segunda-feira, 29 de setembro de 2025

 

Feliz Aniversário, Helena Evole

Carlos Alberto dos Santos Dutra

Hoje é o aniversário de Helena, minha primeira afilhada. Tempo de rever guardados e fortalecer laços do presente e do passado. 

Convidado pelo mano João e a doce  e gentil Vera, lá estava eu, desajeitado, em ato sublime com aquele tesouro nas mãos. Para a alegria dos pais, avós e tios, era a chegada celeste de um anjo que rufou suas asas sobre nós. 

E cresceu leve, suave e forte como que deslizando entre brumas com olhinhos muito negros a espreita dos segredos de uma vida que recém começava.

E eis que a vejo aqui olhando, mirando para o alto. Festa de aniversário de minha filha Laura. Todos reunidos, crianças da mesma idade.  

Com seu olhar e atenção contemplava tudo e a todos buscando alcançar mais alto. Pode parecer impressão, mas ali selaste o destino: não serias uma igual. Eras um ser especial, divino. E que os deuses a queriam para o orgulho dos pais, da família e do padrinho.

Tive a certeza então --uma desculpa para a ausência, e aqui me penitencio por tanto tempo distante, não a vendo crescer, uma palavra sequer --, sabia que estavas em boa companhia. 

Muito bem cuidada, numa aura de paz. E uma espiritualidade que conforta saber que crescias sábia em valores e fé. Isso muito deve alegrar a jovem que adulta hoje está vendo o mundo como ele é, destituído do glacê e figuras infantis na parede de uma festa, no aniversário que ficou para trás. 

Os olhos marejando dos mais velhos, e ainda assim, teimando em dizer que aquele foi, senão o melhor, tempo bom que vivemos quando estavas perto sob o calor do abraço com seu sorriso infantil. 

Feliz aniversário sobrinha e afilhada lutadora. Combata e continues lutando por teus ideais. O mundo é um grãozinho de areia aos olhos do Pai e não menos importante é o que esse minúsculo ser que somos representa no meio de um deserto e da multidão. 

É o brilho deste e de muitos outros grãozinhos que se somam sob a luz do Sol que tornam o chão espelhado. Não importa de qual ponto da galáxia. São luzes que iluminam os viajantes e o desconhecidos pela escuridão da vida no rumo dos sonhos. 

Brilhe, moça! Brilhe senhora. Ofusque o opressor com a espada, se preciso, em favor da Justiça. Proclame a Verdade e a Paz contra toda a tirania, mas nunca percas a ternura daquela que um dia também soube brincar e sorrir. 

Continues alegrando a todos que a amam: pais, amigos, parentes e a natureza, como também a esse tio orgulhoso de vê-la galgando o degrau de causas maiores sem perdê-la do alcance de sua mão. Que Deus a abençoe pela vida que vives e faz viver. Feliz Aniversário! 

Brasilândia/MS, 29 de setembro de 2025. Publicado originalmente em 29 de Setembro de 2012.



sexta-feira, 26 de setembro de 2025

 

Arara canindé, a ave símbolo de Brasilândia.

Carlos Alberto dos Santos Dutra






Surpreendente. Estou maravilhado. A repercussão de um simples artigo num blog de poucos leitores e postado no desprezado Facebook, com o impulso de algumas mensagens enviadas à amigos pelo whatsapp, e eis que em cinco dias, chegamos a casa 321 internautas locais que acessaram o blog https://carlitodutra.blogspot.com/2025/09/vamos-escolher-uma-ave-simbolo-para.html demonstrando que leram o artigo “Vamos escolher uma ave-símbolo para Brasilândia?”, e se posicionaram.

E mais. Destes, 101 responderam a pergunta sugerindo qual ave seria a ave-símbolo para o nosso município. O gráfico gerado pelo link Ave-símbolo para Brasilândia - Formulários Google apontou como resultado 65% da preferência para a Arara canindé; em segundo lugar ficou a ave Seriema, com 9%, e em terceiro, o Mutum, com 6% da preferência brasilandense. Muito votaram no próprio blog apontando a sua ave predileta. Nesta modalidade também elegeram a Arara canindé como a ave-símbolo de Brasilândia.



