Carlos Alberto dos Santos
Dutra.
Durante o período eleitoral deste ano em Brasilândia foram postados 12
artigos de autoria deste escrevinhador redigidos especialmente para as eleições
municipais locais. O quadro comparativo abaixo, nos mostra as visualizações que
ocorreram tanto no Blog como no Face para
cada artigo. Isso nos auxilia a entender o alcance dos enunciados e propósitos
destes escritos.
Para quem escreve pelo simples prazer de escrever isso pode representar
pouco, da mesma forma para quem lê. Mas, para quem escreve ou lê um artigo
revestido de idealismo, preocupação social, com espírito formador e pedagógico,
buscando ajudar o cidadão a pensar, esses números podem dizer muito. E auxiliar
a ambos fazer uma releitura não somente dos textos, mas da realidade social e
política que os envolve.
No cálculo geral, a dúzia de textos produzidos e publicados nos 60 dias finais da campanha eleitoral foram acessados diretamente no Blog carlitodutra.blogspot.com 1.973 vezes, enquanto esses mesmo artigos foram curtidos ou receberam comentários e compartilhamentos, 647 vezes no Face facebook.com/carlito.dutra/ (32% em relação ao Blog).
Uma das explicações para essa diferença no número de acessos entre os aplicativos pode estar ligada ao fato de que no Blog,
o contador de acessos (que é automático e sem a interferência do titular da
conta) ele não identifica o leitor, o que permite maior liberdade para quem
acessa poder ler ou enviar (também via celular) para qualquer um. Ao passo que
pelo Face, o aplicativo identifica quem curtiu, comentou ou
compartilhou o artigo, tornando público a sua simpatia ou confronto como
o que é apresentado.
O quadro pode receber várias leituras, por profissionais especializados também. Porém, a mim cabe destacar, de forma singela os conteúdos acessados. Preliminarmente nota-se que o artigo O que a eleição de 2020 tem em comum com a eleição de 1988, redigido ainda em 28 de setembro, foi o que mais chamou a atenção do internauta (484 acessos no Blog). Atribuo esse interesse velado (pois o Face registrou somente 61 acessos) em razão do momento vivido, distante do pré-eleitoral, onde o cidadão ainda buscava algum referencial teórico para posicionar-se diante da política local.
O terceiro artigo mais acessado (com 338 acessos no Blog, e já com um número mais elevado de leitores que o acessaram via Face (134 registros), acontece trinta dias depois do primeiro colocado, e versava sobre Novas ideias, novos projetos e velhos paradigmas a superar, publicado em 29 de outubro. Aqui entendo que o leitor/eleitor comece a revelar seu interesse pelas propostas e projetos que os candidatos passam a divulgar, ainda que timidamente, pela mídia e redes sociais.
No outro extremo da balança encontramos os dois artigos que foram menos acessados. A pouco mais de um mês das eleições era de se esperar que a temática abordada por estes artigos despertasse maior interesse. Engano nosso. O artigo A reeleição e os estreantes na política em Brasilândia, publicado em 11 de outubro teve apenas 49 acessos no Blog e 13 no Face, o que nos força a aprofundar a reflexão buscando uma causa provável para este comportamento.
O público permanecia o mesmo: era aquele que nos dias anteriores havia depositado suas curtidas e diversos comentários sobre os outros temas políticos já publicados. Portanto, não se tratava de uma rejeição ao autor ou ao instrumento virtual utilizado. Observando mais amiúde o texto em apreço, a reticência poderia estar relacionada ao tema propriamente dito. Posicionar-se contra a reeleição numa cidade pequena significa contrariar interesses, uma vez que todos são conhecidos e estreitam laços de compadrio.
O artigo O candidato ideal: ideologia ou amizade, publicado na semana seguinte, nos faz repensar o caso. Reforça o entendimento de que o texto discorre sobre uma realidade que a população geralmente lida com bastante dificuldade. Ao se identificar com quem esteja colocando este instituto em xeque (ainda que através de um texto), estariam eles correndo o risco de romper com este liame amigável, de longa data, nutrido pelos favores de quem se assenta no poder e não mais quer dele sair. Tudo isso configura ameaça e risco de amargar possíveis desafetos.
