quarta-feira, 13 de julho de 2022

A Educação e sua importância para o amanhã

 A Educação e sua importância para o amanhã

Carlos Alberto dos Santos Dutra


Todos sabem que pelo nível da Educação se pode avaliar o grau de desenvolvimento de uma cidade ou de um país. As mães geralmente sabem muito bem disso.

É o caso daquela dona de casa que todas as manhãs, muito cedo, preparava o leite quente dos filhos, cuidava do remendo na roupa do caçula e da lancheira de sua princesinha de olhos escuros que sonhava ser veterinária. No rigor daquele inverno, lá ia o casal de filhos para a Escola do bairro, todos confiantes de que o amanhã estava logo ali, muito seguro, na sua frente.
 
A mãe põe a mão espalmada sobre os olhos e acompanha ao longe os filhos que aos poucos vão sumindo no declínio da rua formada de pedriscos que brilhavam ao encontro com o sol. Entra em casa, pensa no marido que saiu cedo para o trabalho e logo se põe na limpeza dos quartos e da cozinha. Pensa no cardápio que irá preparar para o almoço, pois a família, ao meio dia, estará toda reunida ao redor da mesa, faminta, como de costume.

Aquela senhora tinha orgulho de seu pequeno mundo, de seu pequeno tesouro. Maior orgulho ainda sentia do casal de filhos que Deus lhe dera, pois eram obedientes, estudiosos e amorosos. Sempre agradecia aos céus por isso, porque eles gostavam de estudar, chegando a passar maior a parte do tempo às voltas com suas tarefas escolares. O que resultava em muito pouco tempo para fazerem algum trabalho ajudando a mãe e o pai na lida doméstica.

O casal achava que aquilo era o mais importante: ver os filhos estudando, estudando, estudando, até se formarem. Obterem um diploma, uma profissão na vida, e poderem, assim, conquistar um emprego. Depois, casar e construir uma família, dando continuidade ao ciclo da vida, como seus pais e seus avós, assim por diante. Depois viriam os netos, os bisnetos, e a felicidade estaria completa.

A Educação era o único bem que aquela família modesta possuía e que pretendia deixar para os filhos. Era a maior herança que os filhos desfrutariam para sempre. A Educação, neste universo, começava em casa e se aperfeiçoava na Escola. Escola maravilhosa que fazia seus filhos crescerem cada vez mais, em estatura e em conhecimento, em valores e em sabedoria. Mesmo que a tigela da merenda fosse uma simples sopa de legumes, a harmonia que ali reinava, entre professores e alunos, tudo contribuía para o desenvolvimento integral daquelas pequenas criaturas, sementes para o amanhã.

Esse modelo de família que ainda vive no imaginário de tantos pais e mães, avôs e avós, infelizmente, não existe mais. O tempo que se chama hoje pauta suas metas em horizontes bem mais pragmáticos. Vive-se o aqui e agora, sob o império da economia e do consumo. E esse tempo corre por demais célere, exigente, sobrando raros espaços para o diálogo e a convivência. Famílias, onde os filhos, mesmo que voltassem mais cedo para casa, não encontrariam os pais a sua disposição, pois ambos ainda se encontram no trabalho, na dupla ou tripla jornada, que exige esforço redobrado para manter uma família de pé.

Da mesma sorte a Educação padece do mesmo desafio. Acompanhar o progresso tecnológico e a pluralidade dos reclamos sociais e morais que são trazidos para as salas de aulas desde o centro de educação infantil, ensino fundamental e médio, até à universidade. Avanço que exige, sem dúvida, revisão nas pedagogias escolares no rumo de uma educação integral e libertadora. Mesmo que isso tenha sobrecarregado ainda mais a árdua tarefa desses verdadeiros heróis anônimos: os professores.

Pensando no futuro, mas com os pés muito firmes no presente, lá estão esses mestres ministrando os elementos básicos para a vida de tantos aluninhos, no desafio de uma sala de aula superlotada, entre celulares e puxões de cabelo e disputas entre colegas. Lá estão esses professores, de volta às suas casas, não mais preparando o leite quente de seus filhos ou dando-lhes maior tempo e atenção às suas tarefas escolares. Lá está aquela professora que também é mãe, preparando suas aulas, suas provas e diários cheios de detalhes chatos e exigências tolas. Tudo por amor à profissão que abraçaram. Isso para não falar dos baixos salários e pisos de uma categoria que deveria ser mais bem respeitada por governos e parlamentares.

Pode interessar a alguns políticos que haja sempre um número significativo de analfabetos, pois afinal, não é de hoje que a Educação vem sendo usada como mero cabo eleitoral em campanhas políticas. O futuro da Educação, entretanto, deve-se reconhecer, aponta para um outro rumo, o do conhecimento e construção da cidadania. Rumo distante daqueles que desejam ver a Educação amordaçada e refém dos problemas sociais – muitos deles criados pela própria ineficiência do Estado. O rumo da Educação agora segue os passos do desenvolvimento integral e sustentável. Palavrinhas novas, mas que têm o poder de revolucionar o mundo. O rumo da pluralidade e da diversidade, do relativismo cultural e o da não violência.

O futuro da Educação já está traçado nestes tempos de pós-modernidade. Quem não se atualizar está fora do círculo das grandes realizações. Com o apoio das novas tecnologias a Educação deu um salto de qualidade, instrumentalizando o saber que agora está ao alcance da tela de qualquer celular. O que separava, em horas a distância entre dois mundos, hoje o google com presteza de gps trazem de graça, em poucos segundos, para dentro da sala de aula. O saber universalizou-se e a Escola não é mais a detentora de todo o saber. Ela apenas lida com esse saber em constante mudança pelos jovens, sob o prisma de novos olhares e interpretações, provocando a intelligentsia nos educandos e educadores.

O progresso de uma cidade ou de uma nação, portanto depende da Educação. Ela é a base de sua cultura e de suas potencialidades. Um freio à ignorância armada, agnóstica e retrógrada. Somente a partir de uma Educação de qualidade é que a população de uma cidade como Brasilândia poderá ter esperança no futuro pautada no presente. Por isso é preciso estudar, estudar, estudar. E valorizar a nossa Escola. Para poder entender e enfrentar as transformações radicais que acontecem a nossa volta, precisamos opinar sobre isso, dizendo o que pensamos e para onde queremos ir.

Aquele espaço chamado Escola continuará existindo como o lugar que receberá nossos pequenos e grandes tesouros, nossos filhos queridos e que esperamos sejam o orgulho de seus pais e de seu País. Espaço cada vez mais equipado e qualificado, onde a qualificação e o profissionalismo de seu corpo docente saberá como enfrentar eficazmente a complexidade dos temas vividos por seus educandos e o meio onde vivem. Por conseguinte, a Educação, como política pública, haverá de ampliar seus horizontes e repensar que tipo de homens e mulheres ela está ajudando a construir. Educação com mais responsabilidade e menos preconceito, para um mundo com menos violência e mais sabedoria.


Publicado originalmente em 21.abr.2013.

Foto: Professora e alunos da Escola Municipal Arthur Hoffig desfilam em carro alegórico no dia 7 de setembro de 1978 em Brasilândia/MS. Foto: Zaguir/TL.

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