Como será o Novo Ano que ora
inicia?
Carlos Alberto dos Santos Dutra
As luzes e o badalar dos sinos do Natal envolveram os corações e mentes de boa parte da humanidade. O mundo
inteiro viu-se então preparado e motivado para pisar com confiança o Novo Ano
que inicia.
O Ano Novo, entretanto, depende
de como o Natal foi encarado e vivido na
festa a ele dedicado seis dias antes. O Ano que ora inicia depende das preces e
motivações que depositamos aos pés do Menino Jesus, o aniversariante.
O Ano só será Novo se os
propósitos que firmamos revelarem distância das velhas práticas de convivência
do passado e que em nada nos ajudaram a concretizar nossos sonhos para encontrar a
felicidade almejada.
Se o Menino Jesus de nosso presépio
revelou o rosto daqueles que se assemelham ao menino pobre, filho de mãe
solteira e um pai adotivo da história, que perambula pelas margens das rodovias numa atitude
de flagrante e inocente subversão...
Com certeza nossa motivação
cristã nos levará a deitar o olhar com mais compaixão para esta realidade,
buscando alcança-la e socorrê-la devolvendo-lhe dignidade.
Se o Menino Jesus de nosso
presépio, entretanto, revelou somente o brilho das cores e apelos do mercado
das luzes e dos presentes trazidos do ártico de neon pelo bom velhinho, o
lendário Santa Cláus, num ato mágico, onde o aniversariante do dia sequer foi
lembrado...
Aí, com certeza essa motivação o
levará a um mundo de ilusão, projetando-o no coração um Ano Novo com feições
velhas e já conhecidas de todos os que lutam e pouco conseguem avançar além do ódio e desesperança.
Colocar os pés no chão do Ano Novo, é, antes de tudo, ter os olhos bem abertos, focados na realidade que a todos cerca. E movidos pelo otimismo que nos alimenta a todos.
Desde as relações familiares entre pais e filhos, que devem ser respeitosas, gentis e
responsáveis, até a relação com o mundo, o meio ambiente e a sociedade. Sendo tudo exercido com zelo,
cuidado e afeto, pois dependemos uns dos outros para sobreviver.
A violência das forças da natureza e as mudanças climáticas que estão na ordem do dia são eventos que se tornam cada vez mais frequentes e desafiadores. Por uma questão de ética e solidariedade, torna-se ignorante e irresponsável todo aquele que não se juntar àqueles que buscam garantir a sobrevivência do planeta. A começar pelos pequenos gestos até chegar às grandes realizações.
Devaneio e loucura é persistir insistindo na luta armada, onde irmãos e países disputam poder e força, enquanto seres humanos sequer têm água e alimento para sobreviver. A hipocrisia das luzes do Natal
transformam-se, assim, em espadas e tanques que ceifam vidas, destroem patrimônios e
fazem correr rios de sangue a luz do dia.
Colocar os pés no Ano Novo, para
a grande maioria do povo, é apenas mais um dia no calendário, pois o tempo não para
e as exigências do cotidiano os impele a continuar caminhando em meio aos apelos
de consumo do tempo sempre ávido que se chama hoje.
Para uma parcela privilegiada da
humanidade, que se dispôs a abrir o coração para receber e colher aquele Menino
Jesus que foi rejeitado e perseguido pelos poderosos do seu tempo, o Ano Novo
se apresenta como uma feliz possibilidade, um campo aberto de oportunidade para que bênçãos
divinas possam desprender do Céu sobre suas cabeças, corações e braços para
levar a diante os dias de luz, paz e prosperidade que lhe esperam.
Que o Ano Novo que ora inicia seja para cada um de nós um tempo de realizações e conquistas pautadas no amor, no acolhimento, na justiça e na paz, nunca perdendo de vista o lugar social onde cada um se encontra. Pois é sempre possível revelar o Amor de Deus a quem está ao nosso lado, se o nosso coração assim o desejar, a começar por aqueles a quem queremos bem.
Feliz Ano Novo. Gratidão à minha
família, colegas e a cada um dos amigos [pessoais e das redes sociais] pelo carinho, respeito e admiração manifestados durante
o ano que ora finda. Deus seja Louvado!
Brasilândia/MS, 31 de dezembro de 2024.