Evair José da Silva, o mestre Bahia nos deixou.
Carlos Alberto dos Santos Dutra.
Difícil encontrar em Brasilândia, entre os mais antigos, quem não conheceu o senhor Evair José da Silva, o popular Bahia. Cidadão que foi servidor público municipal por muitos anos, ele passou por centenas de alunos que o viram com as mãos firmes na direção de um ônibus cruzando estradas pelo interior do município levando crianças, jovens e adultos para os bancos escolares da cidade e até à universidade.
Na condição de motorista de ônibus, impossível não recolher o testemunho postados nas redes sociais lembrando seus pequenos grandes gestos de carinho e respeito para com os estudantes quando os levava para a faculdade.
A Drª Cristiane Servilla, então estudante de Direito lembra com carinho nas redes sociais de seu Bahia. Sempre brincalhão, quando o ônibus quebrava na estrada ele gritava: calma gente, de sede vocês não morrem. Tem água aqui. E todos sorriam apostando sua segurança e o futuro naquele bom motorista que se tornou amigo de todos.
Ou ainda a lembrança das expedições que conduziu à Aparecida do Norte nas palavras da ex-vereadora Mara Marcia que bem observou: quando ia chegando e avistava a basílica, seu Bahia tirava o boné da cabeça e saudava a padroeira do Brasil, e gritava: viva Nossa Senhora! Numa demonstração de respeito e simplicidade.
Há de se lembrar ainda que esse senhor nascido em
Pompéia-SP e que chegou a Brasilândia quando ela ainda recém despertava para o desenvolvimento, foi também um grande incentivador do esporte em Brasilândia. Desde torneios de
truco em que participou em tempo mais recente, até o futebol-arte dos tempos áureos
do Brasilândia Atlético Clube-BAC, no passado.
E lá o encontramos fazendo dupla com o Nelson, ao lado do Bazuca e o Zé Brito, o Valdemar e o Maritaca, o Eliseu e velho
Paulo, em duelos célebres nos torneio
de truco contra a dupla Galeno
Júnior e Júnior Passianoto, que
eram imbatíveis nesta modalidade de esporte numa festa ocorrida no antigo DMER
em homenagem ao aniversário do servidor Valdo.
Ah. Quanta saudade. Três anos depois lá estava o Bahia, ao lado de Paulão, Márcio e Nilton, enfrentando Agenor Fº, Lê Uchoa,
Antônio Terrinha e Maurício numa confraternização que teve como palco a bar dos
Terra Seca regada a carne assada pelo Ceará e o senhor Leônidas, sendo as
despesas pagas pelos perdedores do torneio.
Em outro torneio, lá encontramos seu Bahia
recebendo troféu no evento ocorrido no bar da dona Margarida, durante o 30º
aniversário de Brasilândia quando conquistou o segundo lugar fazendo dupla com Tiriça (Márcio), perdendo
apenas para a dupla Terrinha e Sabugo, ambos levando o prêmio, um carneiro, para casa. O Quintino estava lá e pode contar melhor essa história.
A dupla Bahia
e Tiriça chegou a classificar-se em
segundo lugar num campeonato de truco realizado em Três
Lagoas, no salão de festas da Capela São José, no jardim Alvorada, quando, dos
quatro prêmios oferecidos pelos organizadores, três foram conquistados pelos truqueiros de Brasilândia.
É, amigo Bahia, foi um tempo que não volta mais. Tempo de saudade quando você caminhava de mãos dadas com a mãe Maria Raymunda e o pai José Firmino, confiante, numa época que já vai longe.
Lugar onde a amizade falava mais alto
e a simplicidade corria livre pela Avenida São José. E tu, Evair José da Silva, fez parte desta história, participando com o teu jeito e estilo peculiar, na vida social e esportiva desta cidade que praticamente você viu nascer.
Mas o homem, talhado que era para a arte do bem viver
e desfrutar os dons que recebeu não emergiu ao acaso. Assim como a aurora
anuncia o amanhecer, o jovem Evair José da Silva, desde moço já prenunciava a
envergadura de um dedicado desportista.
A lembrança nos faz voltar no tempo e cá estamos no
ano de 1989, quando encontramos o Bahia adentrando o campo de futebol do
estádio municipal Joaquim Cândido da Silva pelas fileiras do saudoso BAC - Brasilândia
Atlético Clube, agremiação que o atleta, na época com 47 anos de idade, chegou
a ser seu vice-presidente.
Um dos grandes defensores do esporte amador no
município, ao lado de Samuel Ramos Lopes e José Cândido da Silva, por diversas
vezes posicionou-se em reuniões com a Liga Três-lagoense de Desportos, em favor
do ingresso do BAC na elite do futebol estadual. Foi no seu tempo que as cores branco e preto do BAC foram
mudadas para o azul (o céu) e o branco (a paz).
Quando jovem era alegre e brincalhão, e integrava-se facilmente às equipes e rodas de amigos, participando tanto de jogos oficiais como aqueles que brindavam a vida e a alegria de viver. Como aquele primeiro de maio que reuniu os atletas Gordos que enfrentaram os atletas Magros, num tempo em que essas palavras expressavam apenas seu sentido jocoso e somente era motivo de muitos risos e aplausos.
E lá encontramos o Bahia
participando pelo time dos Magros dando guarida ao goleiro Milton Ferrari e
companheiros. No final do jogo, ganhando ou perdendo, todos iam festejar no Bar
da Pedra, tocado na época pelo Zé Brito.
Ah, amigo Bahia, tu que foste juiz de futebol e da vida simples que levaste, nesta hora em que se despede dos familiares e amigos, um rastro de felicidade, com certeza, deixaste no mundo do esporte e no coração de muita gente.
Nascido em 3 de dezembro de 1941, o cidadão Evair José da Silva faleceu hoje, vítima de complicações da Covid-19 em Brasilândia, aos 79 anos de idade.
Para as estatísticas oficiais ele é apenas mais um número que se acrescenta; para
os familiares e amigos são lágrimas de uma perda por demais sentida. Descanse em paz mestre
do volante, do truco e do futebol brasilandense.
Brasilândia-MS, 18 de março de 2021.
Fotos gentilmente cedidas ao autor pelo Prof. José Cândido da Silva.
Falou tudo Carlito, ele era um ser humano exemplar, bel
ResponderExcluira homenagem.
A família agradece grandiosamente pela homenagem, e pelo carinho.
ResponderExcluirObrigada Carlito pelas palavras. Seu Baia ia adorar. Que Deus o guarde em bom lugar.
ResponderExcluirObrigada Carlito pelas palavras. Seu Baia ia adorar. Que Deus o guarde em bom lugar.
ResponderExcluirSinto-me honrado em poder lembrá-lo e, de certa forma, consolar a família. Obrigado.
ResponderExcluirNeste momento somente belas recordações de um homem que ao mesmo tempo impunha seriedade para manter a ordem no transporte escolar era humilde e humano preocupado com todos.Muitas foram nossas viagens a Dracena em tempo de faculdade.Ao passar na rua sempre o cumprimento singelo e carinhoso.Meus sentimentos a família e amigos.Descanse em paz bom Homem.
ResponderExcluirBela mensagem Querido AMiGO !
ResponderExcluirBahia vai sempre ficar em nossas doces recordações !!!!
Linda homenagem; descanse em paz Bahia. Com sua partida, vai a matéria, más fica a lembrança de seu sorriso e de sua história de vida; Grande exemplo.
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