A política dos 7
R(s), o mundo reciclável e suas cores.
Carlos Alberto dos
Santos Dutra
Quase todos nós já ouvimos falar em materiais recicláveis. Aqui em Brasilândia/MS, somos privilegiados pois desde o dia 20 de setembro de 2003, quando foi criada a ASSOBRAA, o assunto vem sendo veiculado junto aos nossos ouvidos, corações e mentes nos familiarizando com o tema e nos motivando a fazer a nossa parte em favor da sobrevivência do meio ambiente e a nossa própria sobrevivência também.
Aos nos
aprofundarmos no tema, passamos também a descobrir que o lixo, e aqueles antigamente chamados de catadores de lixo, não se tratam mais de desvalidos da sociedade que
sobrevivem dos restos da sociedade. Se em outros tempos era assim, hoje podemos
dizer com certeza, trata-se de uma das fontes de renda para milhares de
trabalhadores, empresários e industriais que fazem mover a máquina da
reciclagem e do progresso numa infinita gama de variáveis na economia.
A coleta seletiva e a reciclagem, portanto, descobrimos que se trata de uma atividade altamente complexa e que deve ser feita de forma inteligente. Uma forma de universalizar essa preocupação e atividade comum ao mundo inteiro foi impregnar essa diversidade de elementos no universo das cores. Convencionou-se, assim, dividir aquilo que o mundo descarta, por cores: Verde, para o vidro; Vermelho, para o plástico; Azul, para o papel, papelão; Amarelo, para o metal.
Estes quatro elementos - vidro, plástico, papel, papelão e metal, são os mais comuns e se encontram entre os mais presentes na cestinha do lixo, fazendo parte da rotina do dia a dia de qualquer pessoa, independente da classe social. Indistintamente, hoje, em qualquer residência domiciliar ou estabelecimento comercial encontramos embalagens de alimentos, cadernos, faturas impressas, latinhas de refrigerantes ou sucos, brinquedos infantis, enfim, uma infinidade de matérias entre os quais se encontram os chamados resíduos.
Também aqui as
cores servem para que saibamos distingui-los, observando que o seu fim, com
exceção dos orgânicos e da madeira, resume-se a rejeitos pois, não podem ser
aproveitados. São eles: o Preto, para a madeira; o Laranja, para resíduos
perigosos; o Branco, para resíduos hospitalar; o Roxo, para resíduos
radiativos; o Marrom, para resíduos orgânicos; o Cinza, para os não
recicláveis, contaminados, ou misturados.
Observamos acima
que uma grande quantidade de materiais não será aproveitada. A pergunta que se
faz, então, é: --Por que selecioná-los se não serão aproveitados? A resposta está
no cuidado adequado que devemos ter com este material evitando que o mesmo
venha a contaminar as pessoas, o solo e o meio ambiente. Nem todos sabem, por
exemplo, que os resíduos orgânicos, quando eliminados de forma correta, podem
se tornar adubos. Ainda que estes elementos devam ser descartados, se feito de
forma consciente, respeitando a natureza e o meio ambiente este ato pode ser
realizado de maneira sustentável.
Com sabedoria já
foi dito que “nada se rejeita, tudo se aproveita”, fundada na célebre frase de Antoine-Laurent
de Lavoisier “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, cunhada há mais de 200 anos e que continua mais atual do que nunca.
Corroborando com o mundo das cores neste mundo que urge ser cada vez mais reciclável, novas políticas passaram a ser implementadas em diversos países. Uma lição e proposta que rapidamente se expandiu no mundo capitalista foi o empenho militante com a adoção de medidas urgentes de mitigação, mudanças de comportamento e de contenção materializada pela letra “R”. A chamada Política dos 3 R(s): Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Dada a urgência da tomada de medidas de enfrentamento às mudanças climáticas que assombram o mundo e colocam em risco a condição humana, a Política dos 3 R(s) passou a ser a Política dos 4 R(s), acrescentando-se a palavra Recuperar, chegando-se ao quadro atual já em prática nos países altamente industrializados e, portanto, os mais poluidores, a Política dos 5 R(s) onde adicionou-se Renovar. Nos dias que nos esperam já se impõe da Política dos 7 R(s): Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recuperar e Renovar, Repensar e Recusar.
Estes são os novos aspectos que emergem daqueles primeiros gestos ingênuos e altruístas de jovens idealistas que deram os primeiros passos na coleta seletiva e reciclagem de materiais, sendo embalado pela musiquinha da ASSOBRAA que se tornou hino em Brasilândia anunciando a coleta seletiva[1].
O ânimo dos pioneiros
da coleta seletiva em Brasilândia consolida-se ao encontrar o apoio da
comunidade, do poder público -- a Prefeitura Municipal de Brasilândia --, e das empresas parceiras, como a SUZANO, AH Agropecuária, entre outras, todos empenhados em assumir a gestão dos resíduos que devem ser entendidos não apenas como matérias resultantes da utilização de
produtos, nomeadamente sólidos, mas resíduos com um sentido mais lato,
considerando as águas residuais e até, os efluentes gasosos.
Os modelos econômicos associados à geração de produtos e valor têm evoluído no sentido de incorporar os objetivos da sustentabilidade, levando a uma concepção circular da economia, em alternativa à tradicional economia linear. Sim, a sociedade evoluiu necessária e felizmente, criando com o conhecimento e a capacidade inovadora e criativa produtos que transformam os recursos naturais em produtos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações[2]. Que saibamos acompanhá-la!
Brasilândia-MS, 11
de março de 2025.
38º aniversário (11/03/1987) de instalação da Comarca de Brasilândia. Gestão da Prefeita Neuza Paulino Maia.
Fonte: Quais são os tipos de materiais recicláveis - Natural Limp; “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, Antoine-Laurent de Lavoisier
Foto: Membros da ASSOBRAAS recebem representantes do IMASUL e CODEVALE, 28/02/2025, SEMATUR/Brasilândia-MS.
[1] - "The River Kwai March" (O Rio
Kwai March, em tradução livre) é uma marcha composta
por Malcolm Arnold em 1957.[1] Foi
escrita como uma contramarcha orquestral à "Colonel Bogey March",
tema que aparece, assobiado, no filme A Ponte do Rio Kwai.
[2] - Ver todos os
Artigos de Leonor Amaral » Leonor Amaral,
Diretora da Indústria e Ambiente / Professora na FCT-UNL
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