portanto, não de um cidadão qualquer, o que chamou a atenção dos presentes, mas de alguém com visão e óculos de alcance no futuro. Isso porque a comunidade ainda se mostrava pouco familiarizada com a dinâmica das conferências, conselhos e foros, e o caráter deliberativo que os revestia. Ele, de certa forma, os incentivou a adentrar nesta seara. 

Tratava-se do ex-cespiano, nome dado aos antigos funcionários da Companhia Energética de São Paulo, CESP, Silson Ferreira Peixoto que, depois de batalhar por mais de 30 anos naquela concessionária elétrica paulista, aposentou-se e escolheu Brasilândia para recomeçar a sua vida e descansar. 

Homem talhado para o trabalho e grande obras, observou bem o jornalista Ray Santos (1) que nos guardou uma bela biografia deste ilustre cidadão, ele descansou muito pouco por aqui, pois logo se engajou no trabalho social em diversas entidades do município, entre elas, como um dos pioneiros do Rotary Club de Brasilândia. 

Natural de Andradina/SP, Silson Ferreira Peixoto, nasceu no dia 23 de abril de 1943. Filho de lavradores, teve sucesso na carreira profissional ao deixar a roça e ingressar na antiga CELUSA, empresa que mais tarde se chamaria CESP, isso em 1964. Começou profissionalmente como servente e foi galgando postos. Na Usina de Jupiá trabalhou nas áreas de almoxarifado e administrativas. 

Em 1970 iniciou carreira nas obras de concreto na Hidrelétrica de Ilha Solteira, transferindo-se para o setor técnico, na área de projetos, tecnologia e obras. Frequentou o curso de projetos técnicos – escola técnica de pontes e estradas, na antiga Escola Marechal Rondon, em Três Lagoas. 

Com o canudo na mão, transferiu-se para a área de inundações da empresa, partindo para a construção de pontes, estradas, edificações, drenagens de águas pluviais e instalação de esgotos sanitários. 

Trabalhou na CESP durante 31 anos, 2 meses e dois dias, quando se aposentou em julho de 1995. Após a aposentadoria, trabalhou ainda na área da construção civil, construindo o prédio da atual Faculdade do Instituto Educacional, de Presidente Epitácio, e prestando serviços para empreiteiras da CESP. 

Por aqui, por ser um homem à frente do seu tempo, nestas plagas arriscou inicialmente militando na política pelo PSC-Partido Social Cristão, concorrendo, ao lado do vereador Antônio Severino da Silva, como candidato à vice-prefeito de Brasilândia no ano de 2000. Dois anos depois, após o resultado desfavorável daquela eleição, dedicou-se exclusivamente às obras sociais e à filantropia, ganhando o Rotary Club, um brilhante presidente. 

Esteve à frente desta agremiação de 2004 a 2005, tendo a Casa da Amizade ficado sob a direção de sua esposa, Luzia Xavier da Silva. Ali realizou muitas promoções e festas no tempo áureo da entidade, hoje infelizmente esfacelada. Entre os eventos de maior notoriedade estava a festa do Boi no Rolete, cujo valor arrecadado sempre era partilhado entre as entidades irmãs APAE e AVCC. 

Sua participação à frente do Rotary se deu sempre de forma a criar laços e parceria. Ao lado da Associação de Voluntários de Combate ao Câncer-AVCC ainda guardamos na memória aquela festa junina que foi animada pelo Grupo Tradição e teve lugar onde se dizia que seria a futura indústria Jaguaretê, ocasião em que os mantimentos arrecadados beneficiaram diversas entidades filantrópicas de Brasilândia. 

Sempre dedicado à entidade e o ideal rotariano de “dar de si, antes de pensar em si”, deixou sua marca no coração de muitos brasilandense, firmando parceria com o Conselho da Comunidade local, e depois, criando o Banco de Aparelhos Ortopédicos, disponibilizando cadeiras de roda, andadores, muletas canadenses, entre outros aparelhos para os portadores de necessidades especiais motoras e pessoas com dificuldades de locomoção e saúde, iniciativa que notabilizou a entidade por várias anos e gestões.   

