terça-feira, 14 de maio de 2024

 

A conversão e os sinais de Deus na nossa vida.

Carlos Alberto dos Santos Dutra










 

A nossa vida é sempre rodeada de sinais. Frutos de nossas escolhas, eles estão a nossa volta nos apontando rumos, explicando trajetos percorridos, nos animando e dando um sentido para nossa existência e de toda a humanidade.

Isso acontece com todos: os pintores, ao deitar os olhos sobre as cores da parede, observando a textura e a tonalidade que foi usada; as cozinheiras, ao adentar um ambiente logo percebem o aroma do tempero que está sendo usado no preparo do alimento; o mecânico, ao caminhar pela rua, logo o ouvido acusa uma determinada falha no motor do veículo que passa ao seu lado.

E assim por diante. Todas as pessoas, de diferentes forma, sempre se veem rodeadas de sinais e conhecimentos a elas inerentes e que as faz interagir com o mundo. É como se aquilo lhes mostrasse que estão vivas, são capazes e têm um lugar na comunidade onde vivem; tornam-se pessoas, cidadãs, se sentindo parte de um todo maior que lhes garante conforto e autoestima. Mais do que um emprego ou uma fonte de renda, sentem-se realizadas e úteis ao meio social onde construíram suas histórias.

A pergunta que fazemos agora é: E os sinais de Deus nas suas vidas? Quando é que percebemos Deus a nossa volta?

Há quem possa dizer que, tal qual ao poeta, toda vez que elevamos nosso olhar para um pássaro voando ou um imenso jardim de flores silvestres, estamos vendo os sinais de Deus aqui na terra.

Sim. Ele se manifesta, desde a criação, de forma maravilhosa, esplendorosa, grandiosa, para os olhos e enlevo de nossas almas. Porém, nem sempre nos deixamos tocar por esse cenário bucólico e ambiente de paz, luz e generosidade divina que ele deita sobre nós.

Isso porque insistimos em dissociar a Vida daquilo que seria o essencial para todos que buscam vivê-la em plenitude. Sim, pode-se dizer que Ele, o Filho de Deus, veio justamente para propor reconectar, através da Conversão, esta humanidade perdida. Da mesma forma que também pode-se dizer que Ele, o Servo Sofredor, morreu na Cruz para Redimir esta mesma humanidade de todo o pecado. De onde se pode concluir que a Redenção está intimamente ligada a Conversão. Ou seja, se guardarmos a Lei de Deus, nos convertendo e nos arrependendo de nossos pecados, seremos redimidos e salvos pela Expiação e Ressurreição de seu Filho, Jesus Cristo.

A conversão e o arrependimento, portanto, são as chaves do Paraíso. Desde o jardim chamado Getsêmani, onde Jesus fez sua derradeira Oração, Ele começou a pagar pelos nossos pecados, dispondo-se a sofrer por nós, para que vivêssemos... desde que nos arrependêssemos. O arrependimento, portanto, é o caminho para a vida eterna.

Iniciamos este texto falando em sinais e agora falamos em arrependimento. E foi por um motivo: mostrar que precisamos aguçar nossos sentidos para perceber os sinais de Deus na nossa vida e a Ele devotar a nossa confiança, testemunho e fé, nos arrependendo de nossas faltas e culpas, fraquezas e egoísmos, ódios e vinganças, descuido e desrespeito com a vida. Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3,15).

Por isso os sinais a nossa volta são tão importantes para a saúde e o futuro de nossas almas. Almas que suspiram a grandeza e o refrigério do infinito, do poder e da graça de Deus. Plenitude que nos transporta além das necessidades e vaidades terrenas e nos arrebata aos braços de um Pai e Mãe celestes e generosos que lá do céu acompanham nossos passos.

Por isso a percepção dos sinais é importante para o nosso bem estar espiritual e nossa missão aqui na terra. Os bens materiais, necessários à sobrevivência, somos capazes de alcançar, com nosso esforço e trabalho. Capazes somos até mesmo de alcançar a fartura dos bens de consumo, saúde, educação e lazer. 

Mas e os bens espirituais? Aqueles que nos motivam e inspiram o nosso viver? Na ordem do dia, onde se encontra o rosto de Deus? Será um Deus que nos mostra o caminho e enche nossa vida de alegria e esperança? Onde vejo este rosto de Deus misericordioso que me ama e zela pelos meu passos, quando caminho pela rua? Quais são os sinais de sua presença que percebemos pulsando dentro do peito e pensamentos sempre ocupados?

Perceber os sinais de Deus no cotidiano, configura um dos maiores desafios do cristão hoje. Isso porque nossa atenção cada vez mais se torna difusa, caminha em todas as direções, tal qual uma rosa dos ventos, que aponta para uma realidade tão diversificada de ritmos e valores tão divergentes que nos perdemos no labirinto da técnica e da desinformação.