É o que aconteceu com o artigo da reeleição. Embora ressalte o importante papel dos estreantes na política – o que de certa forma é bandeira da maioria --, o texto não teve a mesma aceitação. Mudar sempre é doloroso, causa desconforto e insegurança, porém, o bom senso, quase sempre demonstra que é caminhando que se abre caminho escreveu meu professor em ideias, do tempo da teologia na PUCRS, o missionário italiano Arturo Paoli.
Tal entendimento, entretanto, não é uniforme. É o que nos faz crer se perguntarmos por que o artigo As mulheres, a política e as eleições em Brasilândia obteve apenas 10 acessos no Blog e o dobro de curtidas no Face? Uma possível resposta para essa discrepância pode estar ligada ao conteúdo abordado: Ao denunciar a situação real vivida por cada uma das mulheres que sonham, por exemplo, um dia candidatar-se, o texto exerceu forte identificação sobre elas.
Sobretudo quando descortinou: Todos sabem que a construção dos partidos políticos não é pensada para que as mulheres participem (...), a cada eleição, elas aparecem no final do rol de candidatos, tão somente para completar a chapa em cumprimento à exigência legal dos 30%. (...), poucas tiveram a oportunidade de opinar na elaboração das propostas defendidas pelos partidos aos quais estão concorrendo, reproduzido no texto.
Observar a realidade quando se está próximo exige esforço redobrado, tempo disponível e discernimento acurado. Às vezes requer até um empurrãozinho para que o oprimido caia em si e decida mudar. O texto parece que exerceu este papel motivador: A democracia não pode abdicar da representatividade da mulher no cenário político. É através de sua voz na tribuna do Legislativo que a realidade pode mudar. Este é o caminho para (...) superar o patriarcalismo arraigado, onde a mulher foi submetida a uma posição de inferioridade em relação ao homem em todos os níveis sociais.
Um longo caminho, entretanto, ainda precisa ser percorrido, para que se
garantam espaços democráticos e de igualdade entre homens e mulheres. Romper
com estruturas que no curso da historia política brasileira obstaculizaram a
participação feminina nos espaços de poder é um imperativo. O que poderá ser conseguido garantindo-se o acesso das mulheres a este debate, alcançando-as em
todos os lugares, em especial entre as mulheres negras, indígenas e extratos
sociais mais excluídos, frisava o texto preterido.
No caso de Brasilândia, a resposta veio das urnas, em silêncio, com um
laço de fita na cabeça, amor no coração e uma lança vitoriosa em riste na mão.
A repercussão do artigo final A reeleição e a Supremacia feminina na Câmara de Brasilândia que
recebeu, num só dia após as eleições, 367 acessos no Blog e 152 curtidas, comentários e
compartilhamentos no Face é uma prova disso. E pode ser
entendido como uma demonstração de amadurecimento político, tanto das
candidatas como dos eleitores, sobremaneira das mulheres eleitas que deixam o
anonimato – ainda não todas --, e assumem definitivamente
em alto e bom tom o comando da Casa Legislativa de
Brasilândia.
Brasilândia/MS, 17 de novembro de 2020.
Frase: Slogan utilizada pela candidata a prefeita de Porto Alegre, jornalista Manuela D'Ávila, do PC do B, nas eleições 2020. Foto: Imagem símbolo contra o racismo e xenofobia criada pelo artista espanhol Luiso García, a partir da fotografia da ativista sueca Tess Asplud em homenagem ao gesto icônico de desafio contra a marcha fascista em Borlange, no centro da Suécia. Disponível no site do Instituto da Mulher Negra, em https://www.geledes.org.br/tag/tess-asplund/ 12.Mai.2016., acesso em 17.Nov.2020. Gráfico: Elaborado pelo autor Carlito Dutra, em 17.Nov.2020.
Como sempre muito bem descrito por nosso Carlito Dutra..a visão da maturidade política das mulheres ...parabens às eleitas e quem as elegeram que Deus as ilumine para falarem em alto e bom tom nessa cidade que tenho grande estima
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