A Educação e sua importância para o amanhã
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Todos sabem que pelo nível da Educação se pode avaliar o grau de
desenvolvimento de uma cidade ou de um país. As mães geralmente sabem muito bem
disso.
É o caso daquela dona de casa que todas as manhãs, muito cedo, preparava o
leite quente dos filhos, cuidava do remendo na roupa do caçula e da lancheira
de sua princesinha de olhos escuros que sonhava ser veterinária. No rigor
daquele inverno, lá ia o casal de filhos para a Escola do bairro, todos
confiantes de que o amanhã estava logo ali, muito seguro, na sua frente.
A mãe põe a mão espalmada sobre os olhos e acompanha ao longe os filhos que aos
poucos vão sumindo no declínio da rua formada de pedriscos que brilhavam ao
encontro com o sol. Entra em casa, pensa no marido que saiu cedo para o
trabalho e logo se põe na limpeza dos quartos e da cozinha. Pensa no cardápio
que irá preparar para o almoço, pois a família, ao meio dia, estará toda
reunida ao redor da mesa, faminta, como de costume.
Aquela senhora tinha orgulho de seu pequeno mundo, de seu pequeno tesouro.
Maior orgulho ainda sentia do casal de filhos que Deus lhe dera, pois eram
obedientes, estudiosos e amorosos. Sempre agradecia aos céus por isso, porque
eles gostavam de estudar, chegando a passar maior a parte do tempo às voltas
com suas tarefas escolares. O que resultava em muito pouco tempo para fazerem
algum trabalho ajudando a mãe e o pai na lida doméstica.
O casal achava que aquilo era o mais importante: ver os filhos estudando,
estudando, estudando, até se formarem. Obterem um diploma, uma profissão na
vida, e poderem, assim, conquistar um emprego. Depois, casar e construir uma
família, dando continuidade ao ciclo da vida, como seus pais e seus avós, assim
por diante. Depois viriam os netos, os bisnetos, e a felicidade estaria
completa.
A Educação era o único bem que aquela família modesta possuía e que pretendia
deixar para os filhos. Era a maior herança que os filhos desfrutariam para
sempre. A Educação, neste universo, começava em casa e se aperfeiçoava na
Escola. Escola maravilhosa que fazia seus filhos crescerem cada vez mais, em
estatura e em conhecimento, em valores e em sabedoria. Mesmo que a tigela da
merenda fosse uma simples sopa de legumes, a harmonia que ali reinava, entre
professores e alunos, tudo contribuía para o desenvolvimento integral daquelas
pequenas criaturas, sementes para o amanhã.
Esse modelo de família que ainda vive no imaginário de tantos pais e mães, avôs
e avós, infelizmente, não existe mais. O tempo que se chama hoje pauta suas
metas em horizontes bem mais pragmáticos. Vive-se o aqui e agora, sob o império
da economia e do consumo. E esse tempo corre por demais célere, exigente,
sobrando raros espaços para o diálogo e a convivência. Famílias, onde os
filhos, mesmo que voltassem mais cedo para casa, não encontrariam os pais a sua
disposição, pois ambos ainda se encontram no trabalho, na dupla ou tripla
jornada, que exige esforço redobrado para manter uma família de pé.
Da mesma sorte a Educação padece do mesmo desafio. Acompanhar o progresso
tecnológico e a pluralidade dos reclamos sociais e morais que são trazidos para
as salas de aulas desde o centro de educação infantil, ensino fundamental e
médio, até à universidade. Avanço que exige, sem dúvida, revisão nas pedagogias
escolares no rumo de uma educação integral e libertadora. Mesmo que isso tenha
sobrecarregado ainda mais a árdua tarefa desses verdadeiros heróis anônimos: os
professores.
Pensando no futuro, mas com os pés muito firmes no presente, lá estão esses
mestres ministrando os elementos básicos para a vida de tantos aluninhos, no
desafio de uma sala de aula superlotada, entre celulares e puxões de cabelo e
disputas entre colegas. Lá estão esses professores, de volta às suas casas, não
mais preparando o leite quente de seus filhos ou dando-lhes maior tempo e
atenção às suas tarefas escolares. Lá está aquela professora que também é mãe,
preparando suas aulas, suas provas e diários cheios de detalhes chatos e
exigências tolas. Tudo por amor à profissão que abraçaram. Isso para não falar
dos baixos salários e pisos de uma categoria que deveria ser mais bem
respeitada por governos e parlamentares.
Pode interessar a alguns políticos que haja sempre um número significativo de
analfabetos, pois afinal, não é de hoje que a Educação vem sendo usada como mero
cabo eleitoral em campanhas políticas. O futuro da Educação, entretanto,
deve-se reconhecer, aponta para um outro rumo, o do conhecimento e construção
da cidadania. Rumo distante daqueles que desejam ver a Educação amordaçada e
refém dos problemas sociais – muitos deles criados pela própria ineficiência do
Estado. O rumo da Educação agora segue os passos do desenvolvimento integral
e sustentável. Palavrinhas novas, mas que têm o poder de revolucionar o
mundo. O rumo da pluralidade e da diversidade, do relativismo
cultural e o da não violência.
O futuro da Educação já está traçado nestes tempos de pós-modernidade. Quem não
se atualizar está fora do círculo das grandes realizações. Com o apoio das
novas tecnologias a Educação deu um salto de qualidade, instrumentalizando o
saber que agora está ao alcance da tela de qualquer celular. O que separava, em
horas a distância entre dois mundos, hoje o google com presteza de gps
trazem de graça, em poucos segundos, para dentro da sala de aula. O saber
universalizou-se e a Escola não é mais a detentora de todo o saber. Ela apenas
lida com esse saber em constante mudança pelos jovens, sob o prisma de novos
olhares e interpretações, provocando a intelligentsia nos educandos e educadores.
O progresso de uma cidade ou de uma nação, portanto depende da Educação. Ela é
a base de sua cultura e de suas potencialidades. Um freio à ignorância armada,
agnóstica e retrógrada. Somente a partir de uma Educação de qualidade é que a
população de uma cidade como Brasilândia poderá ter esperança no futuro pautada
no presente. Por isso é preciso estudar, estudar, estudar. E valorizar a nossa
Escola. Para poder entender e enfrentar as transformações radicais que
acontecem a nossa volta, precisamos opinar sobre isso, dizendo o que pensamos e
para onde queremos ir.
Aquele espaço chamado Escola continuará existindo como o lugar que receberá
nossos pequenos e grandes tesouros, nossos filhos queridos e que esperamos
sejam o orgulho de seus pais e de seu País. Espaço cada vez mais equipado e
qualificado, onde a qualificação e o profissionalismo de seu corpo docente
saberá como enfrentar eficazmente a complexidade dos temas vividos por seus
educandos e o meio onde vivem. Por conseguinte, a Educação, como política
pública, haverá de ampliar seus horizontes e repensar que tipo de homens e mulheres
ela está ajudando a construir. Educação com mais responsabilidade e menos
preconceito, para um mundo com menos violência e mais sabedoria.
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