E não percebemos mais os sinais de Deus que aos poucos vão se esmaecendo. Quando muito sentimos uma leve sensação de sua presença quando dobramos o joelho diante do tabernáculo, no templo, aos domingos, celebrando a Eucaristia, renovando e relembrando o Sacrifício que Ele fez por todos nós. E achamos que isso é tudo. Ao sairmos dali, quase que tropeçando no mendigo estirado na porta da igreja, seguimos em frente nossa vida, cegos e moucos aos sinais de Deus que nos acompanha desde há muito, desde o nosso batismo.

Redescobrir os sinais de Deus na nossa vida e no ambiente onde vivemos é o desafio do tempo que se chama hoje. Quando vemos tantos sinais de destruição e grito de dor de irmãos, tocados pela força da natureza que se rebela dos maus tratos que têm sofrido pelas mãos do chamado progresso, percebemos que os sinais de Deus precisam ser urgentemente restaurados em nossas vidas. Antes que o som da trombeta anuncie a chegada do fim dos tempos, é necessário que retomemos as lições antigas do Catecismo e da Fé: do amor ao próximo e o zelo pela vida. Que eles sejam as prioridades para a barca que nos levará todos para o Céu. E que Deus tenha misericórdia de todos nós.

 

Brasilândia/MS, 14 de maio de 2024. Dia de São Matias, aquele que foi escolhido para substituir o apóstolo Judas Iscariotes, o traidor (Atos 1, 15-26).

Foto: Conversão Diária - Parte 1 | Diocese de Valadares (diocesevaladares.com.br)

sábado, 11 de maio de 2024

 

O grito de dor e lágrimas... da mãe natureza

Carlos Alberto dos Santos Dutra

 



As recente inundações às cidades do Rio Grande do Sul provocadas pelas chuvas torrenciais que causaram o transbordamento dos rios do Estado – Rio Uruguai, Taquari, Jacuí, Guaíba, Ibicuí, dos Sinos, Caí e  tantos outros –, que devastaram cidades inteiras, levando tudo por diante, arrombando barragens, diques e comportas de contenção, deixam, não somente um mar de prejuízos pelas perdas materiais e lágrimas pelas vidas que as águas levaram, mas também deixa uma lição que relutamos em aprender, porém, que jamais deveríamos esquecer.

É certo que outras catástrofes como essas, de tempo em tempo acontecem em alguma parte do país e também em diversos continentes; notícias que nos chegam todos os dias fazendo com que, aos poucos, vamos nos acostumando com elas – sobretudo quando atingem os outros e não a nós mesmos. Poucos se dão o trabalho de se perguntar: Por que isso acontece cada vez com mais frequência?

Esses reclames da natureza, para os desavisados -- é bom que saibam --, o que acontece hoje no Rio Grande do Sul, e que já aconteceu em outros estados do Brasil, é uma clara sinalização de que os recursos naturais estão exaustos. A natureza precisa de fôlego, precisa de oxigênio, precisa de descanso, para se recompor. Desde a atmosfera, as águas e a terra precisam respirar e seguir o seu curso natural, sem interferência do homem, numa tarefa solitária que só ela pode e deve empreender.

De uma vez por todas temos de tomar consciência – pela dor, sobretudo, já que pela ciência e o conhecimento, não o fazemos --, de que nós somos  hóspedes, transitórios, portanto, deste imenso e, ao mesmo tempo, finito planeta. Tempo para os senhores donos do mundo, do capital e da terra, olharem menos para o alto de seus arranha-céus, estratégias de guerra e vida extraterrestre, e deitar suas preocupações e esforços técnicos para preservar a vida neste planeta abençoado.

Que a mestre natureza ensine, sobretudo aos governantes que as lições do passado não mais servem para os dias atuais e o tempo urge, tamanha foram as agressões e feridas causadas no rosto da mãe natureza. Mãe que nunca negou o fruto a quem lhe confiou a semente; mãe que nunca deixou faltar o alimento a quem quer que seja, plantas, homens e bichos.

Quando a sirene tocar e os alunos crescidos da escola da vida saírem à campo, no final de mais um ciclo de história natural, que eles tenham  aprendido a maior lição da ecologia, sobre a importância das matas ciliares para a proteção da vazão dos rios e contenção do assoreamento de suas águas; sobre a precaução de não se construir cidades e bairros nas encostas dos morros, nas margens dos rios e áreas insalubres, entre tantas lições menores.

Todos sabemos que não é mais nenhum segredo que as mudanças climáticas e agressão ao meio ambiente estão entre as ameaças mais graves à humanidade e, se nada for feito, em poucos séculos a Terra como conhecemos pode deixar de existir. Há muito os ambientalistas – sempre desacreditados --, recomendam atitudes simples que, no dia a dia, podem ajudar a minimizar os danos causados no meio ambiente: economizar energia; economizar papel; consumir mais vegetais; economizar água potável; reduzir o consumo de plástico, praticar a reciclagem, entre outros.