Entre 2019 e 2020, Silson Ferreira Peixoto, presidiu a AVCC, coroando sua trajetória benemérita e revelando sempre o seu modo de ver o mundo com os olhos da solidariedade e da fraternidade, que sempre foi o seu ideal maior. Nos últimos anos, quando sua saúde já se sentia abalada, manteve-se firme, cheio de esperança e motivando os outros a continuarem confiantes na vida no caminho do bem e do amor. 

É nesta convicção que seus familiares e amigos, tanto os daqui como os de outras cidades por onde viveu e fez a vida florescer, nesta manhã de 23 de junho de 2024, reuniram-se na Câmara Municipal de Brasilândia para prestar sua última homenagem a este cidadão benemérito de Brasilândia, de 81 anos de idade, que se despediu de todos nós. Obrigado e descanse em paz amigo Silson Ferreira Peixoto. 

Brasilândia/MS, 23 de junho de 2024

.

Fonte: (1) Ray Santos, Jornal Dia a Dia, Três Lagoas, Coluna Quem é Quem. 29.Mar. a 04.Abr.2000, p. 2.; Dutra, C.A.S. História e Memória de Brasilândia/MS, Vol. 2-Patrimônio, pág. 265/395s;

Foto: Os presidentes do Rotary Club de Brasilândia, Marcelo de Souza Bartholomeu, Eraldo de Azevedo Coelho e Silson Ferreira Peixoto (Foto: Cortesia Kelli C.D. Queiroz Bartholomeu, 2004).

sábado, 22 de junho de 2024

 

A confiança de Jó e os desafios que nos rodeiam

Carlos Alberto dos Santos Dutra



A vida pode ter momentos assustadores, momentos de inquietação e de crise em que perdemos o pé e sentimos que nos afundamos. É nesta hora que podemos nos perguntar: Onde está Deus, nesses momentos? Ele “importa-se” conosco?

A liturgia deste 12.º Domingo Comum garante-nos: Deus não abandona nem ignora os filhos e filhas que criou; Ele ampara-os com amor fiel, vigilante e criador. Ele vai sempre ao nosso lado, cuidando de nós, em cada passo da viagem da vida.

Na primeira leitura Deus revela-se a um crente chamado Jó como o Senhor que domina o mar e conhece os segredos do universo e da vida. Nada na criação lhe é indiferente: Ele cuida de todos os seres criados com amor de pai e de mãe. Ao homem resta entregar-se nas mãos desse Deus omnipotente e cheio de amor, com humildade e com total confiança.

A reflexão dos Dehonianos (1) que aqui reproduzimos é inspiradora e digna de uma aula sobre as virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade.

O Livro de Jó é um clássico da literatura universal, não só pela sua extraordinária beleza literária, mas também pelas questões que aborda e que tocam o âmago da existência humana. A história de Jó serve de pretexto para refletir sobre alguns dos grandes desafios que se colocam aos homens de todas as épocas, nomeadamente a questão do sofrimento do justo inocente, a situação do homem diante de Deus e a atitude de Deus face ao homem.

Apresenta-nos a história de um homem bom e justo (Jó), repentinamente atingido por um vendaval de desgraças que lhe rouba a riqueza, a família e a própria saúde. No corpo central do livro (cf. Jó 3,1-37,24), Jó interroga-se acerca da origem do sofrimento que o atingiu e do papel de Deus no seu drama pessoal.

Alguns dos amigos de Jó procuram responder às suas questões, apresentando as explicações dadas pela teologia oficial: o sofrimento é sempre o resultado do pecado do homem; assim, se Jó está a sofrer, é porque pecou…

Com a veemência que vem de uma consciência em paz, Jó, entretanto, recusa conclusões tão simplistas e demonstra a falência da doutrina oficial para explicar o seu drama pessoal. Com um apurado sentido crítico, Jó vai desmontando os dogmas fundamentais da fé de Israel e recusando esse Deus “contabilista” que Se limita a registar as ações boas e más do homem para lhe pagar em conformidade. Deus não pode ser isso; e o caso concreto de Jó prova-o.

