Quem são e o que pensam os candidatos a prefeito de
Brasilândia?
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Estamos a doze dias das eleições e os candidatos entram na reta final da campanha neste tumultuado ano de pandemia. O eleitor já definiu o nome de sua preferência para candidato a vereador. Entre os 67 concorrentes (depois de duas renúncias), todos já disseram que desejam o melhor para Brasilândia. Eis que agora o cidadão tem outro desafio: escolher o melhor nome para prefeito de sua cidade.
Acima de todas as paixões movidas mais pelo afeto do que pela razão, instala-se agora o dever de
passar a limpo os três nomes
que se propõem a sentar na cadeira de prefeito da cidade e governá-la por
quatro anos. O ideal teria sido a promoção de um debate
público entre os candidatos para que eles pudessem expor suas ideias ao vivo confrontando-as
com os demais.
O isolamento social e os cuidados preventivos em relação
à Covid-19 impediu isso, dificultando a exposição e acesso ao grande
público, o que só foi rompido pelas mensagens, lives e vídeos postados nas
redes sociais, onde o cidadão teve escassa chance de interagir com os candidatos.
Para o Executivo local concorrem três nomes: dois novos e um veterano na política. Da parte dos novatos, o candidato do PTB aventura-se heroica e quixotescamente com chapa completa, não se coligando
a nenhuma outra sigla. Legenda, aliás, que traz consigo no seu histórico de
vida, um rol de vitórias expressivas nos pleitos municipais em datas
passadas.
Há de se lembrar dos nomes do professor José Cândido da Silva, eleito prefeito em 1988 e candidato não eleito em 1996; a professora Sandra Aparecida Louzada da Costa, candidata a prefeito, não eleita em 1992 e o médico Dr. Flávio Ercio Coelho de Vasconcelos, candidato a prefeito, não eleito em 2004.
Marco na luta trabalhista no Brasil, este partido
fundado por Getúlio Vargas em 1945
detém conquistas que perduram até hoje, apesar das
investidas neoliberais para destruí-las. Até a eleição passada o PTB tinha em Brasilândia 130
filiados que continuaram levando adiante o ideário do partido, entre eles o nome da saudosa prefeita Marilza Maria Rodrigues do Amaral, uma
das pioneiras, que figurava em 2004 a frente da legenda.
Este é o legado que o cidadão Nilson de Oliveira (1) carrega como candidato a prefeito. Conhecido pelo epíteto Ninja, é servidor público, preside o Sindicato dos Servidores do município, tem 61
anos, nasceu em Rio Preto/SP e residente em Brasilândia há 31 anos. Politicamente,
sua candidatura é uma espécie de volta ao passado quando a política era
confiada àqueles que, por fazerem parte das classes populares, entendia que por elas a administração devia ser manejada.
Distante do olhar ideológico, a roupagem nova de suas
palavras alcançam os eleitores sobretudo pela emoção. De forte identificação com o povo, ele e seus 13 candidatos a vereador falam da vida cotidiana, demandas existenciais e carências que emanam
da própria condição excluída da maioria do eleitorado que busca espaço no poder
para ascender e fazer valer suas ideias e reivindicações.
O antigo artesão, radialista, fundador da extinta Guarda Mirim e animador da Fanfarra municipal, já foi candidato a vereador pelo PSDB em 2012 e obteve 97 votos. Não obstante, é potencialmente um dos concorrentes que mais se
amolda àqueles que buscam um contato íntimo com o governante e confiam que o poder de decisão que precisam dele possa emanar.
Quem o auxilia para superar os limites de seus propósitos, sem dúvida, é o candidato a vice-prefeito escolhido: o jovem Marcos
Rodrigues Teodoro, de 39 anos, nascido em Panorama/SP, com instrução
superiora e formação técnica industrial. Um idealista, estreante na política que,
em tese, deve acrescentar com sua capacidade profissional total credibilidade e
confiança de um filho da terra à candidatura do PTB ao governo de Brasilândia.
A partir dos vídeos postados nas redes sociais é possível descrever o perfil popular de Oliveira Júnior quando ele enfatiza o desejo de governar com simplicidade
e transparência, com alegria e
humildade, propondo uma política nova
com projetos novos. Com a ressalva de que não
precisa de porta-voz, não tem o rabo
preso, e não vai [permitir ninguém] mamar na teta, deixa escapar seu descontentamento em face de sua antiga legenda mãe, queixando-se ainda de que muitos de seus
projetos estão sendo copiados pelos
demais candidatos.
