A reeleição e os estreantes na política em Brasilândia
Carlos
Alberto dos Santos Dutra
As eleições municipais geram momentos de muita disputa, sobretudo nos pequenos municípios. Elas têm dinâmica própria e chegam às vezes as raias da passionalidade. No calor dos debates, mesmo aqueles realizados entre os cidadãos comuns, a questão da reeleição sempre é colocada em xeque. A renovação dos agentes políticos, tanto do Legislativo como do Executivo é sempre um tema candente e que divide opiniões.
Neste ano Brasilândia apresenta um quadro expressivo de estreantes na política: 45 candidatos, o que corresponde a 65% do total de 69 candidatos em disputa; todos lutando por uma vaga das cobiçadas cadeiras à frente do plenário Raimundo Assis de Alencar, do Legislativo Municipal.
Entre os 24 candidatos mais antigos que concorrem neste ano e já participaram de pleitos eleitorais à edilidade, 11 deles já se elegeram e 13 já concorreram a vereador, porém nunca se elegeram.
No quadro abaixo que reúne as eleições ocorridas entre 1982 e 2016, se pode destacar os candidatos Jorge Madeira e Dominguinhos que já ocuparam cadeira no Legislativo por quatro mandatos, sendo, portanto, em tese, os candidatos que têm maior experiência legislativa no município. Jorge Madeira ainda concorreu a vice-prefeito em 2016 e Dega, igualmente a vice em 2000.
No outro extremo, podem-se destacar também os nomes de dois candidatos que, embora nunca tenham concorrido ao cargo de vereador, já participaram de eleições municipais, logrando ambos, aceitação popular tendo sido eleitos. É o caso de Márcia Amaral candidata a prefeita em 2008 e vice-prefeita eleita em 2012, e Jorge Diogo, candidato a prefeito em 2004, vice-prefeito eleito em 2008 e prefeito eleito em 2012.
O quadro é ilustrativo, porém, pode servir de parâmetro para firmar posição sobre o debate de um tema que sempre aflora nas eleições em geral. Sou contra a reeleição, muitos dizem, porém exigem sempre essa façanha do Legislativo somente, permanecendo o Executivo intocável. E por um motivo simples. A experiência administrativa mais comprometedora e de influência direta no cidadão, recai exigi-la do Executivo, por ser aquela que exerce ação direta na vida da comunidade.
A tolerância para com a reeleição de candidatos ao Executivo, bem como o empenho dos que defendem a necessidade de sua renovação a cada quatro anos, entretanto, exige uma reflexão que nem sempre o eleitor pode inteirar-se e aprofundar. Corrobora aqui o adágio popular que recomenda: a mudança exige cautela.
Isso não quer dizer que o tema da reeleição de Legislativo e Executivo não deva ser colocado no rol dos debates e possibilidades, o que, em tese, evitaria a perpetuação de vícios e desmandos, muitas vezes presentes nas administrações e cuja fiscalização o Legislativo descuidou-se e permaneceu silente.
O tema da renovação na política impõe ao cidadão, sim, uma discussão não de botequim, mas em profundidade, avaliando os avanços e os recuos, benefícios e prejuízos que a sociedade presenciou ao longo de quatro anos de governo em seu município, permitindo-lhe arcar com a responsabilidade de escolher este ou aquele candidato olhando para o futuro.
Um debate ocorrido nas eleições de 2004 promovido pelo SIMTED, nas dependências do saudoso Rotary Club cabe recordar com satisfação o esforço do então presidente do Sindicato Prof. Sérgio dos Santos Lima Junior e demais professores que, num gesto de cidadania exemplar, oportunizaram de forma inédita aos candidatos na época exporem suas ideias e propostas, tudo realizado em alto nível e com grande proveito e aceitação pela população brasilandense... Saudade.
Mas
voltaremos ao tema.
Brasilândia/MS, 11 de outubro de 2020.
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