Rejeitada a explicação tradicional para o drama do sofrimento, Jó dirige-se diretamente àquele que lhe pode fornecer as respostas: o próprio Deus. No seu discurso, muito crítico, cruzam-se a animosidade, a violência, as queixas, o inconformismo, a dúvida, a revolta, com a esperança, a fé e a confiança em Deus.

Quando, finalmente, Deus enfrenta Jó, recorda-lhe o seu lugar de criatura, limitada e finita; mostra-lhe como só Ele conhece as leis que regem o universo e a vida, mostra-lhe a sua preocupação e o seu amor com cada ser criado; convida-o a não se mostrar orgulhoso, a ocupar o seu lugar de criatura e a não pôr em causa os desígnios de Deus para o mundo, já que esses desígnios ultrapassam infinitamente a capacidade de compreensão e de entendimento de qualquer criatura.

Deus tem uma lógica, um plano, um projeto que ultrapassa infinitamente aquilo que cada homem (também Jó) poderá entender. A história termina com Jó percebendo o seu lugar, reconhecendo a transcendência de Deus e a incompreensibilidade dos seus projetos. E, assim, entrega-se nas mãos de Deus com humildade e confiança.

O texto que nos é proposto faz parte do discurso com que Deus responde a Jó (cf. Jó 38,1-40,2). Nesse discurso, Deus coloca a Jó uma série de questões sobre a terra, o mar, os grandes mistérios da natureza e da vida; a finalidade não é obter respostas de Jó, mas levá-lo a perceber os seus limites, a sua ignorância, a sua incapacidade para entender o mistério insondável de Deus e os projetos que Deus tem para o mundo e para os homens.

O nosso texto começa por apresentar Javé a responder a Jó “do meio da tempestade” (vers. 1). É o quadro habitual das teofanias (cf. Ex 19,16). Serve para emoldurar a manifestação aos homens do Deus todo-poderoso, o soberano de toda a terra. É esse o ponto de partida: Jó deve estar ciente de que Aquele que lhe vai falar é o Deus omnipotente, o Senhor do universo e da História, cuja grandeza e mistério ultrapassa infinitamente a capacidade de compreensão do homem.

Portanto, Deus manifesta-se a Jó e fala com ele. O objetivo dessa manifestação, mais do que responder às questões de Jó, é fazê-lo perceber a insensatez das suas críticas. Depois de se apresentar como o grande arquiteto que construiu a terra (cf. Jó 38,4-7), Javé descreve aquilo que fez em relação ao mar.

As antigas lendas mesopotâmicas sobre a criação apresentavam as “águas salgadas” (representadas pela deusa Tiamat) como um monstro criador do caos e da desordem; na sua luta para organizar o cosmos, Marduk, o deus mesopotâmico da ordem, lutou contra o mar e, com muito esforço, venceu-o e pôs-lhe limites.

O Povo bíblico foi, naturalmente, influenciado pelos mitos de criação mesopotâmicos; por isso, sempre viu no mar uma realidade assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar… Mas aqui Deus descreve, de forma muito pacífica e muito bela, a forma como lidou com essa força ameaçadora que Marduk teve tanta dificuldade em controlar: logo que o mar saiu “do seio materno” (“irrompeu do seio do abismo” – vers. 8), Deus tratou-o como um recém-nascido, com cuidados e carícias, vestindo-o de neblina e colocando-lhe uma faixa de nuvens (vers. 9); depois, para que ele ao crescer não se tornasse força indomável, “encerrou-o entre dois batentes” (vers. 8) e “fixou-lhe os limites” (vers. 10).

