quinta-feira, 29 de outubro de 2020

 Novas ideias, novos projetos e velhos paradigmas a superar.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


Faltam 17 dias para as eleições e eis que a atenção dos eleitores se volta para os projetos de alguns candidatos que concorrem pela primeira vez ao cargo de vereador. A visibilidade na mídia dessas ideias faz um divisor de águas entre
os que têm e os que não têm condições de contribuir para o crescimento de Brasilândia.

A falta de um jornal local de circulação diária que pudesse melhor informar os eleitores sobre a política e seus bastidores impede uma reflexão mais aprofundada sobre o que está sendo proposto. E isso faz com que o meio de comunicação ao seu alcance seja o fogo cruzado das redes sociais, em especial o facebook e o whatsapp que conquistam maior espaço por serem mais céleres e interpessoais.

Ainda assim nem todos os candidatos têm postado na mídia o que realmente pretende colocar em prática se eleitos forem. A lacuna mais visível é em relação aos programas de governo dos candidatos às eleições majoritárias. Muitos vídeos têm sido apresentados, porém devido ao tempo de duração e a falta de empatia com o eleitor, se tornam limitados pouco induzindo à reflexão.

Entre os candidatos, no geral, observa-se que todos se manifestam preocupados em apresentar ideias novas para o município. O que é elogiável, pois revela o quanto de fôlego e potencialidade cada candidato possui, demonstrando o seu grau de interesse e conhecimento sobre determinados assuntos que ele possui.

Uma lacuna, entretanto, é visível nos planos apresentados: eles não estimulam o debate sobre alguns dos problemas que o município apresenta. Carências, cujas administrações, durante anos têm negligenciado. Entre os descuidos preteridos estão os de natureza estrutural e de gestão da máquina pública.

Doutrinados por uma suposta emanação divina que prega a subserviência cega à autoridade, a população, sobretudo a que se encontra na base da pirâmide social, acostumou-se a tudo aceitar e pouco participar. E o pior, somente quando a situação beira ao extremo se rebela desordenadamente contra tudo e contra todos, não fazendo uso dos instrumentos de reivindicação e diálogo adequados que possui ao seu alcance.

Por isso, talvez, os candidatos, que também são pessoas do povo e, portanto, sujeitos a esta cultura de cabresto que os cerca e os domesticou, evitem tocar em certos assuntos que contrariam interesses e autoridades. Isso  reflete o pensamento comum da maioria sobre a política: --Não gosto de política, não discuto política, tenho raiva de quem faz política, é o que se ouve. Ou então: --Só adesivo meu carro se me pagarem.

Analfabetos políticos, diria o dramaturgo Bertolt Brecht nascido em 1898. Eles não percebem que este é o tempo propício para a exposição de ideias, discutirem propostas, avançar e ocupar os espaços públicos para fazer valer seus sonhos e seus direitos. Este é o campo de atuação adequado para o debate de bandeiras comuns, o campo da política participativa, que deve acontecer em cada bairro, em cada associação, em cada sindicato, no comércio, nas escolas, enfim, na sociedade como um todo. Como prática da boa e responsável política do bem comum, que está ao alcance dos cidadãos, é nesta hora que as vozes silenciadas podem e devem ser ouvidas.

Há de se dizer que, devido ao distanciamento social, toque de recolher, proibição de aglomerações públicas e aos cuidados exigidos pelas medidas sanitárias de prevenção à Covid-19, o ritmo da campanha eleitoral deste ano de pandemia está sendo bastante lento e dificultoso. Isto porque, o velho modelo do corpo a corpo, tapinha nas costas e visitas domiciliares, praticados durante anos, e que ainda vive nos corações e mentes da população em geral, cada vez mais encontra resistência e está em descrédito.

Esses limites e outros, por conseguinte, levou os candidatos a buscar alternativas, pois, ressentidos desse modelo que eram cativos, manifestaram o desejo de libertar-se. Tiveram de aprender novos métodos, novas tecnologias e também novas estratégias para alcançar o eleitorado e apresentar ao cidadão os motivos para disputar uma vaga no Legislativo ou sonhar com a cadeira de chefe do Executivo municipal.

Entre os candidatos a vereador que tem postado nas redes sociais suas propostas, alguns se destacam pela qualidade de seus projetos. A guisa de ilustração, aleatoriamente, pode-se mencionar as propostas de alguns candidatos. A candidata Márcia Amaral[1] (PSDB) em sua página pessoal do facebook, por exemplo, elenca o maior número de propostas, verdadeiro plano de governo para uma administração inteira.

São propostas para a Educação, Habitação, Cultura, Assistência Social, Saúde, Meio ambiente, Esporte, Emprego e Renda, entre outros temas. Em cada um desses itens, a candidata detalha um a um aquilo que deverá propor através de seu mandato, sendo que a soma de suas propostas alcança o número simbólico de 45 projetos, marcando, assim o número de sua legenda e presença como forte candidata ao Legislativo.