A responsabilidade maior, entretanto, deve recair sobre os planos e políticas públicas dos governantes. O puxão de orelha no dia 5 de junho próximo, Dia Mundial do Meio Ambiente, vai, em particular, para os candidatos à Prefeito e Vereadores que daqui a 4 meses serão eleitos os novos administradores das 5,5 mil cidades brasileiras. 

Aqui em Brasilândia/MS, neste ano, muitas propostas sobre o meio ambiente deverão estar presentes nos planos de governo dos dois candidatos que irão disputar a governança a partir do Paço Municipal Neuza Paulino Maia. Oxalá devam estar, inevitavelmente, também: 

1º) controle do desmatamento e queimadas; 2º) retomar o debate sobre o Comitê de Bacias e mini-hidrelétricas; 3º) preservar as APAs do município; 4º) criar um Parque Municipal (desapropriando a Chácara São João, criando ali uma Escola de Meio Ambiente ou viveiro municipal); 5º) criar ciclovia ao longo da Rodovia Luigi Cantone (BR-158, Reserva Cisalpina) e ao longo da MS-395 (BR-158) em direção ao Novo Porto João André; 6º) rever o trajeto do esgoto sanitário previsto para o seu despejo no rio Verde (Jabuticabeira); 7º) que o município volte a ter um biólogo para o Departamento de Meio Ambiente, descolando-o da Secretaria do Desenvolvimento; 8º) construir bichoduto subterrâneo para a passagem de animais da Reserva Cisalpina e construção de cercas ao longo da Rodovia Luigi Cantone (BR-158), entre outras demandas que a natureza e municipalidade pedem e agradecem.


Brasilândia/MS, 11 de maio de 2024.


Foto: Córrego da Viação transbordou. Jornal da Cidade, 2006; Fonte: Conheça 5 atitudes simples para preservar o meio ambiente — UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco

domingo, 14 de abril de 2024

 

Homenagem ao desportista Professor José Cândido da Silva

Carlos Alberto dos Santos Dutra



 

1.              O esporte no Brasil e no mundo é paixão. Mexe com o coração não só dos atletas, mas também daqueles que torcem por eles nas arquibancadas.

2.              Aqui em Brasilândia isso não seria diferente. O amor pelo esporte, principalmente pelo futebol, sempre embalou as alegrias desta comunidade. Desde seu nascimento, o esporte esteve presente ao longo dos mais de 50 anos de existência desta cidade.

3.              Simples e criativo, para sua prática, bastava uma bola, mesmo que de pano, para ser jogada num campinho qualquer. Desde a pelada que era disputada na terra batida do bairro distante da cidade até o campo gramado das fazendas, especialmente preparado para os dias de festa e congraçamento dos funcionários e seus familiares, tudo era uma festa.

4.              A homenagem que fazemos hoje tem início de forma simbólica com a trajetória de uma bola que é arremessada pelo tempo, rolando pelo campo dos sonhos, em direção ao gol. Depois de passar por vários pés e ser tocada com habilidade e maestria por um atleta e seus dribles, eis que ela chega ao fundo da rede, objetivo final da partida, para orgulho e delírio da torcida ao ver mais uma vitória conquistada pelo seu time e seu atleta preferido.

5.              O jogador agora curva-se para o campo e segura nas mãos a bola que lhe dá o título. Contempla a pelota e seus gomos, antes multicoloridos e hoje já desgastados pelo tempo; mesmo assim a abraça num gesto de carinho e gratidão. Sente o seu calor e, ao longe, é como se ouvisse as vozes do passado que o alcançam, golpeando-o na emoção.

6.              Era como se tivesse ouvindo uma voz dizendo: --passa a bola Zé. Parecia ouvir os colegas do times de futebol que participou repetindo: --passa essa bola Zé.

7.              O atleta, agora, volta a ser um menino. Um menino que na infância corria seminu e descalço pelas ruas da cidade. Sim o menino que sonhara um dia ser jogador de futebol aos pouco ia se encontrando com seu destino.

8.              Aos 12 anos de idade, ele corre ao redor do gramado vendo seu pai, Joaquim Cândido, às voltas com a presidência da associação que fundara, o Brasilândia Atlético Clube-BAC, que arregimentava a elite dos atletas e formava o time de estrelas do futebol de campo da Costa Leste do Estado.

9.              Time que teve a ousadia de ostentar a garra e supremacia de ter conquistado o feito inédito de 33 vitórias consecutivas permanecendo invicto durante um largo período no anos 1990.

10.       Mas o sonho de José Cândido estava apenas começando a ser escrito na história das fileira do esporte brasilandense. 

11.       O atleta e administrador experiente, hoje, corre a passos lentos pela linha lateral do campo. Afinal, 73 anos se passaram desde que seus pais, Joaquim Cândido e dona Joana Maria, o tomaram nos braços cheios de alegria no dia 20 de maio de 1950 na vizinha Guaraçaí/SP, onde nasceu.