O mar, controlado e tratado com amor, é um testemunho do poder supremo de Deus; mostra o domínio perfeito de Deus sobre toda a criação. Ao recordar a Jó a sua ação criadora sobre o mar, Javé apresenta-Se, antes de mais, intocável na sua transcendência e majestade; e mostra, depois, que tem para a criação um plano estável, amadurecido, consolidado, irrevogável…

Quem é Jó para pôr em causa os desígnios desse Deus criador que, com a sua Palavra, controlou o mar? Jó é convidado a aceitar que um Deus de quem depende toda a criação, que até submete o mar, que cuida da criação com cuidados de mãe, sabe o que está a fazer e tem uma solução para os problemas e dramas do homem…

O homem, na sua situação de criatura finita e limitada, é que nem sempre consegue ver e perceber o alcance e o sentido último do projeto de Deus. Só Deus tem todas as respostas, só Deus conhece os segredos do universo e da vida. Ao homem, finito e limitado, resta entregar-se nas mãos desse Deus omnipotente e cheio de amor, adorá-l’O e louvá-l’O, confiar na sua sabedoria, ver n’Ele a sua esperança e a sua salvação.

Quanto a nós, nos dias atuais, que convivemos diariamente com realidades que são fonte de inquietação: a ganância, a guerra, o ódio, a violência que nos mergulham num clima de ansiedade e de medo; as doenças, novas e velhas, geram angústia e sofrimento; as catástrofes naturais obrigam-nos a tomar consciência da nossa fragilidade e impotência diante das forças da natureza; as injustiças e arbitrariedades provocam revolta e descontentamento social; o desmoronamento de velhas estruturas políticas e sociais trazem insegurança e desordem…

E nós, movendo-nos neste cenário, sentimo-nos confusos e desorientados. Porque não existe ordem e harmonia no nosso mundo? Então, viramo-nos para Deus e atiramos-Lhe as nossas perguntas ou lançamos-Lhe à cara as nossas certezas. Por vezes, criticamos a sua indiferença face aos dramas do mundo; outras vezes, sentimos a tentação de Lhe mostrar, de forma clara e lógica, como é que Ele devia atuar para que o mundo fosse mais ordenado e harmonioso…

Orgulhosos, cá estamos, mesmo nos templos, como se quiséssemos nos colocar no lugar de Deus e dar-Lhe lições. Estamos conscientes da omnipotência de Deus e dos nossos limites, enquanto seres humanos frágeis e limitados? Assumimos com humildade o nosso lugar de criaturas que não conseguem abarcar a grandeza e o sentido pleno dos projetos que Deus tem para o mundo e para os homens?

Na verdade, o Deus que criou tudo o que existe, que estabeleceu as leis que regem o universo, que conhece os segredos de cada uma das suas criaturas, que cuida de cada ser com cuidados de pai e de mãe, que mil vezes manifestou na história o seu amor e a sua bondade, não pode ignorar os problemas do homem, ou deixar que a humanidade chegue a um beco sem saída. Ele tem um projeto coerente, maduro, estável, irrevogável para o mundo e para os homens; Ele conduz-nos, através das armadilhas da história, ao encontro da realização plena, da Vida definitiva.

Esta certeza deve colorir o nosso caminho de todos os dias com as cores da esperança. Mas será que somos ainda homens e mulheres de esperança? Mergulhados no mistério insondável desse Deus omnipotente, por vezes desconcertante e incompreensível, resta-nos entregarmo-nos nas suas mãos com humildade e confiança.

Porque há desafios que Deus nos coloca e que parecem não fazer sentido à luz de uma lógica puramente humana; há caminhos que Deus nos aponta que subvertem absolutamente as nossas certezas e os nossos projetos pessoais ou comunitários; há situações da nossa vida para as quais não encontramos respostas nem sentido… Mas será que ainda podemos ter o atrevimento de saltar confiadamente para os braços de Deus, acreditando que Ele não nos deixa cair? É assim a nossa fé?

