A 2ª
Grande Guerra e a lição que olvidamos.
Carlos
Alberto dos Santos Dutra
A
guerra sempre assombrou a humanidade. Mas nem por isso os homens deixaram de
promovê-la. E isso bem sabem países e povos que foram a ela submetidos, graças a
tirania e a sede de poder, quando não vingança por erros do passado. A guerra
envolvendo Rússia e Ucrânia é o exemplo mais recente que a todos atinge. Basta
ligar a TV e lá encontramos canais transmitindo ao vivo e a cores, como se dizia antes da segunda guerra mundial,
imagens horrendas deste desumano conflito.
Guerra Mundial, eta palavrinha de outrora que soava tão distante, e que se tornou ameaça para os ouvidos de agora. Os mais antigos ainda aprenderam nos bancos escolares um pouco deste conflito vivido pelo mundo entre 1931 e 1945, quando a maioria dos atuais, assim chamados líderes mundiais, sequer havia nascido. Seus pais, quiçá, viveram as dores da guerra que envolveu – vejam só, os mesmos que hoje se arvoram contra as mesmas nações as quais um dia estiveram lado a lado: a Europa que um dia também se rebelou e travou no berço da modernidade, a maior das guerras intestinas que o mundo viveu até então.
Tudo começou quando o Japão invadiu a Manchúria e, depois, a Itália fascista invadiu e conquistou a Etiópia, anexando-a. Logo a Alemanha nazista da época e a Itália fascista forjam o famoso tratado chamado Eixo Roma-Berlim com a adesão do Japão imperial e armam-se ideologicamente contra a União Soviética. Estava deflagrada a desordem mundial com o início da grande guerra no Pacífico com a invasão da China pelo Japão. A Alemanha incorpora a Áustria e, através do Acordo de Munique, subscrito por Itália, Grã-Bretanha e França, submetem a Tchecoslováquia, ampliando posições estratégicas militares cada vez mais belicosas e insanas.
Duelo de titãs, o esbulho e extermínio de bandeiras, pátrias e territórios um a um foram sendo tomados. A Itália fascista invade a Albânia anexando-a; a Alemanha nazista e a União Soviética dividem o leste europeu entre si, cabendo a Alemanha dominar a Polônia, tornando irreversível o dia 1º de setembro de 1939, que ‘oficialmente’ dá início à Segunda Guerra Mundial.
A partir daí os ataques são franqueados ao sabor dos títeres e seus comandados. Quando as forças alemãs cruzam a fronteira polonesa em direção a Varsóvia, protegida pela Grã-Bretanha e França, faz com estes dois países entrem de vez na guerra. Mesmo assim, quinze dias depois, a União Soviética invade Varsóvia, e divide o restante da Polônia com a Alemanha ao custo de um banho de sangue.
Os homens e suas guerras não têm limite. No limiar do novo ano, a União Soviética já apontava seus canhões para a Finlândia, invadindo-a. Logo a França e os Países Baixos neutros são atacados pelos alemães. Luxemburgo é ocupada, Holanda se rende, e Bélgica também é ocupada. A Itália invade o sul da França e força a Romênia ceder províncias e metade da região norte da Bucovina para a Ucrânia Soviética. Tantas guerras e invasões, submissões e destruição que as páginas da história e nossos olhos não conseguem acompanhar.
E o curioso é que entre ocupações, golpes, vitórias e derrotas, os personagens que a heráldica conserva são tão somente as lideranças: generais, marechais, almirantes, presidentes, primeiros ministros, príncipes, reis e chanceleres. A figura do soldado, desconhecido e morto nos campos de batalha, este é esquecido; não posui rosto nem nome, nunca aparece, não conta para os feitos da história.
Nomes de lugares, cidades ou países que nossos ouvidos ainda preservam -- Grã-Bretanha, Viena, Transilvânia, Romênia, Hungria, Egito, Líbia, Grécia, Albânia, Eslováquia, Bulgária, Alemanha, Itália, Iugoslávia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Finlândia, Leningrado, São Petersburgo, Smolensk, Moscou, Kiev (Kyiv), Rostov, Estados Unidos, Japão, Pearl Harbor, Filipinas, Indochina Francesa (Vietnã, Laos e Camboja), Cingapura, China, Stalingrado, (Volgograd), El Alamein, Egito, Argélia e Marrocos, Tunísia, Sicília, Bielorrússia, Varsóvia, Cracóvia, Okinawa, Hiroshima, Manchúria, Nagasaki, entre outros --, todos foram personagens: ou algozes ou vítimas da guerra. Sob a lápide de milhões de vidas que a guerra matou nos campos de batalha, ainda é possível ouvir o grito de paz que persiste, atordoando os ouvidos moucos dos donos do mundo.
Passados 77 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, ainda existem brasileiros (cujos pais sequer haviam nascido no tempo desta guerra) que se mostram favorável a participação do Brasil em uma possível futura guerra, enaltecendo o Exército brasileiro. Segundo a entidade Observatório do 3º Setor, a realidade do Brasil é bem diferente da imaginada (...). O próprio presidente Jair Bolsonaro falou, no ano passado, que o Exército iria trabalhar apenas meio expediente, por falta de verbas. Além disso, em 2012 foi feito um levantamento sobre a munição do Exército brasileiro. Os dados mostram que naquele ano o Brasil só teria munição para uma hora de guerra. Hoje, com a crise, o cenário pode ser ainda pior.
Os números da 2ª Guerra Mundial são muito tristes e precisam ser lembrados como uma forma de alerta. Milhões de vidas foram ceifadas de 1939 a 1945. Na maioria dos casos, as vítimas eram civis. Estima-se que até 85 milhões de pessoas tenham morrido ao longo da Segunda Guerra Mundial, dos quais 58,5 milhões seriam civis.
Brasilândia/MS, 7 de março de 2022.
Dia de Santas Perpétua e Felicidade.
Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica.
Fontes:
https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/world-war-ii-key-dates?parent=pt-br%2F11537
Nenhum comentário:
Postar um comentário