O Cerco de Jericó e o novo Magnificat que necessitamos.
Carlos Alberto dos Santos Dutra
Mas, o que é o Cerco de Jericó? Qual é a sua fundamentação bíblica? Sua prática de configuração carismática pentecostal nos aproxima mais da Igreja? Qual é o seu valor para a superação dos problemas pessoais, familiares, econômicos, enfermidades, dependências químicas, influências de demônios, etc.? O que essa devoção desperta em cada um de nós?
Movidos pela fé interior, na verdade, os fiéis são motivados, num sentido figurado, a derrubar as muralhas de um Jericó que hoje são os seus maiores dramas, limites e sofrimentos. E o fazem a partir de uma pequena porta de Luz que se abre e lhes oportuniza realizar uma experiência religiosa íntima, profunda e existencial de fé.
De certa forma aproxima os fiéis de uma Igreja que, aos poucos, se tornou distante, com liturgias formais, sermões moralistas e uma linguagem inacessível, incapaz de dialogar com os simples e com elementos do cotidiano.
E isso tudo é alcançado, quando se revisita o Antigo Testamento, pelas palavras do jovem Josué (6,1ss), que foi formado por Moisés desde sua juventude para substituí-lo, e que deu continuidade à tomada de posse da terra prometida, recebendo a autoridade espiritual e o governo sobre as tribos de Israel. Esse é o objetivo do Cerco de Jericó: derrubar as muralhas do pecado pela força do Santíssimo e da Oração.
É com essa intenção que o evento iniciado lá na Polônia, organizado por fiéis piedosos daquele país, e que recebeu o nome de Cerco de Jericó propagou-se. Em fins de novembro de 1978, sete semanas depois do Conclave que havia eleito João Paulo II, lá encontrava-se o peregrino, movido pela força do Espírito Santo, semeando na sua própria terra, a Oração e o Santo Terço, como força capaz de remover a discórdia, a divisão e o pecado no mundo.
Estava li o sentido maior do Cerco de Jericó: prostrar-se no silêncio fecundo diante do Senhor Eucarístico, que semeia luz às almas e quebra os alicerces das muralhas que nos afastam de Deus e dos irmãos. Essas são as curas e libertações que os fiéis esperam: portas que estavam fechadas se abrem, crises conjugais e econômicas, doenças, e tantos outros problemas são colocados aos pés do Santíssimo, implorando a sua Misericórdia.
A Paróquia Cristo Bom Pastor, sem dúvida, vive e sente nestes dias o poder de Deus derramando o seu Santo Espírito sobre os católicos e a todos aqueles que se encontram distantes e se sentem chamados a participar dos Sacramentos, da Palavra e da vida comunitária, que cresce e se multiplica no coração de cada um, verdadeira benção que transforma vidas.
Quando chegamos ao ponto de falar: Agora só Deus! Se não for o Senhor nesta situação, é impossível prosseguir! Está na hora de voltar a conversar com Deus. Como bem lembrou o padre João Marcos Polak, nesta hora precisamos sair do superficial para mergulharmos em uma maior intimidade com Deus.
Porém alerta: o caminho não é fácil, pois fácil é ir para baixo, para o abismo. Uma vida de facilidade é uma vida sem objetivos e sem virtudes. O homem só se torna virtuoso renunciando a si mesmo e aos seus vícios, focando no chamado e na missão que Deus lhe confiou.
Segundo este padre da Canção Nova, o céu é para gente forte, guerreira, ‘teimosa’ consigo mesma, persistente e confiante na Misericórdia do Senhor. O medíocre vai viver na média, se contenta com pouco, vive em cima do muro e reclama de tudo.
Em que pese a procura exacerbada do aspecto curativo e contemplativo da Religião, esquecendo o principal – a dimensão profética a serviço da vida e da justiça – possa levar a constituir um caminho de subjetiva alienação, o Cerco de Jericó e a Adoração ao Santíssimo, se realizam em unidade com a Igreja.
Sobremaneira quando seguido da Celebração Eucarística, expressão do Corpo
místico de Cristo que é a Igreja e seu Magistério. Precaução e vivência, sem dúvida, que impede
o risco de que Deus seja transformado em mero objeto de desejos pessoais. Em suma, evoca o novo Magnificat que o mundo cristão de hoje necessita e é chamado a proclamar.
Fonte:
Brasilândia/MS,
20 de março de 2013.
Fonte:
https://www.vidapastoral.com.br/edicao/cerco-de-jerico-uma-releitura-biblico-liturgica/#:~:text=O%20%E2%80%9CCerco%20de%20Jeric%C3%B3%E2%80%9D%20(,1978%20(MICHELETTI%2C%202017).
Publicado em setembro-outubro de 2022 - ano 63 -
número 347 - pág.: 20-27;
https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/conheca-o-embasamento-biblico-e-origem-da-devocao-ao-cerco-de-jerico, 22 de julho de 2016;
https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-e-o-cerco-de-jerico/acesso 20 de março de 2023;
https://www.vidapastoral.com.br/edicao/o-cerco-de-jerico-uma-critica/, Publicado em setembro – outubro de 2017 - ano 58 - número 317.
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