12.       Depois de terem morado em Planalto, Murutinga do Sul, Santa Fé do Sul e Guaraçaí, no estado de São Paulo, sua família fincou raízes em Brasilândia, instalando-se, no ano de 1956, nas margens do Córrego Bom Jardim cujas águas fartas nesta época irrigavam as roças e enchiam de esperança àquela zona rural.

13.       Foi nesta Cidade Esperança que o menino recebeu o apelido de Zé Paçoca, em razão de ter trabalhado  como vendedor de doces de amendoim moído na juventude.

14.       Foi aqui que ele aprendeu as primeiras letras no Grupo Escolar Arthur Höffig, estudando da 1ª a 4ª série. Depois, prestou exame de admissão para ingressar na 5ª série estudando até a 8ª série no Ginásio Estadual Dom Lúcio Antunes, na cidade vizinha Panorama/SP, fazendo a travessia arriscada pela balsa do Rio Paraná que neste tempo ainda corria rápido, livre e forte.

15.       Os ano se passaram e ele sempre conciliando os estudos com o esporte. Até o momento de se ver transformado num homem, para a alegria e orgulho da única irmã caçula, Áurea que sempre o incentivou.

16.       Licenciado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Ministro Tarso Dutra, de Dracena/SP, formou-se professor de Português e Inglês vindo a lecionar na cidade que o viu crescer.

17.       Aqui casou e constituiu família. Inicialmente ao lado da professora Célia Maria, falecida em 2017, com quem teve os filhos: Adriano, Adriana, Gislaine, e Franciane. E depois, ao lado de Aparecida de Fátima, com quem teve a filha Letícia. Hoje José Cândido é avô e encanta-se com os netos: Everton, Luiz Carlos, Camila, Gustavo, Carolina, Leandro, Andressa e Júlia.

18.       O início de sua carreira de professor deu-se no antigo Mobral no ano de 1968 quando passou a ministrar aulas no km 3 da barranca do Rio Paraná na Escola chamada Três Botecos.

19.       Anos mais tarde, escreveu a primeira biografia do município de Brasilândia, narrativa que pode ser considerada a história oficial do município.

20.       Em 1986 teve a participação decisiva na fundação da Associação Brasilandense de Professores-ABRAP que deu origem ao atual SIMTED.

21.       Sua vocação para a política nasceu vendo o desprendimento de seu pai, Joaquim Cândido, quando ele andava a cavalo, atravessando campos e roças, em busca de votos durante as campanhas eleitorais.

22.       Foi assim que o menino José Cândido, muito cedo, aprendeu como lidar com partidos, siglas e coligações políticas. Expertise adquirida que lhe garantiu ter sido eleito e permanecido como vereador e presidente da Câmara Municipal por 5 mandatos e uma prorrogação, totalizando 22 anos como legislador.

23.       Presidente do partido PDT por vários anos, foi prefeito de 1989 a 1992, sob o lema Dedicação e Fraternidade. Foi também candidato a deputado federal em 2002 conquistando o 1º lugar no município e 37º do Estado.

24.       Como chefe do Executivo municipal, José Cândido foi responsável por muitos feitos em sua administração que ainda hoje são lembrados pela população: Um dos mais marcantes é ter reconstruído o Cruzeiro, monumento originalmente instalado pelo fundador de Brasilândia Arthur Höffig, e que representa o marco histórico da fundação do município.

25.       Fruto de sua larga experiência política, seu jeito natural e ao mesmo tempo peculiar de agir ganhou o imaginário popular tornando-se uma figura folclórica agregando o apelido de Zé Rojão, pelo fato de chamar a população, quando da chegada de autoridades, inaugurações e eventos da municipalidade, por meio de fogos de artifícios, cujo som dos foguetes informava todos os munícipes.

26.       Entre suas realizações estão também a criação da Secretaria Municipal de Agricultura; o Centro Profissionalizante do Menor, e a Corporação da Guarda Mirim.

27.       Deu impulso também à Fanfarra Simples de Brasilândia, refundando a FAMBRA, criada 1983,  despertando para a música e o sentimento de patriotismo às crianças e jovens daquela época. Isso sem falar do Carnaval que era uma festa que ele sempre incentivou trazendo bandas para animar os foliões.

28.       Foi na sua administração também que a Prefeitura Municipal de Brasilândia ganhou sede definitiva, quando as dependências da antiga Escola Estadual Pedro Pedrossian, foram reformadas e ampliadas sendo transformada no Paço Municipal.

29.       Os olhos deste administrador, entretanto, nunca descuidou de seguir o rumo de seu coração que o levava aos campos, aos jogadores e à bola.

30.       Retroage o relógio do tempo e lá  encontramos o atleta José Cândido participando dos campeonatos amadores, quando a seleção de Brasilândia era representada pela equipe do Brasilândia Atlético Clube – o BAC, o time de maior brilho da região.

31.       E recorda a partida contra o time do Jupiá Esporte Clube, quando o BAC estreou dois jogadores que se tornariam referência no futebol em Brasilândia: o lateral André e o ponta-esquerda Fogoió.

