quarta-feira, 21 de julho de 2021

 

Os profissionais de saúde e a difícil missão de salvar vidas.

Carlos Alberto dos Santos Dutra









Este texto presta homenagem a todos aqueles que, vestidos de branco, azul ou verde; cinza, rosa ou as cores do arco íris se encontram nos corredores dos hospitais, postos de saúde, salas de enfermarias, unidades de tratamento intensivo, cabines de ambulâncias, residências particulares, todos com o mesmo objetivo: salvar vidas.

Foram dias, meses e mais de um ano de intensa e existencial atividade. Rostos marcados por máscaras transformaram semblantes de mães, pais, esposos, filhos que, depois de um longo dia de trabalho, passaram a ser figuras estranhas, distantes, causando temor e ao mesmo tempo esperança para o amanhã de suas famílias.

Profissionais de saúde que, ao adentrarem seus lares, passavam pelos mesmo ritual enfrentado nos hospitais e postos de saúde, muitos deles entrando pelas portas dos fundos, no silêncio da noite: primeiro despir-se, tomar banho, trocar de roupa, para finalmente poder abraçar aqueles que lhe eram caros.

O sono, nem sempre é reparador para quem viveu o dia anterior cheio de tensões. E logo, lá está aquele anjo da guarda novamente no batente para mais um dia de trabalho. Seja no volante da ambulância transportando paciente, vencendo distâncias com a sirene aberta; seja preparando o equipo para administrar medicamento, alimento ou ar de esperança a mais uma vítima do Covid-19, doença transformada em anjo da morte que a todos assombra.

A administração da saúde, tanto nos grandes centros como nos pequenos municípios exigiu de todos redobrado esforço de adaptação e novos hábitos. Desde aprender a conhecer as pessoas pelos olhos, em razão das máscaras que cobrem o restante do rosto, até a experiência hilária de cumprimentar as pessoas com a mão fechada, com o cotovelo ou a ponta do pé. E ainda vencer o maior de todos os desafios: a corrida em busca da vacina

A tarde começava a declinar e o cidadão já se encontra de plantão postado em seu banquinho na porta da UBS em frente ao hospital: guarda o seu lugar para receber a vacina marcada para ser distribuída ainda no dia seguinte pela manhã. A madrugada vai alta e a fila cada vez mais se alonga pelo quarteirão, enquanto a cidade dorme.

No interior do posto de saúde, pela manhã, nos bastidores e salas de vacina, o que se vê é a azáfama dos preparativos entre enfermeiros e auxiliares de enfermagem que irão administrar a vacina. Agentes de saúde, agentes da vigilância sanitária e vigilância epidemiológica, e auxiliares se somam garantindo a dinâmica do processo organizando filas, recolhendo documentos, identificando nomes, preenchendo comprovantes de vacinação, entre outras atividades.

E lá se encontra aquele profissional de saúde, vestido de jaleco branco com a logo VS no braço, percorrendo a fila, orientando uma a uma das pessoas que desde o dia anterior ali permanece. Era natural que alguns usuários se manifestassem exaltados reclamando da demora, do horário, ou da forma que estavam sendo tratados e chamados. 

Com paciência e sem ser subserviente, lá ia aquela agente de saúde explicar ao cidadão e cidadã o cronograma de vacinação e os critérios adotados para chamá-los: a comorbidade, a idade, a atividade desenvolvida, enfim, dando todas as explicações para as perguntas do povo. Tudo obedecendo às determinações e orientação da secretaria de estado de saúde vindas de Campo Grande. 

É difícil acreditar. Mas lá estão novamente estes mesmos profissionais e técnicos de saúde enfrentando não raro da população, devido ao temor de contaminação, agressões verbais e pressão para resolverem o seu problema ou de sua família, em detrimento dos demais.   

E lá seguem eles respondendo as dúvidas e questionamentos dos usuários sobre as vacinas. Hercúlea tarefa, porém necessária a de promover o discernimento e atender a expectativa de todos: é Coronavac (da Butantan)?, é AstraZênica (da Fiocruz)?, é Pfizer (da BioNTech)?, ou é Janssem (da Johnson & Johnson)?

Conversa longa e baldes de sensibilidade da parte do servidor público, para aplacar ideologias e dúvidas. Ação transformada em verdadeiro sacerdócio. Difícil a tarefa de desfazer pré-conceitos sobre tudo e sobre todos, e fazer entender àquelas pessoas humildes que o papel da saúde, o mais importante nesta hora é garantir que todos recebam a vacina, independente de sua origem. 

A influência da mídia com motivações obscurantistas e segregacionistas, infelizmente atinge em cheio o coração destas pessoas de pouca instrução criando cega resistência. Situação esta que os profissionais de saúde têm de enfrentar e algumas vezes, eles mesmos rever seus próprios conceitos e motivações não científicas.

Vacina boa é vacina no braço, anunciou com propriedade a Prefeitura Municipal de Brasilândia através do Facebook, reforçando a ideia de que a vacina boa é aquela que agente toma. Tudo para incentivar a população a não deixar de receber as duas doses da vacina contra a Covid-19. 

Doença mortal que levou a óbito tantas pessoas conhecidas e parentes de muitos brasilandenses. Doença que, por outro lado, deixa o seu legado pedagógico, exigindo empenho e compreensão de todos neste momento crucial que cada município vive em busca do soerguimento social e econômico que todos esperam.

A missão de salvar vidas não está somente nas mãos dos médicos e demais profissionais de saúde. Está também nas mãos da comunidade o poder de prolongar ou cessar de vez a disseminação do vírus com a prática das medidas de proteção: cuidados sanitários, distanciamento social e tomando a vacina, o que deverá ser feito com altruísmo e responsabilidade pelos cidadãos em sua cidade.

Brasilândia/MS, 21 de julho de 2021.


Foto: É covid? - Fique longe de nós! Sebatien Bozon/AFP In https://veja.abril.com.br/mundo/profissionais-da-saude-enfrentam-hostilidade-na-america-latina/, 19.Mar.2020.

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