O carinho e o sorriso de Evandro Inácio.
Carlos Alberto dos Santos Dutra.
Existem
notícias que jamais gostaríamos de receber. Isto porque fomos talhados para ser
eternos e entendemos que sempre haverá uma chance para que isso aconteça.
Sim, podemos
viver muitas vidas, mas nunca ficamos livres da dor da partida. Especialmente
quando ela nos aperta o peito e não sabemos dizer o porquê ela nos
fulmina o coração de uma dor inconsolável.
Foi assim
que a notícia da partida de Evandro Inácio invadiu a nossa alma, nos tomando de
assalto, dilacerando as entranhas de quem por ele nutria dedicada e sincera devoção.
Falo da esposa, do irmão, dos tios e dos amigos que o amavam e o admiravam como cidadão e ser humano iluminado.
Para quem o
viu ainda jovem, cheio de sonhos, e a trilha de dor percorrida, verdadeira via crucis, travada pela sobrevivência,
desde o fatídico dia em que mergulhou nas profundezas de seu abismo e ressurgiu
para a vida, seus passos, a partir de então, só percorreram caminhos de luz.
Foi exemplo
de superação e fé para todos aqueles que o cercavam de carinho e respeito. Foi
a palavra certa e o exemplo que arrastava jovens para o caminho do bem, ao
mesmo tempo em que causava admiração aos mais velhos, à semelhança de um sábio
que não se cansava de ensinar.
Ah, e o seu
sorriso. Mesmo que tudo estivesse sombrio a sua volta, dada às dificuldades de
locomoção ou incômodo que julgava causar, ele sorria, e jogava sementes de
esperança e alento buscando reverter o desânimo, apontando para uma réstia de
luz através de seu olhar.
Evandro
Inácio não era somente um jovem cadeirante que despertava compaixão aos que
dele se aproximavam. Ele era o cidadão lúcido, inteligente e proativo que a
cidade teve a oportunidade de conhecer e respeitar.
De
temperamento dócil, porém incisivo na defesa dos mais fracos, demonstrou uma atuação
irrepreensível, brilhante e consequente propondo projetos e ideias que só
engrandeceram a sua cidade, o que o tornara um cidadão honrado, a exemplo de seu tio
Onofre, um dos pioneiros à frente do Legislativo
municipal.
Evandro
Inácio, amigo e irmão de muitos, partes muito cedo, apenas 46 anos de idade, e
isso nos inquieta o coração que busca resposta para o desalento incomensurável que nos consome.
Mas, ainda que nossos corações chorem a tua
partida, nossas almas irão permanecer serenas na fé, pois combateste o bom
combate e com certeza o mundo – sobretudo os jovens de fé que te cercavam de
carinho e esperança --, em razão das sementes que plantaste, depois de ti, será
melhor.
Descanse em
paz, irmão Evandro Inácio. Agora estás livre e nada o irá impedir de correr
pelos varjões da Cisalpina que te viu crescer, e os Campos do Senhor que hoje abre suas veredas para te acolher... Vá ao encontro de dona Maria, da mãe Helena e outros amigos que o esperam.
Brasilândia-MS, 30 de julho de 2018.
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