A imagem,
a simplicidade, a alegria e a fé
Carlos Alberto
dos Santos Dutra (Carlito)
Muitas coisas podem emocionar uma pessoa. Porém, o mais difícil é essa emoção contagiar os outros. No ambiente público, o olhar frio das ruas e o distanciamento socioeconômico que nos afasta um dos outros, contribui para isso.
Quando o
ambiente é privado, entretanto, o laço das emoções afrouxa e nos permitimos interagir com
quem está a nossa volta deixando transparecer e irradiar sobre nós a aura de
empatia que o evento comunica.
Foi o que aconteceu domingo, durante a celebração da Palavra participada pelos valorosos integrantes da comunidade católica da igreja matriz da Paróquia Cristo Bom Pastor, que enfrentaram uma noite fria para dar graças naquele final de domingo, dia dedicado ao Senhor.
Depois de participarem de um retiro espiritual que arrebatou aquela comunidade aos braços do Salvador, e os fez confirmar a fé no seu divino Espírito Santo, era de se esperar que os fiéis se recolhessem à meditação sobre a vida e seu comprometimento com o Projeto de Reino proposto pelo Redentor inspirados pelo Magnificat de Maria, mãe de Jesus e nossa mãe.
E a comunidade estava lá, ainda que diminuta, orante, cantante, confiante e celebrando a vida. Podiam, assim, confirmar as palavras de Pedro, no Evangelho do dia: --A quem iremos, Senhor? [Pois só] Tu tens palavras de vida eterna (Jo 6,68), e testemunhar a profissão de fé de Josué: --Quanto a mim, e à minha família, nós serviremos ao Senhor! (Os 24,15b).
Pois foi a
partir desta motivação de fé das palavras de espírito e vida do Mestre que a luz se espalhou pelo ar e foi sendo plantada no coração de cada um dos
presentes pelo interior do templo. Preparava-os em segredo para viver a maior das emoções que seus
olhos e coração poderiam suportar naquela noite.
Isso
aconteceu quando o presidente da celebração fez a escolha do nome da pessoa
para levar para casa a capelinha contendo a imagem da santinha Nossa Senhora Aparecida; devendo ela permanecer na residência do contemplado
por uma semana, até o domingo seguinte.
Nesta prática comum experimentada pela comunidade, a imagem, manifestando a força evangelizadora e agregadora da fé em seu filho Jesus, tem permitido e convidado os membros de cada família a se reunir em torno da Mãe de Deus e dedicar momentos de meditação e reflexão sobre os mistérios do terço através da oração.
O diácono
olha para a caixinha onde os papeizinhos estão colocados com os nomes dos pretendentes para levar a imagem para casa. Sempre acostumado a ver a caixinha repleta de papeizinhos
com nomes de fiéis presentes na igreja, naquele noite, entretanto, a caixinha só
tinha um papelzinho.
Por alguns segundos pegou o papelzinho e seus olhos deitaram sobre o nome ali escrito em letra de forma. Enquanto o ministério do canto entoava a canção Mãezinha do Céu e uma das ministras trazia a capelinha com a imagem da santinha pela nave central da igreja, os olhos do diácono ainda permaneciam fixos naquele nome: a pessoa havia escrito duas vezes o nome completo.
A imagem já havia chegado próximo ao presbitério e o clérigo ainda permanecia contemplando atentamente, absorvido por aquele pedacinho de papel. Poucos, talvez perceberam, mas uma aura de emoção o envolvia. Aquela repetição do nome escrito parecia saltar do papel para dizer: -Eu estou aqui, Senhora. Como um filho que puxa a barra do vestido da mãe para chamar-lhe a atenção.
Não. O diácono não sabia até então quem era a pessoa cujo nome gravado no papelzinho segurava nas mãos. E foi ao pronunciá-lo que o milagre aconteceu. Os braços erguidos de um jovem no meio do povo, dizendo: --Sou eu!, foi como se o coxo do Evangelho largasse a muleta e saísse saltitando; foi como se a criança perdida tivesse encontrado a mãe na multidão e corresse para os seus braços, sentindo-se novamente segura e amada...
E ele veio, sorridente, num sorriso de felicidade que contagiou a todos. De braços aberto e festejando aquele momento, pulando de alegria, diante de todos. E caiu de joelhos para receber nos braços a Mãe de Jesus. --Qual filho que não desejaria ter a Mãe nos braços? --Qual Mãe não desejaria ter o filho nos braços?
Os que se encontravam nos bancos mais próximos, diante de tamanha simplicidade e pureza de coração, não puderam conter as lágrimas pela demonstração espontânea de fé. Sinal da força do amor verdadeiro que vive em nós, e que nos faz vibrar quando uma graça é alcançada. Como a deste jovem de ver atendida a sua prece e o desejo de estar tão próximo da Mãe que é mãe de todos nós.
Sim, Obrigado Mãezinha do Céu. Ainda que eu não saiba rezar: Eu só sei dizer, quero Te amar.
Brasilândia/MS,
25 de agosto de 2024.
21º Domingo
do Tempo Comum, Ano B.
Louvada SEJAS MÃE SANTÍSSIMA 🙌🙌🙌🙌🙏🏽
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