32.       Este foi um dos maiores méritos de José Cândido: o de apostar no talento de um atleta que, entre tantos servidores que se dedicaram à área do esporte, trouxe as maiores alegria para Brasilândia: Everaldo Vieira da Silva, o popular Fogoió. Foi quando o BAC ressurgiu pelas mãos do ex-vereador Samuel Ramos Lopes, popular Biro-Biro.

33.       Tempo de glória do esporte, o futebol de campo era presença obrigatória nas Festas do Peão, quando as partidas que eram realizadas no imortal estádio Joaquim Cândido da Silva, lembra com saudade o antigo atleta ao ver o antigo estádio hoje envolto em sombras do desprestigio.

34.       Ah. Que orgulho sentiu quando deu entrada na documentação para o BAC ingressar na Liga e poder disputar o campeonato amador em Três Lagoas em 1989.

35.       Tantas partida e lembranças que marcaram a memória do BAC quando este time chegou a jogar até três partidas numa tarde pelo campeonato de veteranos da Liga de Três Lagoas.

36.       E ele estava lá, até mesmo na época quando as cores antigas, preto e branco, das camisas do BAC ganharam as cores o azul e o branco.

37.       Além do BAC, onde José Cândido atuou como ponta-esquerda, honrando o time com a camisa 11, ele também participou do CRB – Clube Recreativo Brasilandense, em 1990 e do BEC – Brasilândia Esporte Clube. Sobre a quantidade de gols que praticou, por modéstia, ele não arrisca a dizer.  

38.       Sempre atento às necessidades do esporte, inaugurou em 1989 a chamada Casa do Atleta, como era o Departamento Municipal de Desporto. E foi o grande incentivado do segmento feminino do BAC, com a criação do BRASAC que brilhou por décadas projetando o esporte das meninas de ouro em várias modalidades.

39.       Entre os eventos que o atleta-prefeito deixou sua marca está o célebre jogo entre as mulheres Solteiras x Casadas, ocasião em que as atletas foram saudadas no início da partida por uma bateria de fogos, bem ao estilo da época.

40.       Como já dissemos, o futebol é paixão. E as manchetes dos jornais estão aí para provar: quando o BAC ganhou de 1x0 do Frigotel, o jornal de Três Lagoas estampou: Frigotel não admite perder para o BAC! Isso aconteceu no dia 23 de maio de 1990.

41.       Fato curioso neste dia de festa quando se enfrentaram: Empaer, Bandeirantes, Xavantes, Bamerindus, Sucateiros, Cafezinho, Baixada Santista, Indiana Supermercados, República dos Anjos e Ginásio, o artilheiro deste torneio foi Biro-Biro e o prêmio de goleiro menos vazado foi para o nosso atleta José Cândido. 

42.       O redemoinho do tempo envolve a todos e o nosso homenageado respira fundo ao relembrar sua história de vida que deixou para trás. São tantas realizações e alegrias sentidas que é impossível recordar uma a uma.

43.       A maior de todas as alegrias, sem dúvida, no campo do esporte, foram os grande momento vividos em que pisou o tapete verde, verdadeiro campo dos sonhos onde cultivou amigos e ali pode ser admirado pela torcida que o aplaudia.

44.       Sobre sua maior tristeza e momento de dor familiar, foi quando viveu o falecimento de sua mãe, dona Joana Maria, aos 88 anos, e o falecimento do pai, Joaquim Cândido, que faleceu com apenas 52 anos de idade.

45.       No mundo do esporte, por fim, o desencanto do santista José Cândido vai para o estado de abandono em que se encontra o imortal Estádio Municipal Joaquim Cândido da Silva, nos dias atuais, carente de reformas e manutenção.

46.       Pequeno desgosto que o atleta-prefeito de outrora, busca esquecer, ao som da música sertaneja que embala os seus dias atuais de aposentado.

47.     Acordes sonoros que o animam a sorrir e estender as mãos em agradecimento à Deus pela homenagem que lhe é prestada neste dia. 

Obrigado Associação Recreativa Master-ARMs. 

Parabéns José Cândido da Silva.


Brasilândia/MS, abril de 2024.

sábado, 6 de abril de 2024

 

O diálogo dos Ofaié com Aílton Krenak
Carlos Alberto dos Santos Dutra




Tratava-se de um diálogo sobre relações e resultados sustentáveis. Os atores, representantes dos mais diversos segmentos organizados das comunidades de Três Lagoas, Selviria, Brasilândia, Água Clara e Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul,  em condição de igualdade sentaram-se com a empresa Fibria e seus mais altos dirigentes. E assim, de forma franca e aberta, se propuseram a falar e escutar, convencida essa última, de que o diálogo é o melhor caminho.

