sábado, 16 de novembro de 2024

 

Esperar o Dia do Senhor e amar um pouco mais.

Carlos Alberto dos Santos Dutra



A primeira leitura deste domingo (33º Domingo do Tempo Comum-Ano B) nos é apresentada pelo profeta Daniel (12,1-3) que nos fala de um tempo sombrio e de angústia como nunca houve, desde que começaram a existir nações.

Cenário que se completa com a descrição do Evangelho de Marcos (13,24-32) onde Jesus revela os sinais que antecedem a vinda do Filho do Homem, no final dos tempos.

Jesus diz ao discípulos: Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai escurecer, a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas.

E tudo começa (ou tudo termina) com a grande tribulação, figura utilizada na Bíblia para falar das guerras entre os povos (Joel 3,9-11 e Apocalipse 19,19), as pragas, a fome e os desastres naturais (Apocalipse 16,8-11); os falsos profetas (Mateus 24,9 e Apocalipse 13, 5-7), entre outros sinais de desordem cósmica e social.

Todo esse cenário, pela Bíblia, é sinal do início do final do tempo de Deus. Segundo Daniel, pode durar 7 anos, mas a noção do tempo de Deus em relação a nós pode ser muito diferente (2 Pedro 3,8). Não é disso que Jesus está falando.

Por isso Jesus profere palavras tranquilizadoras aos apóstolos: O céu e a terra passarão mas as minhas palavras não passarão. Quanto aquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai.

Isso significa, podemos deduzir, que não devemos nos preocupar com as previsões sobre o futuro, sobre quando isso vai acontecer. A ideia é estar atento aos sinais, mas não viver com ansiedade e dúvidas no coração.

Para nos acalmar e nos tranquilizar é que Jesus afirma que o céu e a terra passarão, ou seja, a natureza e a terra do jeito que conhecemos elas têm o seu curso e suas leis, e não durarão para sempre, devido à ganância dos homens.

Só a palavra de Deus permanece para sempre, eternamente. Querer saber quando será o final dos tempos é desconfiar da providência divina. É apostar no mundo e afrouxar os laços com Deus. Quando nos preocupamos demais com o dia de amanhã e com o nosso futuro, esquecemos de viver e contemplar o Cristo, aqui e agora, presente na nossa vida.

Viver o tempo de confiança em Deus é o antídoto contra o tempo da tribulação. Tal qual Daniel profetizou: nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem inscrito no Livro. Portanto, preocupemo-nos em viver o Evangelho da caridade, do amor, da paz e da justiça para com o próximo, para alcançar o Reino dos eleitos de Deus.

Só a nossa prática diária de obediência e seguimento aos valores do Evangelho nos garantirá a salvação quando a tribulação chegar. Somente os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento, e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da virtude brilharão como as estrelas por toda a eternidade.

Porque a eternidade é o lugar do amor, onde a tribulação não alcança. Por isso, se não amarmos, se vivermos no egoísmo, e não nos preocuparmos com o bem dos outros, ali, junto de Deus, não poderemos ficar. Triste.

Se não tivermos praticado o bem, ao contemplarmos a Divindade, reconheceremos que não fizemos a escolha certa, conforme o Evangelho, e junto de Deus não será possível estar. Muito triste.

Por isso não devemos perder a esperança. Confiemos na misericórdia do Senhor. E que desmorone o velho mundo do egoísmo, da ganância, da exploração, da injustiça, da corrupção, da mentira, do jogo de interesses particulares ou grupais na política, em detrimento dos pobres, dos pequenos, dos humildes.

Eis que Deus nos abraça com seu projeto de Reino libertador. Nisso cremos firmemente. E Ele espera por nós, nos estende a mão e ouve a nossa prece. Porque Ele nos quer a todos, como eleitos, junto dele. Amém.

 

Brasilândia/MS, 17 de novembro de 2024.

 

Fonte: 33º Domingo do Tempo Comum, Deus Conosco Dia a Dia, Ano 23, nº 275, Ano Litúrgico B, 17 de novembro de 2024; Pe. Edson Oliveira, Liturgia Diária, Canção Nova. 17.Nov.2024;

Imagem: Paróquia Divino Salvador » Vereis o Filho do Homem … com grande poder e glória (Mc 13,24-32)

 

 

 

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