Os entrevistados tiveram também a oportunidade de dar sugestões culturais para o poder público. Foram 25 respostas: 

Um pediu Festival Cultural com apresentações de música sertaneja de raiz, catira, danças típicas, artesanato, comidas regionais como arroz carreteiro, ossada e tereré

Outro escreveu: Secretário, pensei na criação da Semana do Patrimônio e da Memória Viva, um evento que resgate a história de Brasilândia com exposições, relatos e oficinas culturais. O senhor, como verdadeira memória viva do município, teria papel central nesse movimento de valorizar nossas raízes e fortalecer a identidade da comunidade.

Maravilha ver a participação do povo querendo ver o nosso município brilhar com suas próprias cores. E prosseguiram: Como a Cultura de Brasilândia é rural, engloba os patrimônios materiais e imateriais, como práticas e costumes, decorrentes das atividades produtivas e da vida no campo, que incluem a agricultura, pecuária e extrativismo. Entendo que seria interessante o desenvolvimento da cultura de rancharia. E seus derivados

Outro propôs Criar um roteiro cultural, com passeios pelos pontos turísticos feita para os alunos da escola públicas de Brasilândia. E mais árvores precisamos de mais verde. Poderia ter a opção também para os animais silvestres como: tamanduá, capivara, onça pintada ou até mesmo um peixe.

O sonho de ver este lugar como o mais lindo do mundo contagiou muito os cidadãos internautas. Pode-se pensar cada praça da cidade, colocar símbolos dos animais da nossa região. Monumentos históricos do povo Ofaié. Colocar o Tatú Canastra e o Cervo Macho e a Fêmea que vive aqui na nossa Reserva Cisalpina para serem vistos por TODOS através de um tipo de posicionamento tal como um Totem com um Tutorial norteador para nossa nova Linguagem de Cultura municipal de Preservação da Natureza iniciada pela nossa nova Gestão junto a Criação da Secretaria do Meio Ambiente local.

Ah. São tantas sugestões que surgiram que é impossível guarda-las no esquecimento de uma gaveta governamental. Urge ganhar o espaço legislativo ganhando projetos, leis, eventos, paixão...

Tornar a cidade dos ipês, plantando diversos pés desta árvore pelo município. Organizar exposições culturais com maior visibilidade. Incentiva de eventos que distribuem mudas de Ipês para plantar pela cidade com objetivo de atrair mais turistas na época de floreio. Sugestão pessoal: começar o plantio pela avenida principal da cidade, deixando mais rica e colorida.

Ao final do formulário foi oportunizado aos entrevistados, facultativamente, identificarem-se. Foram 50 respostas. Elencamos seus nomes como uma forma de agradecimento e louvor ao empenho e carinho a todos aqueles que desejam uma Brasilândia mais bonita e que cause orgulho a todos de nela viver.

Parabéns e obrigado Alessandra Ribeiro; Serginho Duoro; Roberta; Léo; Felipe Augusto Souto; Marcela de Almeida Silva; Marcos Augusto Freire; Izaura de Souza Vicente; Marga Ramos; Claudia Regina Ferreira; Jane; Luís; Paulo Ladeia; Maizza; Adriano; Zélia da Silva Santos; Maristela Castilho Leoncio da Silva; Geralda Aparecida de Lira Pedroso; Tainá Santos de Oliveira; Claudenice dos Santos Batista; Jorge Luís da Silva; Prof. Elias; Aparecida Vicente Gomes; Daiane Cristina; BrasArara; Brasadé; Silvano de Moraes de Souza; Valeria; Léia Diogo; Carlos Rodrigues; Helen Oliveira; Denise; Artur Mendes da Silva; Vânia Maria; João Cleber de Lima Souza; Jhenifer Ragnaroni; Ana Flávia; Rísia Castro; Andrea Marques; Maria Angélica; Professora Cristian; Pedro Henrique Coutinho do Vale; Vilma Galli Dutra; Daniele; Silvana Silvestre; Gabriely Costa; Elza Ferreira dos Santos; Jair Bezerra Xavier; Odete Noronha; Cris; Thais. Salve a Arara canindé, a ave-símbolo de Brasilândia!