 

Fonte: (1) unidos pela palavra de Deus
proposta para escutar, partilhar, viver e anunciar a palavra. Grupo Dinamizador: José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro. Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos). Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal. www.dehonianos.org. Liturgia - Dehonianos. 23.Jun.2024. Foto: Quem foi Jó: 10 Lições do homem paciente na provação (bibliotecadopregador.com.br)

 

 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

 

Nelson João Bertipaglia, o olhar e a terra.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


Houve um tempo e a cultura da soja cismou em florescer por aqui. Corria o ano 2003 e o assunto começou a ser debatido, dando sinais de que alguns produtores já se mostravam interessados em realizar o seu plantio buscando diversificar a produção.

E ele era um deles, seu Nelson João Bertipaglia, que, ao lado de outros produtores rurais, mostrava aos demais o homem de visão que ali se encontrava.

Iniciara antes, com relação ao café, quando não descuidou seu olhar de pioneiro apostando nesta fonte para a economia do município. Corria o ano de 1998 e esta cultura começava a ser plantada por agricultores, principalmente na região da Fazenda Água Limpa, Estância Santa Eliza, Dipietro, entre outras.

E Nelson João Bertipaglia estava lá, plantando 100 mil pés de café, quando a região somou mais de 600 mil pés plantados. Isso sem falar de outros agricultores de reassentamentos como a Pedra Bonita e outros que também foram incentivados a investir no ouro preto outrora chamado.

O valor de um homem, entretanto, não se resume somente a seus investimentos particulares e seu progresso patrimonial. Sua visão holística e engajamento social, sem dúvida, é o que o torna maior perante a sua comunidade.

E logo ele já se encontrava participando do Conselho Municipal de Saúde Animal contribuindo como membro atuante, ao lado de outros profissionais, zelando pela qualidade da carne consumida e a saúde desta comunidade.

Mais alguns anos, e lá o encontramos em 2004 à frente do Sindicato Rural de Brasilândia-SRB promovendo e inaugurando os instrutivos Dias de Campo, levando conhecimento sobre novas cultura e novos experimentos.

Um desses dias marcantes aconteceu na propriedade do pecuarista José Scatulin que recepcionou os convidados neste Dia de Campo que tratou de assuntos do maior interesse para produtores que estão diversificando sua lavoura implantando a cultura da soja, com o apoio dos técnicos da Embrapa, registrou a imprensa na época.

Na ocasião, observou o presidente do SRB, Nelson João Bertipaglia, que a classe da pecuária, a municipalidade, os parceiros e os empresários todos estão unindo forças para juntos darmos uma alavancada para o progresso da nossa região. A grandeza de uma cidade depende muito da somatória de objetivos progressistas, envolvendo toda comunidade.

Ele, um sonhador que nunca desistiu de acreditar no potencial desta terra: O caminho não é fácil, mas o importante é ter cidadãos e valores locais que acreditam no seu pedaço de chão, falou

O evento realizado neste dia deu um pontapé no setor agrícola, onde não é a nossa predominância (...). Mas graças aos campos experimentais, através dos técnicos capacitados, pecuaristas tradicionais, estão buscando [e vencendo] desafios, deixou registrado na história.

Quando ainda o recinto do DR Leilões era o lócus da expressão e pujança dos produtores e pecuaristas rurais de Brasilândia, no ano de 2006, coube ao neófito presidente da Famasul, Ademar da Silva Júnior, na época, homenagear o ex-presidente Nelson João Bertipaglia com uma placa pelos relevantes serviços prestados à frente do SRB quando ele ainda permanecia na diretoria como vice-presidente ao lado de Renato de Freitas Queiroz.

As homenagens passam, mas os grandes feitos permanecem inscritos na moldura do tempo e nas páginas dos livros. As palavras, entretanto, nem sempre são ouvidas, lidas ou apreciadas. O que fica, em verdade, é o olhar dos que o observam partir para outra terra, pois afinal, ele era um esposo, um pai, um avô cuja lacuna há de ficar no coração da família e dos amigos que criou laços.