Na lista de projetos que, segundo ele, são todos ótimos, estão: farmácia do povo nos bairros e distritos; retornar o esgoto urbano para a gerência do
município, retirando-o da SANESUL; a construção de um balneário municipal; garantir o projeto do jovem aprendiz, em parceria com o SEBRAE, comércio e empresas.
Enfim, defende uma administração voltada para a obra humana, conclamando a sociedade como um todo, com um detalhe surreal: a união das igrejas cristãs para, através da evangelização, abraçar e corroborar para resolver as questões sociais do município, afirmou ele em um de seus vídeos.
Sua candidatura, sob o aspecto da estratégia eleitoral pode ser entendida como um equívoco: desprezou a possibilidade de compor numa coligação com siglas que historicamente foram aliadas, e assim, participar de um projeto maior de poder. Perde, assim, o PTB, a possibilidade de aumentar suas chances de mudar o cenário da política local imprimindo, quiçá, o viés popular que seu discurso defende.
Outro candidato que concorre ao Executivo brasilandense
vem das fileiras históricas do PSDB que nestas eleições aliou-se ao novo
partido PODE. A chapa tem como cabeça a candidata nascida em Três Lagoas, Léa Karla de Moura Dias (2),
médica de 40 anos, e que escolheu para sua coligação o slogan Por uma
Brasilândia com oportunidades justa e humana.
Sua legenda em nível nacional nasceu após a
abertura política no ano de 1988 pelas mãos de Mário Covas e Fernando
Henrique Cardoso, dissidentes do PMDB, na época. Aqui em Brasilândia o partido tucano detém nomes conhecidos de eleições passadas: Marilza Maria Rodrigues do Amaral, candidata eleita prefeita em 2000; Messias Pereira dos Santos, candidato a vice-prefeito, não eleito em 2008; Márcia Regina do Amaral Schio, eleita vice-prefeita em 2012 e candidata a prefeita, não eleita em 2016, entre
outros.
Drª. Lea tem como candidato a vice Thiago da Silva Gonçalves, jovem de 27 anos, natural de
Panorama/SP, que é estreante na política. Seu nome reforça as ideias do partido que em 2016
possuía 284 filiados e era o 2º maior
partido político de Brasilândia. Está coligada ao partido PODE,
nova denominação do antigo Partido Trabalhista Nacional-PTN obtida a partir de uma
frase de Barack Obama: Yes, we can
(Sim, nós podemos) adotada pelo partido.
A legenda do
PODE, sem dúvida, agrega valor à candidatura do PSDB por se tratar de um
partido que, em nível nacional, defende mecanismos de democracia direta, para a gestão pública: plebiscitos, referendos,
veto popular e o direito de revogação. Renata
Abreu e Álvaro Dias são líderes
deste partido e propõem, entre outras coisas, que o cidadão tenha o direito de vetar leis já aprovadas,
participando de todo o processo
democrático.
Suas propostas têm ressonância nas apresentações dos 25 candidatos a vereador de sua coligação, onde manifestam todo o seu empenho e interesse em
contribuir para o desenvolvimento da cidade.
Para isso elenca alternativas em favor
da segurança pública querendo implantar
um sistema de vídeo monitoramento para
inibir a criminalidade; solicitando aumento de efetivo e viaturas para as polícias civil e militar; instalando
uma unidade do Corpo de Bombeiros no
município.
No campo da produção defende o apoio efetivo a projetos de piscicultura. Inova com a implantação
do Gabinete Popular que cria um canal
de diálogo direto com a população. No esporte,
informa que irá readequar e reestruturar
as áreas para a prática de esportes, tanto na cidade como no interior do
município, bem como ativar a piscina do
Parque Akira Otsubo. No campo da cultura se
compromete reestruturar e dar maior apoio
aos integrantes da Fanfarra Municipal,
entre outras propostas.
A candidata recebe apoio dos deputados estaduais Mara
Caseiro, presidente do PSDB Mulher do Estado, e Paulo Correia, presidente da Assembleia Legislativa; e dos deputados
federais Rose Modesto e Beto Pereira que prometem dar-lhe o
suporte necessário em nível estadual e federal ao seu mandato. Staff político que dá garantia de amplos canais para a viabilização de recursos para seus projetos.
Ela defende ainda no campo
da Educação: escola em período
integral; adequação nas creches municipais; melhorar as rotas do transporte
escolar; informatizar a biblioteca municipal; implantação do programa de
psicossupervisão pedagógica a alunos e professores em todas as escolas;
garantir bolsas de estudos para os alunos universitários.
Já no campo da Saúde, sua área de maior conhecimento, propõe
melhorar e aprimorar o que já existe acrescentando: contratação de mais médicos
especialistas; descentralização da farmácia municipal; construção de um centro
de fisioterapia; centro de atendimento domiciliar; Plano de Cargos e Carreiras
para os servidores da Saúde, entre outras iniciativas.
