Como celebro o nascimento de Jesus?
Diác. Carlos Alberto dos Santos Dutra
(Carlito)
As leituras de hoje nos colocam frente a frente com as palavras de Isaías, Paulo e João. Isaías, proclama o tempo da graça do Senhor. Faz o anúncio do tempo novo. Tempo de curar as feridas da alma e de libertar os que se encontram presos a algo que os impede de ser felizes. Paulo nos incentiva a viver este tempo com alegria, rezando sem cessar e dando graças a Deus em todas as circunstâncias de nossa vida. E João, pela boca de João Batista, clama que a mensagem de Cristo é a voz que grita no deserto, pedindo aos discípulos que aplainem os caminhos do Senhor. A voz de um homem que prepara outros os homens para acolher Jesus, a luz do mundo, o Poderoso, que o Salmo cantou, e que fará em cada um de nós maravilhas.
Este é o roteiro da Palavra neste 3º Domingo do
Advento e que em síntese nos convida
a refletir sobre uma pergunta: Como celebro o nascimento de Jesus? Celebro
um acontecimento do passado que deixou marcas na história OU celebro o encontro
com alguém que é luz e ilumina a minha existência? O cerne da questão
aqui, é a palavrinha “encontro”. Com quem eu me encontro hoje? Com
quem gasto a maior parte do meu tempo?
Todos sabem, vivemos hoje num mundo repleto de vendedores de sonhos e propostas de felicidade, algumas delas, absolutamente garantidas, elas nos chegam e enchem os nossos olhos:
É o novo aplicativo que,
nada inocente, aos poucos vai entupindo nosso celular; é o novo cartão de
crédito virtual sem taxas de um banco que nem sabemos onde fica; é a oferta de
compras parceladas a perder de vista pela internet e tantos outros sonhos de
consumo que nos atraem e nos seduzem. E que no fundo, nos manipulam, nos escravizam,
roubando o tempo de todos nós.
E quando todo esse brilho, dos atrativos, não
conseguimos alcançar, passamos a alimentar um sentimento de decepção com a vida, uma onda de infelicidade começa a invadir o nosso coração. Passamos então a
viver angustiados, inquietos, perdidos, frustrados. Presas fáceis para outras
crenças, verdades e rumos estranhos para o nosso existir.
Que fazer, então? As leituras de hoje nos falam pela boca de João Batista que só Jesus é
a luz capaz de libertar os homens dessa escravidão. Só Jesus é capaz de nos
mostrar o caminho da verdadeira felicidade. Por isso Ele nasce todos os anos no
Natal, para encher o coração dos homens, em toda a face da terra, que são seus filhos,
da mais pura esperança e confianças no Salvador que virá.
Ah. Mas como é difícil não dar atenção àquilo que está na moda, o novo
modelo de tudo, o politicamente correto, o brilho das lives e a
exposição gratuita da intimidade das pessoas nas redes sociais, sem perceber a banalização
da vida e dos valores mais caros à família e ao ser cristão?
Como não dar atenção àquilo que nossos amigos e contatos pensam sobre os diversos temas da realidade e da vida? Como não curtir as publicações machistas, racistas e antidemocráticas postadas por quem mais amamos? Ah, quanto dói. Quantas vezes calamos para não perder amigos, negando a nossa própria fé?
Mas, e os
valores de Jesus? Como é que ficam? Eles têm algum peso na nossa vida? Eles são
considerados fardos pesados demais para serem anunciados?
Sabe, meus irmãos, seguir a Jesus não é um peso
para o cristão. São Paulo nos fala hoje que seguir a Jesus
deve ser um gesto de alegria. A alegria é um modo de ser e estar em
sintonia com a vida e a graça de viver. Viver o contentamento de ser
conduzido por quem me ama e me chama todos os dias para que eu dê
testemunho desse amor, que eu seja grato pela vida.
Testemunhar Jesus. Eis o desafio do nosso tempo. Dar testemunho
de suas ideias, de suas palavras e de seus gestos. Dar testemunho da fraternidade, respeito e
solidariedade, justiça e liberdade que Ele mesmo praticou com toda sua força até o último suspiro pela vontade do Pai.
Celebrar o Natal é isso. Viver esse encontro. É saber reconhecer
Jesus quando Ele vem, nas suas diversas formas: no pobre que nos estende a mão; no ramalhete de flores que
recebemos dos amigos; na visita do afilhado distante que lembrou do padrinho; nos
braços abertos da mãe e dos filhos para acolher em casa a todos que
desejam e cultivam a paz e o amor.
Celebrar o Natal é deixar Jesus bambino entrar em nossa morada, fazer parte da
nossa família e se tornar posseiro em nosso coração. Preparemo-nos, pois, para
achegada do Natal aplainando os caminhos para sua chegada. Para que o Menino não
tropeça em alguma pedra que nós mesmos esquecemos de remover, e tarde a nos encontrar.
Iluminemos, pois esse caminho com a luz de seu Santo Espírito para que Ele venha direto para os nossos braços e nos ajude a desinstalar da nossa vida aquilo que não constrói o Reino de Deus. Que Ele nos ensine a desviar o olhar da tela do celular e passe a olhar mais para o irmão que se encontra ao nosso lado à espera de uma oportunidade para também nos desejar um Feliz Natal.
Isso tudo porque o Senhor fez e irá fazer em nós maravilhas! Alegrai-vos, portanto, com este encontro. Alegrai-vos sempre no Senhor, pois Ele está perto! Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Paróquia Cristo Bom Pastor, Brasilândia/MS, 17 de dezembro de 2023. Fonte e Inspiração: Liturgia - Dehonianos
Nenhum comentário:
Postar um comentário