Brasilândia/MS, 25 de setembro de 2025.

Foto: Carlito Dutra/1996



terça-feira, 23 de setembro de 2025

 

História de São Vicente de Paulo















Era uma vez um menino
Logo após seu nascimento
Foi batizado com o vento
Foi, assim, no mesmo dia
Tempo de pouca alegria
Dona Bertranda e seu João
Caçula de seis irmãos
Filho de agricultores
Trouxe brilho para as flores
À família que primava
A fé que a mãe ensinava
As primeiras orações
O catecismo e as lições
Que aos olhos do pequeno
Vicente, calmo e sereno
Guardava em seu coração
Inteligente esse irmão
Mostrou sempre caridade
Desde a mais tenra idade.
 
Em frente da sua casa
A imaginação criou asas
Tinha um pé de carvalho
Que logo abaixo dos galhos
Tinha um buraco no caule
Fé não se aprisiona com enjaule
Ali ele colocou uma imagem
Da Virgem e uma mensagem
E todo o dia rezava
Diante dela se ajoelhava
E fazia uma oração.
 
Logo se tornou irmão
Entrou na ordem franciscana
Queria ser padre, hosana
E ordenou-se sacerdote
Dezenove anos, meninote
Estudioso e dedicado
Doutor da Igreja, admirado
Um teólogo afamado
Que cultivou amizade
Com olhos de caridade.
 
Também passou por apuros
Acorrentado entre muros
Prisioneiro de piratas
Foi vítima de escravocratas
Nunca perdeu a esperança
Teve fé e confiança...
 
Vendido a um pescador
E a um químico senhor
Depois a um fazendeiro
Foi trocado por dinheiro
Até ouvir uma canção
Muçulmana de um irmão
Renegado que chorava
E sua mão segurava
Em busca de um novo lar
Atravessaram o mar
E voltaram para a França
Sua terra de criança
E assim foi acolhido
De novo, padre querido
Logo voltou a estudar
Direito canônico, anunciar
Nomeado capelão
Da Rainha, numa pensão
Ele passou a residir
Seu serviço: distribuir
A esmola para os pobres
Recolhia entre os nobres
Dos palácios que moravam
Dava 
àqueles que rodeavam

Não descuidando os doentes
Sorria vê-los contentes
Nas visitas que fazia
Ao hospital, sintonia
Com Deus em seu coração.
 
Acusado de ladrão
Por um juiz na pensão
Caluniado e doente
Ele sempre foi em frente
E tornou-se cardeal
Com seu aspecto jovial
Nova paróquia acolhido
Também ali foi querido
Confraria do Rosário
Foi ali que ele criou
Obra que frutificou.
 
Também foi preceptor
Dos filhos de um general senhor
Experimentou a riqueza
Gente da mais alta nobreza
Sem descuidar da Missão
Fundou a Congregação
E também a Confraria
Sob o olhar de Maria
Repensou a Caridade
Sempre cheio de vontade
Até o Papa poder ver
E então reconhecer
O que Vicente fazia
Devolvendo a alegria
Àqueles que não tinham nada
Apenas a poeira da estrada.
 
Esta é a história do menino
Um filho de campesino
Que hoje aniversaria
Enche a Igreja de alegria
Quem viveu oitenta anos
Hoje é nosso paroquiano
Nosso Santo padroeiro
Neste bairro é o primeiro
São Vicente, soberano.
 

domingo, 21 de setembro de 2025

 

“Quem protegerá a sociedade do próprio Congresso?”

Carlos Alberto dos Santos Dutra



 

A frase Quem protegerá a sociedade do próprio Congresso, soa inocente e aparentemente distante do calor das ruas que neste domingo marcou o início da Primavera, e inundou as cidades de médio e grande porte com palavras de ordem e manifestação popular. 