E lá também estavam eles, aqueles representantes de um povo miúdo e de cor escura, misturado a outras tribos urbanas e rurais, de gênero e propósitos econômicos e sociais diversos naquele encontro memorável. Perceberam logo que o objetivo dos tais diálogos construtivos era o de aprimorar as operações e relações da empresa anfitriã, mas também perceberam o alcance e a humanidade deste gesto que lhes permitia colocar a pequena comunidade Ofaié, na pauta dos empreendimentos e preocupações futuras desta grande empresa.

Bem acolhidos e respeitados por todos, o cacique José de Souza, o Kói Ofaié, ouviu atentamente as palavras do Sr. José Luciano Penido, presidente do Conselho gestor da empresa. Também teve a oportunidade de lhe falar reservadamente um pouco de sua história, suas lutas e o sonho do seu povo. Sentiu-se valorizado em poder expressar sua opinião sobre o que os povos indígenas entendem por biodiversidade, tema de estudo no encontro.

Além do cacique, lá estava também Silvano de MoraesHantar-hec Ofaié, jovem professor da aldeia Anodhi, que falou na plenária revelando os principais anseios dos estudantes indígenas dos dias atuais, que navega entre o acesso à tecnologia e os valores da modernidade, sem contudo, descuidar da história, dos costumes e dos valores que os identificam como etnia diversa da comunidade nacional.

Todo aquele universo de pessoas e informações, neologismos e vocabulário especializado responsável pela quebra de paradigmas e dos modelos mentais cada vez mais exigentes e transformadores da realidade através da construção coletiva de novas ideias e aplicação de práticas sustentáveis, tudo isso foi de um valor inestimável: --aprendi demais! confessou-me Kói.

Mas a aula só ficou completa quando um parente distante do povo indígena ergueu a voz no decorrer do encontro. Tratava-se de Aílton Krenak, tido como embaixador dos índios entre os brancos brasileiros. Nascido em Minas Gerais, em 1954, esse líder indígena é jornalista e produtor cultural. Alfabetizou-se aos 18 anos e na década de 80, passou a se dedicar exclusivamente à articulação do movimento indígena. Em 1985, fundou a ONG Núcleo de Cultura Indígena (NCI) e em 1987, em meio às discussões da Assembléia Constituinte, foi autor de um gesto que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas.

Pois foi essa figura rebelde que participou da fundação da União das Nações Indígenas (UNI), do movimento Aliança dos Povos da Floresta e da criação da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e hoje é um dos mais conhecidos líderes indígenas do Brasil, atuando como assessor para assuntos indígenas de governos e empresas, que brindou a todos com uma bela e profunda reflexão sobre o permanente diálogo construtivo que é travado no dia-a-dia. E falou como um legítimo pensador do mundo contemporâneo desafiador que vivemos.

Para os Ofaié foi um momento especial, sobretudo quando tiveram a oportunidade de entregar ao indígena Krenak, o livro O território Ofaié pelos caminhos da história, que descreve a saga vivida por este povo ressurgido. No contorno do principal ponto turístico de Três Lagoas, a Lagoa Maior, lá estava o autor do livro, o Prof. Carlito, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasilândia, João Brito de Souza, o ilustre visitante Ailton Krenak e José de Souza, cacique Ofaié autografando e narrando a história de seu povo àquele patrício mineiro.

Na paisagem de fundo, a imagem não captava as palavras, somente a beleza plástica colada na lente da objetiva, quando muito registrou o gesto impregnado na digital que viajou célere pela internet informando e comunicando o evento ocorrido. O que permaneceu, entretanto, foi o som das aves, os olhares, a aproximação, o paieiro furtivo montado ao som do vento e trocado de mão, o sorriso, a lembrança e a presença daquele totem imponente de braços abertos expressando liberdade. E acima de tudo, a certeza, numa frase lapidar de Aílton, perfeitamente aplicável ao encontro, dita como se fosse um velho paí Ofaié de outros tempos: No dia em que não houver lugar para o índio no mundo, não haverá lugar para ninguém.

O menino da família Krenak observa as fotos antigas dos Ofaié e a memória corre livre de volta a sua aldeia, lá no Vale do Rio Doce, quando não há muito tempo ela beirava umas 100 famílias. O número contrasta com a realidade dos Ofaié que hoje reúne apenas 25 famílias. Não contrasta, contudo, a esperança redobrada que os une, como povos indígenas que há séculos vêm buscando dialogar e fazer frente ao etnocídio praticado ao longo da história desde os tempos colombianos.

E, assim, pacientes, lá estavam eles, na margem dos rios Sucuriú, Paraná, Verde, Taquaruçu e Pardo, correndo nus pelo cerrado, praticando suas danças e rezas, manejando arcos e cajás, caçando e coletando frutas e o mel silvestre que tanto apreciam. Demonstrando, hankrägani, que desde há muito dialogam com agã-chanagui, e persistem praticando o melhoramento genético de plantas e domesticando bichos, até os dias de hoje, em permanente diálogo com o meio ambiente e seu entorno, como fizeram seus pais e avós.