A fala é comedida, a voz é do
coração, e o rosto transparece beleza e sinceridade. Suas apresentações em
vídeo, ao observador mais atento, o faz voltar no tempo diante de alguém tão
cheia de boa vontade e idealismo que acredita ser capaz de levar amor e bem
estar ao cidadão esquecido. Intenção que contrasta com a dureza do mundo atual e a
astuta militância dos oponentes de menor penhor.
O terceiro candidato concorrente é Antônio de
Pádua Thiago, popular Dr. Antônio (4), um veterano que está na política local há 28 anos. Concorre
pela coligação MDB, DEM
e PSD, com o slogan Brasilândia que eu
amo. Médico de profissão, tem 60 anos e nasceu em Três Lagoas. Concorre a
reeleição tendo como vice, Gabriel Baez
Gonçalves, popular Dr. Gabriel, igualmente médico, 40 anos,
nascido em Bela Vista.
O candidato
estreou na política no ano de 1992 através da sigla do PTB, elegendo-se o 6º
vereador mais votado entre os 46 que disputaram as eleições naquele ano,
obtendo 178 votos. A partir de 1995, já pela legenda do antigo PMDB, ajudou a escrever a história deste
partido do qual jamais arredou o pé.
Depois de candidatar-se a prefeito em 1996 não elegendo-se, Dr. Antônio concorreu nos quadriênios seguintes elegendo-se prefeito nos anos de
2004, 2008 e 2016. Em 2012 o PMDB lançou a prefeito o nome da Profª Eurides Palharis Lins, que não elegeu-se.
Nestas
eleições de 2020, valendo-se também de vídeos postados no facebook, o candidato se comunica com os eleitores apresentando o
que chamou de minissérie dividida em
15 capítulos para informar e relembrar o que realizou nos três mandatos que
esteve à frente da prefeitura local. No entendimento dos analistas expert em marketing ele está correto: quem
busca reeleição deve falar o que fez; os novatos, falam do que se propõem fazer.
E assim tem
sido o roteiro de suas lives e
apresentações. Vale-se do farto rol de obras que suas exitosas administrações realizaram ao longo dos anos para mostrar a todos a marca pessoal que imprimiu nestes feitos e dividendos políticos
que acumulou durante 12 anos. Sem dúvida, tal volume de brilhantes conquistas
configura visível vantagem sobre os demais concorrentes, tornando-o preferido da
maioria dos eleitores.
Como se não bastasse, vale-se de vasta gama de novos projetos e propostas apresentados pelos 29 candidatos a vereador que compõem sua coligação, sendo que somente três deles buscam a reeleição. Lacunas existentes na atual administração, no campo do relacionamento com a sociedade, confiam seus eleitores, caberá a ele equacioná-las.
Há,
entretanto, aqueles mais exigentes que preferem, não somente relembrar as obras do passado, úteis, necessárias e aplaudidas por todos, mas também cotejá-las com o presente, alinhando-as com o futuro. Até mesmo por dever de isonomia e simetria na
disputa com os demais candidatos. A correlação de forças seria explicitada e os
pesos e as medidas poderiam ser mais bem avaliados na balança do entendimento
que dá sustentação ao voto do eleitor.
Sua
candidatura, entretanto, renova o inestimável apoio de nomes de expressões na política
estadual e nacional. Demonstra o quão bem relacionado ele é na esfera de seu
partido e aliados. É o que confirmam as declarações do deputado federal Fábio Trad; do ex-governador André Puccinelli; do senador Nelsinho Trad; da ministra da
Agricultura, Tereza Cristina; da
senadora Simone Tebet, entre outros, que manifestaram apoio à candidatura de Dr. Antônio.
Situação que lhe confere tranquilidade e conforto eleitoral, arrisco dizer. Dá-lhe
quase uma garantia de vitória no dia 15 de novembro. Vitória, entretanto, que está sendo conquistada
com os olhos no retrovisor da história. Realidade que mostra um consistente e
progressista percurso, mas que reclama atenção ao para-brisa de um
veículo social --nestes
tempos líquidos, diria Zygmunt Bauman (5)--, em constante movimento.
Aos três candidatos,
portanto, cabe lembrar do risco de se menosprezar a aparente fragilidade do outro, descuidando ou subestimando
suas virtudes. Pois uma coisa é certa: a decisão não está nas mãos dos candidatos e sim nas mãos
daqueles eleitores que se sentirem melhor representados e respeitados a cada eleição.
Brasilândia/MS, 03 de novembro de 2020.
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