Palavras singelas, mas de óculos de alcance. E isso por um motivo muito simples. São palavras pronunciadas não por um líder político, mas que brotam da boca da Igreja Católica que tem buscado desde a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, tratar com temperança e sabedoria os temas sociais, dirigindo uma palavra de alerta a todo os seus fiéis e brasileiros em geral. 

Pois na quinta-feira (18) ela se pronunciou  sobre o momento crucial que o país vive e onde vozes de todos os cantos clamam por luz e discernimento, chegando a manifestar sua crítica aberta motivada pela recente aprovação da chamada PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados e as mudanças na Lei da Ficha Limpa aprovadas pelo Senado. 

Tal pronunciamento, como não poderia ser diferente, causou mal-estar a alguns segmentos desta mesma Igreja, sobretudo para aqueles que, destoando dos princípios evangélicos deixaram-se levar pela paixão e aceno daqueles que somente buscam defender seus próprios interesses e dos grupos que os manipulam. 

A palavra dos Bispos, portanto, semeia uma luz àqueles que, dentro e fora da Igreja, unem-se no Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), ao qual a Igreja, através da CNBB, faz parte. A sociedade deve permanecer atenta e vigilante, cobrando de cada representante do seu estado, escreveram os Bispos. 

E não é para menos, pois o que se tem é que as propostas em análise e já aprovadas no Congresso ameaçam a transparência e fortalecem a impunidade. Alguém, com autoridade e isenção, têm de dizer isso, e questionar: Quem protegerá a sociedade brasileira das incongruências do próprio Congresso Nacional?. 

Com acerto a CNBB menciona que a democracia se fortalece quando a população participa, fiscaliza e cobra responsabilidade de seus representantes. Isso faz parte da Doutrina Social da Igreja. Portanto, a Igreja não está dizendo nada que afronte os seus princípios e diretrizes.

Equivocam-se, portanto, aqueles –também os católicos --, de concebem a fé unicamente a partir de uma inspiração nefelibática, vertical. Isso só os distancia da ética e do papel próprio do cristão na defesa da dignidade e da justiça social. Pregar que um parlamentar para ser processado pelo STF tenha de ser inicialmente autorizado por seus pares, em votação secreta, é um escracho, uma afronta ao estado de direito e à inteligência do povo brasileiro. 

As consequências ainda são mais graves, pois toda vez que o Parlamento cria mecanismos que dificultam a responsabilização de deputados e senadores, quem lucra é a impunidade. Impunidade não para os ladrões de galinha distantes do amparo da lei, mas impunidade para os conhecedores da lei, das altas esferas do poder legislativo. 

É o caso do Senado que aprovou um Projeto de Lei Complementar (PLP) que altera a Lei da Ficha Limpa e reduz o tempo de inelegibilidade de políticos condenados, texto que já foi enviado para sanção presidencial. Com isso, pasmem, na prática, condenados por crimes graves poderão se candidatar novamente antes mesmo de cumprirem integralmente suas penas. 

Com razão a Igreja a cada Campanha da Fraternidade sensibiliza o povo cristão para o binômio: Ora e labora. Ação e Oração. Fé e Política, sempre na busca do bem comum, conclamando aos cristão a serem sal e semente de justiça na terra. E manter os olhos bem abertos para o que acontece a sua volta, pois somos responsáveis pelo mundo que criamos. 

Em síntese, a participação dos cristãos nos atos públicos deste domingo contra a PEC da Blindagem não é uma heresia. É uma resposta cristã. Para o pontífice Leão XIV, em cada cristão há o homem político que, sob o olhar de Deus e da sua consciência, vive de forma cristã os próprios compromissos e as próprias responsabilidades!”

 

Brasilândia/MS, 21 de setembro de 2025.

 

Fonte: CNBB critica PEC da Blindagem e mudanças na Ficha Limpa: 'Quem protegerá a sociedade do próprio Congresso?' Foto: Caderno "Encantar a Política" oferece reflexões sobre a política como expressão da caridade em vista das eleições 2022 - CNBB


 

 

Vamos escolher uma ave-símbolo para Brasilândia?