Diálogo --hoje descobrimos--, cada vez mais necessário para a sobrevivência de todos. Diálogo que ensina e aprende a construir relações de respeito e resultados sustentáveis para o homem e a natureza. Dinâmica, aliás, onde os Ofaié e Krenak, e mais de uma centena de povos indígenas, se sentem todos sábios professores.

  

Redigido originalmente em 29 de agosto de 2012 e publicado em http://www.agorams.com.br/jornal/2012/09/o-dialogo-dos-ofaie-com-ailton-krenak/  (1º/09/2012)
Fotos: Simone Prati, 2012.
















quarta-feira, 3 de abril de 2024

Adeus amiga Maria Inês, professora Solidária

Carlos Alberto dos Santos Dutra










Recebo a notícia do falecimento da amiga Maria Inês da Silva, com um aperto no coração. Embora saibamos que a todos nos reserva este destino, no caso desta senhora, algo mais profundo nos revela o legado de seu ser para o aprendizado dos dias que ainda nos restam.

Às voltas com minhas escritas, havia lhe dedicado especial lugar na coleção que estou escrevendo sobre a História e Memória de Brasilândia, no campo de atuação que ela se dedicou ao logo dos anos: a família, a educação e a pastoral. A intenção era homenageá-la em vida, mas assim não quis Aquele que lhe reservou derradeiro encontro com a Vida, antecipadamente; porém, de certa forma, aliviando suas dores e brindando-a com flores.

Mulher ativa e atuante, desde a sua juventude, foi professora ministrando aulas na antiga Escola Bom Jardim. No vigor de sua juventude, lá se encontrava a professora atendendo seus aluninhos, onde mantinha sua turma multisseriada, na condição de professora leiga. Recorda que lá também lecionaram a Profª. Úrsula Galdino, o Prof. José Quintino, e a Profª Edair, filha do Sr. José da Cana, nesta escola dedicada a receber alunos oriundos de sítios e fazendas, num tempo em que as distâncias eram vencidas a pé pelos alunos que enfrentavam a poeira das estradas para chegar à escola.

Em voz compassada e didática, dona Maria Inês recorda que começou a estudar no Ginásio. Lá tinha o Supletivo. Sente uma aura de felicidade e modesto orgulho ao lembrar que entrou com 35 anos na 5ª série formando-se no Magistério. Depois fez Pedagogia em Dracena/SP e pós-graduação no curso de Psicopedagogia em Aparecida do Taboado/MS.

Mulher vencedora naqueles tempos primeiros, era natural de Val Paraíso/SP, tendo nascido no dia 3 de novembro de 1946 numa família de quatro irmãos. Chegou a Brasilândia aos 10 anos de idade, entre 1956 e 1957, residindo com seus pais (Manoel e Benedita) inicialmente numa fazenda, adiante da Fazenda Califórnia, a Fazenda Queluz, aquela que tinha uma luz que brilhava que nem ouro, diziam.

Casou com seu Adenor, no Civil, no Cartório de Santa Rita do Pardo. Ao que parece o tabelião era o Sr. José Ferreira, lembra. A cerimônia religiosa de seu casamento ocorreu muitos anos depois, em Água Clara, numa fazenda, num dia de batizado. Ela era madrinha de muitas crianças da zona rural, e o padre da época realizava missa, batizado e casamento de todo mundo na região. Lembra que o seu sogro pegou o carrinho, colocou a família dentro e se tocou para o local, onde casou a filha e festejou o casamento e batizado dos conhecidos que lá também se encontravam.

Depois de passar algum tempo morando em Panorama/SP, para onde o casal foi em busca de serviço, voltou para Brasilândia, desta vez fixando residência na Fazenda Almeida, do Dr. Anísio Gomes de Almeida, no plantio de café e exploração do gado leiteiro. Morando na colônia da fazenda que reunia mais de uma dezena de famílias, ministrava catequese que também alcançava a todos os moradores da Linha Jardim. Durante os 11 anos que lá permaneceu, já no tempo do padre Lauri Vital Bósio, foi lá que fez sua primeira comunhão.

Na Fazenda Queluz lembra que ministrou durante seis anos aulas como professora leiga antes de vir para a sede do município e começar a dar aula na Escola do Bom Jardim cujo diretor na época era o Prof. Luiz Barbosa. Depois, quando começaram a puxar alunos da rede escolar para a sede do município e a escola foi desativada, eu já havia sido afastada do cargo, conclui.

Com o passar do tempo, mesmo depois de aposentada manteve-se atuante nos assuntos que dizem respeito à educação, a assistência e o trabalho comunitário. Convidada a participar no Conselho Municipal de Saúde, sempre foi um membro atuante e proativo, semeando de forma pedagógica luz e discernimento. Por vários anos foi representante dos usuários como membro titular deste Conselho representando a organização social Pastoral da Criança.

