Pedro Cândido da Costa, o adeus e sua vernissage celeste.
Carlos Alberto dos Santos
Dutra
Na sua etimologia, a palavra
Pedro
tem origem
no grego Petros e no latim Petrus que significa pedra ou rocha. Este nome está universalmente
associado ao cristianismo cujo apóstolo chamado Pedro é apresentado na Bíblia como o pilar da
igreja primitiva e símbolo de resistência e força.
Pois hoje, um cidadão
brasilandense, resistente como a pedra, experimentou estar face a face com seu homônimo no Céu, o
personagem de uma história, assim chamada, de Salvação, que certamente o acolheu participando de sua vernissage celeste.
Partiu Pedro Cândido
da Costa, popular Pedrão, pintor e artista plástico
brasilandense. Ele, certamente, deixará muitas lembranças, histórias e saudade à seus familiares e àqueles
que o conheceram.
Portador de uma rara habilidade artística, desenvolvia
trabalhos em madeira e tela, bem como magníficos trabalhos de pintura em
paredes. Pedrão pintava o mundo
em cores e detalhes, com características não presas e limitadas por estilos, escreveu o Jornal
da Cidade no ano de 2006.
Pedrão chegou
a ser homenageado pelo 6º Concurso Literário no ano de 2000, figurando como destaque
e talento notável de Brasilândia,
tendo realizado feiras e exposições de seus trabalhos, entre eles o magnífico painel
construído no mural da Praça Santa Maria, no espaço cultural da cidade, durante
os festejos do dia 7 de setembro de 1998.
Nascido no dia 12 de junho de 1949, esse alagoano de
União dos Palmares, filho de João Cândido da Costa e Ana Rosa da
Conceição, era casado com a professora Sandra Aparecida Louzada da Costa,
sendo que deste matrimônio obtiveram as filhas Patrícia e Paula.
Este artista que pintava desde os 15 anos de idade chegou
à Brasilândia em 1962, ainda antes do município ter sido emancipado, sendo
considerado um dos pioneiros da cidade.
Sobre este artista e profissional autônomo que sempre foi, este escultor e pintor artístico, pode-se dizer, que ele possuía a alma voltada para a arte e a percepção, onde tudo se transformava quando recebia o toque de sua mão de artífice.
Seu trabalho
artístico se destacava, acima de tudo, pelo modo diversificado com o qual
retratava os temas em seus quadros. Logo de início quem vê os quadros do Pedrão
se encanta. Eles são ricos em contrastes. Mas, olhando-os mais detalhadamente
percebe-se o fino contorno de uma linha preta, raramente visto em algumas obras.
Ele contava que antigamente pintava simplesmente por hobby,
como uma forma de distração, sem intenção de vender. Entretanto, com a chegada
das críticas e os elogios recebidos sentiu-se estimulado a aprimorar o seu
talento a cada obra produzida. A maioria de seus quadros, em látex acrílico,
retratam paisagens ricas em pequenos detalhes; retratam também animais, como o
cavalo.
O artista disse certa vez, que já havia perdido a
conta do número de telas finalizadas, mas seu trabalho preferido foi feito há muito
tempo atrás, em preto e branco, e que nos últimos anos ele estava restaurando.
O mais surpreendente é que Pedrão nunca fez um
curso de pintura – e também nunca procurou dar aulas angariando discípulos. Seu trabalho era solo. Ele
acreditava que o aprendizado da técnica faz, às vezes, com que o artista
perca seu estilo, sua essência própria, tornando seu trabalho igual aos de
outros artistas.
Sim. Um artista singular. Para ele não existia um
tempo determinado para finalizar uma obra, que podia ser um mês ou até mesmo um
ano.
Embora tenha começado a pintar desde criança, passou cerca de vinte anos sem pintar tendo retomado os pincéis no ano de 2000 onde passou a enxergar a pintura com mais profissionalismo.
Com uma pintura autodidata, isto é, sem técnica
adquirida, sua pintura chama atenção pelo tom variado de suas obras que
totalizam mais de 100 espalhadas, doadas e vendidas a diversos moradores de
Brasilândia que souberam valorizar a sua obra.
Sua
arte é bem ampla incluindo quadros e também entalhes em baixo relevo. Utiliza
na pintura a tinta PVC resinado que deixa o quadro com uma aparência menos
carregada e proporciona mais facilidade de limpeza.
À jornalista Patrícia Acunha, do Jornal da Cidade,
o artista Pedrão confidenciou que possuía um sonho: quer expor suas obras não apenas em Brasilândia, que segundo ele ainda
não dispõe de local apropriado.
No dia 12 de março de 2010 Pedrão inaugurou sua Galeria de Arte Toca do Artesão, um lugar aconchegante
localizado na Alameda Arthur Höffig, no centro de Brasilândia, onde o artista e
proprietário da galeria, se propôs a encantar
as pessoas com a exposição de suas obras.
Embora fosse um homem de temperamento reservado para os estranhos, era um cidadão culto e artista bastante conhecido no meio artístico, tendo participado da 1ª Exposição de Artes Plásticas em Três Lagoas. Sua obra mais cara, confessou, foi O Carro de Boi que se encontrava no saguão da antiga sede da Câmara Municipal de Brasilândia.
Morre
o artista, mas sua obra permanece. Tudo para demonstrar que uma vida sempre
vale a pena. Descanse em paz, amigo, artista plástico Pedrão.
Brasilândia/MS, 19 de dezembro de 2024.
Fonte: Talentos Notáveis. Jornal da Cidade, 1º a 13.Mar.2006, p. 8.; Galeria de arte toca do artesão é inaugurada em Brasilândia. Cidade Morena Notícias, 19.Mar.2010. História e Memória de Brasilândia/MS, Vol. II-Patrimônio, Brasilândia, 2021, pág. 75-77.
Pedrão, meu caríssimo amigo irmão! Deixa muita saudade!
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