Ailton: o menino de paz e sorriso nos deixou.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
A rosa dos ventos do tempo não para.
O frescor da brisa que nos separa do amanhã nem sempre nos faz esquecer o
caminho que percorremos. Tantas alegrias, sonhos, trabalho, família, segurança,
felicidade. É um caminho sem volta que todos temos que experimentar numa verdadeira travessia. É, entretanto, às vezes, os sonhos morrem primeiro e nos arrastam com eles.
Uma rápida olhada a nossa volta,
percorrendo as ruas e estradas da nossa cidade, e observamos que algumas estruturas do tempo, aos poucos, vão desaparecendo, dando lugar a outras, mais suntuosas. Numa demonstração do quanto somos descuidados
com as coisas que construímos e acreditamos, isso de certa forma nos aponta para o quanto somos transitórios como seres vivos por aqui.
Assim foram com os saudosos Cacretupi, AAB, Rotary Club, Laticínio, Farinheira, Escola Agrícola, prédios em ruínas no distrito
industrial, e outros patrimônios que sucumbiram. Sem perder de vista, outros,
como o DR Leilões que já experimenta o abandono. São imagens que
vão esmaecendo com o tempo, na medida em que nossos olhos já cansados, já não
mais se importam com o futuro e o amanhã de tudo isso. Passam a falar somente a linguagem do coração
Assim também são as pessoas. Independente
de nossas vontades e esforço, elas partem. Mesmo que a amemos com toda a nossa alma. Uns mais jovens outros já amadurecidos e
experientes pela ação dos anos. Mas todos, um dia se apartam de nós. O que resta são bulhas e aromas de flores. Também marcas e cicatrizes. Ah, como eles deixam
feridas no coração daqueles que um dia os embalaram, os alimentaram e os educaram. É
nessas horas que buscamos no álbum da memória as lembranças que consolam e ameniza aquela dor inexplicável, como é o caso de nosso aluno sorriso, o Ailton.
Com apenas 13 anos de idade, lá estava ele, de
microfone na mão, sorridente, falando de si, de seus gostos e satisfação de encontrar ali,
com os colegas, marcando no tempo sua presença imprescindível para os
propósitos de uma época de ouro, de sonhos, e onde a educação era a prioridade para
os jovens oriundos do campo e que lá desejavam permanecer. Ah! Saudosa Escola
Agrícola Julião Maia. A saudade de teus filhos se mistura nesta hora com a dor da despedida.
Ah! Nosso pequeno campeiro, nosso aluno querido vindo lá da
fazenda Barra do Cedro para a nossa saudosa Escola Agrícola: por que partistes tão cedo? Não temos resposta para
essa angústia que sufoca o coração da família e dos amigos que choram a perda daquele
menino manso e humilde. Sempre rodeado de amigos, tinha o carinho de
cada um dos colegas, e a proteção de seus professores que sempre buscaram, no
tempo em que foi ‘agricolino’, transformar aqueles dias num eterno jardim de felicidade.
Adeus filho, aluno, pai, esposo e profissional dedicado. Adeus Ailton Correa. Descanse
na paz meu aluno pelos campos do Senhor.
Brasilândia/MS, 27 de novembro de
2021.
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