Relembrando
a 2ª Conferência Municipal de Meio Ambiente de Brasilândia.
Carlos
Alberto dos Santos Dutra
A 2ª e última Conferência Municipal do Meio Ambiente que ocorreu em Brasilândia/MS deu-se no dia 25 de junho de 2013, cinco anos após a realização de sua primeira edição no município. Hoje, passados 11 anos, eis que o município é chamado a este existencial tema, por uma questão de sobrevivência do planeta. Relembrar as propostas aprovadas nas últimas conferências podem aguçar nossos ouvidos para o grito que esta comunidade já deu em defesa da nossa casa comum, a terra. E precisa continuar dando.
O evento naquele ano teve lugar o Anfiteatro Ramez Tebet e reuniu cerca de 70 pessoas interessadas para debater a Política Nacional de Resíduos Sólidos e apresentar propostas no âmbito do município.
A
Conferência foi promovida pelo governo municipal, por meio da Secretaria
de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio, Agronegócio, Turismo e Meio
Ambiente, e a Secretaria de Serviços Urbanos.
O
presidente da Comissão Preparatória da Conferência e secretário de
Desenvolvimento Econômico, José Carlos Menegassi, agradeceu a presença
da comunidade e de representantes das empresas UFN3, Fibria, CESP, do Sindicato
Rural, da Associação Brasilandense de Agentes Ambientais (ASSOBRAA), dos
indígenas Ofaié e da secretaria municipal do Meio Ambiente de Três Lagoas que se
fez representar no evento.
O
representante do Legislativo, vereador Antônio José da Silva, popular Toninho
da prefeitura, disse que o debate sobre meio ambiente não afeta apenas
Brasilândia, mas todo o planeta e disse que cada um deve ser responsável por
sua conservação.
Em
suas palavras o prefeito da época, Jorge Justino Diogo, falou sobre as
manifestações realizadas em todo o país e disse que o Brasil vive um momento
mágico de despertar da democracia e ressaltou que as conferências, fóruns e
audiências são os espaços apropriados para que a população apresente suas
propostas de melhoria para a cidade, para o estado e para o país.
Também
fez parte da mesa o palestrante, engenheiro ambiental Jorge Henrique Olivi
de Paula; o diretor geral da Eco Soluções, Nelson Carlos Baraldi, e
o ambientalista presidente do Instituto Cisalpina de Pesquisa e Educação
Socioambiental e Defesa do Patrimônio Cultural, de Brasilândia, Carlos Alberto
dos Santos Dutra.
Entre
as propostas aprovadas no 1º eixo temático (A política de gestão de
resíduos, a redução de impactos e a recuperação ambiental) estavam: 1) a
criação de um centro de compostagem para resíduos orgânicos em parceria com
empresas da região e utilização do consórcio CODEVALE com objetivo de auxiliar
a operacionalização da central; 2) criar infraestrutura física, capacitar mão
de obra e legalizar a Associação ASSOBRA; 3) criar centro de recebimento para
embalagens de agroquímicos e outros resíduos (classe 1 –perigosos) e
pneumáticos de acordo com a legislação vigente, definindo a logística de
transporte e destino final; 4) criar Sistemas de Coleta Seletiva Municipal, disponibilizando
coletores e sacolas com sistemática de cores conforme CONAMA.
No
2º eixo temático (A política de gestão de resíduos e a geração de
emprego, trabalho e renda) foram aprovadas as propostas: 1) a capacitação e
conscientização promovidas por secretarias, SSEBRAE, IMASUL, Ministério do
Trabalho, em relação à segurança do trabalho, utilização correta dos EPIs,
cuidados na separação dos resíduos pela população e catadores; 2) liberação de
recursos federais, prioritariamente para os municípios que tenham projetos que
envolvam pessoas que atuam na Coleta Seletiva (Plano Nacional de Resíduos
Sólidos); 3) garantir a participação da ASSOBRA como Prestadora de Serviços no
Plano Municipal de Resíduos Sólidos, vinculando-a a uma secretaria municipal;
4) ampliação do quadro de agentes catadores e compra de equipamentos como:
maquinários (caminhão, prensa, balança, empilhadeira, esteira, etc.), para
melhor e maior eficiência tanto na coleta, como no processamento, através de
parcerias com a iniciativa privada; 5) políticas de incentivo fiscais para
empresas que participam no processo de reciclagem do lixo e preservação do Meio
Ambiente com comprovação por selo da preservação com código de barra e chip de
identificação para dedução fiscal. Observação: o selo seria obtido no ato da
entrega do material já reciclado.