Carlos Alberto dos Santos Dutra



 

O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade por possuir uma exuberante diversidade em sua cultura, em sua flora e em sua fauna. Aqui, por exemplo, vivem quase 2 mil espécies de aves, ocupando a segunda posição no ranking mundial de diversidade de aves. Das 1.971 espécies registradas,  293 são endêmicas, ou seja, só existem no Brasil. 

Essa realidade multicolorida e sonora motivou aos Estados e Municípios escolherem também uma ave-símbolo em suas cidades ou região. Porém, nem todas as cidades têm uma ave-símbolo oficial. No caso de Brasilândia, a ideia há tempo vem sendo alimentada por alguns cidadãos. Eis aí uma das razões do presente artigo. 

Agradar a todos, entretanto, é tarefa difícil, pois cada um tem um pensamento. Mas, todos são unânimes em concordar sobre a forte presença da ave na fauna e cultura local. Não somente pelo que as aves representam no seu importante papel na preservação ambiental, como também o que expressam como característica de uma identidade e projeção turística que pode dar a esta cidade. 

O Sabiá-Laranjeira (Turdus rufiventris), por exemplo, é a ave-símbolo do Brasil; o Tuiuiú (Jabiru mycteria) é a ave-símbolo do nosso Estado de Mato Grosso do Sul; o Quero-Quero (Vanellus chilensis) é a ave-símbolo do Rio Grande do Sul. E assim por diante, cada Estado, pelo critério da abundância e popularidade, foram instituindo oficialmente uma ave-símbolo para representá-lo. 

A escolha de uma ave-símbolo também carrega outra motivação que interessa a todos sob o aspecto da sobrevivência de nossa Casa Comum, o Planeta. Por exemplo: algumas espécies de aves são consideradas símbolos de preservação, como é o caso da Arara-Azul (Anodorhynchus hyacinthinus), que se tornou conhecida no mundo inteiro após um trabalho de conservação que as salvou da extinção, representando a superação e exemplo do cuidado que podemos ter com o meio ambiente. 

Soma-se a essa motivação a sua conexão com a cultura e a arte local. A ave-símbolo, desta forma, pode ser a expressão do pensamento e da manifestação cultural, artesanal, musical e literária local. Artesãs, bordadeiras, pintoras e escritores já trabalham com essa ideia, impregnando em panos, guardanapos, toalhas, quadros e peças de artesanato, figuras de aves que já simbolizam no imaginário popular a nossa futura ave-símbolo do município de Brasilândia. 

Observe-se, entretanto, que nem todas as aves-símbolos são oficiais. Muitas sugestões nem sempre são ouvidas pelo poder legislativo que tem competência para propor tal projeto de lei. Porém, não custa tentar e lembra-los do quanto seria importante que Brasilândia tivesse a sua ave-símbolo legitimada. Ao lado dos já consagrados ícones do nosso patrimônio: bandeira, brasão, hino, cores e árvore tamboril preservados, que Brasilândia tenha também a sua ave-símbolo, como marco cultural perenizado na história. 

No link abaixo os moradores de Brasilândia/MS são convidados a externar a sua preferência sobre qual a ave-símbolo que melhor representa o nosso município. O resultado desta consulta será encaminhado ao Poder Público de Brasilândia como sugestão da comunidade.

PARA RESPONDE CLIQUE NO LINK AQUI

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSc4VshmZOoDCL0VZdlQcWBgr0h0-t4J_KKuwsg0fHqa8gbWDA/viewform?usp=header

 

Brasilândia/MS, 21 de setembro de 2025   Início da Primavera 

Fonte: Ornithos; https://www.anda.jor.br/2019/01/06/conheca-ave-simbolo-de-cada-estado-do-brasil/; toda a cidade tem uma ave simbolo, por que? - Pesquisa Google; Vive na Mata Atlântica? Conheça a ave-símbolo do seu estado!; Conheça as aves símbolos dos 17 estados brasileiros da Mata Atlântica - Parque das Aves

 

 

 

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

 

O Dia em que Brasilândia amanheceu Verde.

