O
vovô, a academia e a felicidade.
Carlos
Alberto dos Santos Dutra
A palavra academia sempre soou como algo imperativo para aquele senhor. Ou lhe remetia àquela, de Agulhas Negras, que formava cadetes no Exército e que um dia ele tentou ingressar; ou lhe fazia lembrar o tempo de faculdade e o saber acadêmico exigente das monografias e dissertações as quais felizmente havia deixado para trás.
Mas aquela academia ali, diante
de seus olhos pertencia a outro mundo, mais palpável, sensível; de certa
forma, entretanto, igualmente imperativo.
Atendendo ao pedido da família e mais por exigência médica, lá se dirigiu o sexagenário colocando o pé, pela primeira vez, numa moderna academia para exercitar o corpo e a mente, buscando melhorar a performance de sua saúde dotando-a de vigor e resistência.
Era
uma forma de suportar o peso da idade e os anos vindouros que, oxalá, ainda
teria pela frente. Assim, estava completa a alegria da família e a satisfação do médico
que prescreveu aquela desafiadora aventura.
A desconfiança ainda lhe acompanhava, inexoravelmente associada à lembrança de uma imagem de bíceps espetaculares de um Arnold Schwarzenegger, mister américa da vida, ídolo e símbolos de muitos no tempo de sua juventude. Mira-se no espelho e, ao ver aqueles braços finos e flácidos de iniciante em academia, ele tem certeza do que o espera: terá um longo caminho para se tornar um décimo daqueles que ali se encontram.
Mal adentra o recinto e é envolvido pela música rítmica que lhe desperta os instintos, desde aqueles mais primários, quando seus ancestrais se encontravam em torno da fogueira batendo seus atabaques, até aqueles de motivações modernas, existenciais e futuristas paridos por sintetizadores e samplers que dão asas à imaginação e os sonhos.
Sim, os sonhos. Quimeras que transcendem a música que embala cada um dos bodybuilder em seus exercícios musculares ali reunidos. Sonho de estar bem consigo mesmo; sonho de olhar no espelho e gostar do que está vendo; sonho de ser aceito por quem está a seu lado; sonho de ver respeitado o seu tempo de crescimento, esforço e declínio da natureza em curso e aparência.
Sim, a academia, aos olhos de nosso vovô, se tornara um espaço residual de liberdade, tal qual uma borboleta voando de aparelho em aparelho; lugar de construção de verdades e concretização possível do encontro com a felicidade. Que alegria poder levantar cedo - cinco horas da manhã -, dar bom-dia à aurora e caminhar pelas ruas vazias da cidade em direção à academia em busca de vida, dando contornos a ela: bioforma.
Não.
Ali não encontrou um espaço comunitário cheio de bons-dias tépidos, olhares de
soslaio e sorrisos dúbios que o pudessem constranger. Apenas a urbanidade necessária
e a dignidade esperada; a orientação atenta e o zelo profissional desprendido pelo responsável da academia. E todos focados no seu objetivo: cultuar o corpo e
promover a saúde; abrir a mente e elevar a alma; agradecer a Deus e ser feliz.
Brasilândia/MS,
23 de março de 2022.
Dia Mundial
da Meteorologia
Fotos:
VnExpress Su’C, e Academia Bioforma, 2022.
Parabéns, papis
ResponderExcluirValeu filha pela força
ExcluirParabéns mano,
ResponderExcluirA força que precisamos vem de dentro da nossa alma...
Quando descobrimos isso descobrimos a felicidade em pequenas coisas, que para nós não são tao pequenas assim...
Parabéns...
Obrigado mana. Estamos juntos.
ResponderExcluirÉ isso aí mano. Antes tarde do que nunca. Kkkk.
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