A cidade tem muito a ganhar com a sua eleição, sobretudo pela experiência que possui como gestora à frente da Promoção Social em gestões passadas, quando deixou a sua marca registrada junto à população. Sentimento, sem dúvida, que lhe encoraja a pronunciar uma frase lapidar que impacta e devolve a esperança a muitos: Precisamos derrubar o muro que divide essa cidade, asseverou a candidata no seu blog. Sem dúvida um novo nome que, ao lado de outras, deverá dar maior empoderamento às mulheres no Legislativo local.

Outros três nomes de candidatos com forte representação e consistentes propostas já foram mencionados por mim em artigo anterior. Patrícia do Banco[2] (MDB), Juliane do Porto[3] (DEM) e José Henrique[4] (PSD). Ambos possuem a força da juventude,  representam sangue novo e voto de qualidade para o Legislativo brasilandense. Esclarecidos e propositivos, são candidatos diferenciados dos demais, que destoam do jurássico modelo e padrão do toma lá dá cá e, portanto, têm condições de muito bem representar e não envergonhar a população de Brasilândia.

Outros candidatos de visibilidade mais moderada nas mídias sociais, porém, não menos importantes, também merecem destaque em razão da novidade que representam, não somente pelos nomes, mas também por alguns de seus projetos. O candidato Jair do Procon[5] (DEM), conhecido por Jair Fotógrafo profissão que o notabilizou em Brasilândia é um deles. Baluarte na formação de dezenas de associações de moradores é um expert em atas e assembleias gerais de fundação de entidades, sendo o mentor e primeiro dirigente de várias delas, entre elas o COREDES, de âmbito regional. O seu mandato se propõe a ser fomento às causas comunitárias, de desenvolvimento rural e de defesa de direitos.

Outro candidato que através de seus vídeos tem mostrado sua preocupação com os jovens é o criativo Japa[6] (POD). Mais que isso, ele se propõe dar visibilidade à juventude junto ao empresariado através do programa Jovem Participativo, fomentando o diálogo com os empresários e o comércio local. Além deste programa interessante que busca inserir o jovem no mercado de trabalho, o candidato ainda pretende incrementar outro programa que já desenvolveu em Brasilândia no passado que é o Projeto Criança Radical que ensina aulas gratuitas de skate para crianças de 9 a 13 anos, atividade que desenvolveu no Parque Akira Otsubo e trouxe prêmios para o município.

São muitos nomes, cada um com sua riqueza e sua particularidade não sendo impossível mencionar a todos. Dedilhando as páginas do facebook, detenho-me sobre alguns novatos que ilustram o propósito deste artigo. O candidato Quintino[7] (DEM), por exemplo, identifica-se como a força que vem do campo, porém, é muito mais que isso. Ex-professor na antiga Escola Rural Bom Jardim, compositor do hino da Escola Estadual Adilson Alves da Silva, técnico de futebol de campo, redator de crônicas futebolísticas para jornais, ex-secretário de esportes em gestões passadas, quase um fundador desta cidade, é um jovem dedicado e experiente no seu ofício com os olhos voltados para o homem do campo. Um nome que supera em atributos muitos outros, e que o cidadão pode contar com seu empenho uma vez eleito para o Legislativo municipal.

Entre os novatos há de se lembrar dos professores que concorrem neste ano e que podem fazer a diferença ente os demais candidatos em razão do grau de formação e potencial pedagógico que possuem. O Prof. Deley[8] (PSD) e Profª Danielle[9] (PSDB) são dois deles entre outros que, desvinculados do velho modo de fazer política, apresentam-se como alternativas ao eleitor. As propostas no campo do esporte do candidato Prof. Deley inovam ao buscar com paixão incentivar a valorização do profissional da educação, se propondo também a estimular projetos culturais e o cuidado e zelo para a proteção dos animais.

Já a Profª. Danielle se propõe envidar esforços para que o profissional da educação tenha maior apoio e suporte para seu trabalho, como por exemplo, apoio psicológico e psicopedagógico aos discentes e docentes, o que irá refletir na qualidade da educação que é ministrada no município, além de se propor lutar pela elevação do piso salarial dos professores e administrativos, escreveu na sua página no facebook.

Tem-se ainda novo no páreo para o Legislativo, o nome do ex-prefeito Jorge Diogo[10] (PSD) em sua primeira experiência como candidato a vereador. Ele se propõe a ser um porta-voz da comunidade através de um mandato participativo declarando buscar ser um vereador de coragem, humano e solidário, propondo, com base na sua experiência, fiscalizar o dinheiro público, sobretudo os contratos em licitação e concessões realizados pela administração municipal.

Com a desistência de dois nomes a vereador, agora concorrem em Brasilândia 67 candidatos. Todos, sem exceção, com suas virtudes e propósitos, motivações e projetos, por mais simples que sejam, alguns sem a menor chance de elegerem-se, mas com o firme desejo de querer bem representar a comunidade onde vivem . 

Ao lado daqueles que buscam a reeleição, por suas razões e motivos, o que lhes garante vantagem sobre os demais, o pleito avança. E ainda que seja uma lástima constatar que o critério de escolha possa ser somente a amizade e não a ideologia defendida pelo candidato, que vença, pois, entre os amigos, o que tiver mais bem preparado!

Brasilândia/MS, 28 de outubro de 2020. 

Dia do Servidor Público.

 


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