Fica, por fim, o olhar com o qual ele, e somente ele, tudo observou: a planta que tocou, a terra que pisou, a palavra que falou e a semente que lançou no coração desta comunidade apontando-lhe a possibilidade de um novo rumo, bem ao estilo dos pioneiros e sua ousadia de acreditar que amanhã poderá ser um novo dia... E isso, porque eu, Nelson, passei por aqui...

Obrigado Dr. Nelson João Bertipaglia. Descanse em paz.
 
Brasilândia/MS, 21 de junho de 2024. 


Foto: Dia de Campo na Fazenda São José (Jornal de Brasilândia, 2004). Fonte: História e Memória de Brasilândia/MS, Vol. 3-Patrimônio e Vol. 4-Desenvolvimento.

sábado, 15 de junho de 2024

 

Homenagem e Bênção ao casal José Aparecido Mendes e Amélia dos Santos Mendes pelas suas Bodas de Ouro




1-Peço a bênção de São Pedro

Que é patrono deste lar

Dá licença vou falar

Peço desculpa o meu jeito

Mas sem faltar o respeito

Quero através destes versos

Pedir ao Deus do universo

Em nome do Pai e do Filho

Que esta noite e seu brilho

Espirito Santo, alicerço.

 

2-O que está acontecendo?

A alegria nos traz aqui

Família encantada sorri

Cheia de harmonia e graça

É a vida que nos abraça

Com o seu melhor sorriso

Nos mostrando o paraíso

Olhar que nos faz sonhar

A todos poder saudar

Aperto de mão conciso.

 

3-Celebram aqui irmãos

Neste encontro de amigos

Onde os novos e os antigos

Se unem por um motivo

Neste ambiente festivo

Família, filhos e netos

Todos se acercam de afeto

Ao casal dono casa

O coração criou asas

Impossível ficar quieto.

 

4-Olha o casal, quem diria?

50 anos casados

Eternos apaixonados

Pois o tempo nem passou

Toda a tristeza acabou

Tamanha felicidade

Do Céu, generosidade

Casa cheia de alegria

Em noite de nostalgia

Agradece a amizade.

 

5-Eles lembram o caminho

Nesta vida que trilharam

Belo jardim que plantaram

E colheram nos rebentos

Os mais puros sentimentos

Que juntos edificaram

Logo que aqui chegaram

Seu José e dona Amélia

Ela cheirando a camélia

E seus passos acertaram.

 

6-Dona Amélia era filha

De seu João José dos Santos

Conhecido por todo o canto

João Coqueiro, o apelido

Que era muito conhecido

Casado com Teotônia

Vida simples, na colônia

Oito filhos lá em Minas

Foi lá que nasceu a menina

Amélia, com cerimônia.

 

7-Dezessete de janeiro

Cinquenta e quatro era o ano

Itinga e os pais ufanos

Celebraram o nascimento

Cheios de contentamento

Vendo a menina rosada

Brilho no olhar encantada

Era a segunda mais nova

Do casal como faz prova

Sua certidão lavrada.

 

8-De outro lado o filho

Do saudoso Juvenal Mendes

Bom mineiro que se entende

Logo com Rosa de Castro

Espanhola, com cadastro

Nove filhos, e José

O mais velho que ele é

Em Santo Anastácio nascido

Onze de julho crescido

Cinquenta e dois, pontapé.

 

9-Seu José aqui chegou

Lá pelos anos 60

A história que acalenta

Diz que aqui nada existia

Brasilândia, moradia

Tudo ainda era precário

Vivia-se com o necessário

Desde os oito anos na roça

Mas a vida sempre adoça

O caminho solitário.

 

10-Morava lá no Jardim

Mas tinha uma paixão

Dedicado coração

Futebol ele jogava

Time São Jorge na trava

Do José Rodrigues, pioneiro

O Zé Mendes artilheiro

No campo do Cafezinho

Estreou ainda novinho

Só não jogou de goleiro.

