domingo, 17 de outubro de 2021

Quebrando o silêncio contra o abuso e violência que nos rodeia

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

Eram 32 páginas, mas valiam por cem, por mil vidas preservadas. E se encontravam a disposição de todos no balcão da sala de recepção dos postos de saúde, consultórios, escolas e instituições públicas e privadas. Deitar os olhos sobre tão rica revista educativa deveria ter sido mais que uma obrigação de pais, educadores, profissionais e formadores de opinião.

Mas foi o que menos se ouviu falar no comentário das redes sociais em âmbito local. Uma lástima para tão oportuno debate que o tema tem suscitado nos últimos anos: o tema da depressão, da violência, da banalização da vida e do suicídio que acomete centenas de jovens pelo mundo afora.

Tratava-se da revista educativa Quebrando o Silêncio Teen, publicada em 2018 pelo Ministério da Mulher, da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Reunindo conteúdos desenvolvidos pelo doutor em psicologia Diego Alexandro Rozendo da Silva, a mestre em psicologia Caroline Raupp, e a mestra em educação Fabiana Paulino Alexandre Retamero, a revista assume uma atitude educativa e preventiva contra o abuso e violência em suas diversas formas.

Apresentada na forma de uma revista em quadrinhos cativa os leitores a partir de situações concretas, vividas pelos jovens, desde uma simples espinha no rosto e o que ela representa para autoestima de uma adolescente, até a bronca do pai que é dada ao filho que nem ouviu direito o pedido que ele fez para auxiliá-lo no trabalho.

É um mundo de emoções que rodeia os jovens que nem eles mesmos sabem explicar. E a revista, didática e calmamente vai conduzindo o leitor adolescente a se redescobrir, e aos pais e formadores, a entendê-lo melhor. E tudo a partir das emoções que brotam do pensamento de um e de outro.

A revista Quebrando o Silêncio Teen explica: a chave são os pensamentos. Por isso é tão importante contemplar coisas que nos fazem ter bons pensamentos, pois esses gerarão boas emoções que, por consequência, resultarão em ações saudáveis.

Com efeito, caso contrário, o jovem se sentirá só e a solidão irá gerar o aborrecimento que o fará se afastar ainda mais do convívio familiar e daqueles que lhe querem bem. As dificuldades, desilusões e fracassos, quando extremos, levam ao desejo mórbido de dar um fim a própria vida, alerta a revista.

Não brinque com coisa séria! Vida e morte são assuntos demasiadamente sérios para serem tratados com leviandade. As pessoas são diferentes e cada uma encara determinada situação de um jeito. Por isso o olhar e atenção dos pais e formadores nestes momentos de crise é determinante, recomenda a revista: demonstre empatia; tenha uma atitude calma, mas solícita; não julgue; não dê sermões; não ignore; busque ajuda de alguém que possa fazer a diferença.

Entre 1980 e 2012 o Brasil registrou um aumento de 90% no número de suicídios na faixa etária de 15 a 29 anos. Passou de 1.523 para 2.900 suicídios resultando uma média de 5,8 óbitos para 100 mil habitantes, a maioria entre os 15 e 29 anos de idade. Se considerarmos todas as faixas etárias de 2012 a 2014 foram 31.507 suicídios

Cabe ainda lembrar a alta taxa de mortalidade por suicídio entre os homens indígenas, 23,1 mortes por 100 mil habitantes, enquanto que a taxa para homens brancos é de 9,5, e negros 7,6 mortes. Entre as mulheres indígenas a taxa também é maior (7,7), na comparação com brancas (2,7) e negras (1,9). No cômputo geral o suicídio de indígenas foi quase três vezes maior que a média nacional, 15,2 registros por 100 mil, sendo 44,8% jovens em idade entre 10 e 19 anos.

A baixa renda, a falta de política de prevenção, o não controle de armas de fogo são alguns indicadores que fazem com que 75% dos casos de suicídio ocorram nos países em que a renda de maior parte da população é considerada baixa ou média, observa a revista.

O grito de socorro de alguém a beira do abismo pode estar bem perto de nós. O Quebrando o silêncio foi lançado e vidas podem ser salvas. Porque o tempo urge, sendo necessário: ouvir, dar crédito, garantir segurança, encaminhar, elevar a autoestima e o espírito das pessoas, valorizando a vida e trabalhando pela prevenção do suicídio.

Parabéns a Equipe da Igreja Adventista do Sétimo Dia pelo trabalho realizado e as informações disponibilizadas. Que pais e educadores possam fazer bom proveito do material produzido e das edições mais recentes deste projeto de alcance inigualável em defesa da vida, porque o mundo não será um lugar melhor sem você!

 Brasilândia/MS 17 de outubro de 2021.


Telefones que podem salvar vidas:

188 e 141- CVV Centro de Valorização da Vida

180- Centro de Atendimento à Mulher

100- Violência sexual contra crianças e adolescentes

190- Casos de Ação Imediata

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2018/09/24/taxa-de-suicidios-entre-indigenas-e-tres-vezes-superior-a-media-do-pais 24.Set.2018.  http://www.quebrandoosilencio.org

Foto: http://www.cvv.org.br

 

  

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