Carlos Alberto dos Santos Dutra








Todos sabem, dia 21 de setembro é dedicado ao Dia da Árvore em alusão ao início da Primavera. Data criada na distante Nebraska nos idos 1872 pelo jornalista Sterling Morton que perenizou-se no tempo até 1965 quando, no Brasil, o Arbor Day passou a marcar o início da Primavera, por força de um decreto presidencial.

Aqui em Brasilândia, na ânsia de amenizar o calor e a beleza das flores que não tarda chegar, eis que este dia mágico é antecipado. E cá estamos muito cedo nos dirigindo para o galpão de uma comunidade que tem tudo a ver com essa data e o meio ambiente: a Associação Brasilandense de Agentes Ambientais, a ASSOBRAA.

E não somente para saudar o Dia da Árvore, mas para homenagear esta entidade que completa no dia 20 de setembro o feito heroico de completar 22 anos de fundação. E lá estavam ao redor de um singelo café da manhã, servido pela Secretaria de Meio Ambiente e Turismo aos valorosos agentes ambientais que integram esta associação.

Evento que contou com a presença de representantes da administração municipal: o Chefe de Governo, Dr. Eraldo Coelho que representou a Prefeita Márcia Regina do Amaral; o Secretário de Indústria, Comércio e Agronegócio, Engenheiro Florestal Hugo Goulart e o Engenheiro Ambiental, Jorge Olivi, e o Secretário Adjunto de Meio Ambiente e Turismo, Engenheiro Civil, Pedro Coutinho que juntamente com o Setor de Eventos da Prefeitura prestaram suas homenagens aos integrantes da ASSOBRAA.







Mas o dia estava apenas começando. Após este evento as atenções se voltaram para as árvores do centro da cidade, localizadas na Praça Santa Maria, que receberam pela primeira vez placas de identificação contendo o nome popular da árvore, o nome cientifico e um QR Cód. contendo as informações históricas, botânicas, do bioma e tratos culturais de cada espécie.



Foram identificadas, na ocasião, 10 espécies, sendo que as duas primeiras placas foram fixadas na árvores pelas mãos da Prefeita de Brasilândia, ocasião em foi gravado um vídeo registrando e informando a população sobre a importância desta iniciativa, sobretudo para os estudantes que poderão acessar e aprofundar mais as informações sobre cada espécies plantada em nosso município, observou a Prefeita.



As demais placas foram fixadas nas árvores pelo Secretário de Meio Ambiente, Carlito Dutra; pelo Secretário Adjunto Pedro Coutinho, e o Técnico Agrícola da Secretaria de Indústria, Comércio e Agronegócio, Jorge da Silva.









As espécies de Jacarandá mimoso, Ipê roxo, Ipê branco, Ipê amarelo e Cedro rosa, entre outras, foram as árvores que receberam neste primeiro momento as plaquinhas de identificação. Na sequência, deverão ser colocadas em todas as árvores nativas que se encontram plantadas nas praças e passeios públicos da cidade estas plaquinhas de identificação.



 Após a fixação das placas de identificação das árvores, aconteceu a entrega pelas mãos da Prefeita as carteirinhas de identificação do primeiro grupo de Podadores  de Árvores de Brasilândia: Altino Rodrigues, Osmar de Oliveira, Alexandro Gomes, Fabricio Silva, e Aparecido da Cunha. Foram cadastrados e se encontram habilitados os podadores Rosângela Gomes, Adriano Ferreira, José dos Santos, Gilberto Alves, e Volnei Muller.





Ao cumprimentar os podadores, a Prefeita lembrou que a partir de agora vocês se encontram aptos e credenciados pelo Município para realizar um serviço de qualidade na poda de nossas árvores. Juntamente com a carteirinha, os podadores, antigos e novos na profissão, receberam a informação de cursos de aperfeiçoamento e atualização que serão realizados, sendo que a partir de agora, o cidadão ao solicitar o serviço de poda ou supressão de árvore poderá indicar um dos profissionais podadores credenciados pela SEMATUR cuja relação e contatos serão disponibilizados no site da Prefeitura, adiantou o Secretário de Meio Ambiente.