No
3º eixo temático (Educação Ambiental) as propostas foram: 1) implantar
práticas dos Programas 3 Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar), como forma
de Educação Ambiental, favorecendo a coleta seletiva, sendo: a) em todos os
Órgãos Públicos, secretarias municipais e Escolas: Orientada pelo governo
Municipal; b) no Comércio Local: Orientada pela Associação Comercial; c) no
Residencial: Orientada pela ASSOBRA, ONGs, Entidades Sociais; d) no Meio Rural:
Orientada pelos Sindicatos Rurais; e) na Aldeia Ofaié: Orientada pela
Associação Ofaié; 2) pontos de coletas urbanos e rurais: lixeiras e pequenos
cercados que favoreçam a coleta nos bairros, zona rural, praças e escolas de
forma coletiva e seletiva: Implantação governo Municipal; 3) inclusão do tema
Educação Ambiental, na Educação Infantil, Fundamental e Ensino Médio, de forma
interdisciplinar, com apoio de material específico. Responsáveis: governo
Municipal e Estadual; 4) desenvolver campanhas elucidativas e oficinas para
melhor aproveitamento dos alimentos e também para a compostagem, sendo
responsáveis: governo Municipal, Estadual e ONGs; 5) viabilizar o Conselho
Municipal de Meio Ambiente, para instrumentalizar Políticas municipais de
Educação Ambiental.
No
4º e último eixo temático, (Incentivo à produção e ao consumo
sustentável) foram apresentadas: 1) incentivo à produção, comercialização e
utilização de produtos orgânicos; 2) dar prioridade a utilização de sacolas
retornáveis e embalagens biodegradáveis no comércio local; 3) incentivo fiscal
para empresas que padronizem suas embalagens para reutilização do seu produto
final tais como: cerveja, refrigerantes, azeite, palmito, azeitonas, etc.; 4)
sistema de fiscalização de produção e autorização de comercialização (SIF, SIE,
SIM, SUASA) e legislação específica para Logística Reversa que levem em conta a
produção sustentável minimizando a geração de resíduos, obrigando as indústrias
a recolher sua produção; 5) proporcionar produtos com maior durabilidade “vida
útil”, visando um maior tempo para a substituição dos mesmos.
A
fase Municipal da Conferência na ocasião elegeu os delegados para
representarem o município na Conferência Estadual do Meio Ambiente.
Representando o poder público foram eleitos João Luiz Almeida Rosa e Antônio
Marcos Canno, titular e suplente, respectivamente. Da parte da sociedade
civil foram eleitos Júlio Cezar Moraes do Amaral e Carlos Alberto dos
Santos Dutra, titular e suplente. O segmento Empresa não apresentou
representante.
João
Luiz Almeida Rosa,
delegado representando o segmento poder público, e Júlio Cezar Moraes do
Amaral, delegado representando o segmento sociedade civil, devem ter tido
muito trabalho, na época, para reunir o sólido rol de propostas que a
comunidade brasilandense reuniu nesta última Conferência Municipal e apresentá-lo na Conferência Estadual. Uma pontinha de orgulho, entretanto, impossível
esconder: saber que Brasilândia aos poucos despertava para o tema do meio
ambiente...
Brasilândia/MS,
26 de novembro de 2024.
Fonte: História
e Memória de Brasilândia/MS - Volume III – Cidadania, Página 71 e
seguintes - Capítulo 1 – Assistência, Saúde e Cidadania. Volume à espera de
patrocínio cultural para ser distribuído gratuitamente aos munícipes. Disponível na
Biblioteca Municipal Professora Abadia dos Santos e em História
e Memória de Brasilândia/MS Volume 3-Cidadania, por Carlos Alberto dos Santos
Dutra - Clube de Autores
Imagem: Jornal da
Cidade, 03.Jul.2013. JP News, 2013. Recurso: Ferramenta gratuita de
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