Dona Ana e seu Fuso
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Há 70 anos eu piso neste solo
Desde a fazenda Pinheiro
Eu ainda sinto o cheiro
Da terra deste meu mundo
Quando eu e meu velho Raimundo
Que com Deus no alto esteja
Enfrentamos mil pelejas
Dei a luz dezesseis filhos
Nos seus rostos vi o brilho
Um a um foram crescendo
Novos brotos vão nascendo
Com meu olhar os conduzo
Rodopiando como o fuso
Que me entretém com o bordado
É como um abraço apertado
Daquele que me visita
Torna minha vida bonita
Isso me torna feliz
Mesmo com a vida por um triz
Fico para o fuso olhando
E fico, assim, cantarolando
Brinco com ele rodando
Assim os dias vão passando
Cardando a lã, de outrora
Para ser feliz não tem hora
O dia está só começando.
Brasilândia/MS, 19 de julho de 2025.
Foto: Ceiça Souza;
Trilha: Sonido_De_Los_Andes_Lamour_est_blue.
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