sábado, 16 de dezembro de 2023

 

Como celebro o nascimento de Jesus?

Diác. Carlos Alberto dos Santos Dutra (Carlito)


 



As leituras de hoje nos colocam frente a frente com as palavras de Isaías, Paulo e João. Isaías, proclama o tempo da graça do Senhor. Faz o anúncio do tempo novo. Tempo de curar as feridas da alma e de libertar os que se encontram presos a algo que os impede de ser felizes. Paulo nos incentiva a viver este tempo com alegria, rezando sem cessar e dando graças a Deus em todas as circunstâncias de nossa vida. E João, pela boca de João Batista, clama que a mensagem de Cristo é a voz que grita no deserto, pedindo aos discípulos que aplainem os caminhos do Senhor. A voz de um homem que prepara outros os homens para acolher Jesus, a luz do mundo, o Poderoso, que o Salmo cantou, e que fará em cada um de nós maravilhas.

Este é o roteiro da Palavra neste 3º Domingo do Advento e que em síntese nos convida a refletir sobre uma pergunta: Como celebro o nascimento de Jesus? Celebro um acontecimento do passado que deixou marcas na história OU celebro o encontro com alguém que é luz e ilumina a minha existência? O cerne da questão aqui, é a palavrinha “encontro”. Com quem eu me encontro hoje? Com quem gasto a maior parte do meu tempo?

Todos sabem, vivemos hoje num mundo repleto de vendedores de sonhos e propostas de felicidade, algumas delas, absolutamente garantidas, elas nos chegam e enchem os nossos olhos: 

É o novo aplicativo que, nada inocente, aos poucos vai entupindo nosso celular; é o novo cartão de crédito virtual sem taxas de um banco que nem sabemos onde fica; é a oferta de compras parceladas a perder de vista pela internet e tantos outros sonhos de consumo que nos atraem e nos seduzem. E que no fundo, nos manipulam, nos escravizam, roubando o tempo de todos nós.

E quando todo esse brilho, dos atrativos, não conseguimos alcançar, passamos a alimentar um sentimento de decepção com a vida, uma onda de infelicidade começa a invadir o nosso coração. Passamos então a viver angustiados, inquietos, perdidos, frustrados. Presas fáceis para outras crenças, verdades e rumos estranhos para o nosso existir.

Que fazer, então? As leituras de hoje nos falam pela boca de João Batista que só Jesus é a luz capaz de libertar os homens dessa escravidão. Só Jesus é capaz de nos mostrar o caminho da verdadeira felicidade. Por isso Ele nasce todos os anos no Natal, para encher o coração dos homens, em toda a face da terra, que são seus filhos, da mais pura esperança e confianças no Salvador que virá.

Ah. Mas como é difícil não dar atenção àquilo que está na moda, o novo modelo de tudo, o politicamente correto, o brilho das lives e a exposição gratuita da intimidade das pessoas nas redes sociais, sem perceber a banalização da vida e dos valores mais caros à família e ao ser cristão?

Como não dar atenção àquilo que nossos amigos e contatos pensam sobre os diversos temas da realidade e da vida? Como não curtir as publicações machistas, racistas e antidemocráticas postadas por quem mais amamos? Ah, quanto dói. Quantas vezes calamos para não perder amigos, negando a nossa própria fé?

Mas, e os valores de Jesus? Como é que ficam? Eles têm algum peso na nossa vida? Eles são considerados fardos pesados demais para serem anunciados?

Sabe, meus irmãos, seguir a Jesus não é um peso para o cristão. São Paulo nos fala hoje que seguir a Jesus deve ser um gesto de alegria. A alegria é um modo de ser e estar em sintonia com a vida e a graça de viver. Viver o contentamento de ser conduzido por quem me ama e me chama todos os dias para que eu dê testemunho desse amor, que eu seja grato pela vida.

Testemunhar Jesus. Eis o desafio do nosso tempo. Dar testemunho de suas ideias, de suas palavras e de seus gestos. Dar testemunho da fraternidade, respeito e solidariedade, justiça e liberdade que Ele mesmo praticou com toda sua força até o último suspiro pela vontade do Pai.

Celebrar o Natal é isso. Viver esse encontro. É saber reconhecer Jesus quando Ele vem, nas suas diversas formas: no pobre que nos estende a mão; no ramalhete de flores que recebemos dos amigos; na visita do afilhado distante que lembrou do padrinho; nos braços abertos da mãe e dos filhos para acolher em  casa a todos que desejam e cultivam a paz e o amor.

Celebrar o Natal é deixar Jesus bambino entrar em nossa morada, fazer parte da nossa família e se tornar posseiro em nosso coração. Preparemo-nos, pois, para achegada do Natal aplainando os caminhos para sua chegada. Para que o Menino não tropeça em alguma pedra que nós mesmos esquecemos de remover, e tarde a nos encontrar.

Iluminemos, pois esse caminho com a luz de seu Santo Espírito para que Ele venha direto para os nossos braços e nos ajude a desinstalar da nossa vida aquilo que não constrói o Reino de Deus. Que Ele nos ensine a desviar o olhar da tela do celular e passe a olhar mais para o irmão que se encontra ao nosso lado à espera de uma oportunidade para também nos desejar um Feliz Natal. 

Isso tudo porque o Senhor fez e irá fazer em nós maravilhas! Alegrai-vos, portanto, com este encontro. Alegrai-vos sempre no Senhor, pois Ele está perto! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Paróquia Cristo Bom Pastor, Brasilândia/MS, 17 de dezembro de 2023. Fonte e Inspiração: Liturgia - Dehonianos

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