quarta-feira, 18 de agosto de 2021

 

O aniversário de Glorinha e as lembranças de um rio de felicidade.

Carlos Alberto dos Santos Dutra


 

As águas do rio Verde e Paraná, naquela época eram caudalosas e a correnteza firme permitia que no final da época de piracema os peixes que haviam subido para as nascentes dos rios, descessem fortes, adultos e vigorosos, para a alegria dos pescadores e turistas que aquele movimento das águas atraía.

O ambiente calmo e refrescantes do imponente Iate Clube Rio Verde, do paraíso do pescador Changrilá Clube e outros ranchos beira-rio, ali era o ponto de encontro da alta paulista e dos brasilandenses nos finais de semana.

Era quando a família se encontrava para desfrutar aquela magnífica paisagem e ser recebida pelos anfitriões do lugar – seu Luiz Bolognesi e Maurício Ferrini, entre outros, que rapidamente colocavam no pescoço dos visitantes colares de contas coloridas que identificava os créditos para o consumo do bom e do melhor que o restaurante, clube, e ceva do bolacha, ofereciam aos visitantes.

Pois foi num dia desses que a memória ainda recorda e nos faz extremamente feliz que tudo aconteceu. Era o aniversário de um jovem filho de Maurício, e lá se encontrava aquele simpático casal que se fazia presente entre os convidados que frequentavam o lugar.

E lá estava aquela jovem senhora, Maria da Glória de Freitas, carinhosamente chamada de Glorinha, desfrutando daquele dia de festa entre amigos e familiares. O rosto rosado da fotografia da época muito próximo a face de seu amado conferiam beleza e formavam um par perfeito, quase um sonho.

Nascida no dia 14 de agosto de 1948, na cidade mineira de Patrocínio, ela era filha de dona Adelaide Maria de Jesus e seu José Vicente de Jesus, fruto de numa família de cinco irmãos. E lá estavam os rostos risonhos dos irmãos que a irmã Maria da Glória ainda guarda na saudade: Valter Dornelas, Hélio Vicente de Jesus, Iraci Vicente de Jesus, e José Vicente de Jesus.

Em meio àquele ambiente bucólico que se encontravam, ela lembra sua história de vida. Sua família veio direto para Brasilândia. Isso era o ano 1963, quando a cidade vivia como distrito de Três Lagoas, e nem havia sido emancipada ainda. Foi na Cidade das Águas que Glorinha conheceu aquele que viria a ser o seu esposo, quando ainda trabalhava no frigorífico.

Depois de passar a infância e adolescência por entre as ruas da cidade fundada por Antônio Trajano dos Santos, e ter estudando até a quarta série na antiga Escola Estadual João Ponce de Arruda, casou com o jovem Políbio Leal de Freitas e juntos construíram um lar, firmando-se no comércio de Brasilândia com a Casa Nova, inaugurando uma das primeiras lojas que ajudaram a soerguer a pequena comuna que emergia em meio ao cerrado, ao lado de outras.

Romântica e apreciadora da boa música, Glorinha passava horas viajando nos acordes que preenchiam os espaços de sua casa, muito ampla e sempre acolhedora. Enquanto o marido se mantinha às voltas com seus negócios e reuniões políticas que lhe garantiam boas amizades e reconhecimento social, Glorinha não descuidou dos encantos da vida e os rebentos logo começaram a lhe sorrir: as filhas Marissol e Maris Cristina, e depois os netos Arthur e Laís.

O burburinho da conversa e sorriso dos turistas que frequentam os clubes da beira-rio, aos poucos vai silenciando, e um ar de nostalgia a envolve por alguns instantes. É quando Glorinha se dá conta que é feliz e está ali cercada de amigos: é como se novamente abraçasse as amigas Isabel, Cleri, Mercedes, Neuza, e tantas outras que, por serem eternas, permanecem coladas no seu peito.

A felicidade estava perfeita. A lembrança daquele encontro do passado, ainda hoje, de quando em vez, ocupa o pensamento de Glorinha. Especialmente nestas datas especiais, como no dia de seu aniversário, momento que percebe o quanto o sonho que um dia sonhou se tornou realidade.

A dor da partida do companheiro de caminhada ainda não cicatrizou, mas a alegria de continuar cultivando amigos e mantendo os laços que sempre lhe acompanharam permanece. Amizades verdadeiras nunca lhe faltaram, desde os tempos de juventude e recém-casados, quando Brasilândia ainda era de poucos fogões, com o tempo elas só cresceram.

E nada a fez se desanimar de sua fé e devoção, sendo uma fiel católica praticante que nunca duvidou da força do Alto, participando desde cedo das atividades da Paróquia Cristo Bom Pastor. Sentimento cristão e de solidariedade que nutriu participando como voluntária na AVCC, entidades beneméritas e pastorais sociais da Igreja.

O tempo passa e a vida continua. As águas do rio Verde e Paraná hoje são mansas, represadas, assim como as lembranças, contidas, mas ainda ao alcance da mão, pela força de uma fotografia. Os amigos, eles continuam acenando e festejando a nossa volta. Confiantes na força inabalável do Amor que guardamos sobre cada momento vivido, experiência única de felicidade que a cada ano festejamos.

Uma demonstração de vitória para Glorinha que festejou seu aniversário dia 14 último. Você chegou lá, amiga Glorinha. Feliz Aniversário! Te amamos!

Brasilândia 18 de agosto de 2021.
















6 comentários:

  1. Obrigada Carlito,pela materia linda e com recordaçoes agradábilissimas.
    Obrigada pela homenagem a essa mulher merecedora que é minha mãe.
    Linda postagem , parabéns.

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  2. Realmente uma linda homenagem a quem muito contribuiu e participou do desenvolvimento de Brasilândia, Parabéns Glorinha e saudade do amigo Plobio.

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  3. Parabéns Glorinha...q homenagem mais linda 🥰

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  4. Salve. Ela é merecedora de todas as homenagens. Obrigado Glorinha por ser nossa amiga.

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