Silson Ferreira Peixoto, a solidariedade e o adeus a Brasilândia.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Lá pelos anos 2006 aconteceu nas antigas dependências da Câmara Municipal, um evento chamado 1º Fórum de Cultura de Brasilândia. Entre os que prestigiaram o evento, se encontrava um jovem senhor de 63 anos de idade, participando ao lado de artistas locais, e que se inteirava da preocupação institucional com a Cultura, na época, fruto do avanço promovido pelas leis 2085/05 e 2084/05, sancionadas pelos prefeito de então, Dr. Antônio de Pádua Thiago, e que criaram o Conselho Municipal de Cultura e o Fundo de Investimentos Culturais-FIC.
E lá estava aquele senhor há pouco chegado na cidade, participando e dando opinião sobre o tema, ao lado das tímidas 25 pessoas que lá se dispuseram a comparecer. Escolhido foi, inclusive, como um dos primeiros membros do Conselho Municipal de Cultura ali eleito.
Tratava-se, portanto, não de um cidadão qualquer, o que chamou a atenção dos presentes, mas de alguém com visão e óculos de alcance no futuro. Isso porque a comunidade ainda se mostrava pouco familiarizada com a dinâmica das conferências, conselhos e foros, e o caráter deliberativo que os revestia. Ele, de certa forma, os incentivou a adentrar nesta seara.
Tratava-se do ex-cespiano, nome dado aos antigos funcionários
da Companhia Energética de São Paulo, CESP, Silson Ferreira Peixoto que,
depois de batalhar por mais de 30 anos naquela concessionária elétrica paulista,
aposentou-se e escolheu Brasilândia para recomeçar a sua vida e descansar.
Homem talhado para o trabalho e grande obras, observou bem o jornalista Ray Santos (1) que nos guardou uma bela biografia deste ilustre cidadão, ele descansou muito pouco por aqui, pois logo se engajou no trabalho social em diversas entidades do município, entre elas, como um dos pioneiros do Rotary Club de Brasilândia.
Natural de Andradina/SP, Silson Ferreira Peixoto, nasceu no dia 23 de abril de 1943. Filho de lavradores, teve sucesso na carreira profissional ao deixar a roça e ingressar na antiga CELUSA, empresa que mais tarde se chamaria CESP, isso em 1964. Começou profissionalmente como servente e foi galgando postos. Na Usina de Jupiá trabalhou nas áreas de almoxarifado e administrativas.
Em 1970 iniciou carreira nas obras de concreto na Hidrelétrica de Ilha Solteira, transferindo-se para o setor técnico, na área de projetos, tecnologia e obras. Frequentou o curso de projetos técnicos – escola técnica de pontes e estradas, na antiga Escola Marechal Rondon, em Três Lagoas.
Com o canudo na mão, transferiu-se para a área de inundações da empresa, partindo para a construção de pontes, estradas, edificações, drenagens de águas pluviais e instalação de esgotos sanitários.
Trabalhou na CESP durante 31 anos, 2 meses e dois dias, quando se aposentou em julho de 1995. Após a aposentadoria, trabalhou ainda na área da construção civil, construindo o prédio da atual Faculdade do Instituto Educacional, de Presidente Epitácio, e prestando serviços para empreiteiras da CESP.
Por aqui, por ser um homem à frente do seu tempo, nestas plagas arriscou inicialmente militando na política pelo PSC-Partido Social Cristão, concorrendo, ao lado do vereador Antônio Severino da Silva, como candidato à vice-prefeito de Brasilândia no ano de 2000. Dois anos depois, após o resultado desfavorável daquela eleição, dedicou-se exclusivamente às obras sociais e à filantropia, ganhando o Rotary Club, um brilhante presidente.
Esteve à frente desta agremiação de 2004 a 2005, tendo a Casa da Amizade ficado sob a direção de sua esposa, Luzia Xavier da Silva. Ali realizou muitas promoções e festas no tempo áureo da entidade, hoje infelizmente esfacelada. Entre os eventos de maior notoriedade estava a festa do Boi no Rolete, cujo valor arrecadado sempre era partilhado entre as entidades irmãs APAE e AVCC.
Sua participação à frente do Rotary se deu sempre de forma a criar laços e parceria. Ao lado da Associação de Voluntários de Combate ao Câncer-AVCC ainda guardamos na memória aquela festa junina que foi animada pelo Grupo Tradição e teve lugar onde se dizia que seria a futura indústria Jaguaretê, ocasião em que os mantimentos arrecadados beneficiaram diversas entidades filantrópicas de Brasilândia.
Sempre dedicado à entidade e o ideal rotariano de “dar
de si, antes de pensar em si”, deixou sua marca no coração de muitos brasilandense, firmando parceria com o Conselho
da Comunidade local, e depois, criando o Banco de Aparelhos Ortopédicos,
disponibilizando cadeiras de roda, andadores, muletas canadenses, entre outros
aparelhos para os portadores de necessidades especiais motoras e pessoas com
dificuldades de locomoção e saúde, iniciativa que notabilizou a entidade por várias anos e gestões.
Entre 2019 e 2020, Silson Ferreira Peixoto, presidiu a AVCC, coroando sua trajetória benemérita e revelando sempre o seu modo de ver o mundo com os olhos da solidariedade e da fraternidade, que sempre foi o seu ideal maior. Nos últimos anos, quando sua saúde já se sentia abalada, manteve-se firme, cheio de esperança e motivando os outros a continuarem confiantes na vida no caminho do bem e do amor.
É nesta convicção que seus familiares e amigos, tanto os daqui como os de outras cidades por onde viveu e fez a vida florescer, nesta manhã de 23 de junho de 2024, reuniram-se na Câmara Municipal de Brasilândia para prestar sua última homenagem a este cidadão benemérito de Brasilândia, de 81 anos de idade, que se despediu de todos nós. Obrigado e descanse em paz amigo Silson Ferreira Peixoto.
Brasilândia/MS, 23 de junho de 2024
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Fonte: (1) Ray Santos, Jornal Dia a Dia, Três Lagoas, Coluna
Quem é Quem. 29.Mar. a 04.Abr.2000, p. 2.; Dutra, C.A.S. História e Memória de
Brasilândia/MS, Vol. 2-Patrimônio, pág. 265/395s;
Foto: Os presidentes do Rotary Club de Brasilândia, Marcelo de Souza Bartholomeu, Eraldo de Azevedo Coelho e Silson Ferreira Peixoto (Foto: Cortesia Kelli C.D. Queiroz Bartholomeu, 2004).
Linda homenagem. Descanse nos braços de Deus🙏🏻🙏🏻🙏🏻
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