 

11-Jogou no campo do União

E também foi treinador

Drogaria Galeno, sim senhor

Pois até foi selecionado

Para o profissional aprovado

Tamanha habilidade

Mas preferiu, na verdade

Seguir lá na Tora Queimada

Enfrentar outra empreitada

Máquina de arroz, humildade.

 

12-Mas o destino os uniu

Num campo de futebol

Força do sangue espanhol

José com 17 anos

Esqueceu o cotidiano

Para ceder aos encantos

Da beleza e o acalanto

De Amélia, 15 primaveras

E iniciaram uma paquera

Digo o namoro, portanto.

 

13-Quatro anos se passaram

E casaram na cidade

Na maior felicidade

25 de maio de fato

Ano de 74

50 anos passados

Ainda vivem lado a lado

Bodas de Ouro, alegria

Que festejam neste dia

Vida longa aos casados.

 

14-Toda a vida em comum

No começo é penosa

Mas o amor, flor cheirosa

Tudo encanta e alimenta

Foi sempre uma ferramenta

Desde a Toca da Raposa

Onde seu José e a esposa

Por 14 anos lá viveram

Até que um dia conheceram

Um novo lar cor-de-rosa.

 

15-O Sitio São Pedro, assim

Foi o lugar de acolhida

Presente doado em vida

3 filhos abençoados

A Deus Pai muito obrigado

Elaine, Edna, Everaldo

Que sempre deu o respaldo

Ao lado de dois netinhos

Diego, Pietro e o carinho

O grande amor que resguardo.

 

16-Por isso rogamos a Deus

A Paz esteja neste lar

Venha com eles morar

Jesus Cristo acompanhai

Dos perigos os livrai

Dando-lhes luz e fartura

Tu que moras nas alturas

Mas conhece a humildade

O Teu coração de bondade

De amor e de candura.

 

17-Porque dentro deste lar

Uma família aqui vive

Um casal de bem convive

E que hoje está em festa

Hoje tem música e seresta

Para Deus agradecer

Sua bênção merecer

Com a força redentora

De nossa Mãe mediadora

Inspiração do Saber.

 

18-Abençoa Pai Celeste

Este casal te pedimos

Pelos filhos, pelos mimos

Pela vida e a saúde

Que os anjos do céu ajudem

A mantê-los sempre unidos

Respeitados e queridos

E por Deus abençoados

Que eles sejam compensados

Boa esposa, bom marido.

 

19-A virgem Mãe nós pedimos

Com fervor e devoção

Guarde sempre em suas mãos

Este casal que agradece

Eleva a Deus sua prece

Dona Amélia e seu José

Com confiança e fé

Peço a Deus que abençoe

Suas vidas aperfeiçoem

Com todo o amor do mundo

Cristo Jesus num segundo

Vai cumular de alegria

Pra que vivam neste dia

Frutos do maior tesouro

E que estas Bodas de Ouro

Dê-lhe Paz, Sabedoria.

 

Feliz Aniversário de Casamento

Bodas de Ouro. Brasilândia/MS,15.Jun.2024.


Diác. Carlos Alberto dos Santos Dutra (Carlito)

 

         

Esporte Clube São Jorge no ano de 1968. Entre eles: os vereadores Raimundo Assis de Alencar (E) e Onofre Oliveira (D) e os atletas José Rodrigues (em pé), JOSÉ APARECIDO MENDES e Ostílio Rodrigues. Agachados: Cândido Rodrigues, Agmon Fernandes, Zé Pipoca, Washington Rodrigues e Paulo Cavalcante.


(Foto: Cortesia Aparecida Rodrigues / Colorizada My Heritage, 2020, publicada em DUTRA, C.A.S. História e Memória de Brasilândia, Vol. 3-Cidadania, 2. Ed. 2024).