Mas a virtude de maior envergadura que pode ser conferida à dona Maria Inês foi: primeiro, sua preocupação e perfil solidário que a acompanharam desde a juventude. E, segundo, sua sede de saber sempre mais, não esmorecendo devido às dificuldades. Foi o que revelou ao participar do grupo assistencial leigo criado em Brasilândia com o nome de Comunidade Solidária.

Não por ser a mais antiga e idosa do grupo, mas por carregar nos ombros e no coração uma história de vida que é exemplo para muitos. Na época, com 73 anos de idade, ela relembrava a quem se dispunha a sentar e vê-la contar, pausadamente, um pouco de sua trajetória. Imobilizada em um sofá, onde se recuperava de uma enfermidade que lhe impedia de caminhar, pois lhe privou os movimentos da perna, ela permanecia uma pessoa alegre e preocupada com o murmúrio da vida à sua volta.

E lá a encontramos recordando o artesanato, os pomponzinhos e bordados que faziam, o trabalho com cerâmica, linhas e crochê. Lembra com carinho as colegas ReginaMaria Rosa e outras colaboradoras como dona Leonor, a Helena, e uma mocinha nova que não recorda o nome..., ela que sempre foi secretária nas entidades que participou, talvez pela sua formação de professora.

Seus olhos se enchem de lágrimas quando recorda o momento que recebeu a notícia que teriam de desocupar a sala onde atuavam, há tantos anos, praticando o artesanato e colocando seus produtos à venda, promovendo a solidariedade entre os paroquianos e comunidade carente em geral... Dada a ordem para desocupar a sala da Comunidade Solidária e da Pastoral da Criança, junto com o material demolido viu perder-se um pouco da história do trabalho realizado por aquelas anônimas senhoras.

Mas essa mulher guerreira não guardava qualquer rancor, somente boas lembranças dos frutos que colheu no seu tempo de professora, no trabalho com a comunidade. E isso porque seu sonho ainda era maior: desejava se formar em nível superior. O que conseguiu anos mais tarde.

Dona Maria Inês, que havia estudado até a 4ª série, sim, tinha um sonho: concluir os seus estudos. Falou para o marido, e ele achou estranho, pois sua esposa já se encontrava com 37 anos de idade quando externou esse seu desejo. Mas, concordou. E lá seguiu ela, fazendo o trajeto desde a fazenda até a cidade, no ônibus que fazia o transporte dos alunos matriculados a partir da 5ª serie na rede pública municipal.

Durante seus estudos nunca reprovou. Quando chegava o 3º bimestre, já estava com quase todas as matérias com a média exigida, faltando um ou dois pontos para sua aprovação. Lembra que enquanto as outras colegas ficavam em recuperação ou de exame, ficando para trás, ela graças a Deus se formou no Colegial, que naquele tempo era o Magistério, observa.

Seu aprendizado não parou por aí. Em 1988 o casal havia deixado a fazenda e se mudado para a cidade. Concluído os estudos, sempre com brilhantismo, passados dois anos, fez o curso de Auxiliar de Enfermagem, passando em primeiro lugar no processo seletivo na época, começando a trabalhar no Hospital Municipal Dr. Júlio César Paulino Maia, inaugurado naquele ano, tendo sido uma das primeiras enfermeiras que lá trabalhou ao lado das colegas JucelinaCidinhaJoana, entre outras que participaram deste curso na época.

Logo que entrou no Hospital colocaram-na para trabalhar no Berçário, onde trabalhou por dois anos, tendo embalado e zelado por uma centena de crianças que por lá passaram. Ah, como gostava de trabalhar naquele lugar, cuidar dos bebezinhos, mesmo estudando a noite, pois logo ela já estava num novo projeto de vida.

Na gestão do prefeito José Cândido da Silva, ao saber das habilidades da Profª Maria Inês, ele determinou que aquela enfermeira, colega professora, fosse transferida para a Escola Municipal Arthur Höffig. Indiretamente, fez um favor para dona Maria Inês, pois lhe ascendeu novamente o desejo de estudar... E lá foi ela prestar o vestibular aproveitando a bolsa de estudos que a Prefeitura fornecia aos alunos que se dispusesse a qualificar-se com um curso superior... (1).

Relembrar a grande mulher que foi dona Maria Inês, neste momento de pesar e sentimento pela sua partida, é a maior homenagem que podemos fazer. É o que externamos neste momento de tristeza pelo passamento desta virtuosa mulher, professora Maria Inês da Silva, que colocou sempre à frente os sonhos que a tornaram feliz. Descanse em paz, professora solidária.


(1) O final desta e outras histórias encontram-se no livro História e Memória de Brasilândia, Volume III, Cidadania. Este texto foi publicado originalmente em 03 de abril de 2020 no portal https://www.institutocisalpina.org/professora-maria-ines.... E republicado em 03 de abril de 2021. Disponível em DUTRA, C.A.S. Quando eu me chamar saudade, vol.1, 2021, pág. 159. Quando eu me chamar saudade, por Carlos Alberto dos Santos Dutra - Clube de Autores