sábado, 9 de maio de 2020


Feliz Dia das Mães, mamães atletas
Carlos Alberto dos Santos Dutra



Naquele ano o Dia das Mães foi diferente. Igual aquele nunca tinha acontecido na cidade.
Não. Não estou falando do isolamento social dos dias atuais que fez redobrar o trabalho das mulheres, donas de casa com a dupla e tripla jornada de trabalho, atendendo marido, filhos, casa e profissão, por causa do novo coronavírus.
Falo de um tempo pretérito brando e suave, nostálgico talvez. Falo de um dia na história, que ficou para trás, mas que ainda vive na lembrança de algumas mães e senhoras. E o faço em homenagem a elas nesta data especial.
Aquele dia havia despertado no coração das mulheres algo que somente homens, pais, maridos e filhos, gentis e educados, criativos e poéticos poderiam lhes ofertar. Em que pese as motivações políticas que o evento possa ter, não deixou de ter o seu brilho original.
E lá estavam as mamães: Áurea, dona , Lúcia, Angelina Amorim, Maris, Márcia Amaral, Elizete, Tica, Cida do Doca, Marilza, Maria José e Elizabete Costa, adentrando  o tapete verde do Estádio Municipal Joaquim Cândido da Silva, que se estendia a seus pés.
Mas elas não estavam sós. Ovacionadas por uma torcida vibrante e animada, pisaram firmes no gramado portando o esplendor de suas juventudes, mulheres solteiras, prontas para o embate: Gélia, Cristina, Roseli, Neuza, Maria Aparecida, Ivonete, Eunice, Elizabete, Érika, Sandra, Joelma, Eliane, Patrícia, Andréia, Ana Lúcia e Ângela.
Tratava-se do jogo Mulheres Casadas x Mulheres Solteiras realizado em Brasilândia que ocorria naquele sábado, dia 12 de maio de 1990, promovido pelo Departamento Municipal de Desporto e sua dedicada equipe que organizou aquele jogão de bola, registrou o Jornal de Brasilândia, na época.
E elas entraram em campo todas perfiladas saudando a torcida que compareceu em massa ao estádio. Uma bateria de fogos, bem ao estilo da época, na administração do Prof. José Cândido da Silva, explodiu no ar saudando as queridas mamães pelo seu dia. Motivo de alegria para todos os que se encontravam nas arquibancadas prestigiando o evento.
O jogo, modesta à parte, foi muito bom e engraçado, lembram aqueles que lá estavam na época: só não sorriu quem era banguela ou tinha dente de ouro com medo de ser assaltado, brincou o repórter na ocasião.
A exemplo de anos anteriores, as mulheres Solteiras deram uma goleada no time das mulheres Casadas pelo placar de 4x0. O placar só não foi maior devido a forte marcação defensiva das mamães Tica, dona Jô e Sandra que mostraram toda sua habilidade na zaga.
O jornal não traz maiores detalhes sobre o jogo, mas o que fica para nós, passado 30 anos deste evento, é que as mulheres, sobretudo as mamães, a partir de então, cada vez mais começaram a ter seu espaço garantido em esportes tidos como restrito somente aos homens, como o futebol de campo. Exemplo maior foi o pioneirismo do BRASAC.
E assim, naquele dia Brasilândia viu mamães entrar em campo exercitando naquele espaço lúdico de afirmação, criatividade e sonho, a sua liberdade.
Num tempo ainda eivado de preconceito contra certas atividades exercidas pelas mulheres, aquele Dia das Mães diferente oportunizou a todos reconhecer o valor da mulher.
E lá, nas arquibancadas, cada um do seu jeito, aqueles homens simples de aparência rude puderam, com sua atenção e aplauso, homenagear suas mamães, esposas e filhas. Feliz Dias das Mães, mamães atletas.

Brasilândia/MS, 09 de Maio de 2020.


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