As comemorações do Dia da Árvore encerraram suas homenagens com a celebração do Dia da Árvore que aconteceu na Escola Antônio Henrique Filho com palestras e lançamento do projeto Trilhas do Conhecimento num trabalho coordenado pelos professores Adriano Gerstenberger e Elias Azevedo da Silva e demais professores e alunos daquele educandário. 

Trabalho maravilhoso desta escola cujos olhos da Prefeita de Brasilândia, que esteve presente no evento, pode contemplar manifestando seu apoio e orgulho de, neste dia, dedicado à Árvore, poder reafirmar sua intenção de transformar esta cidade numa cidade verde, valorizando as iniciativas que levem à conservação e promoção  do meio ambiente. Por que, para a natureza, não importa o que sentimos ou pensamos; importa é o que fazemos. E isso os professores desta escola estão fazendo com excelência. Parabéns e obrigado.



 







Brasilândia/MS, 19 de setembro de 2025.

 

 

sábado, 13 de setembro de 2025

 

Homenagem ao amigo João fininho
Carlos Alberto dos Santos Dutra



Amigos me dão licença
Um momento vou falar
Quero aqui homenagear
Meu compadre João fininho
Gente fina, é padrinho
Do meu nosso casamento
Que selou contentamento
De amizade verdadeira
Oigale te porqueira
Se aquerenciou na amizade
Vai-se os dias, vem a idade
E os laços que sempre apertam
Com a mente sempre esperta
Afinidade, coisa e tal
Desenfreado bagual
Desde o tempo de solteiro
Recém namorava, ligeiro
Comadre Benê e o sorriso
Parecia o paraíso
Prum coração teatino
Buscava um novo destino
Nas plagas mato-grossenses
Em terras brasilandenses
Semeou no campo amigos
E colheu para o abrigo
Toneladas de amizade
Homem de paz, é verdade
Exerceu com alegria
Os dons que a vida lhe deu
Mal o dia amanheceu
E já estava peleando
Sem alarde, labutando
Criou os filhos e a família
Linda por sinal, com o brilho
E nunca saiu dos trilhos
Beleza e capacidade
Lucidez, honestidade
Sempre de olho na crítica
Com um olho na política
E o outro na sociedade
Compromisso com a verdade
Mestre no trânsito, opina
Com ele não tem rotina
Não gosta de contar lorota
Pisa firme com a bota
Perfumada e não se atrasa
Sorri a dona da casa.
Mas é homem de bandeiras
Que já ocupou cadeiras
Em palanque e sindicatos
Associação e outros atos
De coordenação e chefia
Enfrentou até covardia
Mas sempre ergueu a fronte
Olhando firme o horizonte.
Esse é o João que está em festa
Algumas rugas na testa
Pois a luta sempre é bruta
Mas o índio não se assusta
Setenta e cinco anos de vida
Estrada mais que colorida
Até parece um guri
Olha lá como ele ri
Olhando o churrasco amigo
Bom assador, o Rodrigo
Neste lugar santuário
Dos amigos relicário
Aceite o nosso abraço
Para este coração buenaço
Um feliz aniversário!
 
Redigida originalmente em 13 de setembro de 2022. 
Republicada em 13 de setembro de 2025. 

domingo, 7 de setembro de 2025

 

Quando cem anos de Felicidade não cabem dentro de um coração.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 












Existem dias na nossa vida que são iluminados. Um desencontro no relógio, no roteiro de nossa caminhada ou um compromisso que não foi cumprido, e o imprevisto, de súbito, acontece e nos coloca diante do inusitado.

O que era para ser apenas uma visita rápida, se estendeu por toda aquela manhã diante daquela senhora – dona Diolinda --, que nos recebia em sua propriedade alegremente.

