Esperar o Dia do Senhor e
amar um pouco mais.
Carlos Alberto dos Santos
Dutra
A primeira leitura deste domingo
(33º Domingo do Tempo Comum-Ano B) nos é apresentada pelo profeta Daniel (12,1-3)
que nos fala de um tempo sombrio e de angústia como nunca houve, desde que
começaram a existir nações.
Cenário que se completa com
a descrição do Evangelho de Marcos (13,24-32) onde Jesus revela os sinais que
antecedem a vinda do Filho do Homem, no final dos tempos.
Jesus diz ao discípulos: Naqueles
dias, depois da grande tribulação, o sol vai escurecer, a lua não brilhará
mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas.
E tudo começa (ou tudo
termina) com a grande tribulação, figura utilizada na Bíblia para falar
das guerras entre os povos (Joel 3,9-11 e Apocalipse 19,19), as pragas, a fome
e os desastres naturais (Apocalipse 16,8-11); os falsos profetas (Mateus 24,9 e
Apocalipse 13, 5-7), entre outros sinais de desordem cósmica e social.
Todo esse cenário, pela
Bíblia, é sinal do início do final do tempo de Deus. Segundo Daniel, pode
durar 7 anos, mas a noção do tempo de Deus em relação a nós pode ser muito
diferente (2 Pedro 3,8). Não é disso que Jesus está falando.
Por isso Jesus profere palavras
tranquilizadoras aos apóstolos: O céu e a terra passarão mas as minhas
palavras não passarão. Quanto aquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos,
nem o Filho, mas somente o Pai.
Isso significa, podemos
deduzir, que não devemos nos preocupar com as previsões sobre o futuro, sobre
quando isso vai acontecer. A ideia é estar atento aos sinais, mas não viver com
ansiedade e dúvidas no coração.
Para nos acalmar e nos
tranquilizar é que Jesus afirma que o céu e a terra passarão, ou seja, a
natureza e a terra do jeito que conhecemos elas têm o seu curso e suas leis, e não
durarão para sempre, devido à ganância dos homens.
Só a palavra de Deus
permanece para sempre, eternamente. Querer saber quando será o final dos tempos
é desconfiar da providência divina. É apostar no mundo e afrouxar os laços com
Deus. Quando nos preocupamos demais com o dia de amanhã e com o nosso futuro,
esquecemos de viver e contemplar o Cristo, aqui e agora, presente na nossa
vida.
Viver o tempo de confiança em Deus é o antídoto contra o tempo da tribulação. Tal qual Daniel profetizou: nesse
tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem inscrito no Livro. Portanto,
preocupemo-nos em viver o Evangelho da caridade, do amor, da paz e da justiça
para com o próximo, para alcançar o Reino dos eleitos de Deus.
Só a nossa prática diária de
obediência e seguimento aos valores do Evangelho nos garantirá a salvação
quando a tribulação chegar. Somente os que tiverem sido sábios brilharão
como o firmamento, e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos da
virtude brilharão como as estrelas por toda a eternidade.
Porque a eternidade é o
lugar do amor, onde a tribulação não alcança. Por isso, se não amarmos, se
vivermos no egoísmo, e não nos preocuparmos com o bem dos outros, ali, junto de
Deus, não poderemos ficar. Triste.
Se não tivermos praticado o
bem, ao contemplarmos a Divindade, reconheceremos que não fizemos a escolha
certa, conforme o Evangelho, e junto de Deus não será possível estar. Muito triste.
Por isso não devemos perder a
esperança. Confiemos na misericórdia do Senhor. E que desmorone o velho mundo
do egoísmo, da ganância, da exploração, da injustiça, da corrupção, da mentira,
do jogo de interesses particulares ou grupais na política, em detrimento dos
pobres, dos pequenos, dos humildes.
Eis que Deus nos abraça com
seu projeto de Reino libertador. Nisso cremos firmemente. E Ele espera por nós,
nos estende a mão e ouve a nossa prece. Porque Ele nos quer a todos, como
eleitos, junto dele. Amém.
Brasilândia/MS, 17 de
novembro de 2024.
Fonte: 33º Domingo do Tempo Comum, Deus Conosco Dia a Dia,
Ano 23, nº 275, Ano Litúrgico B, 17 de novembro de 2024; Pe. Edson Oliveira,
Liturgia Diária, Canção Nova. 17.Nov.2024;
Imagem: Paróquia
Divino Salvador » Vereis o Filho do Homem … com grande poder e glória (Mc
13,24-32)