sábado, 19 de julho de 2025

 

Dona Ana e seu Fuso

Carlos Alberto dos Santos Dutra



Há 70 anos eu piso neste solo

Desde a fazenda Pinheiro

Eu ainda sinto o cheiro

Da terra deste meu mundo

Quando eu e meu velho Raimundo

Que com Deus no alto esteja

Enfrentamos mil pelejas

Dei a luz dezesseis filhos

Nos seus rostos vi o brilho

Um a um foram crescendo

Novos brotos vão nascendo

Com meu olhar os conduzo

Rodopiando como o fuso

Que me entretém com o bordado

É como um abraço apertado

Daquele que me visita

Torna minha vida bonita

Isso me torna feliz

Mesmo com a vida por um triz

Fico para o fuso olhando

E fico, assim, cantarolando

Brinco com ele rodando

Assim os dias vão passando

Cardando a lã, de outrora

Para ser feliz não tem hora

O dia está só começando.


Brasilândia/MS, 19 de julho de 2025.

Foto: Ceiça Souza; 

Trilha: Sonido_De_Los_Andes_Lamour_est_blue.


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