Pelos seus préstimos e êxitos como agricultora familiar fora procurada para referendar um projeto que incluía e revelava os frutos de sua habilidade horticultora com alcance e aura transcendental.

Foi quando as atenções dos visitantes repousaram sobre um outro rosto que sob o sol daquela manhã o fazia brilhar ainda mais. Olhos muito vivos manifestavam inquietação comedida, revelando interesse com o que ocorria a sua volta.

E ela estava lá, sentada numa cadeira de rodas, embora, ao que parece, não precisasse dela para dar os passos ainda firmes sobre aquele chão e sentir a grama verde que cobria o entorno do lar que lhe abrigava naqueles dias.

Muito atenta e falando alto, com pronúncia tonal, esmerava-se para ouvir o que os visitantes falavam. Depois das apresentações formais, um sentimento de afeto eis que nos envolve a todos. É quando as atenções todas se voltam para ela.

Em profunda sintonia com aquela senhora, foi a vez, então, deste escrevinhador puxar a cadeira e sentar-se ao seu lado e buscar beber na fonte pétalas de sabedoria daquele ser radiante.

Passo então a ouvir não somente as palavras que brotam da boca daquela senil senhora, mas as palpitações daquele inquieto e longevo coração. Coração de uma mulher que foi filha, irmã, esposa, mãe e avó, e que atende pelo nome de Felicidade. Sim, a felicidade não poderia estar em melhor companhia.

As palavras lançadas ao ar pronunciadas por aquela senhora eram como o rufar de asas de colibris serelepes que se misturavam com as perguntas que um e outro faziam, num turbilhão de sons que confundiam aquele semblante que nenhum pouco se importava. Apurava o ouvido para que o aparelho auditivo, que usava já há alguns anos, lhe permitisse entender e interagir com os ruídos do mundo que a rodeava.

--Quantos anos a senhora tem, vovó?

--Onde a senhora nasceu?

--Quantos filhos a senhora teve?... E assim por diante. 

Perguntas que buscavam adentrar aquele universo humano ainda desconhecido, sobretudo, para aqueles ilustres e jovens visitantes. Perguntas que a colocavam no centro do mundo oportunizando que pudesse demonstrar seu vigor e o quanto se sentia viva e feliz por isso.

--Tenho 102 anos. Nasci em 1923, confessa, para a surpresa de todos. Olha nos meus olhos e, sorrindo, pergunta quantos anos eu tenho. Digo-lhe que em fevereiro irei fazer 70 anos. Ela se admira pois também aniversaria em fevereiro. E me diz sorrindo que ainda sou jovem.

O senhor não tem rugas.

Respondo-lhe que quem é jovem ali é ela, pois depois de tantos anos de vida ela está bela e muito forte.

Dona Diolinda, que recebe dona Felicidade em sua casa, lembra que ela nunca foi ao médico e que somente quando um animal lhe feriu a perna teve de ir ao hospital. Caso contrário sua saúde é de ferro, brinca.

Ao falar de suas origens, dona Felicidade confessa com orgulho que seus antepassados todos eram gaúchos que vieram para o antigo Mato Grosso. Seus avós teriam vindo de Tupanciretã, no Rio Grande do Sul, depois, seus pais firmaram-se no Mato Grosso do Sul.

Mais do que as palavras e as lembranças, o que impressiona àqueles que se postavam a sua volta para ouvi-la era o força de suas palavras, o brilho dos olhos e a afeição de simpatia e vigor, algo como que dizendo que se sentia uma jovem menina interagindo com aqueles jovens estudantes que visitavam a propriedade e mantinham os olhos fixos nela.

Impossível não correr ao seu encontro e abraça-la depositando sobre a sua fronte um ósculo de satisfação e graça, como se lá do céu a dádiva de tê-la conosco naquele momento imanasse a mais terna gratidão: a de ter vivido este momento divino e celeste com um ser, tão original e verdadeiro, calcado ainda com os pés muito firmes no chão e a alma livre e solta em suas mãos.

Te amamos, dona Felicidade.

 

Brasilândia/MS, 27 de agosto de 2025.