quinta-feira, 14 de novembro de 2024

 

O Reino de Deus está entre nós

Carlos Alberto dos Santos Dutra







O Evangelho desta quinta-feira (32ª semana comum) nos é apresentado por Lucas 17,20-25 e nos chama atenção para a inquietude daqueles que creem sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. A pergunta dos fariseus ainda ecoa através do espaço até os dias atuais.

A resposta de Jesus é elucidativa. Com palavras simples e valendo-se dos sinais que a natureza nos dá, aplaca a dúvida e provocação dos poderosos do seu tempo e também dos nossos corações.

Vejamos o que Jesus diz: O Reino de Deus não vem ostensivamente. Ou seja, o Reino de Deus vem silenciosamente. Não se manifesta grandiosamente (embora o seja), no sentido que os fariseus e doutores da lei esperavam.

Para os dias de hoje, equivale dizer, o Reino de Deus não há de se manifestar pautado nos valores sociais, políticos e econômicos que norteiam a sociedade do lucro e do consumo em que vivemos.

Impossível  não observar que a nossa volta pulula anúncios e chamados para a chegada deste Reino proposto Jesus Cristo desde todo o início dos tempos na história da salvação.

Quem de nós já não foi abordado, para não dizer interpelado, a abraçar este que está aqui, ou está ali, como alerta Jesus no Evangelho. No mercado das religiões a fé se tornou produto que é disputado por milhares que se arvoram depositários desta Boa Nova que o mundo carente de Deus clama e espera.

Para desfazer toda dúvida e implodir a pretensão e soberba dos que se consideram donos da fé e enviados para arrebanhar os fiéis crentes conduzindo-os a uma data e local determinado que prega Jesus em breve voltará..., o evangelista Lucas frisa as palavras de Jesus: Nem se poderá dizer, está aqui, ou está ali, porque o Reino de Deus está entre vós.

Importante lembrar que para os escribas e fariseus e a maioria do povo judaico, Jesus Cristo não era o filho de Deus. Nunca foi aceita tal filiação. Talvez aqui se entenda o porquê de Jesus Cristo ter dito o Reino de Deus está entre vós. Uma espécie de lamento: Dias virão em que desejais ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. Pela perda de oportunidade daquele povo de ter estado tão próximo, por tanto tempo, ao lado da presença física do Salvador -- o Reino de Deus --, e não perceber.

Então. Quando o reino de Deus virá, afinal? Valendo-se do exemplo das forças da natureza Jesus manifesta o seu poder e alcance ao chamar atenção dos fieis para explicar onde e quando o Reino há de se manifestar.

No seu dia, ele diz, o Filho do Homem deverá vir como o relâmpago que brilha de um lado até o outro do céu. Melhor sinal para demonstrar a grandiosidade desta vinda gloriosa, e explicar o Reino de Deus, impossível. Senão vejamos:

Quem já não refletiu sobre o significado do relâmpago? A experiência que temos diante deste fenômeno da natureza pode ser comparada com a vinda do Reino de Deus.

A princípio o relâmpago sempre é entendido como um sinal, sinal de tempestade, de chuva, prenúncio de raio e trovão. Denota perigo e temor. Mas é um evento imprevisível, não sabemos onde e quando descerá do céu.

Mas nem por isso o temor toma conta de nós. Mesmo que fiquemos às escuras durante a tempestade, a luminosidade dos relâmpagos nos encanta e fascina.

Assim acontece com o Reino de Deus, maior que o temor é o sua luminosidade, seu poder de nos transformar. O Reino de Deus nos encanta e nos move em sua direção. Ele tem o seu tempo e a sua hora para nos moldar e preparar. Por isso o Reino não deve ser buscado desesperadamente como uma obsessão e ser entendido como oposição ao que estamos vivendo e praticando na vida.

Por isso Jesus diz que o Reino de Deus estás no meio de nós. Para percebê-lo é preciso fazer silêncio para ouvi-lo e apreciar os sinais, as luzes e as graças que do alto descem sobre todos nós todos os dias. Isso porque Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos (Mateus 18,20).

 

Brasilândia/MS, 14 de novembro de 2024.

 

Fonte: 32º Semana Comum, Deus Conosco Dia a Dia, Ano 23, nº 275, Ano Litúrgico B, 14 de novembro de 2024; Pe. Edson Oliveira, Liturgia Diária, Canção Nova. 14.Nov.2024; Papa Francisco. Evangelho de Hoje, https://m.youtube.com/watch?v=DYCd9ors-cU;

Imagem: Encontrando a Dios en lo Ordinario: Una Mirada a Lucas 17,20-25 - Hogar Irma Fe Pol

 

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